UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES - 29-01-14

HELIO FERNANDES –
Democraticamente, da janela do Vaticano, o Papa soltou duas pombas, aplausos entusiasmados. Mas nem chegaram a voar, foram atacados ferozmente por corvos e gaivotas. Não puderam sobreviver.
Gilberto Carvalho, cumprindo ordens de Lula, falou num Congresso Temático. E para surpresa geral, confessou: “O modelo que levou o PT ao Poder, e que vem sendo mantido, está esgotado, não resiste mais, ultrapassado, precisa de reflexão e debate”.
Dilma não sabia de nada
A presidente, estacionada por 13 horas num hotel altamente luxuoso de Lisboa, só foi saber desse discurso, bem depois. Lula, ao contrário, passados cinco minutos, dava os parabéns ao Ministro, por ler tão bem, o que escreveram para ele.
O cidadão não gostou de ser chamado de ingrato
A arrogância dos petistas no Poder, levou o redator do discurso, à ignomínia de chamar o povo de ingrato. Textual: “Depois de tudo que fizemos por eles, se voltam contra nós, em ato de pura ingratidão”. Incrível, mas é a cúpula do PT não dilmista, que cobra o apoio a Lula, ou à vitória de Dona Dilma no primeiro turno.
Ninguém chega à vida pública por exigência do povo
Quem pediu a Lula, que disputasse a presidência da República quatro vezes? Ganhou na quarta, queria continuar na quinta, (o terceiro mandato) mas já era pedir demais. Aí surgiu a era dos postes, o primeiro foi Dona Dilma, um poste agora difícil de fincar na terra. Dona Dilma virou um poste pessoalmente cilíndrico, e administrativamente cada vez mais parecido com a “hermana” Kirchner.
Como Doma Dilma desembarcou no PT
Sempre foi do PDT, a admiração por Lula jamais existiu, gostava mesmo era de Brizola. O que merecia aplausos se não tivesse alterado o trajeto, modificado o percurso. O que a levou à Casa Civil e ao Planalto. E agora, José?
Com a fraqueza dos adversários, pode ganhar no primeiro turno
Antecipadamente chamados de ingratos, acabam por votar em Dona Dilma, e reelegê-la por mais quatro anos. Não por ela, a candidata, mas por eles, os pretendentes sem credenciais. Personagens como Gilberto Carvalho, adorariam a volta do Lula. Mas está complicado, a operação e o tempo. Lula não passa recibo, “promete”, “em 2018 estaremos no Poder, para consolidá-lo”.
Joaquim Barbosa: não assinou por falta de tempo?
Entrou de férias, um direito, não assinou a ordem de prisão de João Paulo Cunha, obrigação. Explicou: “Eu já estava de férias”. Ora, antes de sair de férias, levaria 10 segundos para assinar a ordem. Arrogante, perdulário em matéria de relacionamento, displicente em culpar os outros, livrou sua responsabilidade. Jogou a culpa em cima de Carmen Lúcia e Lewandowski. Imerecidamente.
O gabinete do presidente do Supremo, tem mais de 30 personagens importantes. Cabia a um deles lembrar: “Presidente, por favor, assine este pedido de prisão”. Um rabisco e estaria tudo resolvido. Só que “o esquecimento” foi planejado. Barbosa não iria esquecer uma responsabilidade desse porte.
Cabralzinho, de isolado passa a ficar sozinho
Em 1998, o PT do Rio tinha um candidato invencível a governador: Wladimir Palmeira. Estava eleito, Lula e Dirceu fizeram intervenção no Rio, acabaram com a candidatura própria. Agora é parecido, mas diferente.
Há 15 anos, tinham medo que Palmeira, combatente, resistente, importante, crescesse para cima dos que estavam em Brasília. Agora, Lindberg assusta só Cabralzinho, em Brasília nenhuma oposição a ele na cúpula.
Desses membros do PT, que estavam no governo, o Secretário do Meio Ambiente, (já foi até Ministro), Carlos Minc, tinha que deixar o cargo, obrigatoriamente, agora. É deputado, tem que se desincompatibilizar.
Não se surpreendam com a chapa do PSDB em São Paulo
O vice em São Paulo sempre foi “arrumação” para a incorporação da chapa. Serra franco favorito, emplacou o então stalinista Alberto Goldman, “herdou” nove meses quando Serra foi presidenciável.
Depois chegou a vez de Claudio Lembo, tinha ainda menos votos do que Goldman, era uma bom informante.
Agora, Serra com muito voto, ajudaria Alckmin, assumiria nove messes de um governo que já exerceu por inteiro. Mas ganharia o direito à reeleição, o que não sobrou para Goldman e Lembo. Continuam conversando, e revoltando o poste do Lula.
Confusão de palavras e de intenções
As investigações sobre as propinas distribuídas largamente em valores altíssimos, pela Alstom e pela Siemens, têm um destino certo e garantido: arquivo. Esses atos de corrupção são iguais a tantos outros, por que não seriam arquivados?
A corrupção dessas duas empresas, tem por acaso ou coincidência, três fatos que inovam em relação à corrupção, praticada no Brasil sem o menor constrangimento.
1- Foram as próprias empresas corruptoras, que fizeram as revelações públicas sobre os pagamentos em troca de ganharem licitações. Qual o objetivo dessa auto-delação? Não interessou a ninguém descobrir.
2- A palavra propina, foi utilizada e continua sendo, pelas próprias empresas auto-delatadas. 3 – O arquivamento vem sendo justificado pelo que chamam de jurisprudência. Mas não passa de imprudência.
Ninguém ficará inelegível? Também, se forem denunciados, esses caciques do PSDB só seriam responsabilizados por volta de 2025, ou 2030. Aí já estariam mortos política e eleitoralmente.
Seria uma espécie de “Comissão da Verdade”, para 33 anos depois, punir generais torturadores que não poderiam mais ser responsabilizados. Já estão em estado de putrefação e não de punição.
PS- Dona Dilma se queixou, nos bastidores: ao descer no aeroporto de Havana, não havia ninguém a esperá-la. Imaginava no mínimo que Raul Castro fosse cumprimentá-la e beijar sua mão.
PS2- Em relação à parada desnecessária para dormir uma noite em Lisboa, Dona Dilma, como sempre, se engana nas afirmações. Textual: “Tivemos que pernoitar lá, o Airbus não dava para ir de Davos a Cuba”. Dava para ir e voltar.
PS3- Logo no primeiro ano, Eduardo Paes anunciou: “Vou transformar a Avenida Rio Branco, num grande centro de diversão, sem trânsito de jeito algum. Todos ao mesmo tempo, criticaram, incluindo este repórter. Perguntei logo: “E os carros das variadas transversais, irão para onde?”.
PS4- Voltou atrás, nenhum demérito. Mas agora, a sedução do retrocesso. Por essa avenida, só passarão taxis e ônibus. Em mão dupla. Quando ainda se chamava Avenida Central, tinha mão dupla, mas não tinha carros.
PS5- O grande fotografo Marco Terranova, conseguiu a proeza e a façanha do setor, neste 2014. Fotografou o pai, o extraordinário Franco Terranova, aos 90 anos, 2 meses antes de morrer. Ele está ajoelhado no chão, completamente nu, num registro que o Papa abençoaria. Arte e vida. Gênio e amor filial e profissional.

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