DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 06-5-14

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES DE 05-5-14
Atualizado às 18h50 de 05-5-14
Nada como uma vaia depois da outra para embaralhar a partitura da ópera dos malandros, desafinar o coro dos contentes, tirar o sono dos sacerdotes da seita, emudecer o seu único deus, escancarar a indigência mental da guardiã do rebanho, abalar a fé do mais fanático devoto, induzir convertidos de aluguel a flertar com outros altares. Nada como uma vaia depois da outra para assombrar as madrugadas de quem até outro dia dormia contando votos da vitória no primeiro turno e acordava sonhando com a proclamação da república bolivariana.
As manifestações de rua de 2013 implodiram a farsa do Brasil Maravilha, mas os alvos dos protestos não foram identificados tão claramente quanto neste outono. Os destinatários das mensagens sonoras agora têm nome, sobrenome, endereço e filiação partidária. Cresce em progressão geométrica a imensidão de brasileiros que enxergam as coisas como as coisas são. Milhões de lesados descobriram que o bando acampado no coração do poder foi longe demais até para os padrões do País do Carnaval. E exigem mudanças imediatas.
Todos constataram que o governo lulopetista recruta e acoberta corruptos. Que a roubalheira impune agora é medida em bilhões de dólares. Que os ineptos e os larápios se associaram para enterrar em estádios padrão Fifa o dinheiro que poderia abrandar pavorosas carências no universo da saúde e da educação. Que as promessas não descem dos palanques. Constataram, enfim, que lidam há 12 anos com vendedores de nuvens e camelôs de si próprios.
Alheio às alterações na paisagem, o marqueteiro João Santana imaginou, depois de consumir uma semana na releitura de pesquisas recentes, que a curva descendente da candidata à reeleição seria invertida por outro comício eletrônico transmitido em cadeia nacional. Péssima ideia: a discurseira na véspera do Dia do Trabalho só serviu para comprovar que as cartas na manga acabaram, que as mágicas de picadeiro perderam o encanto e que truques outrora infalíveis ficaram subitamente grisalhos.
Habituada a conjugar impunemente os três verbos preferidos de Lula — mentir, tapear, distorcer —, Dilma soube tarde demais que o senador Aécio Neves e o ex-governador Eduardo Campos não deixariam nenhum embuste sem revide, nenhuma invencionice sem réplica. Dispostos a provar que a oposição voltou de vez das férias, os candidatos do PSDB e do PSB à sucessão presidencial assumiram o papel de porta-vozes dos descontentes.
Dilma garantiu, por exemplo, que “a inflação continuará rigorosamente sob controle”. Ouviu que não se pode continuar o que não começou. Ao “reafirmar o compromisso do governo com o combate incessante e implacável à corrupção”, foi convidada a suspender a guerra de extermínio movida contra quem se atreve a investigar patifarias bilionárias consumadas nas catacumbas da Petrobras. E a tentativa de responsabilizar a oposição pelos estragos na imagem da estatal soou como anedota improvisada por patriotas de galinheiro.
“Os brasileiros não aceitam mais a hipocrisia”, recitou no fim do comício. Não aceitam mesmo, reiteraram as comemorações do Primeiro de Maio em São Paulo. Pela primeira vez desde a fundação do PT em 1980, figurões do Partido dos Trabalhadores foram impedidos de discursar no Dia do Trabalho. O ministro Ricardo Berzoini e o prefeito Fernando Haddad, por exemplo, não conseguiram abrir a boca sequer no palanque da CUT, controlada desde sempre por pelegos companheiros. Lula e Dilma nem deram as caras por lá. Na tarde seguinte, obrigada a visitar a Expozebu, a presidente reencontrou em Uberaba — três vezes — as vaias das quais escapara na véspera.
Nas primeiras 72 horas de maio, João Santana aprendeu, entre outras lições sempre úteis, que o país que não é para amadores também trata sem clemência adivinhos de botequim. Confrontado com a epidemia de apupos (e com mais uma pesquisa atulhada de más notícias para o Planalto), ele certamente se lembrou da entrevista, concedida em dezembro de 2010, em meio à qual resolveu restaurar a monarquia, transformar o gabinete presidencial em sala do trono e coroar Dilma Rousseff.
“Como se trata de uma figura única, que uma nação precisa de séculos pra construir, a ausência de Lula deixa uma espécie de vazio oceânico”, ressalvou o marqueteiro do reino. Apesar disso, ou por isso mesmo, Dilma tinha tudo para transformar-se na herdeira que todo súdito pede a Deus. “A República brasileira não produziu uma única grande figura feminina, nem mesmo conjugal”, ensinou Santana. “O espaço metafórico da cadeira da rainha só foi parcialmente ocupado pela princesa Isabel. Dilma tem tudo para ocupar esse espaço”.
Em novembro de 2012, festejou o acerto da profecia. “Foi uma metáfora que está se cumprindo simbolicamente”, cumprimentou-se o imaginoso publicitário baiano. “Grandes camadas da população têm um respeito, uma admiração e um carinho tão sutil por Dilma que chega até a ser de uma forma majestática”. Os fatos já aposentaram faz tempo o professor de história e o vidente. O marqueteiro só sobreviverá se esquecer os escombros do trono e concentrar-se nas rachaduras do palanque.
Mas vai perder seu tempo se ceder à tentação de descobrir a cura da vaia. E acabará perdendo o emprego.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO DE 06-5-14
Pessoas ligadas ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, garantem: ele não repetirá Marcos Valério, que aguentou firme, não entregou ninguém, preservou o ex-presidente Lula e foi condenado a 37 anos de prisão. Costa pode “incendiar” o País, recorrendo a delação premiada, e contar tudo sobre negociatas, não só na Petrobras, e o envolvimento de autoridades federais e estaduais.
A delação premiada de Paulo Roberto Costa poderá reduzir sua pena e livrar familiares, que correm risco de cadeia por obstruírem a Justiça.
São tão graves as esperadas revelações do ex-diretor que sua defesa poderá solicitar sua inclusão no Programa de Proteção a Testemunhas.
Paulo Roberto Costa foi levado de volta à carceragem da PF para sua segurança. No presídio comum, poderia ser alvo de queima de arquivo.
Fornecedores ou parceiros de grande e médio portes da Petrobras, estão insones, rezando para que Paulo Roberto Costa fique calado.
Será alvo da CPI a venda amiga dos poços de petróleo da Petrobras na África para o BTG, banco de André Esteves, quando ainda era “amigo de infância” do ex-presidente Lula e de Antônio Palocci, em 2012. A oposição quer saber como ativos na Nigéria, Tanzânia, Angola, Benin, Gabão e Namíbia, avaliados em US$ 7 bilhões por Jorge Zelada, ex-diretor da área internacional, foram dados ao BTG por US$ 1,5 bilhão.
O valor dos ativos da Petrobras na África foram reestimados depois da posse de Graça Foster na presidência da estatal, em 2012.
Avaliados em US$ 7 bilhões, os poços africanos caíram para US$ 4,5 bi, US$ 3,16 bi, até o BTG levar o negócio pela bagatela de US$1,5 bi.
Com a CPI, a oposição quer entender como em menos de 1 ano o BTG obteve retorno de US$ 150 milhões na África, a título de dividendos.
O presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, há muitos anos garante sua reeleição, como vereador pelo PTB no Recife, com sua ligação à torcida organizada “Inferno coral” (cujos integrantes ele fez sócios do clube), acusada de matar um rival com vaso sanitário atirado do alto.
Somente a torcida “Inferno coral”, do Santa Cruz, teria o poder – “sem ser notada pela segurança” – de arrancar privadas, subir dois lances e atirá-las do alto da arquibancada, matando o torcedor Paulo Ricardo.
O manual de guerra dos Black Blocs, revelada pela coluna, ensina como fazer uma bazuca caseira gastando apenas R$ 9,00. O livro destaca ainda que “com sorte e boa mira” o disparo pode ser letal. Material semelhante matou o cinegrafista Santiago Andrade, da Band.
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) não economizou críticas e acusou o governo de ser cúmplice dos mascarados Black Blocs. “É armação terrorista com a complacência do governo”.
Não passou despercebido o distanciamento entre presidenta Dilma e o antecessor Lula, no Encontro Nacional do PT. Ao fim do evento, ela foi embora e Lula ficou no local, distribuindo abraços e poses para fotos.
Dirigentes do PMDB acharam no mínimo esquisita a decisão do vice-presidente Michel Temer de não colocar os pés no Encontro Nacional do PT, que lançou a pré-candidatura Dilma à reeleição.
A deputada Mara Gabrilli (PSDB), que disse há dias que José Dirceu tem regalias na prisão, sequer conseguiu entrar na cela por causa da cadeira de rodas. Ela ficou na porta, embaixo de uma goteira.
…só o jornal britânico Financial Times está rindo muito das trapalhadas econômicas de Dilma, que as comparou aos impagáveis Irmãos Marx.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO DE 06-5-14

NO BLOG DO NOBLAT DE 06-5-14
Marco Antonio Villa, O Globo
Tudo tem um começo e um fim, como poderia dizer o Marquês de Maricá. E o fim está próximo.
A cinco meses da eleição presidencial é evidente o sentimento de enfado, cansaço, de esgotamento com a forma de governar do Partido dos Trabalhadores. É como se um ciclo estivesse se completando. E terminando melancolicamente.
A construção do amplo arco de alianças que sustenta politicamente o governo Dilma foi, quase todo ele, organizado por Lula no início de 2006, quando conseguiu sobreviver à crise do mensalão e à CPMI dos Correios.
Naquele momento buscou apoio do PMDB — tendo em José Sarney o principal aliado — e de partidos mais à direita. Estabeleceu um condomínio no poder tendo a chave do cofre. E foi pródigo na distribuição de prebendas. Fez do Tesouro uma espécie de caixa 1 do PT. Tudo foi feito — e tudo mesmo — para garantir a sua reeleição.
Parodiando um antigo ministro da ditadura, jogou às favas todo e qualquer escrúpulo. No jogo do vale-tudo não teve nenhuma condescendência com o interesse público.
A petização do Estado teve início no primeiro mandato, mas foi a partir de 2007 que se transformou no objetivo central do partido. Ter uma estrutura permanente de milhares de funcionários petistas foi uma jogada de mestre.
Para isso foram necessários os concursos — que garantem a estabilidade no emprego — e a ampliação do aparelho estatal. Em todos os ministérios, sem exceção, aumentou o número de funcionários. E os admitidos — quase todos eles — eram identificados com o petismo.
Desta forma — e é uma originalidade do petismo —, a tomada do poder (o assalto ao céu, como diria Karl Marx) prescindiu de um processo revolucionário, que seria fadado ao fracasso, como aquele do final da década de 60, início da década de 70 do século XX. E, mais importante, descolou do processo eleitoral, da vontade popular.
Leia a íntegra em Adeus, PT

Murilo Rodrigues Alves, Estadão 
Para conseguir apoio do PTB à candidatura à reeleição, a presidente Dilma Rousseff loteou uma das vice-presidências da Caixa ao partido, que já ocupava uma vaga na cúpula do Banco do Brasil desde junho passado.
A nomeação como vice-presidente corporativo de Luiz Rondon Teixeira de Magalhães Filho, primeiro tesoureiro do PTB, foi publicada na edição desta segunda-feira, 5, do Diário Oficial da União. O partido que já foi presidido pelo delator do mensalão, o deputado cassado Roberto Jefferson, não ocupa ministérios na Esplanada, mas já havia sido contemplado em junho com o cargo de vice-presidente de Governo do Banco do Brasil.

G1
Uma das filhas do ex-ministro José Dirceu publicou um relato nesta segunda-feira (5) sobre as condições da cela de Dirceu, que cumpre pena na penitenciária da Papuda, nos arredores de Brasília, pela condenação no processo do mensalão do PT. Segundo ela, o pai está em uma cela com goteiras e não tem regalias.
Joana Saragoça publicou um relato no site "Diário do Centro do Mundo", reproduzido no Blog do Dirceu. Ela rebateu declarações dadas na semana passada por parlamentares da Comissão de Direitos Humanos da Câmara que visitaram Dirceu. A deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) disse que Dirceu recebe tratamento diferenciado, em uma cela com televisão e micro-ondas.

Catarina Alencastro, O Globo
O reservatório do Sistema Cantareira, que abastece a região metropolitana de São Paulo, chegou novamente nesta segunda-feira a seu menor patamar histórico, caindo a apenas 10% de sua capacidade. Há nove dias não chove na região, e não há previsão de chuvas para os próximos dias. Ao falar sobre a questão, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que a situação é sensível, mas comparou o caso de São Paulo ao do Nordeste.
— É uma situação sensível, sim, que chama atenção porque está muito abaixo das mínimas históricas. Estamos muito abaixo do mínimo histórico. Nós do governo federal temos nos colocado sempre como parceiros do governo do estado de São Paulo, que é o responsável pela administração do sistema Cantareira e por toda a segurança hídrica — disse.

Leandra Felipe, Agência Brasil
A Junta Nacional de Drogas do Uruguai informou hoje (5) que o país deverá abrir, entre 15 e 20 dias, um processo público para escolher interessados na produção industrial de maconha, conforme o decreto que regulamenta a compra, a venda e o cultivo da planta.
O secretário geral do órgão, Julio Calzada, disse hoje que o governo espera que o país produza entre 4 e 5 toneladas de maconha no primeiro ano de regulamentação. Entretanto, para abastecer o mercado uruguaio, seriam necessárias 22 toneladas por ano.

NO BLOG DO CORONEL DE 06-5-14
Copie e espalhe este selo. Não gostou? Crie um novo. Mas vamos começar a plantar esta ideia.

Não pensem os peemedebistas, pepistas, pedetistas, trabalhistas e outros adesistas que esta será uma eleição igual a tantas outras. Não será. A velha política será dizimada pelo novo eleitor que foi às ruas, voltou para casa quando os protestos descambaram para a violência e que, sem dúvida alguma, jamais será o mesmo. Para este eleitor, o “diz-me com quem andas que te direi quem és” será um dos mais, senão o mais importante fator de escolha.
O PT, arrastado na lama do Mensalão e na podridão da Petrobras, não será boa companhia. Será uma marca de identificação do que existe de mais corrupto na política do pais. Basta fazer um passeio pelas redes sociais para ver que, mesmo pagando uma militância virtual treinada para a guerra suja em eventos patrocinados com dinheiro público, o PT não consegue sobrepor-se à voz espontânea que brota das avenidas digitais. Uma voz que vira coro ao denunciar a corrupção e que se transforma em estrepitosa vaia diante das mentiras oficiais.
Das redes sociais está brotando uma campanha de esclarecimento ao eleitor que será devastadora. Ela mostra que o PT não é o único câncer da política brasileira. Esta sofisticada organização criminosa só apodrece a nação por dentro porque tem o apoio de deputados federais e senadores do PMDB, PDT, PTB, PSD, PP, PR, PRB, PROS e tantos outros partidos da base alugada. O PT só corrompe porque encontra um deputado federal ou um senador a quem corromper.A quem comprar. A quem pagar a peso de ouro. E são estes deputados federais e senadores que formam o Congresso Nacional, que é onde se aprovam as leis. 
Hoje, no Congresso Nacional, não existe base aliada. Existe base alugada. Não existe mais Estado. Existe um grande e corrupto loteamento que está empobrecendo o país. Por isso, em cada confim deste país, haverá alguém para mostrar que o deputado federal tal ou o senador tal, do partido tal, é aliado do José Dirceu, do José Genoino, do José Sérgio Gabrielli, do Nestor Cerveró e de tantos outros que, se ainda não estão presos, deveriam.
Este Blog está lançando a campanha “100% Oposição”. A ideia é simples e sem mistério, bem ao gosto do eleitor mais singelo, que é a média do eleitor nacional. O objetivo é orientar os brasileiros a votarem “100% Oposição”. Não dá para votar apenas no Presidente e no Governador da Oposição e, depois, “votar na pessoa”. Senador e deputado federal que apoia o governo lá em Brasília não é “boa pessoa”.
Não dá mais para aceitar que, no plano nacional, onde estamos sendo roubados como nunca, os deputados federais e senadores do PMDB, PDT, PTB, PSD, PP, PR, PRB, PROS e demais apoiem a Dilma e sejam vassalos do PT em troca de cargos e benefícios dos mais escusos. E que nos estados queiram posar de oposição. Não são. Eleitor de Oposição é “100% Oposição”. Vamos mudar a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Vamos separar o joio do trigo sem deixar um só fisiológico para semente.

O jornal Financial Times pede um "choque de credibilidade" no Brasil. Em editorial publicado ontem, a publicação afirma que se o governo de Dilma Rousseff não mudar de rumo, as eleições presidenciais poderão resultar em uma mudança. 
O editorial tem um tom duro contra a presidente brasileira. "Pobre Dilma Rousseff", inicia o texto. Para o Financial Times, a presidente do Brasil projetava "uma aura tediosa da eficiência de Angela Merkel", mas resulta em um trabalho mais parecido com o dos comediantes Irmãos Marx. "Os preparativos atrasados para a Copa do Mundo já envergonham o País, enquanto o trabalho para os Jogos Olímpicos de 2016 é classificado como ''o pior'' que o Comitê Internacional já viu. A economia também está em queda. O Brasil, uma vez que o queridinho do mercado, vê investidores caindo fora", diz o texto.
"O País precisa de um choque de credibilidade. Se Dilma não entregá-lo, as eleições presidenciais de outubro o farão", diz o texto que cita que o Brasil enfrenta três desafios imediatos: o caso Pasadena da Petrobras, o fornecimento de energia elétrica após a recente seca e a chance de protestos e insucesso da Copa do Mundo."
"Saber se a senhora Rousseff que parece Merkel, mas resulta nos Irmãos Marx é realmente a pessoa certa para colocar o Brasil de volta aos trilhos é outra questão. Afinal de contas, sua primeira administração foi uma decepção. Mas, pelo menos, há sinais de que os mercados do País estão trabalhando como deveriam através da transmissão de uma preocupação generalizada e crescente. Estes estão agora começando a empurrar o debate político em uma direção favorável aos investidores. Isso só pode ser uma coisa boa", diz o texto.(Estadão)

A compra de uma refinaria no Japão pela Petrobras, em 2008, foi aprovada pelo conselho de administração da empresa sem que ele fosse informado dos riscos do investimento, como ocorrera antes com outra aquisição controversa, a da refinaria de Pasadena, nos EUA, em 2006.
Documentos internos da Petrobras, aos quais a Folha teve acesso, mostram que o resumo enviado pela diretoria da estatal ao conselho, pedindo aprovação da compra da refinaria Nansei, em Okinawa, omitiu vários riscos identificados por áreas técnicas.
Na avaliação dos funcionários, a refinaria, que dava prejuízo aos japoneses, só se tornaria rentável se fosse adaptada para refinar o petróleo brasileiro, mais pesado, e dobrasse sua capacidade de produção para 100 mil barris por dia, mas essa informação não foi transmitida ao conselho.
Como informou na semana passada o jornal "Valor Econômico", restrições ambientais impediram a ampliação. O investimento previsto no momento da aquisição foi cancelado em 2011, e a refinaria continuou produzindo apenas 45 mil barris por dia.
Quando o negócio foi submetido ao conselho, em novembro de 2007, a Petrobras era presidida por José Sérgio Gabrielli e tinha a atual presidente, Graça Foster, como diretora da área de gás. Nestor Cerveró, que dirigia a área internacional, preparou o resumo avaliado pelo conselho, então presidido por Dilma Rousseff. Em março, a presidente atribuiu a Cerveró a culpa por ter aprovado a compra de Pasadena, ao receber dele um relatório considerado "falho" por ela.
A aquisição de 87,5% de Nansei foi fechada em 2008, por US$ 331 milhões, incluindo estoques, pagos à antiga dona da participação, a Tonen General, subsidiária da Exxon. A japonesa Sumitomo detinha outros 12,5%. A justificativa para comprar Nansei era "expandir os negócios em mercados rentáveis no exterior", dado o "expressivo crescimento do mercado asiático".
Segundo os documentos internos, as áreas financeira e de estratégia consideravam que a refinaria Nansei não era rentável porque o indicador usado para medir a expectativa de retorno na compra de uma empresa era negativo em US$ 215 milhões. Esse indicador, sustentavam os técnicos, só tinha chance de ficar positivo, em US$ 252 milhões, se houvesse o investimento bilionário em ampliação e adaptação.
O documento enviado ao conselho, porém, trazia outra avaliação, feita pela área internacional, de Cerveró, para quem o negócio era rentável mesmo sem a ampliação. O documento também não dizia que a legislação ambiental impedia a Nansei de produzir 100 mil barris. Consultada, a Petrobras não disse se a informação sobre a restrição, revelada ao jornal "Valor Econômico", era conhecida na época.
A área de estratégia também via dificuldade para integrar a operação da refinaria com o restante dos negócios da Petrobras, concentrados no oceano Atlântico, e alertou sobre o risco de "ter que carregar por algum tempo um ativo com baixa rentabilidade". Isso não consta do resumo enviado ao conselho.
A Petrobras investiu na unidade, até hoje, US$ 111 milhões, e tentou vendê-la no início de 2013, mas não conseguiu. Hoje, a refinaria é tida como "ativo não estratégico", e a empresa diz procurar alternativas ao negócio.
OUTRO LADO
A Petrobras reafirmou que a aquisição da refinaria "estava alinhada ao planejamento estratégico da época". A empresa não comentou as omissões no resumo enviado ao conselho. Gabrielli não quis comentar o caso. Cerveró não retornou à Folha.(Folha de São Paulo)

NO BLOG DO JOSIAS DE 06-5-14
Diante da inevitabilidade da CPI da Petrobras, o Planalto tentou excluir os deputados do lance, restringindo a encrenca a uma comissão composta só de senadores. Com esse movimento, Dilma Rousseff ficou no meio de um tiroteio entre a Câmara e o Senado. O governo recebeu um aviso: excluídos, os deputados iriam buscar a CPI mista na marra. Na noite passada, Dilma já considerava a hipótese de organizar sua tropa para a CPI ampliada, com senadores e deputados.
A presidente passou a temer mais os supostos aliados do que os rivais da oposição. Soube que o PMDB briga consigo mesmo em torno da CPI. A banda do PMDB da Câmara, liderada pelo presidente Henrique Eduardo Alves e pelo líder Eduardo Cunha, concluiu que uma CPI só do Senado concentraria poderes demais nas mãos de Renan Calheiros.
Renan não terá um assento na CPI da Petrobras. Mas alguns dos principais membros da comissão terão lugar cativo na antessala da presidência do Senado. Além de se autoproteger, Renan ofereceria escudo a Dilma, cacifando-se. “Sabe Deus o que pedirá em troca”, comentava nesta segunda (6) um peemedebista da Câmara. “Cansamos de fazer papel de bobos. A Câmara morde, o Senado assopra. Já deu.”
No papel, respeitada a regra da proporcionalidade das bancadas, o governo vai à CPI da Petrobras com o controle da presidência, da relatoria e de 76,9% dos votos. Numa comissão do Senado, leva dez dos 13 assentos. Confirmando-se a mista, coleciona 20 das 26 cadeiras. O diabo é que Dilma já se deu conta de que o pior tipo de solidão é a companhia dos seus aliados.
Até a noite passada, apenas dois líderes haviam indicado representantes para a CPI mista, ambos da Câmara. Mendonça Filho (PE), do DEM, indicou Rodrigo Maia (RJ) como titular e Onyx Lorenzoni (RS) como suplente. Rubens Bueno, do bloco PPS-PV, indicou a si próprio como titular e o colega verde Antonio Roberto (MG) para a suplência. Nem sinal, por ora, dos nomes do bloco dos governistas ma non troppo: PMDB, PR, PDT, um pedaço do PTB…
Um dia depois de recorrer ao plenário do STF contra a liminar da minstra Rosa Weber, que mandou instalar a CPI, Renan reunirá os líderes da Câmara e do Senado às 15h30 desta terça-feira. A exemplo de Dilma, ele emitiu sinais de que deve se render à CPI mista. Nessa hipótese, restaria ao governo tentar domar os aliados para obter indicações companheiras.
Nos últimos tempos, CPI virou sinônimo de desmoralização. Mas tanto barulho em meio a uma campanha eleitoral não é coisa agradável. De resto, o petismo carrega a bola de ferro da CPI dos Correios. Começou na filmagem de um servidor de terceiro escalão recolhendo propinas em nome do PTB. E terminou no mensalão. A presidência era do PT. A relatoria, do PMDB. A maioria era governista. Mas não houve força capaz de deter os fatos.

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