É A NOSSA LIBERDADE QUE ESTÁ EM JOGO

Acílio Lara Resende
No Brasil (aliás, no mundo todo, pois não somos exceção à regra), são inúmeros os assuntos que devem (ou merecem) ser tratados em artigos como este. O jornal, o rádio e a televisão estão repletos deles. O desagradável é que quase todos nunca são do agrado, com certeza, nem do articulista, nem da imensa maioria dos leitores.
Quando, porém, se trata da nossa política, a situação se agrava. Todos já estamos exaustos com o que acontece de ruim diariamente. Não é fácil manter intacta a esperança em dias melhores para o país. Generoso, sofrido, espoliado e desrespeitado, o povo já não mais consegue esconder sua enorme insatisfação com a classe política. E essa insatisfação, perigosamente, tende a piorar bastante em 2014.
A insatisfação está muito clara nas últimas pesquisas eleitorais. Nelas, a presidente Dilma Rousseff amplia, modestamente, sua vantagem na disputa pela Presidência da República, que ocorrerá em outubro do ano que vem; mas, por outro lado, nelas se percebe a evidência de que a maioria do povo brasileiro está de saco cheio com nossos governantes. Ele exige mudanças. Na realidade, à cata de um líder, a maioria afirma que não concorda com o equivocado rumo – tanto político quanto econômico – imposto ao país pelo atual governo, nem aceita qualquer atitude omissa em relação à corrupção cada vez maior.
O que mais atrapalha os que trabalham por um país menos injusto é, lamentavelmente, a descrença nas instituições, “a tal ponto – afirma o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, no artigo “Sinais alarmantes”, no “O Globo” de domingo – “que se crê mais nas pessoas, sem perceber que por esse caminho voltaremos aos salvadores da pátria. A hegemonia de um partido que não consegue se deslindar de crenças salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível”.
Nesse mesmo sentido, afirma o historiador Marco Antonio Villa, no livro “Década Perdida”, sobre os dez anos de governo do PT: “São anos marcados pela hipocrisia. Não há mais ideologia. Longe disso. A disputa política é pelo poder, que tudo pode e no qual nada é proibido. O Brasil de hoje é uma sociedade invertebrada”.
Esforço-me para não analisar assim, de maneira tão rígida, tanto os dois governos do ex-presidente Lula quanto o de Dilma Rousseff. Procuro enxergar as conquistas, no plano social, que de fato ocorreram, mas logo as vejo transformadas em capital político/eleitoral com vistas à permanência do PT no poder, se possível, “ad eternum”.
É muito difícil, para quem acompanhou o PT desde seu nascimento, aceitar, hoje, a liderança de Lula. Que não tem – aliás, nunca teve – nem estudo, nem ideologia, mas esperteza pura e, em nome dela, aceita, para manter o poder, qualquer desmando, qualquer infração dos “companheiros” que dominam a máquina do Estado.
Não nego que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tenha cometido erros, alguns deles provenientes de sua (natural) vaidade intelectual. Um deles: a aceitação pacífica da reeleição. Mas, agora, temos que fazer coro com ele: “É preciso desfazer”, disse ele no artigo, “na consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com que o lulopetismo vendeu seu peixe.
Com a palavra, as oposições e quem mais tenha consciência dos perigos que corremos. É a nossa liberdade que está em jogo! (transcrito de O Tempo)

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