A FARSA DA SUPOSTA INTELECTUAL

Camila Jourdan, a face supostamente instruída da violência como método(Retrato: Daniel Marenco/Folhapress)

A democracia brasileira só tem uma coisa a fazer com uma senhora chamada Camila Jourdan, 34 anos, coordenadora — acreditem! — do curso de pós-graduação em filosofia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro: mandá-la para a cadeia. Até para que ela não se decepcione e, candidata a intelectual que é, possa ver comprovada a sua tese. Vamos lembrar: Camila é apontada pelo Ministério Público e pela Polícia como uma das chefes da turma que promoveu — e tenta promover ainda — desordem no Rio e no País. Gravações que vieram a público evidenciam o seu papel de destaque numa tal OATL (Organização Anarquista Terra e Liberdade) e na FIP (Frente Independente Popular), grupos minoritários, ultrarradicais, acusados de promover ações violentas em protestos, recorrendo a métodos franca e escancaradamente terroristas.
Esta senhora ficou presa por 13 dias, até que um habeas corpus concedido pelo desembargador Siro Darlan a colocasse em liberdade. Em entrevista à Folha, ela afirma: “Tenho receio do que pode acontecer porque sei que não vivemos em uma sociedade justa. Não acredito neste Estado como um Estado democrático. Se acontecer [a condenação], ao menos, não vou me decepcionar neste sentido.”
Muito bem! Alguém que sustenta que não estamos num estado democrático, que escolhe a violência como forma de atuação política, que não aposta no diálogo como instrumento de mediação de conflitos, alguém assim não pode merecer do ente que ela despreza — esse mesmo Estado — um tratamento benevolente. A única atitude moral da Justiça brasileira é, então, não decepcionar Camila e suas teses: que a lei seja aplicada com o devido rigor e que ela seja apartada do convívio social! E não para lhe dar uma lição moral. Mas porque as evidências estão contra ela.
Na entrevista concedida a jornalistas, Camila afeta sabedoria e cita alguns filósofos, uma conversa muito distinta daquela que mantinha com outros militantes, adeptos da violência, segundo interceptações telefônicas feitas pela Polícia, com autorização da Justiça. Com a imprensa, vaza uma suposta sabedoria arrogante, de quem não transita no mundo dos mortais. Com os seus teleguiados, a conversa vulgar, agressiva, autoritária, de quem não reconhece os limites dos outros — nem mesmo daqueles que estão do seu lado.
Na UERJ, tentam dar relevo à sua formação acadêmica. É mesmo? À Folha, Camila é capaz e dizer coisas assim, prestem atenção: “A participação política não pode se resumir a um objeto de consumo. Mandam o eleitor comprar um candidato. O ser humano precisa de participação política real e permanente. Nós fazemos isso nas manifestações e nos trabalhos de base, com movimentos sociais e assembleias populares”.
Como é que é? Assembleias populares? “Popular” é o adjetivo do substantivo “povo”. Desde quando o “povo” sabe ou participa da luta dessa senhora? Com que autoridade ela fala em seu nome? Imodesta, notem que Camila se pretende também uma intérprete das reais necessidades dos “seres humanos”. A cadeia é a hipótese benevolente para essa gente. A mais rigorosa seria mesmo o manicômio.
Camila é só a expressão de uma safra de militantes políticos — à qual pertence também Guilherme Boulos, o autointitulado líder do autoproclacamado Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto — que resolvem tomar para si a tarefa de mudar o mundo na marra. E que valores orientam a sua batalha? Aqueles que lhes dá na veneta, sejam ou não viáveis. E as pessoas que se virem para se defender da violência que engendram.
Chegou a hora de o estado democrático e de direito dar a devida resposta a esses celerados. Parte considerável das ações que praticam não se distingue do banditismo comum. E lugar de bandido é na cadeia. Em nome da preservação da ordem democrática — esta, sim, popular, exercida pela maioria, ancorada na Constituição — e em leis que asseguram os direitos coletivos e individuais. A democracia tem a obrigação de se proteger dos que querem solapá-la.
Por Reinaldo Azevedo

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