DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 06-10-2013

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

Contrariando ala lulista do PT, o presidente da Câmara, Henrique Alves, tem pressa de votar a proposta de emenda que determina voto aberto para cassação de mandato por quebra de decoro e condenação criminal transitada em julgado. Ele disse ao relator Vanderlei Macris (PSDB-SP) que teme desgaste ainda maior, caso o voto fechado seja mantido e o deputado ladrão Natan Donadon novamente absolvido.

A aprovação PEC do voto aberto pode dificultar a vida de deputados mensaleiros que querem manter mandato, por isso o PT é contra.

O presidente da comissão que discute o voto aberto, Sibá Machado (PT-AC), “evaporou” e cancelou a última reunião sem justificativas.

Alinhada com Henrique Alves, a Comissão de Ética tem enrolado o processo contra Donadon para dar tempo de apreciar o voto aberto.

O primeiro submarino nuclear ainda não saiu, mas o governo já gastou R$1,7 bilhão no estaleiro e na base naval da Marinha para construí-lo.

Relatório do Banco Mundial mostra o Brasil em 130º lugar para abrir empresa, entre 185 países, atrás de Honduras. Na campeã Nova Zelândia, abre-se on-line, em 24 horas. E com menos imposto.


NO BLOG DO CORONEL

Abaixo, nota oficial do PSDB:
O PSDB considera que a decisão da ex-senadora Marina Silva de se manter em condições de participar das eleições de 2014, filiando-se ao PSB, é importante conquista do Brasil democrático.
É também uma reposta às ações autoritárias do PT, especialmente aos membros do partido que chegaram a comemorar antecipadamente a exclusão da ex-senadora do quadro eleitoral do próximo ano, com a impossibilidade de criação da Rede.
O PSDB acredita que a presença de Marina Silva fortalece o campo político das oposições e contribui para o debate de ideias e propostas, tão necessários para colocar fim a esse ciclo de governo do PT que tanto mal vem fazendo ao País.
Senador Aécio Neves
Presidente nacional do PSDB

O ingresso de Marina Silva no PSB de Eduardo Campos, numa "aliança programática", mas não "pragmática" (apesar da própria Marina confundir os dois termos no seu discurso) tem outros efeitos que ainda não foram avaliados.
Não há aliança, há vingança. Marina Silva, que é uma pessoa má pela própria natureza, agiu com precisão cirúrgica para garantir o segundo turno que tanto apavora Dilma e o PT. Foi uma jogada de mestra. Vai poder bater a valer no governo, vai ter um palanque para o seu discurso contra o PT, a quem responsabiliza por um ataque para impedir o registro do seu partido. Já fez isso no dia de hoje, ao se colocar vítima de um complô, discurso que vem reforçando nos últimos dias. E que, diga-se de passagem, colou. Haverá um voto de ódio contra o governo.
Marina Silva não se comprometeu em ser vice de Eduardo Campos. Mas abriu o partido para que os seus companheiros com mandato possam se filiar num mesmo partido, com estrutura e tempo de TV. No entanto, se a campanha decolar, se houver transferência de votos, obviamente que ocupará o posto. Uma hipótese de governo já deve estar loteada entre os dois.
Em caso de vitória, Marina Silva já garantiu o seu quinhão. A ex-ministra do Meio Ambiente, com toda a certeza, terá o seu feudo de volta, onde militavam as ONGs internacionais e todos os marineiros que estavam, hoje, ao seu lado na mesa. Também comandará o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, além do Ministério das Minas e Energia. Não precisará mais nada para arrasar com a agropecuária brasileira e com as obras estruturantes de energia e de logística. Índios e sem terra expulsarão produtores rurais das suas propriedades, intensificando o que, hoje, já está ocorrendo no governo petista.
Outra constatação, talvez a mais importante, é que a candidatura de Eduardo Campos terceiriza os ataques ao governo, ao PT e ao PSDB. Vai respeitar o pacto com Aécio Neves, mas Marina Silva estará liberada para bater em quem bem entender. Poderá encarnar o Dudu Paz e Amor, porque terceirizou os ataques para Marina Silva. Se alguém não lembra, Eduardo Campos, na entrevista, afirmou que ligou para avisar Lula sobre a fusão dos partidos, mas que não o encontrou. O que isso significa? Que não vai cair na armadilha de atacar o governo no qual mamou durante 11 anos. Este papel será de Marina.
Não penso que o PSDB tenha alguma perda imediata, a não ser a volta das viúvas de Serra a tentar impor o seu nome numa chapa puro-sangue, por exemplo. Tipo assim, vamos deixar os dois e quem estiver com mais densidade eleitoral nas pesquisas, assume a cabeça-de-chapa. Ou os petistas tentarem jogar as perdas para os tucanos, quando na verdade quem perdeu foi o governo, pois o segundo turno está garantido.
Alguns prejuízos, no entanto, são inegáveis. Os urbanoides acharam a candidatura ideal, inclusive a mídia. Jornalistas "podicrê" amam Marina e o desconhecido Eduardo Campos pode aparecer como o novo, roubando este lugar de Aécio Neves, que entra defendendo o legado tucano, que já é por demais conhecido pelo eleitorado, nas suas virtudes e defeitos. Querem fazer uma aposta? A próxima pesquisa Datafolha será feita após quinta-feira, quando irá ao ar o programa eleitoral do PSB, onde Campos e Marina serão mostrados juntos durante 10 minutos. Haverá uma boa transferência de votos, que pode colocar o pernambucano empatado tecnicamente com o mineiro. Dilma perderá pouco, portanto esta estratégia só não é boa para Aécio.
Por fim, o PSDB que não se iluda, achando que o PT vai centrar seus ataques em Eduardo Campos e Marina Silva. Não vai. Vai querer enfraquecer o PSDB em setores onde ele é forte, como o Brasil Rural e os grandes centros de produção, além de centrar fogo contra os tucanos no Paraná, São Paulo e Minas Gerais. O inimigo a ser batido é o PSDB e não Eduardo Campos e Marina Silva que são crias de Lula, sempre abertos a um acordão, que o diga a acreana que mentiu para o Brasil o tempo todo a respeito de uma "nova política" e que, hoje, vendeu a Rede para o PSB.
A campanha de Aécio Neves vai ter que assumir que ele é a única mudança e a única força de oposição. A voz de ódio e rancor de Marina Silva também vai se voltar contra os tucanos, os inimigos a serem batidos no primeiro turno. Se Aécio conseguir encarnar este segmento oposicionista, mostrando que o resto é mais do mesmo, estará no segundo turno. É bom que os partidos que ainda estão pendendo entre um e outro lado, como o PPS e o PP, reconheçam os riscos de isolamento futuro. 
O Brasil, sem o PSDB forte, liderando o que resta de oposição e de defesa da livre inciativa, do direito de propriedade e do capitalismo, vai estar diante do pior dos mundos: um segundo turno entre o socialismo-ambientalista-fundamentalista evangélico de Campos e Marina e o chavismo petista.

Dilma e Cristino, o abraço dos afogados
"Conforme carta de renúncia, o ministro Leônidas Cristino tem afirmado que cumpriu a missão que lhe fora confiada. Segundo ele, o sistema portuário vive uma fase nova e promissora. O ministro Leônidas Cristino, da secretaria dos Portos, deixou o governo anteontem sem ter gasto, em nove meses, um real do orçamento da pasta com obras deste ano.
Cristino também não executou à frente da pasta nenhum dos compromissos para melhorar a gestão dos portos assumidos pelo governo com o setor privado em dezembro do ano passado no lançamento do novo marco regulatório do setor. O orçamento total da secretaria para investimentos, incluindo o repasse para as Companhias Docas, era de R$ 1,1 bilhão. Até o fim de setembro, a pasta pagou apenas 13% deste valor, em dívidas dos anos anteriores.
Ao lançar o novo marco, a presidente Dilma Rousseff fez promessa de destravar o setor e assim alavancar investimentos de R$ 54 bilhões nos próximos quatro anos. O governo enfrentou dificuldades para aprovar a lei do setor no Congresso Nacional, processo que só ocorreu em junho. Contudo, havia outras partes previstas no plano que tinham pouca ou nenhuma relação com a lei. E elas também não andaram.
O gasto mais relevante do governo num porto é a dragagem (a retirada de areia do mar para formar o canal por onde o navio vai passar). O governo havia prometido iniciar em abril licitações para contratar empresas que fariam, ao longo de dez anos, a dragagem dos portos do país, ao custo de R$ 3,6 bilhões. Nenhum contrato desse tipo foi assinado até agora.
Na promessa aos empresários, também cabia ao governo reduzir o preço do custo dos práticos, profissional que manobra o navio nos portos. Segundo Willen Mantelli, presidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários), nada ocorreu.
Outra promessa era melhorar a gestão das Companhias Docas federais impondo à diretoria dessas estatais contratos de gestão. A ideia era que os contratos de gestão tivessem metas e, quem não as cumprisse, perderia o cargo. A intenção era evitar a politização dessas organizações. Nenhum contrato foi assinado.
Dos investimentos previstos, mais de R$ 30 bilhões viriam de terminais portuários privados, que dependeriam de uma autorização do governo para começar suas obras. De 64 pedidos de autorização analisados pelo governo desde a edição da Lei dos Portos, em junho, nenhum foi aprovado até agora. Ainda não há regras para liberar as construções. (Folha de São Paulo)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO

Comecemos pela maior de todas as evidências: a entrada de Marina Silva no PSB, ainda que pro-tempore, demonstra como estavam errados, na situação e na oposição, os que tentaram definir os times dois anos antes do jogo. A observação vale para Lula e para FHC, para citar os respectivos técnicos do PT e do PSDB. ATENÇÃO! Estamos, neste sábado, a exato um ano do primeiro turno, marcado para o dia 5 de outubro de 2014. E se deu, desde que se fala no assunto, o fato mais importante do processo. Marina acaba de se filiar formalmente ao partido liderado por Eduardo Campos — segundo ela, trata-se do “Plano C” (“C” de Campos, entenderam?). Organizou-se, para tanto, uma cerimônia em que ambos discursaram. Se o observador se deixa levar pelo calor da hora, acaba concluindo que teve início uma marcha cujo desfecho é o triunfo. A tarefa é bem mais difícil do que parece. Chegarei lá em outro post. Destaco, como segundo dado relevantíssimo, uma crítica que Marina fez ao PT. Que dimensão ela vai tomar? É o que veremos no decorrer dos meses.
Na conversa que manteve com seus pares para tomar uma decisão, a ex-senadora, segundo revelaram interlocutores seus à imprensa, teria afirmado:
“Eu fiz esse acerto com o Eduardo Campos porque chegou a um ponto que eu não tinha outra alternativa. E o PSB é um partido sério. A minha briga, neste momento, não é para ser presidente da República; é contra o PT e o chavismo que se instalou no Brasil”.
Se Marina disse mesmo isso — e tudo indica que sim, porque as fontes variam, com conteúdo muito parecido —, então, pela primeira vez, eu a aplaudo. Eu, que não gosto das imprecisões de seus discursos, que considero que ela tem um pé no messianismo, que rejeito certas concepções de política que me parecem um tanto delirantes, afirmo: ela está certa ao apontar as tentações chavistas do petismo. Marina também teria dito que o PT tem mais de dois mil militantes espalhados na rede para desmoralizá-la.
É verdadeira a existência dessa máquina maligna, mas Marina não é seu único alvo. Qualquer força política que tenha a coragem de expressar um pensamento que o partido, ou seus esbirros, considerem contrários a seus interesses, passa a ser alvo dos ataques mais sórdidos: políticos de oposição, imprensa em geral e alguns jornalistas em particular. Nada escapa. A máquina de difamação dolosa, financiada por estatais e por gestões petistas, expressa o auge dos delírios totalitários do partido. Se uma das motivações de Marina para se juntar temporariamente ao PSB é a constatação de que é preciso vencer esse esquema criminoso, então a sua decisão tem o meu respeito e o meu apreço — ainda que eu não goste de quase nada do que ela diz, com especial ênfase para as suas preferências poéticas. Ocorre que a divergência sobre poesia é menos relevante do que as questões substanciais, e combater o chavismo petista é uma dessas questões substanciais.
Essa aliança, que ela chama programática — mas que é, no fundo, pragmática (já digo por quê) —, tem algumas implicações, que precisam ser pensadas.
1: Candidatura de Eduardo Campos ganha densidade
Parece evidente que, no terreno político ao menos — vamos ver como reagem os eleitores —, a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República ganha densidade política. Em muitos aspectos, Marina lhe fornece um conjunto de valores — coisa fundamental em política, como insisto há bem uns 20 anos — de que ele carecia. Embora o governador de Pernambuco tenha excelente trânsito na imprensa, circule com desenvoltura no mundo empresarial, lidere uma gestão muito bem avaliada em Pernambuco, eu não via, e ninguém via, por onde poderia excitar o imaginário do eleitorado. Dizer apenas que pode fazer melhor do que Dilma, que decide com mais desenvoltura, que é mais competente, bem, tudo isso, convenham, tinha muito pouco apelo.
2: Fratura do bloco hegemônico
Vocês sabem o que eu penso e o quanto lastimo a inexistência de um partido conservador forte no Brasil. Creio que está aí uma das raízes dos nossos desatinos. E esse partido inexiste justamente porque, exceção feita ao PT, as legendas brasileiras ou se perdem no administrativismo sem imaginação ou se entregam a miudezas fisiológicas — inclusive o PSB — sem apelar para conteúdos simbólicos, que marquem a adesão a uma visão de mundo. O PT comete, com ainda mais dedicação, garra e profissionalismo, todos os pecados da política, mas não se descuida dessa mística. Marina é uma liderança que se desgarrou do PT e que sabe operar essa tal esfera dos valores. Tanto é assim que a Rede, do ponto de vista ideológico, é um saco de gatos de várias cores, mas tem essa sacerdotisa que os une. Marina agrega à candidatura de Eduardo Campos um universo simbólico que, até havia pouco, ela não tinha.
Ora, pensemos um pouco: a ex-senadora vem do petismo; Campos, ele próprio, é uma das forças que se agregaram ao projeto petista. O que a eleição de 2014 pode trazer de inequivocamente novo é o racha do atual bloco hegemônico. Um pedaço dele — a frente ampla de esquerda que se formou em 2002, com agregados da direita — se descola da nave-mãe para buscar um voo solo. Se pensarem bem, a última vez em que se deu algo parecido no Brasil foi em 2002, quando o PFL resolveu se divorciar do PSDB. Todos saíram perdendo, muito especialmente o PFL, que, hoje com outro nome, beira a extinção — não só por aquilo, claro, mas foi o ato inicial.
Neste blog, não é a primeira vez que trato da questão. No dia 25 de fevereiro,escrevi aqui:
“Não são poucos os analistas que entendem que o petismo tomou de tal sorte conta da agenda política e construiu tal hegemonia que só será apeado do poder se o bloco hegemônico que lidera for fraturado. Cumpre lembrar que esse foi o episódio inaugural da derrota do PSDB em 2002: o fim da aliança com o PFL. Não estou escrevendo que tal episódio, sozinho, determinou a derrota. O fato é que as coisas começaram a desandar ali…”
3: Campos se fortalece, mas, curiosamente, aumenta o raio de manobra para não disputar
É preciso ver o que está em curso sem algumas travas do convencionalismo. No discurso na tarde deste sábado, Marina foi muito enfática ao afirmar que estava aderindo, por razões estratégicas, ao “Plano C” (Plano Campos). A candidatura do governador, afirmou ela, está posta. Assim, reitere-se, é óbvio que o governador sai fortalecido.
Mas não é menos evidente que falta muito tempo até a eleição. Vamos ver o que vai acontecer, como vão se mover as pesquisas. Noticiou-se que Marina estava indo para o PSB para ser vice na chapa, o que ninguém quis confirmar na solenidade, seguida de entrevista coletiva, neste sábado. O próprio Campos deixou a coisa em aberto — as definições ficam para mais tarde. Ora, quem tem a máquina do PSB nas mãos é ele, não ela. Logo, será candidato se quiser.
Mas digamos que se chegue a junho do ano que vem — vejam quanto tempo falta para a disputa e o quanto erraram PT e PSDB até aqui —, e as pesquisas insistam em apontar Marina com algo na casa dos 20 e poucos por cento dos votos, em segundo lugar, e Campos ali pelos 5% a 7%. A depender da conjuntura, uma Marina titular da candidatura pode ser a diferença entre haver e não haver segundo turno… Vênia máxima ao que parece óbvio, é evidente que o fortalecimento da candidatura de Campos convive perfeitamente bem com a ampliação, por contraste, da possibilidade de que ele não se candidate. Antes de Marina, ele estava entre duas alternativas:
a) candidatar-se mesmo nas circunstâncias mais adversas;
b) recuar, desmoralizando-se.
Agora, ele ganhou uma “Alternativa m”:
a) candidatar-se, mesmo nas circunstâncias mais adversas;
m) abrir mão em favor de Marina, em nome do segundo turno, guardando-se para 2018.
O mais provável é que se candidate, sim, mas não dá para ignorar que tem mais espaço para não disputar, com saída mais do que honrosa — o que antes não existia.
4: Para Dilma, essa união é boa ou ruim?
É evidente que é ruim. Os petistas saudaram entusiasmadamente o “não” do TSE ao partido Rede. Não partilho da ideia de que tenha havido alguma conspiração, mas é certo que os petistas gostaram daquele 6 a 1 no tribunal. Lula vinha atuando freneticamente para impedir também a candidatura Campos. O PT sonhava com a realização de um segundo turno já no primeiro. Num dado momento de sua fala na tarde deste sábado, Campos deu a entender que essa união com Marina acontece num momento em que ele próprio parecia um tanto desanimado. Assim, uma coisa é certa: a adesão de Marina ao PSB elimina uma dúvida do cenário: um dos dois será candidato. Já não há o que Lula possa fazer. Salvo um rompimento da aliança PSB-Rede — e creio que os dois lados serão espertos o bastante para evitá-lo —, já não há o que discutir: haverá, no mínimo, uma candidatura do PT, uma candidatura da oposição e uma candidatura do que Marina chama “posição”: ex-governistas tentando construir uma alternativa.
5: Para Aécio Neves, essa união é boa ou ruim? E para a oposição?
Para a oposição ao petismo (e à sua hegemonia autoritária), é certo que a união Marina-Campos é positiva — como seria, aliás, a eventual saída de José Serra do PSDB para disputar a eleição. Por quê? O argumento é aritmético antes de mais nada. Quando o partido do poder, que manipula uma habilíssima e maligna máquina de propaganda, joga todas as fichas na polarização, fragmentar a disputa é a forma mais inteligente de enfrentar o seu jogo. “Ora, se é bom para a oposição, então também é bom para Aécio, que é da oposição, certo?”
Errado! É um silogismo sem fundamento na realidade porque, nesse caso, desconsidera-se que, no terreno oposicionista, existe também uma disputa e que é preciso chegar em segundo lugar ao menos para ter direito à segunda rodada. Não estou aqui antevendo, de modo nenhum, que a dupla Campos-Marina se consolide em segundo lugar qualquer que seja a composição, mas é evidente que, em tese ao menos, essa possibilidade ganhou corpo.
6: Solenidade em favor da terceira via
É certo que, na solenidade deste sábado, quem mais apanhou foi o governo, foi o petismo em particular. Mais de uma vez, quando Marina e Campos se referiram a um tal “eles”, falavam de um sujeito oculto bastante conhecido. Mas a candidatura do PSDB também esteve na mira. A líder da Rede voltou a criticar a tal “oposição por oposição” e “situação por situação” (análise que considero besta, mas vá lá). O governador contestou o que chamou de “falsa polarização”.
Ainda que o PSB e o PSDB tenham feito uma espécie de pacto de não agressão, a dupla Campos-Marina, a partir deste sábado, convida, oficialmente, o eleitorado a dizer “não” tanto ao candidato do PSDB como à candidata do PT. De resto, é preciso convir que essas forças egressas do governismo conseguiram organizar um ato mais eloquentemente oposicionista do que conseguiu o PSDB nos últimos três anos. Assim, se Dilma não tem motivos para demonstrar satisfação, o mesmo se diga de Aécio, hoje considerado o candidato certo dos tucanos.
Ainda voltarei ao tema. A despeito da energia mobilizada neste sábado e da grandiloquência dos oradores, as dificuldades são imensas, bem maiores do que o entusiasmo dos protagonistas sugeria. De toda sorte, resta da união anunciada neste sábado uma crítica bastante dura ao autoritarismo do PT e do governo. E isso, numa democracia, é sempre saudável.

Leia primeiro post anterior - MARINA-CAMPOS 1 – Líder da Rede acerta ao acusar ‘chavismo’ do PT e põe fim ao esforço de Lula para eliminar uma terceira força da disputa de 2014
O governador Eduardo Campos (PSB-PE) tem, como afirmo no texto 1, bom trânsito na imprensa e no empresariado. O mesmo se pode dizer de Marina. Ele conta com uma estrutura partidária sólida; ela, com uma fatia muito entusiasmada do eleitorado que dificilmente se deixaria atrair pelo PSB não fosse essa composição. Os partidários da Rede estão ressentidos. Atribuem a maquinações do Planalto, o que nem me parece provável, a rejeição ao registro da Rede. O governador sabe que o petismo está criando dificuldades as mais diversas para que se organize. É, por exemplo, o sujeito oculto a ditar o texto dos irmãos Gomes (Cid e Ciro), do Ceará, que agora tratam como inimigo o ex-aliado. Marina está furiosa, e com razão, com o processo de demonização de que está sendo vítima nas redes sociais e naquela área suja, financiada por estatais e por gestões petistas, que se confunde com a imprensa. A máquina fascistoide do PT não perdoa adversários nem ex-aliados. Se preciso, atira para matar a reputação de seus alvos. Tudo isso conferiu à solenidade da tarde deste sábado um certo caráter, não sem justeza, de resistência democrática.
Mas as dificuldades para que essa união seja bem-sucedida, convém a gente não se enganar, são gigantescas. A primeira e mais evidente delas diz respeito às parcerias para o horário eleitoral gratuito. Em 2010, é verdade, mesmo sem a tal “Rede” formada, Marina conseguiu 20 milhões de votos no primeiro turno com apenas alguns segundos na TV. Desta feita, em tese ao menos, está em situação melhor, mesmo sem partido: o espírito das ruas lhe é favorável ela tem sua própria legenda. O PSB, igualmente tem uma máquina considerável. Mas essa aliança que agora se faz vai se coligar com quem?
Vamos ver como ficará o PSB ao fim do indecoroso troca-troca partidário que está em curso. Marina filia-se pro-tempore ao partido, mas não agrega tempo de TV. Seis deputados do PSB se mudaram para o tal PROS, a legenda-ônibus do governismo (quatro deles, do Ceará, acompanham os irmãos Gomes). Quantos o partido de Campos ganhará? A legislação não abre janela para a migração para partidos já formados — o migrante pode alegar incompatibilidade com os caminhos adotados pela legenda, mas é terreno pedregoso. O risco da perda de mandato existe. Sem mudança nenhuma, o PSB teria coisa de 1min15s. Campos tem dito a interlocutores que precisaria fazer uma aliança que contasse com pelos menos 100 deputados federais, o que lhe daria 3 minutos no horário eleitoral. Hoje, essa tarefa parece impossível. Isso implicaria atrair mais ou menos uns 80. Não vejo onde há legenda para tantos parlamentares.
Durante uma parte da trajetória, o PSD de Gilberto Kassab caminhou em parceria com o PSB. A relação é cordial e coisa e tal. Mas não há a menos possibilidade de aquele partido fechar com Campos. Está 100% compromissado com a candidatura de Dilma Rousseff. O ex-prefeito de São Paulo só toma decisões importantes depois de conversar com a presidente. É uma espécie de PMDB menor e mais fiel. O Solidariedade, do deputado Paulinho da Força, a menos que faça da traição a sua divisa, está compromissado com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que não mediu esforços para tornar viável o partido — e todos sabem disso. Há uma possibilidade de Aliança Campos-Marina contar com o apoio do PPS, aguerrido, sim, mas pequeno. Ganharia alguns segundos a mais de TV.
É claro que a união de agora dá um ânimo novo ao PSB, mas é certo que o governo não ficará dormindo no ponto. Tentará, por todos os meios, matar a candidatura de Campos (Marina) de inanição televisiva.
As alianças
O governador Eduardo Campos já avançou bastante nas alianças regionais. Em quase todos os estados, esses partidos são, na geografia convencional, mais “conservadores” do que o próprio PSB. Nesse caso, o que fará Marina Silva? Como atuará a Rede? Essa pergunta lhe foi feita na coletiva deste sábado. Marina falou que a aliança conserva a independência dos partidos. Em tese, parece coisa tranquila. Na prática, pode ser complicado. Os dois apareceriam, por exemplo, juntos na campanha nacional, mas separados nas regionais?
Será preciso ter habilidade, também, para distribuir as vagas na disputa proporcional. Os “marineiros” exigirão a sua cota em cada estado — para que possam depois migrar para a sua real legenda. A chance de haver curto-circuito nessa relação é grande. Em São Paulo, o PSB, caso não mude de rota, vai se aliar ao governador Geraldo Alckmin. Há até a chance de ter um lugar de vice na chapa. Os marino-peessebisas do estado vão aderir à campanha do seu partido oficial ou terão licença até para combater a candidatura e aderir a uma outra se acharem melhor? Embora o PSD vá apoiar Dilma Rousseff na disputa nacional, em Santa Catarina, o partido ficará com Eduardo Campos. O provável candidato da legenda ao governo do estado é o deputado Paulo Bornhausen, filho de Jorge, ex-presidente do ex-PFL. O que fariam os marineiros?
Notem: a aliança anunciada neste sábado, como já escrevi, tem o charme da “resistência”, mas, por isso mesmo, tem a marca do artificialismo. Não será nada fácil torná-la operacional no dia a dia da campanha.

NO BLOG DO JOSIAS

Definido pelo correligionário Alfredo Sirkis como caótico, o processo decisório que levou Marina Silva a abdicar da segunda candidatura presidencial mais bem posta em favor do lanterninha das pesquisas começou num telefonema à Europa. A caminho de Genebra, o senador Jarbas Vasconcelos recebeu, na sexta-feira, uma ligação do amigo e também senador Pedro Simon. A Marina quer conversar com o Eduardo Campos, disse Simon a Jarbas, pedindo-lhe que fizesse o meio de campo.
Enquanto os dois dissidentes do PMDB conversavam, Marina concedia uma entrevista para informar aos repórteres que ainda estava “em processo de decisão”. A noite seria longa, ela vaticinou. O que ninguém supunha era que, antes do raiar do dia, Marina produziria o fato político mais relevante da temporada pré-eleitoral. Costurada numa reunião que entrou pela madrugada de sábado, sua alinça com Eduardo Campos criou uma terceira via real, tornando 2014 menos previsível.
No diálogo telefônico com Jarbas, Eduardo estranhara a prosa segundo a qual a candidatura de Marina passaria a conviver com a dele dentro do PSB. Mas Jarbas foi autorizado a informar a Simon que havia, sim, interesse em conversar. Feita a ponte, o convite veio logo que Marina se livrou dos repórteres. Campos voou para Brasília em jato executivo, ainda na noite de sexta. Foi ao encontro de Marina na companhia do senador pelo DF Rodrigo Rollemberg, líder do PSB no Senado.
Para estupefação de Eduardo, Marina demonstrou na conversa um desprendimento inusual na política. Maior do que Campos nas pesquisas, Até Entre três e quatro vezes maior do que o interlocutor nas pesquisas, Marina se dispôs a abrir mão do sonho presidencial. Atribuindo ao governo e ao PT o indeferimento do registro de sua Rede no TSE, ela falou de “ameaça à democracia”. Queria dar uma resposta à altura. Se necessário abriria mão da candidatura, desde que atendidas as suas condições.
Fábio Vaz de Lima, o marido de Marina, se opôs. Mas ela deu de ombros. Ao perceber que o acaso acabara de lhe presentear com a vice dos seus sonhos, Eduardo Campos entregou a Marina tudo o que ela pediu: o reconhecido de que a Rede Sustentabilidade já é um partido, o compromisso de elaborar uma plataforma conjunta e a conversão do PSB em abrigo temporário até que a Rede obtenha da Justiça Eleitoral o seu registro.
Enquanto Eduardo tricotava com Marina, quatro membros da Executiva do PPS viajavam às pressas dos seus Estados para Brasília. Convocara-os o presidente da legenda, deputado Roberto Freire (SP). Marina mandara dizer a Freire que queria conversar na manhã de sábado. O mandachuva do PPS depreendera que a estrela da Rede estava na bica de se filiar ao seu partido para manter em pé a candidatura presidencial. Daí a convocação dos dirigentes.
A turma do PPS foi à presença de Marina como uma noiva que se prepara para ouvir a proposta de casamento. Freire chegou antes de seus correligionários ao local do encontro, um apartamento de classe média do setor Sudoeste de Brasília. Em conversa testemunhada pelo ex-tucano Walter Feldman, Marina informou a Freire que o PPS não seria a noiva, mas a testemunha do casamento da Rede com o PSB de Eduardo Campos.
Com a sinceridade que lhe é peculiar, Freire chamou o arranjo de “loucura”. Não enxergou nexo no desprendimento de Marina. Numa eleição em dois turnos, disse ele, os acordos entre candidatos devem ser celebrados no segundo turno. Freire pregava no deserto. Não sabia que o jogo estava jogado. De madrugada, após se entender com Eduardo, Marina reunira sua infantaria para “comunicar” que fechara com o PSB e que não seria a cabeça da chapa.
Os demais dirigentes do PPS chegaram ao apartamento em tempo de testemunhar a última parte da conversa. Abespinharam-se quando um assessor de Marina, com um tablet nas mãos, informou que o acerto da ex-candidata da Rede com o presidenciável do PSB já ganhara o noticiário da internet. Freire esgrimiu um derradeiro argumento. Se Lula decide ser candidato, disse, Eduardo sai de fininho, Marina fica a ver navios, e o governo abate dois rivais de Dilma com uma mesma cajadada.
Marina não se deu por achada. Argumentou que já havia celebrado o entendimento com Eduardo. Não rinha como dar meia volta. A pé, Freire e seus acompanhantes ganharam uma carona de Fábio Vaz, o marido de Marina, até o ponto de táxi mais próximo. No caminho, ele disse que também desaprovara a atitude de sua mulher. Defendia que ela fosse candidata.
Com o assentimento de Marina, Eduardo Campos tentou comunicar-se com Lula para avisá-lo sobre as novidades. Não conseguiu. O telefone fixo do apartamento de São Bernardo não atendeu. O celular de Lula deu “fora da área de serviço”. Ao tomar conhecimento do que se passava em Brasília, Lula considerou “um soco no fígado” a parceria celebrada entre seus dois ex-ministros, agora autoconvertidos em antagonistas de Dilma Rousseff.
Dois dias antes, quando o TSE indeferiu o pedido de registro de Marina, Lula dissera a dois companheiros petistas que era preciso verificar para onde migrariam os votos dela. Intuía que, a exemplo do que ocorrera no segundo turno de 2010, a maioria dos simpatizantes de Marina migraria para Dilma. Agora, a lógica indica que um bom lote dos votos que seriam dados a Marina descerão ao cesto de Eduardo Campos. Sobretudo se a ex-ministra levar adiante a ideia de se tornar vice.
Um dirigentes do PT fez as contas: Eduardo frequenta as pesquisas com cerca de 5%. Marina teve 16% no último Ibope. Juntos, somariam 21%. Com metade desse percentual, o candidato do PSB se achegaria a Aécio Neves e entraria no jogo. Desfrutando da folga de sábado, um auxiliar de Dilma assistiu pela TV ao ato que sacramentou a união de Marina e Eduardo. Enxergou no discuso e nas respostas da ex-petista aos jornalistas uma excessiva carga de animosidade contra o PT e o governo. Receia que o timbre termine por contaminar Eduardo.
De Nova York, onde se encontra, o presidenciável tucano Aécio Neves só tinha olhos para Brasília. Numa troca frenética de telefonemas, parlamentares e dirigentes do PSDB tentavam extrair da nova conjuntura algo de positivo. Torcia-se para que Marina se mantivesse na disputa. Mas jamais se imaginou que faria isso como potencial vice de Eduardo Campos. Ainda assim, concluiu-se que a parceria é menos danosa do que a saída de Marina do processo.
Recordou-se que, na sucessão de 2010, após amealhar quase 20 milhões de votos no primeiro turno, Marina se absteve de tomar partido no segundo round. E Dilma, então adversária de José Serra, herdou mais de 50% dos votos dela. De resto, o tucanato receava que Eduardo Campos cedesse aos apelos de Lula e se retirasse da disputa, facilitando a vida de Dilma. Essa hipótese, mercê dos compromissos assumidos publicamente com Marina, tornou-se improvável.
De resto, o eventual crescimento de Eduardo Campos nas pesquisas, como ele próprio disse neste sábado, irá furar “a falsa polarização” entre tucanos e petistas. Nessa perspectiva, vai para o beleléu a estratégia de Lula de repetir em 2014 o Fla-Flu que faz das sucessões presidenciais, desde 1994, uma gincana entre petistas e tucanos.
Marina produziu todo esse rebuliço entre a noite de quinta-feira, dia em que a Rede conheceu o seu Waterloo no plenário do TSE, e a tarde deste sábado, quando ela revelou, sob holofotes, as razões que a levaram articular o ‘Plano C’ de Campos. Em 48 horas, a líder da Rede evitou o abismo com uma técnica de desenho animado.
Nos desenhos, quando acaba o chão, os personagens caminham no vazio. Só despencam quando se dão conta de que estão pisando o nada. Se não olhassem pra baixo, atravessariam o abismo. Marina Silva adotou essa técnica. Com sete partidos a lhe oferecer abrigo para que fizesse o previsível, optou por filiar-se ao PSB para fazer o improvável. Marina não olhou para baixo.

O senador Aécio Neves, presidenciável do PSDB, reagiu positivamente à parceria firmada entre Marina Silva (Rede) e Eduardo Campos (PSB). Alcançado pelo blog em Nova York, onde se encontra, Aécio disse que a novidade levou a um “fortalecimento das oposições, o que é bom para o Brasil”.
“Ambos já apoiaram o PT e agora estão no campo da oposição”, disse. “Nós, que podíamos estar divididos, nos unimos. Então, a tendência é que, a médio prazo, se consolidem as chances reais de a oposição ganhar a eleição. E acredito que seremos nós [os vitoriosos].”
Referindo-se à declaração de Marina sobre a natureza “programática” de sua aliança com Eduardo, Aécio declarou: “Acho que, na hora em que a discussão for programática, vai haver uma afinidade muito grande entre as nossas propostas. Não estamos nisso para sacramentar o que vem sendo feito e dizer que o governo do PT está indo bem. Ao contrário.”
Acrescentou: “A gente quer meritocracia, recuperação do equilíbrio da federação, políticas sociais que permitam a superação e não apenas a administração da pobreza. Nossa visão sobre sustentabilidade também será muito próxima. Vejo a evolução do processo com serenidade, porque acho que haverá essa afinidade programática.”
O repórter perguntou a Aécio se cogita propor a Eduardo um acordo de apoio recíproco em eventual segundo turno. E ele: “Não é preciso. A campanha vai levar a isso naturalmente. O fortalecimento das oposições é bom para o Brasil.

Lula recebeu a notícia sobre a parceria celebrada entre Marina Silva e Eduardo Campos no sítio de sua propriedade, no interior de São Paulo. De acordo com o relato de testemunhas, pronunciou um comentário curto no tamanho e enorme no significado: “Isso é um soco no fígado.”
Ex-ministro e amigo de Lula, Eduardo Campos tentou avisá-lo antecipadamente sobre a novidade. Autorizado por Marina, telefonou. O aparelho fixo do apartamento da família Silva em São Bernardo não respondeu. O celular de Lula emitiu uma mensagem de “fora da área de serviço.”

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM

Já fui cobrado por inúmeros estimados leitores que faça uma análise da aliança de Marina Silva e Eduardo Campos. Se a política fosse uma ciência creio que seria mais fácil, tanto é que não existe essa coisa de “cientista político”. E quando afirmo isso lembro de uma frase de Weber, que num de seus textos diz que “fazer política é fazer um pacto com o diabo’. O filósofo de Heidelberg que foi chamado de “Maquiavel alemão”, certa feita tentou candidatar-se a um cargo legislativo, porém sua iniciativa feneceu em razão de uma rasteira que levou de uma velha raposa da política alemã, se não me engano de Hannover. Max Weber um filósofo avant la lettre, embora mais conhecido como sociólogo, foi também um meticuloso teórico político. Entretanto, ao nível empírico, o dia a dia do exercício da política é um jogo que requer não só habilidade e conhecimento, mas sobretudo uma boa dose de sorte, carisma e dinheiro.
Portanto, análises políticas são sempre temerárias, já que o analista labora sobre areia movediça. Entretanto, a entrada de Marina para o PSB cria um fato novo neste momento, porquanto quebra a modorrenta dicotomia entre PSDB e PT dando uma sacudida no eleitorado. Promove, de certa forma, um chamamento ao debate políticol, uma coisa que é muito difícil ocorrer no Brasil, mormente quando as massas estão anestesiadas pela presença excessiva do Estado. O estatismo não é apenas obra do PT, está entranhado na cultura brasileira. A diferença é que sob o PT esse vício da dependência estatal foi turbinado na última década em decorrência do viés comunista do petismo.
Aparentemente, a adesão de Marina Silva ao PSB fortalece politicamente Eduardo Campos. Todavia, as pesquisas tem mostrado que por enquanto
Campos patina num quarto lugar, quando as enquetes contemplavam a Rede disputando. Marina Silva manteve ou até mesmo ampliou um pouco o seu cacife que amealhou no último pleito presidencial. O dono da bola neste momento é, portanto, Marina Silva. 
Como falta um ano para o pleito presidencial, muita água passará por baixo da ponte e o imprevisível é que costuma se sobrepor ao que é tido como previsível. Daí decorre a dificuldade de precisão naquilo que concerne às ditas análises políticas.
Por enquanto, não houve qualquer tipo de confronto com o PT por parte dos pré-candidatos oposicionistas. Esta é a questão mais relevante. Enquanto Campos era até ontem da base aliada do PT, Marina Silva é cria do próprio PT e esteve de braços dados com Lula por muito tempo. 
Ideologicamente, Marina Silva é de esquerda, ou seja, a esquerda verde. Os verdes surgiram na Europa e, depois que a ex-URSS se fragmentou, o Partido Verde foi imediatamente o guarda chuva que acolheu expressiva parte dos comunistas. Tal fato se deu porque todos os partidos ecológicos tem um viés de fanatismo, sentem-se portadores de uma revelação. Nisso igualam-se aos comunistas que, uma vez órfãos dos “partidão” de viés bolchevique, trataram de encontrar uma forma de exercitar o seu fanatismo.
A bandeira de Marina é a sustentabilidade um conceito idiota que não se sustenta por falacioso que é. O universo é um vir a ser despojado de qualquer desígnio. Imprimir um viés teleológico para o cosmo é burrice. E estupidez maior ainda é patinar no antropocentrismo reputando ao ser humano a possibilidade de interferir em coisas como aquecimento do Terra.
Por trás dessa posição ideológica do fanatismo verde está uma das mais poderosas armas de destruição da liberdade individual. Aliás, boa parte das liberdades individuais já foi para o vinagre, justamente pela pregação sistemática de conceitos ditos “sustentáveis”, ou ecologicamente corretos. E não tem dúvida que o movimento verde foi e é um dos principais precursores do pensamento politicamente correto que opera a metamorfose dos conceitos. Isso se pode notar no fato de que já não se fala mais na liberdade individual que é a sede da liberdade sem quaisquer adjetivos. Eliminando-se a liberdade individual tem-se como resultado a tirania.
Por isso Marina Silva migrou para um partido socialista, o PSB que tem na sua história o famigerado esquerdista Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos.
Face a esses fatos, torna-se difícil que se estabeleça um confronto com o PT e, de forma especial, com o lulismo. Se não houver confronto que desenhe uma alternativa, o PT continuará a imperar, ainda mais que detém há mais de uma década um poder imperial como nunca antes neste país, resultante do diabólico pacto engendrado pelo lulismo que deu vida à “base aliada”. 
Nem mesmo o PSDB exercitou esse confronto e por isso mesmo vem sendo derrotado de forma permanente. O último episódio resultante dessa posição do PSDB foi a vitória de Fernando Haddad em São Paulo.
Até agora, nem mesmo Aécio Neves ousou esse confronto, muito menos Eduardo Campos. E, por incrível que pareça, foi Marina Silva quem teria dito que sua ação de migrar para o PSB era um ato contra o “chavismo do PT”. Se realmente afirmou isso, estaríamos ouvindo em mais de uma década da boca de um político brasileiro uma verdade insofismável, ou seja, que sob o PT o Brasil caminha para o chavismo puro e simples, ou seja, um regime do tipo cubano como está ocorrendo na Venezuela. Lá o filhote de Chávez deverá conseguir no parlamento totalmente controlado pelo partido chavista, uma “lei habilitante”, que lhe conferirá a prerrogativa de governar por decretos que não estarão sujeitos ao crivo do legislativo. 
O que está posto, portanto, é praticamente mais do mesmo. O Brasil deve seguir para uma nova eleição presidencial sem que haja um só partido conservador. Todos são alinhados à esquerda. Assim, sem qualquer tipo de confronto o PT deverá dar mais um passeio eleitoral sufragando Dilma Rousseff.
Qual a razão para que os eleitores entrem no debate político e ideológico, que reflitam sobre o futuro do Brasil, se esse debate não for estimulado pelas lideranças que estão - supostamente - na oposição?
Na atualidade esses são os fatos. Entretanto, como declinei nestas linhas, análises políticas são difíceis de fazer, quanto mais num país onde há uma miríade de partidos políticos e que a lei eleitoral, inclusive, permite troca-trocas partidários a cada eleição sem falar em mudanças de regras.
Resumindo: o Brasil é uma piada. De mau, gosto, é claro. Não há qualquer fato objetivo para que se alimente agora um mínimo de otimismo. A única consolação é que algum fato, de fato, possa trazer uma surpresa. A política é assim.

NO BLOG ALERTA TOTAL

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Leia também o site Fique Alerta – www.fiquealerta.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
“Dilma Rousseff vence a eleição presidencial de 2014 logo no primeiro turno”. O marketeiro João Santana proclamou e a revista Época reproduziu esta incômoda tendência reeleitoral. Todo o carnaval político-midiático em torno do destino de Marina Silva era apenas mais encenação do teatrinho do João Minhoca. O páreo já está decidido em favor da burrice ideológica, graças aos votos da maioria de mulas sem cabeça.
A maldição colonial de Bruzundanga parece não ter fim. Continuaremos governados pelos marionetes da Oligarquia Financeira Transnacional, com o verniz Socialista Fabiano que consolida nosso Capimunismo dependente. Dilma, Eduardo (agora com Marina de vice) e Aécio são farinhas ideocráticas do mesmo saco! Divergem, entre eles, por vaidades ideológicas. No poder, respondem feitos cachorrinhos de madame aos mesmos donos do globalitarismo.
A “disputa” de 2014 representa uma farsa. Pura competição no Cassino Reeleitoral do Al Capone. Não importa quem vença, perde o Brasil, pois quem ganha (e muito) é algum candidato do poder real mundial. O Triunfo da Vontade Petralha é previsível. Mas, se algo der errado, no fim acaba tudo certo para o globalitarismo. Em termos de projeto para o País, variando do menor para um maior grau de corrupção explícita, é quase nenhuma a diferença entre os candidatos. Repetir é preciso: são todos da matriz socialista Fabiana.
Pelo menos na aparência da política atual, não existe oposição aos socialistas fabianos que devem conquistar mais uma temporada no trono de nossa república absolutista. Para não se cometer uma injustiça analítica, pode até se admitir que tal oposição exista. Mas a Elite Moral é minoria, infelizmente. O problema é que não tem hegemonia política para fazer valer um projeto de Brasil alternativo ao capimunismo em vigor. Eis o nosso drama: o gramscismo ganha de goleada, e seus patrocinadores ficam com o ouro (da nação).
Os petistas no poder adotam sempre o discurso da vitória antecipada. Precisam sempre de altas doses de autoenganação. E também sabem que seu discurso intimida os frágeis adversários de mentirinha. Os petralhas chegaram a borras as calças com a espionagem do Tio Sam. Ficaram com medo das consequências políticas e institucionais do julgamento do Mensalão, até neutralizarem, intestinamente, o Supremo Tribunal Federal. Também enredaram Marina Silva - um DNA idêntico, que poderia incomodar com seu messianismo ambiental. Agora, os companheiros rubros do cramulhão sabem que só uma tragédia pode tirá-los do poder. Viva o Inferno!
Acidentes históricos acontecem. Mas os petralhas e seus parceiros peemedebostas nunca estiveram tão confiantes em mais um triunfo de sua vontade em Bruzundanga. Dilma tem e reeleição como fava contada. O Presidentro Lula tem tudo para ampliar sua blindagem. E muito além da impunidade parlamentar assegurada por um mandato de senador por São Paulo. De quebra, $talinácio ainda pode eleger o Alexandre Padilha Governador, e a Rosemary, deputada...

A gritaria nas ruas deve ter um novo repique. Mas a tendência é que vigore a máxima do João Saldanha: “Quem reclama já perdeu!”. Eis o cenário para o carnaval de 2014 – a não ser que algum grande percalço histórico aconteça...
Nas atuais condições de tempo e temperatura em Bruzundanga, consolida-se o projeto capimunista de um País de Tolos. A próxima etapa de poder petralha é roubar o governo do Inferno. Quem sabe até fazendo um acordo para o Diabo se mudar definitivamente para Brasília.
Aliás, se Deus é Brasileiro, e o Papa é Argentino, por que um petralha não pode tomar o cargo do Satanás pela via divina das urnas eletrônicas?

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.


NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES

Os magistrados votaram contra Marina Silva e lamentaram o voto que tinham acabado de dar. Pediram desculpas porque, sabe como é, tinham de cumprir a lei.
Marina Silva disse que seu partido, apesar da derrota, venceu: “Se não temos o registro legal, temos registro moral perante a sociedade brasileira”. Lembra Cláudio Coutinho, técnico da Seleção que perdeu a Copa da Argentina e proclamou o Brasil campeão moral. Mas a taça ficou com los hermanos. » Clique para continuar lendo


NA COLUNA DO RODRIGO CONSTANTINO

A nossa “oposição”. Ou: A hegemonia de esquerda é totalNuma reunião que terminou às 4h30m da madrugada deste sábado com muito choro, a ex-senadora Marina Silva comunicou a seus seguidores que seu sonho de ser presidente da República teria que ser adiado, e que seu projeto, agora, é acabar com a hegemonia e o “chavismo” do PT no governo.
Para tanto, Marina se filiou ao PSB de Eduardo Campos, e poderá até ser candidata a vice-presidente na chapa com o pernambucano. É bom Marina falar em acabar com a hegemonia do PT e o “chavismo” no governo. O que ela não terá como acabar, todavia, é com a hegemonia de esquerda na política nacional.
Estou até agora tentando entender uma coisa. A nossa grande “oposição” em 2014 será uma chapa formada por um governador que até ontem era parte importante do governo petista, aliado desde o começo, neto de Miguel Arraes, do Partido SOCIALISTA Brasileiro, e uma ex-senadora que até anteontem era ministra do mesmo governo petista, que foi do PT pelos últimos 30 anos, que reconheceu ter sido uma das decisões mais difíceis de sua vida sair do partido, e que defende uma espécie de socialismo verde?
É isso mesmo? A grande alternativa ao projeto de esquerda do PT são esses dois que eram parte do mesmo projeto não tem muito tempo? Isso apenas mostra como somos vítimas de uma completa hegemonia de esquerda no país, e como precisamos urgentemente de algo NOVO, sem medo de se contrapor, de verdade, a esse projeto esquerdista.
Não me levem a mal: entre Dilma e Eduardo Campos com Marina, eu voto na “alternativa”, nem que seja para desintoxicar um pouco a máquina estatal, totalmente aparelhada pelos petistas, sindicalistas e apaniguados. É menos pior, não resta dúvida. Mas são variações do mesmo tom de vermelho, ainda que menos “chavista”. É, no máximo, contenção do estrago, nunca uma troca realmente saudável.
O Brasil precisa de uma oposição legítima, com bandeiras de direita, liberais e até conservadoras. Não se constrói uma democracia sólida apenas com uma só tecla. Até porque essa tecla, bem à esquerda do piano, só produz ruído e estraga qualquer melodia decente. Chega de tanta esquerda!




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