UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

Real Madrid, o mais valioso. O ditador Franco e o ódio pelo Barcelona

Helio Fernandes
Seus dirigentes e torcedores estão felizes com a classificação feita pela revista Forbes. Só que não foi sempre assim. A ascensão começou com a posse do ditador Francisco Franco, depois de assumir o Poder, como o “vitorioso” da mais sangrenta e selvagem guerra civil.
De 1936 a 1939, proclamada a República, eleito o primeiro presidente, alguns generais não concordaram , massacraram o povo em busca do poder.
Proporcionalmente, essa guerra civil foi mais terrível do que a dos EUA ou da Rússia, que se transformou em União Soviética.
O CLUBE DO DITADOR FRANCO
Por medo ou covardia, talvez até por predileção, torcia pelo Real Madrid. O grande rival era o Barcelona (onde nasceu meu pai, meu Fernandes era Fernandez), política e esportivamente. Já naquela época eram “separatistas” e a guerra esportiva começou com Franco.
COVARDE, TORCIA DE LONGE
Não saía de Madrid, onde morava, mas ia a todos os jogos, principalmente contra o Barcelona. Ir à cidade rival? Nem admitir. Em 1950, o Real Madrid resolveu contratar um dos maiores jogadores não brasileiros que conheci.
Falo de Di Stefano, “la seta rubia”, assim chamado desde que jogava no River Plate, destacando-se em 1948, no Torneio dos Campeões, realizado no Chile e que viria a se transformar na cobiçada Libertadores.
10 campeões, duas potências, o Vasco (o famoso “expresso da vitória”) e o River Plate. Chegaram os dois às finais, o Vasco jogava pelo empate. E apesar de possuírem ataques fulminantes, o jogo terminou 0 a 0.
Assisti na beira do campo, ao lado do treinador do Vasco, Flavio Costa, que logo a seguir seria o técnico da seleção brasileira, na mais dramática, inacreditável e com torcida jamais vista, a Copa de 50.
DI STEFANO NO REAL MADRID
Estrela no River Plate, o Real Madri resolve contratá-lo. Embora os números daquela época não se parecessem com os de hoje, proporcionalmente se aproximavam. (Cristiano Ronaldo renovou contrato por mais quatro anos, 17 milhões de euros por ano, 52 milhões de reais, um milhão por semana).
O Real não tinha dinheiro, foi ajudado de todas as maneiras pelo ditador. Lógico, poderoso e alucinado, metade pelo amor ao Real, a outra metade pelo ódio ao Barcelona.
Foi a melhor coisa que aconteceu ao Real. Durante quase 10 anos, foi a grande estrela do clube. Quando parou, não saiu da Espanha ou do Real. Hoje diretor, com 85 ou 86 anos, é reverenciado como o grande e até mesmo o maior ídolo do Real.
FRANCO ESTÁ NA HISTÓRIA,
AO CONTRÁRIO, COMO DITADOR

Tenebrosa sua vida, como a de todos que dominam o Poder, não para realizar e sim para depredar, torturar, martirizar, usurpar e massacrar o povo. As elites não sofrem com as ditaduras, se juntam a elas.
Ainda no início, mandou fuzilar o grande poeta Federico Garcia Lorca. Só estavam presentes Hemingway e Pablo Neruda. Naquela época, fuzilamentos e duelos (que aconteciam muito) se realizavam às 6 da manhã. Ali mesmo Neruda fez um poema que começava assim: “Mataram A Federico, quando lá luz assomava”.
Cercado de seguranças. Franco ia aos jogos do Real Madrid, principalmente contra o Barcelona. Mas nunca foi à Catalunha assistir um jogo no campo do Barcelona. Tinha poder, mas não tinha coragem. Entrará na História pela porta dos fundos do cemitério onde milhões estão enterrados.
PIMENTA DA VEIGA-EDUARDO AZEREDO
Os dois ocupam espaço no noticiário, com os ventos assoprando de forma diferente: Pimenta da Veiga volta a ser candidato a governador. Já podia ter sido, não fosse a pressa. Prefeito de Belo Horizonte, ficou apenas 15 meses no cargo, renunciou, se candidatou a governador. Perdeu.
Seu vice era Eduardo Azeredo, assumiu, ficou 33 meses, mais tarde eleito governador. Pimenta desapareceu, volta agora, tem méritos indiscutíveis. Nunca imaginei que Azeredo se envolvesse no chamado “mensalão tucano”, abandonado pelo partido. Nunca falei com ele, fui amigo do pai (deputado antes da mudança da capital), político como já não existe mais.
PSDB LONGE DE EDUARDO AZEREDO
Os intocáveis moralistas do PSDB, que ganharam fortunas com a “privataria”, acumularam tanto dinheiro que puderam comprar a reeleição para FHC, o cúmulo da hipocrisia. Azeredo, governador, senador, presidente nacional do partido, desprezivelmente abandonado. E ainda pode ser condenado pelo Supremo.
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PS – O esporte está cada vez mais requisitado pela política eleitoral. Romário é um sucesso. Se destacou logo, atuante e coordenado. Saiu do PSB, voltou candidato a prefeito do Rio. Uma exigência, logo aceita: quer ser presidente do partido, o que significa “dono” do partido.

PS2 – Giovane Gavio, do vôlei, excelente figura, dois ouros olímpicos, muito solicitado. Vai aceitar, estuda o partido mais eficiente.
PS3 – Emerson Fittipaldi será candidato a deputado federal pelo Partido Socialista de SP. Aguinaldo Timoteo, grande e extraordinário cantor, volta para o Rio. Em 1982, pelo partido de Brizola, foi deputado federal com mais de 600 mil votos.
PS4 – A propósito de Brizola. Em 1983, inaugurou o Sambódromo. Fui com ele, a mesma coisa que aconteceu com a Linha Vermelha. Me disse: “Tanto tempo de exílio e volto para inaugurar um local para desfile de escolas de samba”.
PS5 – Na Linha Vermelha encontrei com meu amigo Francisco Julião, notável figura que não encontrava há muito. Atraso de três ou quatro horas, ficamos conversando em pé na rua.
PS6 – Foi prejudicadíssimo pelo governador Miguel Arraes. Criou as Ligas Camponeses, veio Arraes e fundou o Sindicato do Trabalhador Rural, para combatê-lo.

Da  Mídia Sem Mordaça - 28-9-2013.

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