DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 11-11-2013

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

A Marinha é hoje uma das maiores imobiliárias do País, com a particularidade de ser uma mãe, sem cobrar aluguéis dos inquilinos de qualquer uma das suas quase 7.000 residências em todo território nacional, com acabamento de alto padrão. Residentes nos imóveis, as famílias dos militares pagam só uma espécie de “taxa de ocupação”, da qual ainda reclamam: R$ 450 mensais ou no máximo 5% do soldo.

A 1.144km do mar, Brasília tem mais marinheiros que a maioria das capitais litorâneas, mantendo 1.673 imóveis na capital.

O Comando da Marinha tentou esconder desta coluna os números da regalia, e ainda debocha, citando “um déficit de 5.400 residências”.

Há um ano, a Marinha entregou o terceiro de dez prédios em Brasília com 102 apartamentos. O aluguel mínimo na região é de R$ 1.200,00.

O Itaú recebeu o título de empresa sustentável do ano da revista Exame, dias atrás, pouco tempo depois de aderir ao partido Rede, de Marina Silva. Muita gente estranhou: é o banco com maior número de reclamações de clientes no Procon e o que mais demitiu funcionários desde 2012 (mais de 8 mil dispensas). Sem contar a multa da Receita Federal, de R$ 18,7 bilhões, outro recorde, lavrada agora em 2013.

O sumiço da multa bilionária aplicada no Itaú coincidiu com a demissão de um servidor da Receita, denunciando “interferências externas”.

Só diretores não têm motivo de queixa, no Itaú: ganham R$ 9 milhões por ano. Exatas 234 vezes mais que a média o salarial dos bancários.

Estão no topo da lista de queixas de clientes, no Banco Central, além do Itaú, o Santander, HSBC e Banco do Brasil.

Com 7 mil servidores concursados de nível superior, os Correios remanejaram o “companheiro” escriturário da Caixa, Sérgio Francisco da Silva, para administrar R$ 1 bilhão do plano Postal Saúde.

Ao assumir a estatal EBC, indicado pelo ‘padim’ Franklin Martins, Nelson Breve prometeu uma prioridade: os servidores. Mas na semana em que eles entraram em greve, Breve deu no pé para os EUA.

A reforma do gabinete de 100 metros quadrados de um ministro do Superior Tribunal Militar, por quase R$ 47 mil, dá cócegas de razão ao ministro Joaquim Barbosa, crítico da existência de Justiça Militar.

O Ministério da Cultura aprovou R$1,2 milhão em incentivo fiscal – que livra o patrocinador de impostos ­– para uma empresa de fundo de quintal garantir dez blocos de Carnaval no Rio de Janeiro.

…Eike Batista trocou seis por meia dúzia, substituindo “X” de “Xepa” pelo “B” de “Bancarrota” em suas empresas.


NO BLOG DO CORONEL

Passando os olhos na Folha de São Paulo de hoje, três dados mostram o câncer terminal que assola o Brasil nas mãos da terceira gestão petista.
O editorial do jornal afirma que o desempenho do Ministério dos Transportes é constrangedor. Segundo reportagem do jornal "Valor Econômico", o montante investido em rodovias e ferrovias deverá ser, neste ano, o menor desde o início do governo Dilma --R$ 9 bilhões, diante de R$ 10,4 bilhões em 2012 e R$ 12,9 bilhões em 2011. O investimento público no setor permanece estagnado em torno de 1% do PIB, enquanto outros países em desenvolvimento alocam pelo menos o dobro. O ministro da Dilma, entrevistado, aceita que falta planejamento e capacidade estratégica para o governo. Que a bagunça pública inibe investimentos privados e atrasa investimentos públicos.
No seu artigo semanal, Aécio Neves (PSDB-MG) informa que em 2012, o número de assassinatos no país ultrapassou a espantosa casa dos 50 mil. Isso representa nada menos do que 10% dos assassinatos estimados em todo o planeta, número superior às baixas verificadas em conflitos armados na Tchetchênia, Angola ou Iraque. Que dos R$ 3,1 bilhões previstos para investimentos no ano passado, R$ 1,5 bilhão sequer foram empenhados. E apenas 23,8% do total previsto se transformaram efetivamente em ações contra a convulsão registrada na área. É inacreditável, mas é verdade: do total das despesas em segurança no país, só 13% vêm dos cofres da União. Isso sem falar das promessas que não saíram da propaganda eleitoral.
Por fim, a notícia de que nos primeiros nove meses do ano, o governo economizou apenas R$ 27 bilhões da arrecadação de impostos e outras receitas para abater a dívida pública, a metade do já modesto esforço fiscal feito no período correspondente de 2012. A meta para este ano era de R$ 73 bilhões! Obviamente, vem aí mais maquiagem e mais contabilidade criativa. E quem vai pagar a conta são os municípios e estados.
É hora de unir as forças produtivas do país, ao lado da imprensa e de todas as instituições democráticas para impedir que o PT tenha um quarto mandato e destrua toda a economia nacional. É o que está ocorrendo hoje, corroendo o futuro das próximas gerações.

Às vésperas da sessão que realizará no Brasil, o presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Diego Garcia-Sayán, disse que o órgão não modifica sentenças, uma das estratégias anunciadas por réus do mensalão para tentar reverter a condenação. Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal retoma também mais uma fase recursos no processo do mensalão.
Com o julgamento de parte deles marcado para quarta-feira, existe a possibilidade de concluir o processo para alguns dos réus --entre eles Roberto Jefferson e os deputados federais Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).
O presidente da corte evita falar sobre o caso, mas ressalta que não cabe à corte modificar sentenças. "A corte não pode modificar uma sentença. Se houve pena de prisão, ela não pode aumentá-la ou reduzi-la."A Corte Interamericana de Direitos Humanos tem por tradição nunca tratar de assuntos do mesmo país em que realiza sessões. "Qualquer coisa que aconteça no Brasil será em paralelo", disse Diego Garcia-Sayán. "Não temos elementos sobre o mensalão. Não queremos insinuar respostas", completou.
Diego Garcia-Sayán explica que a corte costuma tomar dois caminhos quando é questionada sobre violações de garantias judiciais, como é o caso dos réus do mensalão, que reclamam não ter direito a uma revisão do processo. "Na hipótese de que se afetou algum direito processual ou uma garantia judicial, a corte às vezes estabelece uma reparação econômica e em outras determina que se retifiquem as partes em que os direitos processuais foram afetados". Mesmo quando a corte entende que parte do processo deve ser corrigido, são os próprios tribunais locais que fazem a nova análise --e não o órgão internacional, afirma o presidente da corte.
Nesta semana, a Corte Interamericana de Direitos Humanos realiza sua segunda sessão no Brasil --a primeira foi em 2006. A sessão tratará de um caso colombiano de 1985 relativo ao desaparecimento de pessoas durante a retomada pelo Exército do Palácio da Justiça, ocupado pelo então grupo guerrilheiro M-19.(Folha de São Paulo)

PT dá calote em médicos estrangeiros em Goiânia.
Ouça a denúncia feita na Rádio CBN.
E do Blog Goiás 24 horas:
O programa Mais Médicos prevê que as prefeituras paguem auxílio-moradia aos profissionais estrangeiros, mas o acordo não está sendo cumprido em Goiânia. Até hoje, a prefeitura de Paulo Garcia (PT) não pagou um centavo para os 24 médicos que estão em atividade na Capital desde setembro. Pior é que, além de levar calote, eles são acusados pelo secretário municipal de Saúde, Fernando Machado, de serem “radicais”. “Eles [os médicos] entraram sabendo das condições e onde iriam trabalhar. O programa não foi feito porque estávamos com sobra de médicos, unidades bonitas e bem arrumadas. Acho que está tendo muito radicalismo”.
Lula: estádios, palestras, portos, refinarias, contratos, tudo pela Odebrecht. Na foto, o sorrisão de Emílio Odebrecht no estádio do Corinthians.
Dilma e a diretoria da Odebrecht, em encontro na Bahia.
Graça Foster, Edison Lobão, Dilma Rousseff e bem à direita Marcelo Odebrecht, presidente do grupo, inaugurando mais uma planta da Braskem, sociedade entre a Odebrecht e a Petrobras. Tudo dominado.
O contrato firmado em 2010 entre a Petrobrás e o grupo Odebrecht, para prestação de serviços em dez países, incluiu itens com preços inflados que, em alguns casos, ultrapassavam a marca de 1.000%. Auditoria interna da petroleira comparou os preços acordados no contrato com médias de preços em cada país. O resultado mostrou que na Bolívia, por exemplo, os itens estavam entre 9% e 1.654% mais caros; no Chile, entre 14% e 598%; na Argentina o sobrepreço médio foi de 95%.
Documentos da petroleira, obtidos com exclusividade pelo Broadcasty serviço em tempo real da Agência Estado, mostram também que no contrato (PAC SMS) houve inclusão indevida de impostos na formação de preços nos Estados Unidos, Chile e Argentina, elevando o valor dos serviços em US$ 15 milhões.
Mesmo antes do início dos trabalhos, 60% dos 358 projetos de SMS, sigla referente às áreas de segurança, meio ambiente e saúde foram retirados do acordo. Mas o contrato não protegia a Petrobrás e os valores dos projetos cortados foram incluídos - e parcialmente pagos - sob outra rubrica (mobilização). Sob a descrição genérica de "passivo e gestão", sem o detalhamento do tipo de serviço, aparecem US$ 91 milhões.
As instalações onde os serviços seriam feitos incluíram a refinaria de Okinawa (Japão), refinaria de Bahia Blanca (Argentina) e Montevidéo Gás (Uruguai) e refinaria de San Lorenzo, na Argentina, vendida em 2011 para Cristóbal López, empresário com investimentos no ramo de cassinos e fortes vínculos com o governo da presidente Cristina Kirchner.
Irregularidades 
A lista de irregularidades no contrato da Odebrecht com a Petrobrás começou antes da assinatura do acordo e incluiu o escopo dos serviços, composição de custos e condução da disputa. O processo licitatório já estimava gastar US$ 784 milhões com o projeto, disputado também pelas construtoras Andrade Gutierrez e O AS e vencido pela Odebrecht, por US$ 825 milhões.
O relatório dos auditores internos da Petrobrás mostra que, quando foram calculadas as estimativas de preços e assinado o contrato entre a estatal e a Odebrecht, em 26 de outubro de 2010, o detalhamento dos projetos não estava completo.
Além de destacar a ausência de um material em inglês, obrigatório diante da presença de companhias estrangeiras no processo licitatório, a auditoria ressalta que uma das empresas convidadas não tinha qualquer experiência em SMS. A auditoria conclui também que mais da metade (52%) da planilha de preços continha, escritos à mão, itens "arbitrados com quantidade 1 ou 2". A planilha foi apresentada "sem fundamentação técnica" e o fato de prever uma ou duas unidades para milhares de itens indicaria um preenchimento aleatório.
Três semanas depois da assinatura, em 11 de novembro de 2010, a Petrobrás contratou uma consultoria de Niterói (RJ) comandada por dois engenheiros aposentados da petroleira para de fato fazer o projeto. O contrato (SAP 4600323905) com a consultoria custou R$ 29 milhões e ficou pronto em setembro de 2011. A conclusão dos consultores foi que 80% dos projetos analisados não tinham dados suficientes para sua execução. Foram incluídas "instalações, projetos e serviços desnecessários, obsoletos ou incompatíveis com o propósito contratual", diz o documento da Petrobrás. Os serviços continuam em andamento e têm previsão de entrega em fevereiro de 2014, quando expira o contrato.
Outro lado 
A Odebrecht disse, em nota, que "nega veementemente qualquer irregularidade nos contratos firmados com a Petrobrás, conquistados legitimamente por meio de concorrências públicas". O diretor do contrato, Marco Duran, disse que o valor contratado foi diretamente afetado pela redução de escopo do contrato decorrente do plano de desinvestimentos da Petrobrás. O diretor acrescentou que cinco dos dez países contemplados foram retirados por este motivo, restando Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e EUA. Duran disse desconhecer os cálculos de sobrepreço citados em documentos da Petrobrás.
No caso da Bolívia, o executivo disse que o país já havia sido excluído do acordo quando a Odebrecht começou seus trabalhos. "Nunca fui à Bolívia, não fiz o levantamento dos trabalhos a serem realizados. Logo, não tenho o orçamento." O processo licitatório 001/2010 diz que a Petrobrás previa gastar US$ 675,8 milhões na Bolívia. A Odebrecht ofereceu US$ 1,218 bilhão. A Andrade Gutierrez e a OAS, que perderam a licitação, ofereceram US$ 1,513 bilhão e US$ 1,548 bilhão, respectivamente, segundo documentos obtidos pelo Broadcast. Até julho de 2012, a documentação não aponta desembolsos para Bolívia, Equador, Colômbia e Japão. (Broadcast Estadão)

NO BLOG DO NOBLAT

O que distingue um grande escândalo de um pequeno ou médio? O valor total dos bens desviados? A identidade dos envolvidos?
Por ora, o rombo de R$ 500 milhões nas contas da prefeitura de São Paulo não passa um pequeno escândalo se comparado a outros denunciados há mais tempo sem que isso resultasse em cadeia para ninguém. Mas ganhará ares de grande escândalo se envolver políticos de vários partidos.
No caso, a quem interessará a identificação dos políticos e partidos beneficiados pela máfia dos fiscais que negociava a liberação de alvarás e a redução no valor de impostos?
Ao prefeito Fernando Haddad que depende da Câmara Municipal para governar? Ao governador Geraldo Alckmin acossado pelo escândalo dos trens do metrô? A presidente Dilma Rousseff ansiosa pelo apoio da maioria desses partidos para se reeleger?
Foto: Beto Oliveira / Agência Câmara
A faxineira ética aposentou-se desde que demitiu meia dúzia de ministros e em seguida voltou a conviver com os esquemas que facilitavam a roubalheira.
O dia exato da aposentadoria foi aquele onde Dilma negou-se a mandar investigar o ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Este jornal descobriu que, antes de ser ministro, Pimentel fora remunerado por consultorias que não prestara.
Para não incomodar Pimentel, seu dileto amigo, Dilma alegou que as consultorias datavam de antes do seu governo. Portanto, ela nada tinha a ver com isso. De resto, Pimentel não lhe devia explicações.
Antonio Palocci perdeu a chefia da Casa Civil da presidência da República porque foi consultor antes de assumir parte da coordenação da campanha de Dilma à sucessão de Lula. Não era amigo de Dilma como Pimentel é.
Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou ao Congresso a paralisação de sete obras públicas federais nas quais foram detectadas irregularidades.
Dilma não se conformou: “Eu acho um absurdo paralisar obra. Você pode usar vários métodos, mas paralisar obra é uma coisa extremamente perigosa porque depois ninguém repara o custo”. Dilma não disse a que métodos alternativos se referia.
Uma das sete obras suspensas é a BR/448. Ela foi superfaturada em R$ 90 milhões. O TCU calcula que sua atuação, este ano, na fiscalização de obras poderá representar uma economia de R$ 1,2 bilhão.
É pouco ou muito? Estamos diante de um grande ou pequeno escândalo? O que nos garante que não estamos diante de um escândalo que produzirá outro? Primeiro superfatura-se. Depois se aposta que ninguém será punido – e ninguém é.
Há escândalos que parecem minúsculos, mas que ganham importância porque revelam o grau de infiltração dos maus costumes nos poderes públicos.
A Justiça determinou que a Câmara dos Deputados remetesse ao Ministério Público Federal todas as rubricas que “compõem as remunerações” dos seus servidores com a respectiva identificação dos funcionários. É a caça aos supersalários, proibidos por lei.
Que fez a Câmara? Segundo reportagem de Vinicius Sassine e Chico de Gois, publicada ontem, aqui, no primeiro envio de dados a Câmara omitiu 76 rubricas, o que impediu o exame a ser feito.
Da segunda vez mandou todas as rubricas, mas em planilhas separadas. O volume de dados impediu a associação dos nomes à remuneração.
Por que a Câmara agiu assim? Para evitar o corte de pagamentos acima do teto, como recomendou o TCU.
Se o Poder que aprova as leis sabota a aplicação das leis, como cobrar dos cidadãos que as respeitem.

Vinicius Sassine, O Globo
O governo da presidente Dilma Rousseff está armando as polícias nos estados com pistolas de eletrochoque e spray de pimenta em espuma e em gel para uso em locais de consumo de crack. Apesar de o programa “Crack, é possível vencer” ter sido lançado por Dilma em seu primeiro ano de mandato com a promessa de uma nova abordagem diante do consumo epidêmico da droga, recursos do Ministério da Justiça são destinados para equipar as Polícias Militares com armas de baixa letalidade, a serem utilizadas nas cracolândias país afora.
Em 2012, o Ministério da Justiça começou a gastar os R$ 13,2 milhões previstos para a compra do armamento, fornecido pela Condor S/A Indústria Química, sediada em Nova Iguaçu (RJ). Dois contratos com a Condor, assinados em 2012 com dispensa de licitação, preveem desembolsos de R$ 14,7 milhões com armas de baixa letalidade. Os documentos detalham que R$ 11,7 milhões se referem às pistolas de choque e R$ 1,5 milhão, aos tubos de spray de pimenta. Todo o material deve ser usado nas cracolândias.
Ação policial contra usuário de crack no Rio Foto: Marcia Foletto / O Globo

Leslie Leitão, Veja
Parece cena de filme. Em 10 de setembro, o bandido carioca Rodrigo Prudêncio Barbosa, o Gordinho, de 35 anos, ex-gerente do tráfico no Complexo do Alemão, sentou-se com policiais em uma sala da Penitenciária Bangu 9, onde cumpria pena de doze anos por homicídio e assalto, e pôs-se a descrever, com abundância de detalhes, o funcionamento, os planos de ação e a perturbadora pregação doutrinária do Comando Vermelho, a maior e a mais brutal facção criminosa do Rio de Janeiro.
Durante duas horas e meia, Barbosa identificou, um a um, os treze presidiários a quem a alta cúpula do CV delegou as decisões do dia a dia da organização. Também traçou as linhas gerais do projeto que hoje norteia o bando: retomar territórios enfraquecidos com a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). E ainda acrescentou que, para garantir o abastecimento de armas e drogas, a quadrilha reatou relações com o Primeiro Comando da Capital, a poderosa facção do crime em São Paulo. “Poucas vezes tivemos em mãos um relato tão completo e esclarecedor”, diz um integrante do setor de inteligência da polícia do Rio.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO


NO BLOG DO JOSIAS

Foto: Ag. CNJ
Em gravação feita no primeiro semestre de 2013, o auditor fiscal Luís Alexandre Cardoso de Magalhães afirma que começou em 2002 o esquema de cobrança de propinas flagrado na prefeitura de São Paulo. Ele é um dos fiscais encrencados na investigação. Ficou preso durante cinco. Firmou um acordo de colaboração com o Ministério Público. E deixou a cadeia há uma semana.
O audio da gravação soou na noite deste domingo (10) em reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo. Luís Eduardo diz a dois de seus comparsas que fez uma escrituração das fraudes. Coisa minuciosa. “Tem o número, contribuinte, tudo bonitinho. Só que eu tenho isso desde 2002.” Realça que as mordidas da quadrilha não se restringiram ao ISS. “Vai entrar o IPTU também. Vai todo mundo!”
Até aqui, imaginava-se que a quadrilha começara a agir em 2006. Confirmando-se o teor da fita, a máfia terá atuado em quatro administrações. Em 2002, governava a cidade de São Paulo o PT. A prefeita era Marta Suplicy. Fernando Haddad era chefe de gabinete da secretaria municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico. Deixou o posto no 2003.
Sobrevieram José Serra (PSDB), que governou a cidade de janeiro de 2005 a março de 2006; e Gilberto Kassab (ex-DEM, hoje PSD), que ocupou a cadeira de prefeito por seis anos, até 2012. Inaugurada em janeiro de 2013, a gestão Haddad (PT) conviveu com as fraudes por quase dez meses.
Foi o próprio Luís Alexandre quem fez a gravação, apreendida pela polícia no período em que ele esteve preso. O fiscal gravou uma conversa com os parceiros de quadrilha Carlos Di Lallo e Ronilson Bezerra. Deu-se num bar do bairro paulistano do Tatuapé.
Luís Alexandre estava abespinhado. Descobrira que a quadrilha estava sob investigação e que Ronilson, apontado como chefe do esquema, ficara de fora. Por isso fez a gravação. O áudio vazou em ritmo de conta-gotas. O primeiro trecho viera à luz na semana passada. Nesse pedaço, o fiscal soa como se ameaçasse Ronilson.
Luís Alexandre: Eu, o Lalllo e o [Eduardo] Barcellos não vamos pagar o pato nessa porra toda. Eu te dei muito dinheiro. Te dei muito dinheiro.
Ronilson: Você sabe por que que você me deu dinheiro? Você sabe por quê? Porque eu te deixei lá.
Luís Alexandre: Isso. Estão está todo mundo junto. Ninguém vai mexer no meu patrimônio, tá? Porque ser bandido também é difícil e eu vou preservar o meu emprego.
Ronilson: Nós temos que padronizar o discurso.
Os novos trechos da gravação revelaram que Luís Alexandre apimentou as ameaças. A certa altura, ele e Carlos Di Lallo recordam a Ronilson que o grupo não mordera apenas a arrecadação do ISS, mas também a do IPTU. Como que antevendo o acordo que firmaria com o Ministério Público, Luís Alexandre deixa claro que, desmascarado, revelaria tudo.
Carlos Di Lallo: Todos esses anos, nós levamos dinheiro, quem pagou o pato?
Luís Alexandre: O Habite-se!
Carlos Di Lallo: O Habite-se! Não pegaram o IPTU. O IPTU não pegaram.
Luís Alexandre: Mas eu faço pegar! Eu faço pegar! A gente fez um monte de coisa no IPTU.
Foi nesse ponto que Luís Alexandre revelou ter feito uma escrituração do roubo iniciado em 2002. Manteve o timbre de ameaça: “Vocês não queriam relatório igual empresa? Não tinha que fazer um relatório, mostrar? Relatório! Tem o número, contribuinte, tudo bonitinho. Só que eu tenho isso desde 2002. Então, tem que citar só o ISS? Vai entrar o IPTU também. Vai todo mundo!”
Ao longo da conversa, Luís Alexandre citou o nome de outro auditor fiscal: Leonardo Leal Dias da Silva. Vem a ser o diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança. Ele sabia da investigação que havia sido aberta na Controladoria da prefeitura. Chamando-o de Léo, Luís Alexandre dá a entender que recebeu dele informações sobre a trovoada que estava por cair: “Léo falou para mim: ‘Ó, é melhor você coordenar o teu imposto de renda, tudo bonitinho, que o cara vai vir pra cima de vocês. Não tenho dúvida’!”
Encostado contra a parede, Ronilson refuta a suspeita dos colegas de que ele teria sido excluído das investigações por dedurado o esquema. Para afastar as dúvidas, diz que chamará outros quatro personagens: Eduardo Barcellos, fiscal que também passou pela prisão na semana passada; o próprio Leonardo Leal; Douglas Amato, atual subsecretário de Finanças da prefeitura; e o petista Antonio Donato, secretário de Governo da gestão Fernando Haddad.
“Nós vamos trazer Barcellos”, diz Ronilson na gravação. “E nós vamos trazer o Léo junto. Léo e o Douglas aqui. E vamos trazer Donato também. Eu tô com vocês, onde vocês quiserem. Pra provar essa porra toda.”
Procurada, a prefeitura manifestou-se por meio de nota. Informou que Leonardo Leal foi afastado da diretoria do Departamento de Arrecadação na última sexta-feira. Quanto a Douglas Amato e Antonio Donato, a prefeitura considera que não há indícios do envolvimento deles no esquema de desvios. Informou-se, de resto, que a Controladoria abriu uma investigação sobre as fraudes no IPTU.
No final de semana, Fernando Haddad e Gilberto Kassab trocaram chumbo pelo jornal. Haddad atirou primeiro ao declarar, em entrevista, ter herdado uma prefeitura em situação de “descalabro”. Kassab disparou de volta: “O prefeito foi chefe de gabinete da Secretaria de Finanças. Eu não quero acusá-lo de nada. Porque ele pode ter sido, e com certeza foi, vítima do mesmo crime. A desonestidade do prefeito é passar a impressão de que ele foi o primeiro a combater a corrupção. Se ele é o primeiro, cadê suas manifestações sobre o mensalão?” Tomando-se o fiscal Luís Alexandre ao pé da letra, o descalabro é coletivo e pluripartidário.

NO BLOG DO ORLANDO TAMBOSI

Relatório da CNI aponta o descalabro na educação, que não chega nem sequer a formar mão de obra qualificada. Faltam serventes, pedreiros, gerentes etc. As próprias indústrias estão procurando qualificar seus funcionários, já que o ensino básico está "em escombros", conforme diz editorial do Estadão. É o que resta de 12 anos de desgoverno lulopetista - e tem gente que ainda quer mais do mesmo:
Se ainda faltasse alguma prova da crise educacional brasileira, o novo relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a escassez de pessoal para a construção seria mais que suficiente. Durante muito tempo as construtoras foram uma das principais portas de entrada para o trabalho urbano. Absorviam enormes contingentes de mão de obra de baixa escolaridade e ofereciam ocupação mesmo a analfabetos. Programas de investimento em obras de infraestrutura e em construções habitacionais contribuíam de forma importante para a criação direta e para a manutenção de empregos. Hoje essa porta é muito menos ampla, porque a tecnologia mudou e a atividade requer outro tipo de trabalhador. Mas a política educacional foi incapaz de acompanhar essa mudança e o descompasso é evidenciado, mais uma vez, pela sondagem da CNI.
Mesmo com o ritmo de produção abaixo do esperado, o setor da construção continua encontrando muita dificuldade para contratar mão de obra adequada às suas necessidades. O problema foi apontado por 74% das 424 empresas consultadas na sondagem recém-divulgada. Há dois anos a queixa havia aparecido em 88% das respostas, mas o nível de atividade era bem mais alto e isso se refletia na procura de trabalhadores. Mas o detalhe mais alarmante é outro. A falta de pessoal para as atividades básicas - pedreiros e serventes - foi apontada por 94% das firmas com problemas para preenchimento de quadros. Parcela pouco menor (92%) indicou escassez de funcionários técnicos para ocupações ligadas diretamente à obra.
As indústrias consultadas mencionaram problemas para preenchimento de postos em todos os segmentos e em todos os níveis administrativos. Em relação à gerência, por exemplo, queixas foram apresentadas por 69% das empresas com dificuldades de contratação. De modo geral, os níveis de insatisfação quanto às condições do mercado foram tanto mais altos quanto maior o porte da companhia consultada. A falta de trabalhadores qualificados - a questão mais genérica - foi apontada como problema importante por 81% das empresas grandes, 77% das médias e 64% das pequenas. A média dessas respostas ficou em 74%.
A qualificação de pessoal na própria empresa é a solução mais comum, mas também a aplicação desse remédio está longe de resolver o problema. Alta rotatividade, pouco interesse dos trabalhadores e baixa qualidade da educação básica foram os principais obstáculos apontados pelas companhias consultadas. Mas o terceiro item apontado, a educação básica deficiente, talvez seja a explicação mais provável tanto do desinteresse dos trabalhadores como da rotatividade.
A sondagem do setor da construção complementa com um toque especialmente dramático o cenário mostrado, há poucos dias, na última pesquisa sobre os demais segmentos da indústria. Também neste caso é relevante levar em conta o baixo nível de atividade do setor: mesmo com a lenta recuperação registrada depois de um ano de retração, as empresas continuam com problemas para preencher seus quadros.
Praticamente dois terços das firmas (65%) indicaram dificuldades para encontrar pessoal qualificado. Desse grupo, 81% procuram qualificar os trabalhadores na própria empresa. Mas também neste caso a tarefa é dificultada pela falha da escola. A baixa qualidade da educação básica foi apontada como a maior causa de dificuldade por 49% das empresas com problemas de preenchimento de postos.
Esses dados esclarecem facilmente um paradoxo aparente. Por que - muitas pessoas têm perguntado - as empresas têm evitado demitir, apesar do baixo nível de atividade a partir de 2011? A resposta é evidente. Além dos custos da demissão, os administradores levaram em conta as dificuldades para recompor os quadros.
Durante quase dez anos a administração petista deu prioridade à ampliação do acesso às faculdades, para facilitar a distribuição de diplomas. Quase nenhuma atenção foi dada aos outros níveis. A escassez de mão de obra com a formação mínima é uma das consequências desse erro, ao lado, é claro, da perda de competitividade.

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