DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 23-8-2014

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Dilma (PT) e Aécio Neves (PSDB) receberam em dias diferentes, esta semana, notícias igualmente inquietantes sobre pesquisas internas mostrando que apenas um deles estará no segundo turno, porque a outra vaga já estaria assegurada a Marina Silva (PSB), a substituta de Eduardo Campos na disputa presidencial. O impacto maior é percebido na campanha tucana, mas Marina deixou o comando do PT atônito.
Campanhas realizam pesquisas diárias que chamam de tracking, não registradas no TSE, por telefone, entrevistando ao menos 500 eleitores.
Muitos políticos graúdos tomam desde ontem doses industriais de tranquilizantes, após a decisão do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de fazer acordo de delação premiada, e contar tudo. Ao lado do mega-doleiro Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa seria um dos chefes do “banco central” de caixa dois, pagamento de propinas e financiamento eleitoral. Se a dupla abrir a boca, a República cai inteira.
A PF cumpriu mandados de busca e apreensão em onze empresas usadas por Paulo Roberto Costa para “lavar” dinheiro da corrupção.
O esquema de corrupção tocado pela dupla Youssef-Costa “lavou” mais de R$ 10 bilhões, segundo estimativas da Polícia Federal.
O doleiro Youssef abastecia o esquema de corrupção comprando no Paraguai cédulas de reais gastos por brasileiros naquele país.
Após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa aceitar “delação premiada”, políticos graúdos embarcando para o exterior em plena campanha eleitoral pode ser fuga mesmo.
Marina Silva esqueceu rápido o compromisso de preservar o legado de Eduardo Campos. Quase não há referências a ele no site oficial dela. Substituíram até as cores do PSB. Nem mesmo atribuem a Campos sua frase “Não vamos desistir do Brasil”, destacada no site.
Números do próprio governo mostraram que o Brasil teve o pior mês de julho dos últimos 15 anos, em termos de geração de empregos, mas a presidenta Dilma atribui a má notícia ao “uso eleitoral” do fato.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Bem, era fatal, né? Não existe milagre nessas coisas, só matemática. O baixo crescimento econômico — de fato, a economia pode estar em recessão — fez cair a arrecadação, que ficou, em julho, em R$ 98,8 milhões, com queda de 1,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado, já descontada a inflação.
Dilma Rousseff não está cumprindo nem mesmo as promessas que fez, digamos, para si mesma. O governo planejou gastos que previam um aumento de arrecadação de 3% a 3,5%. No acumulado até julho, há uma queda de 0,2%. A estimativa já havia sido reduzida para 2%.
Ah, sim: lembram-se como a Copa do Mundo, segundo o discurso oficial, geraria milhões de empregos e aqueceria a economia? Pois é… Os empregos caíram, a arrecadação caiu, e o crescimento é ridículo. Um portento!

Sempre desconfiei — e vocês podem achar esta observação no arquivo deste blog — que haveria o momento em que alguns políticos brasileiros teriam a ideia de trocar de povo, tornando-o, vamos dizer, mais à altura de suas respectivas grandezas. Dois episódios que vieram a público nesta sexta são mesmo do balacobaco. Segundo informa a Folha, a trabalhadora rural Marinalva Gomes Filha, 46, da zona rural de Paulo Afonso, na Bahia, ganhou uma prótese dentária um dia antes de gravar imagens para o horário eleitoral gratuito da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, que vem a ser, sim, a presidente Dilma. No programa, Dona Nalvinha diz: “Tudo o que tenho aqui foi Dilma que deu”. E isso incluía a prótese com os dois dentes da frente.
Não foi só isso. Uma semana antes da chegada da presidente, o fogão a lenha de Dona Nalvinha foi ampliado pela ONG Agendha, que tem convênio com o governo da Bahia, também do PT. Por enquanto, ela é a única que recebeu o benefício. O ex-presidente Lula acompanhava a atual presidente à visita. Emocionada, a mulher afirmou que ele era um “pai” dos pobres, e Dilma, a “mãe”.
Eis aí: é preciso dar uma maquiada no povo para que ele não apareça como é. Um país que cresce menos de 1% ao ano, que tem uma inflação de 6,5%, juros de 11% e que deve crescer pouco mais de 1% em 2015 tem mesmo é de distribuir suas migalhas para que os humildes caiam de joelhos diante dos poderosos, gratos pela prótese dentária, por um fogãozinho a lenha, por uma cisterna. “Melhor fazer isso do que não fazer”, diria alguém. Sem dúvida. O nefasto populismo sempre se alimentou dessa frase. Não ocorre a essa gente que melhor é um país que se desenvolve, que cresce, para que as pessoas provejam o próprio sustento e não dependam da caridade de políticos que querem o seu voto.
Longe de Paulo Afonso, na Bahia, numa região bem mais desenvolvida, Eduardo Suplicy, que concorre ao quarto mandato ao Senado — ele já está lá há 24 anos e quer ficar 32 —, gravava o seu programa da propaganda eleitoral gratuita. Segundo informa o Estadão, supostos eleitores da rua dão depoimentos exaltando suas qualidades e o muito que ele teria feito por São Paulo — até agora, de verdade, ninguém conseguiu descobrir o quê. Nesse caso, a piada já vem pronta. Na era do povo maquiado, uma das que aparecem no vídeo dizendo como ele é um cara batuta é a própria maquiadora do estúdio. A mulher mandou ver: “Quando você pensa num político honesto, qual é o primeiro nome que vem na cabeça? É o Suplicy”. Não bastou: também foi convidado a falar o operador de áudio, que se fingiu de “povo popular”, como dizia o Casseta&Planeta. Resume: “Senador Eduardo Suplicy. Nele eu confio”.
Num caso, o povo de verdade passa antes por uma arrumada para ir à televisão despejar suas lágrimas de humilde agradecimento aos “nhonhôs”. No outro, funcionários da campanha fingem o que não são para que Suplicy possa passar por aquilo que não é. Ah, sim: a campanha de Suplicy também roubou o slogan usado por Serra em 2010: “Esse cara é do bem”. O ainda senador diz ter consciência da apropriação, mas afirma que seu marqueteiro diz que o lema tem mais a ver com ele. Entendi: Suplicy fundou o “MSS”, o Movimento dos Sem-Slogan. Então ele toma o alheio.
Uma reforma política séria passaria pelo fim do horário eleitoral gratuito, um absurdo que custa aos cofres públicos quase R$ 1 bilhão em ano eleitoral e que não passa de uma pantomima ridícula, destinada a enganar os desinformados e os pobres.

NO BLOG DO CORONEL
Diretor preso da Petrobras pode derrubar Dilma com delação premiada.
Dilma cada vez mais cercada pela corrupção na Petrobras. Na foto, José Sérgio Gabrielli, que já tem os seus bens bloqueados pelo TCU recebe um carinhoso autógrafo de Dilma, que é observada por Graça Foster, que está sendo defendida com unhas e dentes pela presidente depois de cometer burla transferindo seus bens para os filhos. Atrás de Dilma, o diretor preso da Petrobras, Paulo Roberto Costa, preso por corrupção bilionária na Petrobras e que, agora, ameaça Dilma com delação premiada. Dilma era a última palavra na compra fraudulenta de Pasadena, pois era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ufa!
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa aceitou fazer na tarde desta sexta-feira (22) uma delação premiada com procuradores que atuam na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, para deixar a prisão. A decisão sobre a delação ocorreu no mesmo dia em que a Justiça autorizou operações de busca e apreensão em 13 empresas no Rio de Janeiro que pertencem a uma filha, um genro e um amigo de Costa. 
Delação premiada ou colaboração com a Justiça é um recurso no qual um réu fornece informações para a Justiça em troca de uma pena menor. No caso de Costa, sua família quer que ele deixe a prisão o mais rapidamente possível. Uma nova advogada, especializada em delação premiada, foi enviada pela família a Curitiba para discutir os termos da delação. Beatriz Catapreta, a defensora escolhida pelos familiares, já cuidou da colaboração dos doleiros Raul Srour e Richard Andrew de Mol van Otterloo. 
O advogado que defendia Costa, Nelio Machado, deixou o caso por discordar da estratégia da família. "A defesa do Paulo Roberto é absolutamente viável. Estão trocando uma defesa certa por uma aventura", disse Machado à Folha.
O ex-diretor da Petrobras foi preso pela segunda vez no dia 11 de junho, após as autoridades da Suíça informarem a Justiça brasileira que ele tinha contas com US$ 23 milhões naquele país. Ele havia sido preso inicialmente em 20 de março sob acusação de ocultar provas, mas foi liberado 59 dias depois por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal. 
Costa foi diretor da Petrobras entre 2004 e 2012, período em que a estatal começou uma de suas maiores obras, a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que já consumiu US$ 18,5 bilhões (R$ 42,2 bilhões). Ele é réu em uma dos processos sob acusação de ter superfaturado contratos da refinaria e o valor a mais pago teria retornado a ele como suborno. 
O doleiro Alberto Youssef, preso junto com Costa, é acusado de cuidar da lavagem do dinheiro recebido como suborno. A Folha revelou no dia 10 de agosto que Youssef também queria colaborar com a Justiça por não ver saída jurídica possível para o seu caso. Ele é réu em 12 processos e pode ser condenado a mais de cem anos de prisão. No caso de Youssef, porém, havia resistência dos procuradores porque eles não confiam no doleiro. (Folha de São Paulo)

Dilma "fiscaliza" obra suspeita de fazer parte do cartel dos trens. Para fazer campanha gratuita com dinheiro público.
O cinismo de Dilma Rousseff anda de metrô nesta sexta-feira. Metrô de superfície, na Grande Porto Alegre, acusado de ter comprado 15 trens, com quatro carros cada um, compra esta feita em cima de uma única proposta do consórcio FrotaPoa, formado pela Alstom e pela CAF. O valor da oferta única do consórcio foi de R$ 243,8 milhões. O caso está na mira do TCU e do Ministério Público que investiga indícios de pagamento de propina.
Nesta sexta-feira (22), inquirida sobre a esperteza de misturar a agenda de candidata com a de presidente, disse que esta andando pelo Brasil para "fiscalizar" obras do governo federal pelo país. Ela respondeu que sua atuação de presidente inclui "olhar obras" e argumentou que agora tem mais tempo porque as inaugurações não são permitidas. Também disse que a "tecnologia" permite múltiplas atividades.
"Eu não posso fazer inauguração. Antes, a minha agenda combinava gestão e entregar obras para as pessoas. O que é minha função e meu dever. Agora, eu aproveito esse tempo como candidata para fazer duas coisas: fazer supervisão das obras, fiscalizo obras." Dilma ainda usou um dito popular como argumento: "O olho do dono engorda o boi. O olho da presidenta... se tiver alguma coisa errada, eu vou ver." É ou não é hora de jogar essa gentalha pra fora do trem?

NO BLOG DO JOSIAS
Delação joga Petrobras no ventilador de 2014

Há muito mais em jogo na delação prometida por Paulo Roberto Costa do que a simples prospecção dos podres que se acumulam nas profundezas da Petrobras, abaixo da câmara pré-moral. Se estiver falando sério, o ex-diretor da maior estatal do país está prestes a jogar as petromaracutaias no ventilador da sucessão presidencial de 2014. Uma novidade com potencial para sacudir o coreto da candidatura oficial, espalhando óleo queimado em suas vastas coligações.
Preso em Curitiba, Paulinho, como Lula costumava chamá-lo, conversou nesta sexta-feira (22) com Beatriz Lessa da Fonseca Catta Preta, uma advogada especializada na costura de acordos de delação premiada, nos quais o réu abre seus segredos à Justiça em troca de uma redução da pena. Como se fosse pouco, o doleiro Alberto Youssef informou ao seu advogado, Antônio Figueiredo Basto, que cogita acelerar a velocidade da hélice do ventilador, aderindo à delação.
Até aqui, o Planalto conseguiu deter o derramamento de óleo na pista da sucessão por meio da domesticação de duas CPIs no Congresso. Soltando a língua à vera, Paulo Costa vai mostrar os dentes da engrenagem que move a intermediação de interesses de empreiteiras e fornecedores da Petrobras e o pagamento de propinas a políticos. A implosão desse esquema parece inevitável, como inevitável foi o estouro das milionárias arcas do mensalão.
A inevitabilidade do estrondo é proporcional à octanagem dos papéis colecionados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público na Operação Lava Jato. Quebraram-se os sigilos de quase uma centena de contas bancárias. Apalparam-se mensagens eletrônicas de mais de três dezenas de celulares. Afora o papelório novo recolhido nesta sexta em batidas policiais feitas em 13 empresas, os investigadores já dispõem de mais de 80 mil documentos — o grosso ainda por analisar.
O conteúdo é inflamável. Revela uma corrente com quatro elos. Numa ponta, os corruptores. Noutra, os corruptos. No meio, Paulo Roberto promovendo a integração dos extremos e Youssef lavando o dinheiro sujo que migra de uma ponta à outra. Parte dos papeis está codificada. O pedaço já elucidado resultou na abertura de oito processos contra 42 pessoas físicas e jurídicas. Como subproduto, correm na Câmara os pedidos de cassação dos mandatos de André Vargas (ex-PT-PR) e Luiz Argôlo (SD-BA).
A colaboração de Paulo Costa — nesta segunda-feira (25) vai-se saber se Youssef também abrirá o bico — será útil se servir para perfurar a camada de ficção que impede que as sondas da investigação alcancem as camadas mais profundas das maracutaias urdidas na Petrobras. Se funcionar, logo, logo será possível saber quem comprou quem, por quanto e como.
Na noite desta sexta (22), um personagem otimista da investigação disse ao repórter ter fundadas razões para acreditar que Paulo Roberto será explícito. Nas suas palavras, a prisão produziu na alma do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras um processo de ‘asfixia depressiva’. De resto, o personagem angustiou-se ao perceber que suas estripulias começaram a encrencar amigos e parentes. Entre eles uma filha e o marido dela.
Funcionário de carreira da Petrobras, o engenheiro Paulo Costa foi alçado à diretoria da estatal graças a um câncer chamado “indicação política” — eufemismo utilizado para suavizar a licença que os governos concedem a certos servidores para subordinar o interesse público às conveniências político-privadas de políticos corruptos e logomarcas corruptoras.
Nomeado sob Lula, em 2003, Paulo Roberto sobreviveu na diretoria de Abastecimento da Petrobras até 2012, já na gestão de Dilma Rousseff. Apadrinhou-o PP. Mas a longevidade aproximou-o também do PT e do PMDB, sócios majoritários do condomóinio governista. O personagem tocava as obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Trata-se do maior projeto em andamento na Petrobras. Iniciado em 2007 com orçamento de US$ 2 bilhões, o empreendimento já sorveu US$ 18,5 bilhões — em reais: R$ 42,2 bilhões. Suspeita-se que o relacionamento com Paulo Roberto tenha acomodado nos arredores do canteiro da obra dois tipos de políticos: os abertamente cínicos e os que não conseguiram se conter. Os primeiros fizeram caixa dois eleitoral. Os outros engordaram o patrimônio pessoal.
Dependendo da viscosidade do óleo que Paulinho borrifará no ventilador, o prejuízo de Pasadena vai parecer troco. E a cruz que a gestão Lula acomodou nos ombros de Dilma ficará mais pesada. Isso numa fase em que Aécio Neves prega a reestatização da Petrobras e Marina Silva corre por fora entoando o discurso da “nova política”, espécie de samba enredo da terceira via, para o eleitorado que bateu bumbo nas ruas por mudanças.
O ministro Gilmar Mendes, do STF, determinou a instauração de inquérito contra o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP). Conhecido como Paulinho da Força Sindical, o parlamentar é suspeito de corrupção. Acusam-no de comercializar 'cartas sindicais', como são chamadas as autorizações do Ministério do Trabalho para a criação de sindicatos.
A abertura do inquérito foi requerida pela Procuradoria Geral da República. O ministro Gilmar Mendes ordenou à Polícia Federal que realize diligências. Apura-se se Paulinho participou de esquema que vendia 'cartas sindicais' por R$ 150 mil. Deve-se a denúncia ao repórter Claudio Dantas Sequeira. Ele noticiou o caso em agosto de 2011.
Nessa época, o ministro do Trabalho era Carlos Lupi, do PDT, o mesmo partido de Paulinho. Engolfado por outras denúncias, Lupi deixou o ministério em dezembro de 2011. Hoje, é candidato a senador pelo Rio de Janeiro, com o apoio de Dilma Rousseff. Paulinho era um feliz integrante da bancada governista. Fundou um partido novo, o Solidariedade. Deixou o PDT e associou-se ao projeto presidencial do tucano Aécio Neves.

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