DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 27-10-2013

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

Contra a vontade do ministro Antônio Andrade (Agricultura), o petista Sílvio Porto se mantém na presidência interina da Cia Nacional de Abastecimento (Conab), apesar das suspeitas de compras milionárias, sem licitação, usando brechas do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), de incentivo à agricultura familiar. O PAA autoriza compra até o limite de R$ 8 mil anuais por família e R$ 1,5 milhão por cooperativa. A Conab pagou R$ 11 milhões por 3,7 milhões de litros de suco de uva.

A Conab pagou à vista no fim de 2012, no Rio Grande do Sul, mas só 20% da compra começaria a ser entregue após 6 meses… em Curitiba.

A suposta compra irregular da Conab foi feita à Nova Aliança e à Aurora, cooperativas distantes da definição de produtores modestos.

Silvio Porto é ligado ao ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, o que explicaria sua estabilidade no cargo.

A Conab alega que a compra não era de formação de estoque, mas para “doação”. Mas não explicou por que mantém o suco estocado.

A presidenta Dilma conseguiu superar o ex-presidente e mentor Lula tanto nas pesquisas, como candidata à reeleição, quanto nos gastos do programa Bolsa Família. Certamente uma coisa está ligada à outra: Lula distribuiu mais de R$ 67,368 bilhões aos beneficiados no período de sete anos, enquanto Dilma disparou nas pesquisas de avaliação do governo distribuindo R$ 53,9 bilhões em apenas dois anos e 8 meses.

A média anual de gastos do governo Dilma com o Bolsa Família (R$ 20,2 bilhões) é mais que os R$ 9,6 bilhões em toda era Lula.

Os R$ R$ 54,2 bilhões aplicados por Dilma no Bolsa Família são bem mais expressivos que os R$ 43,3 bilhões gastos em educação básica.

Para o presidente Ricardo Izar (Conselho de Ética), eventual cassação de Natan Donadon por voto aberto não escancara hipocrisia da Casa, que no voto secreto o absolveu: “O objeto agora é a falta de decoro”.

A Venezuela criou um Ministério da Suprema Felicidade Social. Só falta agora seu povo chegar ao Paraíso pela fome.


NO BLOG DO CORONEL

O governo Dilma Rousseff não cumpriu nem metade da meta de entregar 130 mil cisternas até julho aos atingidos pela seca no Nordeste. Dos reservatórios de água prometidos pela presidente no dia 2 de abril, em evento com sete governadores em Fortaleza (Ceará), 59 mil foram entregues no prazo. A ideia de acelerar a entrega de cisternas até meados do ano tem um motivo climático. É nesse período que se encerra a época de chuvas --ainda que escassas-- na região do semiárido. Os moradores que receberam as cisternas no prazo e tiveram a sorte de contar com alguma chuva conseguiram armazenar essa água para enfrentar mais um período de meses de estiagem.
O Ministério da Integração Nacional coordena o programa. As cisternas são compradas e levadas aos municípios, onde empresas locais cuidam da instalação. Além da meta de 130 mil até julho, Dilma falava em 240 mil até dezembro e um total de 750 mil até o final do de 2014, ano eleitoral. De abril até agora, segundo o governo federal, 125 mil reservatórios foram entregues e o governo federal gastou R$ 437 milhões na aquisição das cisternas.
Em municípios do interior do Ceará, como Acopiara (a 355 km de Fortaleza) e Canindé (a 118 km da capital), as cisternas de polietileno já se integraram à paisagem local: elas se acumulam em depósitos a céu aberto à espera de instalação. Moradores da região se cadastraram desde o início do ano para recebê-las. Sem os reservatórios, eles não podem nem armazenar água dos carros-pipa. A única alternativa é, diariamente, encher baldes nos poucos açudes que ainda não secaram.
Quem já recebeu as cisternas também enfrenta problemas. AFolha encontrou residências com equipamentos entregues há meses, mas que ainda não foram instalados. A agricultora Silvana de Araújo, 38, de Acopiara, afirma que o reservatório foi deixado em seu quintal há quatro meses, sob a promessa de uma instalação rápida. Até agora está parado. Ela, o marido e os cinco filhos bebem a água de açude. Em Canindé, o aposentado Mozar Cruz, 65, recebeu só no início deste mês a sua cisterna. Mas ele diz ter pago um carro-pipa particular para enchê-la porque a água dos carros do Exército é pouca. "Não dá pra todo mundo", diz.
A promessa das cisternas faz parte de um pacote de medidas contra a seca anunciadas em abril pela presidente. O governo resolveu priorizar as cisternas de polietileno sob o argumento da rapidez na instalação, em vez de reservatórios com placas de cimento, que continuam a ser feitos em menor escala. Isso apesar de serem mais caras --custam R$ 5.000 a unidade, enquanto as de placa saem por cerca de R$ 2.200.
As organizações não governamentais que participavam da produção das cisternas de placa, porém, passaram a levantar dúvidas sobre a durabilidade do novo tipo. O governo federal argumenta que o polietileno é resistente ao calor e que o reservatório tem vida útil média de 35 anos. A lentidão não afeta somente a instalação das cisternas: em junho, reportagem da Folha mostrou que as ações estão demorando a chegar a moradores afetados. Houve atraso, por exemplo, na entrega de milho subsidiado e na liberação de verbas para perfuração de poços. (Folha de São Paulo)

NO BLOG DO NOBLAT

Claudio Dantas Sequeira, ISTOÉ
Em quase meio século de domínio no Maranhão, o clã Sarney nunca correu tanto risco de perder o poder. Os sinais de esgotamento começaram a surgir nos protestos que tomaram as ruas de São Luís em junho e ganharam mais substância nas últimas pesquisas de intenção de voto para 2014.
Em todas elas, os candidatos apoiados por José Sarney, inclusive sua filha Roseana, atual governadora, patinam em índices de popularidade incomuns para quem ditou os rumos políticos do Estado por tanto tempo.
A maior ameaça à hegemonia dos Sarney chama-se Flávio Dino, que lidera as pesquisas para o governo do Estado com quase 60% de apoio, índice que o credencia a liquidar a eleição no primeiro turno. Exatamente por isso, o ex-deputado federal do PCdoB, ex-juiz e atual presidente da Embratur tornou-se alvo de uma campanha implacável de difamação que expõe o desespero de quem não está acostumado a ser oposição.
Um dos principais escudeiros da família Sarney na batalha contra Dino é o deputado federal Chiquinho Escórcio (PMDB/MA), que tem feito uma devassa nas contas da Embratur em busca de problemas que comprometam o presidente do órgão.
Escórcio acaba de protocolar requerimento ao Ministério do Turismo questionando a Embratur sobre a decisão de abrir 13 escritórios de representação no Exterior. Ele também denunciou Dino à Comissão de Ética Pública da Presidência, acusando-o de usar o cargo para fazer campanha antecipada no Estado. “Dino trabalha em Brasília de segunda a quarta e viaja na quinta para o Maranhão.
Quem você acha que está pagando isso?”, questiona Escórcio. Com a experiência de quem já travou nas urnas uma disputa com os Sarney em 2010, Dino diz que não cometeria tal deslize. “Todas as viagens não oficiais são pagas pelo PCdoB ou por mim”, garante. O presidente da Embratur diz que fica no órgão até o meio-dia de sexta-feira e só faz campanha depois das 18 horas.

Elio Gaspari, O Globo
No Brasil encantado em que vive o Planalto, as obras do trem-bala estariam adiantadas, e ele rodaria em 2016, para a Olimpíada. Felizmente, continua no papel. Depois do Enem deste fim de semana haveria outro (ou já houvera). Infelizmente, foi só promessa da doutora Dilma e do ministro Fernando Haddad.
Seu substituto, o comissário Mercadante disse que prefere gastar construindo creches. Por falar em creche, durante a campanha eleitoral, a doutora prometeu mais seis mil (quatro por dia). Em abril, ela disse o seguinte: “Queremos mais, muito mais. (...) Vamos chegar a 8.685 creches.”
A repórter Maria Lima fez a conta e mostrou que seria necessário entregar 31 novas unidades a cada dia até julho do ano que vem (13 por dia até o fim do governo). A doutora zangou-se: “Minha meta é seis mil creches. Quem foi que aumentou para oito mil?” Ela.
Sua conta era a seguinte: em abril, havia 612 creches prontas, 2.568 em obras e 2.117 contratadas. Somando, chegava-se a 5.397. Se obras em andamento e contratadas são obras concluídas, 2010 foi um grande ano. Terminaram-se as obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e as águas do rio São Francisco foram transpostas. Promessas.
Para ficar na conta da meta de campanha, admitindo-se que a doutora já entregou três mil creches, até o fim do seu mandato precisa entregar pelo menos oito por dia.
O mundo encantado do Planalto desencadeia uma compulsão mistificadora. Se o governo terminar só quatro mil creches, atire a primeira pedra quem acha esse programa um fracasso. Será um grande resultado que partiu de uma promessa exagerada.
Trocando o mundo real (a obra entregue) pelo virtual (a promessa, ou o contrato), o comissariado intoxica-se numa euforia que desemboca na irritação. A última bruxaria do encantamento partiu da doutora Magda Chambrard, diretora da Agência Nacional do Petróleo.
Ela anunciou que, nos próximos 30 anos, o Campo de Libra renderá R$ 1 trilhão. Em maio passado a mesma doutora disse que “gostaria de ter mais Eikes” no setor petrolífero. Uma semana depois, começou o inferno astral de Eike Batista e de quem acreditou nele.
O encantamento desenvolve nos governantes uma síndrome de sítio, como se o mundo estivesse contra eles. De onde Maria Lima tirou a referencia às oito mil creches? De uma fala da doutora.

Cleide Carvalho, O Globo
Oito pessoas estão presas e indiciadas por atos de violência praticados durante manifestação realizada na noite de sexta-feira em São Paulo. O comerciário Paulo Henrique Santiago dos Santos, de 22 anos, foi indiciado por tentativa de homicídio e associação criminosa, acusado de participar das agressões ao coronel da Polícia Militar Reynaldo Simões Rossi, que teve a clavícula quebrada e sofreu escoriações no rosto e na cabeça ao ser agredido por encapuzados.
Outros sete jovens, com idades entre 18 e 23 anos, foram indiciados por dano ao patrimônio público, formação de quadrilha e arremesso de explosivos ou explosão. Todos estão no 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, e deverão ser transferidos ao Centro de Detenção Provisória do Belém.
Entre os presos durante depredações estão três adolescentes, que não podem ser indiciados por serem menores de 18 anos. Eles estão sob custódia da Vara da Infância e Juventude, por ato infracional e dano qualificado, e devem ser encaminhados à Fundação Casa.

O Globo
Durante todo o ano letivo, uma caminhonete pau de arara (foto abaixo) circula entre as cidades de Amontada, no Ceará, e Icaraí. Em média, 30 estudantes se apertam no transporte escolar com assentos frouxos e uma lona furada que serve como teto. Ano passado, um grave acidente matou dois alunos e feriu outros três. Ainda assim, a caminhonete vermelha não saiu de circulação.
Em todo o país, segundo levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU) feito, aleatoriamente, em 84 municípios que usam verba do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE), podem ser encontradas irregularidades no transporte escolar. A análise mostrou que mais da metade das cidades — 54,9% — apresentam problemas, a despeito das especificações contidas no Código de Trânsito Brasileiro, como superlotação, ausência de cinto de segurança, extintores de incêndio vencidos, pneus carecas e até ônibus que rodam há mais de 30 anos.
Foto: Janayde Gonçalves / O Globo


BBC Brasil
Os Estados Unidos teriam grampeado o telefone da chanceler alemã Angela Merkel (foto abaixo) desde 2002, de acordo com uma reportagem da revista Der Spiegel. A publicação alemã diz ter tido acesso a documentos secretos da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês), que mostram o número de Merkel em uma lista de 2002 - antes de que ela fosse eleita pela primeira vez.
Neste sábado, manifestantes protestaram em Washington contra o programa de espionagem da NSA. Milhares de pessoas fizeram uma passeata até o Capitólio para pedir limites ao programa. Alguns deles levavam cartazes em apoio ao ex-funcionário da agência Edward Snowden, que revelou documentos sobre as atividades do órgão.

O Globo
Milhares de portugueses foram às ruas neste sábado para protestar contra as medidas de austeridade que o governo foi obrigado a adotar em 2011, em troca de pacote de resgate de US$ 78 bilhões. Na capital, os manifestantes marcharam em direção ao Congresso. No Porto, cerca de duas mil pessoas se concentraram em frente à Câmara.
As manifestações foram organizadas pelo movimento “Que se dane a Troika”, em referência aos três credores do pacote de resgate: Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.
Foto: AP

Era uma vez o sonho de morar na grande cidade. O paraíso das oportunidades, do emprego bem remunerado, do hospital equipado e do acesso mais amplo aos serviços públicos. O centro do lazer cultural e do bem-estar. A promessa da mobilidade social e funcional.
A metrópole virou megalópole e, hoje, São Paulo e Rio de Janeiro se tornaram ambientes hostis ao cidadão de qualquer classe social que precise se deslocar da casa para o trabalho. As “viagens” diárias dificultam conciliar família e profissão. Os serviços públicos são muito ruins. E o transporte coletivo – negligenciado por sucessivos governos como “coisa de pobre” – é indigno.
Hoje, mais da metade da população (54%) tem algum carro. O Brasil privilegiou a indústria automobilística, facilitou a compra de veículos, e a classe média aumentou em tamanho e poder de consumo. Todos acreditaram que chegariam ao paraíso. Ficaram presos no congestionamento.
Foto: Fernando Frazão / Agência O Globo
Quem mais fica engarrafada nas ruas é a classe média, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). A pesquisa, com base em dados de 2012, revela que os muito pobres e os muito ricos gastam menos tempo no deslocamento casa-trabalho do que a classe média.
Os ricos, porque podem morar perto do trabalho – sem contar os milionários e os governadores, que andam de helicóptero. Os muito pobres, sem dinheiro para a passagem, tendem a se restringir a trabalhar bem perto de onde moram ou acordam às 4 horas da manhã para evitar congestionamento.
Como não se investiu em trem e metrô – muito menos em sistemas inteligentes de transporte –, estouramos os limites da civilidade. E que se lixem os impactos ambientais, a poluição e a rinite.
Leia a íntegra em A classe média vai ao inferno

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO


NO BLOG DO JOSIAS

Centro de São Paulo, noite de sexta-feira (25/10): mais depredação e muito mais violência
Em junho, quando as ruas ferveram, eles eram chamados de “minoria de vândalos”. Infiltravam-se nos protestos e, do meio para o final, transformavam pacíficas manifestações em surtos de desordem. Eles eram poucos. Mas foram ganhando a adesão de uma legião de desocupados. Gente que enxergou na algazarra uma oportunidade para realizar saques e pequenos furtos.
A violência foi ganhando ares de rotina. Eles investiam contra policiais e jornalistas, incendiavam ônibus, depredavam estações de metrô, atacavam agências bancárias, destruíam caixas eletrônicos, estilhaçavam vitrines de lojas, lançavam coquetéis molotov em prédios públicos… Aos pouquinhos, foram migrando dos rodapés de página para as manchetes.
Com o passar dos dias, verificou-se que eles macaqueavam ativistas europeus e americanos. Imitavam-nos nas vestes, no gestual e nos métodos. Ganharam apelido chique: black blocs. E a destruição passou a ser justificada como “protesto consciente de inspiração anarquista”. Supremo paradoxo: disfarçados de inimigos do capitalismo, estudantes bem-nascidos tornaram-se um estorvo para a gente simples das cidades.
Exaltados pela imprensa dita alternativa, do tipo Ninja, eles ganharam a cena. Intimidada, a polícia assistiu, por vezes passivamente, ao recrudescimento da violência. Amedrontada, a rapaziada pacífica voltou para casa. O ronco do asfalto virou lamúria. Numa visita às ruas de São Paulo, os pesquisares do Datafolha acabam de verificar que 95% dos paulistanos não suportam mais a anarquia.
Já passou da hora de definir melhor as coisas. Está nas ruas uma estudantada corpulenta, de cara coberta e violenta. Esse grupelho adquiriu o vício orgânico de tramar contra o sossego alheio. Vândalos? É muito pouco! Black Blocs? O escambau! Traduza-se para o Português: bandidos, eis o que são.
Num instante em que a sociedade se escandaliza com os PMs que torturaram e mataram Amarildo numa unidade pseudopacificadora da favela do Rio, convém abrir os olhos para as atrocidades cometidas pela bandidagem que faz Bakunin revirar no túmulo. Repare nas duas cenas que se seguem:
Cena 1: A selvageria
“Pega, peeega, peeeeeega!” Estamos no centro de São Paulo, no meio de mais uma manifestação promovida pelo Movimento Passe Livre, cujo objetivo declarado é o de zerar as tarifas de ônibus, metrô e trem. É sexta-feira (25/10), 20h20.
Selvagens com os rostos cobertos cercam o coronel da Polícia Militar Reynaldo Simões Rossi. Passam a agredi-lo com pauladas e pontapés. Imprensado contra uma pilastra, o soldado cai.
“Eu me recordo que eu fui projetado ao solo a partir de uma pancada na cabeça que eu levei”, Reynaldo contaria depois. No solo, ele ainda tenta proteger a cabeça com as mãos. Inútil. Intensificam-se os golpes.
Zonzo, Reynaldo se levanta. É empurrado pelas costas. À sua direita, um dos agressores o atinge com uma chapa metálica bem na cabeça. Ele corre. Os algozes o perseguem. “Na segunda onda de agressões, eu já estava perdendo um pouco a lucidez”, diria depois da surra. Foi então que, empunhando o revólver, um soldado metido em roupas civis resgata o coronel Reynaldo, livrando-o dos seus torturadores.
Cena 2: A sensatez
Já sob a proteção de seus soldados, o coronel Reynaldo faz cara de dor. Antes de se enfiar no banco traseiro da viatura policial que o levaria para o hospital, ele pronuncia uma derradeira ordem. Em meio à insensatez, o coronel diz algo sensato: “Não deixa a tropa perder a cabeça!”
Reynaldo passou a noite no hospital. No dia seguinte, com um dos braços na tipóia, ele contabilizou os prejuízos: “Eu tenho os dois omoplatas fraturados: um, integralmente; outro, parcialmente. Tenho lesões na perna, no abdômen, e tenho duas lesões na cabeça.”
Tardiamente, as polícias do Rio e de São Paulo começam a lidar com a tribo dos sem-rosto de maneira mais profissionalizada. Para evitar o moto-contínuo das prisões que duram menos de uma noite, reúnem provas que permitirão aos juízes impor aos criminosos penas compatíveis com os seus crimes.
Até Dilma Rousseff já acordou: “Agredir e depredar não fazem parte da liberdade de manifestação. Pelo contrário”, ela escreveu no Twitter. “Presto minha solidariedade ao coronel da PM Reynaldo Simões Rossi, agredido covardemente por um grupo de black blocs em SP”, acrescentou. Alvíssaras!

NO BLOG ALERTA TOTAL

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Em momentos de grande dificuldade, temos um procedimento estratégico e operacional recomendável. Recorrer a Deus e aos amigos de verdade. Apelei a um caboclo, bom filho do Pai, especialista em assuntos de poder e dança da gafieira. A segunda habilidade dele, aplicada à conjuntura, recomenda que apelemos a um velho sábio francês capaz de nos ajudar a compreender e encontrar uma alternativa para não atravessar o samba neste momento histórico crucial.
Dentro ou fora das temporadas de Outubro Rose, meu amigo sempre apela ao exemplo do famoso político e diplomata francês Charles Maurice de Talleyrand-Péricord (1754 a 1838). Contam os biógrafos que, no início da Revolução Francesa (1789 a 1799), o pragmático Talleyrand tomou três decisões – algumas delas que valem para toda a vida e para qualquer situação:
-Não remar contra a maré.
-Não abandonar seu País, salvo corresse grande perigo pessoal.
-Salvar o que pudesse ser salvo.
Nascido em família da alta nobreza, Talleyrand sofreu na infância um acidente que o impediu de seguir a carreira militar. Sorte dele e da Igreja! Entrou na vida religiosa, e chegou a ser expulso do seminário, em 1775, por não seguir a regra do celibato. Mas, perdoado, logo saltou de abade a Bispo, em 13 anos. Assim, participou dos Estados Gerais em que defendeu, com brilhantismo, os privilégios da Igreja.
Pouco depois, abandonou a batina e, já como líder revolucionário, confiscou os bens eclesiásticos. Sobreviveu ao 93 (o ano do terror de 1793). Fugiu para os Estados Unidos da América. Só retornou à França quando um jovem general reestabeleceu a ordem. Tornou-se seu conselheiro indispensável – mesmo sendo considerado um “Homem-Diabo”. Assistiu á ascensão e queda do Imperador Napoleão que, ferido em sua vaidade na batalha de Eylau, resolveu dar uma lição aos russos, invadindo o País e entrando numa fria.
Talleyrand sabia que era chegada a hora de salvar a França. A traição em Erfurt foi o meio necessário. Restaurada a monarquia, virou ministro e viveu com glória até morrer, em 17 de maio de 1838, em Paris. Levou para a eternidade o título de Príncipe de Benevento. Segmentos esclarecidos da sociedade brasileira têm muito a aprender com o famoso Mauricinho francês...
Mas enquanto tentamos aprender algo com Talleyrand, uns gaiatos espalham pela internet uma proposta de “solução” brilhante e imediata para o Brasil: “Devido ao longo tempo necessário para o Judiciário julgar os casos de corrupção, por uma evidente falta de juízes, a presidenta poderia agir como fez com os médicos: Contratar juízes estrangeiros, dispensando-os do exame de Ordem e do exame de admissão à Magistratura”.
Os piadistas militantes prosseguem: “Seriam ótimos os juízes chineses, japoneses, árabes, que até cobram as balas para fuzilamento de condenados, cortam as mãos de ladrões, etc. E mandá-los para as regiões mais carentes como Brasília, Maranhão, Alagoas, para avaliar e julgar os gastos da Copa, mensalões, dólares na cueca, verbas e demais desvios, dos quais Lula e Dilma nunca sabem de nada. A ideia é boa?”
Enfim, em meio a este samba do afrodescendente doido, o melhor negócio é sair com o meu amigo para a gafieira. Lá, onde ele é rei, pelo menos a gente dança com prazer. Diferentemente do Brasil, onde o samba atravessa cada vez mais, e de forma perigosa, comprometendo o futuro do pagode, até que algum general da banda se junte a outros músicos para recolocar ordem no salão.
Não vai ser mole, porque o Brasil parece uma grande piada de salão...
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES

REYNALDO ROCHA
Somos oposição. Real. Exercemos o direito de nos opor ao que julgamos deletério ou imoral. Não aceitamos números falsos. Repudiamos promessas não cumpridas, expostas a todos como um cadáver putrefato ─ como é o caso da Norte-Sul, do Trem-Bala, da Transnordestina, da transposição do São Francisco, das 9.000 creches e dos 800 aeroportos.
Sequer rotulamos estas obras como mal feitas. Antes, precisam ser feitas.
Somos contra a substituição do mérito pela ajuda ao companheiro ignorante, roubando de todos o direito de exercer o que o estudo e esforço garantem.
Somos oposição às tentativas de comprar juízes e ministros do Supremo com se o Judiciário fosse a feira livre dos sem-vergonha do Poder Legislativo. Sim, não têm vergonha de nada.
Queremos ser o que sempre fomos: a parte decente do Brasil. A que não se corrompeu, se vendeu ou idolatrou fantoches e ídolos de pés de barro. Já é muito.
Não temos representantes. Não nos vemos em nenhuma alternativa de poder, o que nos leva, por exclusão, a aceitar qualquer uma que mantenha a democracia e enxote os micilianos lulopetistas do poder.
Estamos a um ano das eleições. Tempo que a oposição tem para formar um discurso, bandeiras e para que nos ouçam. E é o mesmo tempo que eles têm para manter pratos equilibrando no ar. Eles sabem que em 2015 o desastre estará completo. Mas o objetivo terá sido alcançado e as esperanças de bolivarianizar definitivamente o país estarão renovadas.
É um jogo de perde-perde. Sabemos (não somos inocentes) que vamos perder no final. Que estaremos fazendo o trabalho que, por incompetência, medo ou covardia, as oposições nunca fizeram.
As palavras críticas nas bocas oposicionistas são ocas. Vazias como foram os anos de dócil conivência com o poder. Os textos de blogueiros e jornalistas que leio são mais aprofundados e oposicionistas que discursos de qualquer um deles.
Não me lembro de nenhum! E lembro de centenas de textos, na internet, expressando até de modo repetitivo o que as oposições se recusam a ler e ouvir.
Um ano. Pouco, muito pouco tempo.
O PT sabe se equilibrar na corda bamba. É mestre no show de Monga, a mulher-gorila que usa o truque dos espelhos.
Um ano para as oposições é a eternidade, pelo ritmo que sempre se portou. Para a seita, um ano é um fim de semana, como comprovam a ânsia de continuidade ao assalto aos cofres e perpetuação da imoralidade já demonstradas.
A oposição não demonstra ter bandeiras. Mas está com a mortalha pronta. Sabe como nunca ser dividida, brigando por um naco do bolo que sequer foi ao forno. Lutando pela primazia de ser o perdedor.
Enquanto isso, vemos a campanha de Dilma já nas ruas, usando dinheiro público, benesses a apaniguados, butim da base alugada, ajeitamentos dos piratas na nau da insensatez, escárnio com a lei eleitoral e repetição das fantasias alucinadas que a alguém com dois neurônios, provocam risos. E asco.
Estamos sós. Somos a oposição.
O Brasil está entregue a um bando de aproveitadores e é observado por um bando de covardes.
Um ano de expectativa de que surja uma bandeira de luta, entre tantas que oferecemos.
Sinto que não haverá.
É um ano de repetição de um programa/discurso que se repete há 11 anos.
Sei que será assim.
Sou pessimista ?

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