DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 18-8-2013

NO BLOG DO CORONEL


O escritório Coelho & Ancelmo Advogados Associados chama atenção no Rio de Janeiro por duas características. A primeira é ter experimentado nos últimos seis anos um crescimento espetacular. De três profissionais e 500 processos em carteira, saltou para um empreendimento com vinte advogados e cerca de 10 000 ações. A receita do escritório era de 2,1 milhões de reais em 2006 e foi para 9,5 milhões no ano passado.
A segunda característica a ressaltar é o fato de a banca ter como sócia-proprietária a advogada Adriana Ancelmo, de 43 anos, mulher de Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, a quem ele trata pelo apelido de Riqueza. Adriana tem ganhos mensais de 184 000 reais por sua participação. E essa seria apenas uma bela história de um jovem casal bem-sucedido, não fosse uma terceira circunstância: pode não ser mera coincidência o progresso da banca durante os mandatos de Cabral como governador do estado.
O elemento mais forte de suspeição deriva do fato de que, antes de Cabral tomar posse, o escritório de Adriana tinha apenas 2% de seu faturamento vindo de concessionárias e prestadoras de serviço ao governo do Rio. Agora, 60% da receita vem de honorários recebidos por serviços prestados a empresas que, direta ou indiretamente, dependem de dinheiro público guardado no cofre do qual Cabral tem a chave. ( Da Veja)






Um estudo baseado em dados não só de renda, mas que usou outros 35 indicadores reconstruiu a nova pirâmide socioeconômica brasileira, muito além das mentiras do PT sobre o fim da pobreza. No estudo, aumenta o número de pobres e aumentam os ricos.
Os pobres, em vez de 13,9 milhões (7,3%)como mente o PT, mais do que dobram. Sobem para 29,6 milhões (15,5%). Os ricos passam de 1,8% da população para 2,8%. Os pobres tem uma renda média de R$ 854 (U$427 dólares) e os ricos de R$ 18 mil (U$9 mil). Isto antes da desvalorização do real diante da moeda americana. No meio da pirâmide, são colocados as várias classes médias, que caem de 58% para 55,9%.

A nova pirâmide foi elaborada de acordo com dados de pesquisa realizada por Wagner Kamakura, da Universidade Rice e José Afonso Mazzon, da Universidade de São Paulo. Este novo retrato da pirâmide socioeconômica, obviamente não será levado em conta pelo governo da presidente Dilma Rousseff para implementar políticas sociais, mas por segmentos onde a mentira não prospera: as agências de publicidade e venda de produtos. Também servirá para a oposição dar um choque de realidade no eleitorado, mostrando outros critérios para analisar a pobreza, muito mais rigorosos do que a propaganda oficial.
Por exemplo, os mais pobres cursaram apenas três anos de escola e moram em casas sem banheiro. Entre os 65% mais ricos, o número de anos de estudo chega a 15 anos. Os mais ricos consomem 54% de tudo no país e possuem 74% dos planos de saúde. 68% dos gastos com cultura e lazer estão nas mãos de 20% da população.
De acordo com o sociólogo Jessé de Souza é um erro classificar a renda ricos e pobres sem levar em conta, por exemplo, o fator educação. Para ele, 30% da população ainda está excluída a partir do indicador Educação. Não é só o fator renda, que o PT insiste em considerar, que tira as pessoas da pobreza para a classe média.
Entre os pobres, os mais penalizados são os jovens que continuam sem estudo e sem formação profissional. Neste segmento, o desemprego chega a 18%. E a tendência é de agravamento, pois na próxima década o Brasil terá 33 milhões de jovens entre 14 e 24 anos. Eles deveriam ser o futuro da economia do país, mas hoje são os menos preparados profissionalmente. Não é com cursinhos fajutos do Pronatec da Dilma que este problema será resolvido. Nem com a falta de foto do Programa Ciência Sem, Fronteiras, que manda para o exterior alunos que nem mesmo falam inglês.
Não são poucos os sociólogos e economistas que insistem em apontar o erro de empurrar todos os jovens a frequentar a faculdade, quando as empresas não precisam de graduados, mas de técnicos. A revolução para o futuro brasileiro deveria, segundo o estudo, começar por uma mudança radical na educação. Isto não está ocorrendo. Tanto é que os protestos que tomaram conta das ruas exigiram ensino superior de qualidade, mais recursos para a educação, uma melhor preparação profissional e salários decentes.
Não dá para esquecer que no Brasil do PT a maioria dos professores não recebem o teto obrigatório de R$ 1 mil (menos de US $ 500). Há poucos dias, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon lembrou que o mundo de hoje tem o maior número de jovens na história, metade dos 7 bilhões de habitantes. É uma geração que está sofrendo como nenhuma outra sofrer com o desemprego. Dos mais de 30 milhões de jovens brasileiros, 9 milhões estão entre os mais pobres. Entre os 10% mais pobres, 77% não estudam nem trabalham. Entre os 10% mais ricos apenas 6,9% não trabalham e não estudam. São estes jovens, segundo Ban Ki-moon, os que têm mais desejo de "mudar o curso da história." Não vão aceitar mais as mentiras da propaganda oficial do PT. Estarão nas ruas em busca do lugar que merecem na sociedade brasileira. ( Com informações do El País)


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO



A essa altura, um mistério precisa ser decifrado: qual será o segredo de Pablo Capilé, o chefão do Fora do Eixo? Terá ele o dom da abdução? Por que tantos caem na sua lábia, inclusive no comércio, um ramo em que certa desconfiança é parte do jogo? Não sei. Diziam-me, antes que eu o tivesse visto, que era uma pessoa articulada, fluente, culta… Vi algumas de suas performances. Não! O que se pode dizer com certeza é que a ignorância raramente foi tão arrogante. Mas, de algum modo, seduz. Uma reportagem da Folha deste domingo informa o rastro de calotes que o grupo deixou em Cuiabá, onde tudo começou. Transcrevo trechos do texto de Rodrigo Vargas. Volto depois.
*
O pacote de notas multicoloridas, semelhantes às de jogos de tabuleiro, enche uma gaveta no caixa do restaurante de José Ignácio Lima, no centro de Cuiabá. O que os papéis representam, porém, está longe de ser brincadeira. “São R$ 21 mil, ou quase 2.000 refeições, que tento receber há três anos, sem sucesso”, diz Lima. As notas, de 1, 5, 10 e 50, são Cubo Cards, “moeda alternativa” lançada em 2003 pelo Espaço Cubo, grupo cultural mato-grossense que foi o embrião do grupo Fora do Eixo, hoje sediado em São Paulo e com braços pelo país. (…) “O acordo era que, se aceitasse os Cards como pagamento, eu trocaria parte em dinheiro e receberia parte em propaganda. Fiquei com este monte de papel”, diz Lima.

ato semelhante foi feito com a rede de papelarias de Zerrer Salim, outro “colecionador” involuntário de Cubo Cards. Com R$ 22 mil a receber, ele conta que fechou um acordo com o Fora do Eixo e aceitou um longo parcelamento. “Não adiantou. Recebi apenas R$ 2.000 neste ano.” O rastro de calotes inclui artistas, donos de estúdios musicais e ao menos três hotéis. Um deles acionou na Justiça o líder do grupo, Pablo Capilé, e obteve sentença favorável, ainda não executada.

(…)



Voltei
O Fora do Eixo vive basicamente de dinheiro público — de estatais ou via leis de incentivo, que implicam renúncia fiscal. Seus métodos começam a sair do bueiro. É espantoso! Assim como Pablo Capilé não nega que o grupo usasse bens de seus internos (cartão de crédito e carro, por exemplo), Lenice Lenza, outra representante da turma — que parece ser o braço direito do líder da seita —, admite que as dívidas existem. Entendo. O Fora do Eixo se diz “coletivista”. Os valentes não viram mal nenhum em, como posso dizer?, socializar hotéis, papelaria, artistas…

Fiquemos de olho: a partir de agora, os que financiarem esses caras se tornam corresponsáveis por seus métodos.


NO BLOG ALERTA TOTAL



Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Leia também o site Fique Alerta – www.fiquealerta.net
Por Jorge Serrão – serrao@alertatotal.net



O Ser Humano tem três aspectos fundamentais: ação, razão e emoção. O ideal é o equilíbrio. Um estágio mental e comportamental esteticamente lírico. O problema é que costumamos ficar longe disto. Na maioria das vezes, a característica emocional prevalece. Temos atração pelo dramático. Em alguns casos, ele se exacerba, tornando-se épico. É a hora, às vezes legítima, em que chutamos a lata, o balde ou o pau da barraca. Temos o direito de ficar PT da vida.

Minha patroa aqui em casa é um exemplo vivo da indignação permanente. Tenho outros três grandes amigos que também são especialistas no assunto detonação. Um é conhecido médico legista. O segundo é um octagenário aviador e produtor rural. O outro é um famoso apresentador de televisão. Igual a minha amada, os três explodem, facilmente, quando estão PTs da vida. Por isso, eu entendo, perfeitamente, a atitude do Super Barbosão com o Ricardão Lewandowski. Não dá para suportar chicanagem.
O beicinho do Lewandowski não convence. Até agora, ele não veio a público esclarecer a grave denúncia do auditor Rodrigo Aranha Lacombe à revista Veja, apontando o adversário de Barbosa como o principal manipulador de um esquema, na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, que viabilizou a aprovação das contas do PT no escândalo do Mensalão e permitiu o também milagroso endosso das contas da campanha presidencial de Dilma Rousseff.
Barbosa não está apenas PT da vida. Ele está literalmente putíssimo. O presidente do STF está reagindo duramente porque está sentindo algo de podre no ar. Na verdade, Barbosa ficou de saco cheio das ameaças veladas que recebeu da petralhada. Assim, a aproveitando o constante mal estar gerado pelas dores na coluna, Barbosa aproveita para extravasar e, se preciso, rasgar a toga. O lamentável é que a frescura de nossos poderosos de plantão condena a indignação do negão... 
Tal como Barbosa com Lewandowski, o mercado também está PT da vida com o ministro da Fazenda. Guido Mantega é uma piada sem graça. Como ele tem a coragem e cara de pau de afirmar que vai tudo bem na economia, e que não dá para entender o nervosismo dos investidores. Pior é Mantega alegar que aguarda uma decisão do Federal Reserve (o banco central norte-americano, que não pertence ao Tio Sam, mas sim aos banqueiros internacionais) para resolver o que fará com o nosso câmbio.
Tudo está tão maravilhoso que já se fala em dólar a R$ 2,70. Ou mais... O fato objetivo é que governo não sabe o que fazer. O patético Mantega, homem de confiança de Lula da Silva e José Dirceu, ainda comete a burrice de dizer que o dólar alto beneficia a indústria. Ele só não tem coragem de admitir o óbvio: o dólar subindo encarece tudo, do custo de vida dos reles mortais até os insumos industriais. A carestia acaba alimentando a inflação...
A não ser pela perda da popularidade, e por alguns protestos isolados que os problemas conjunturais podem gerar, os políticos corruptos e demais integrantes do sistema do crime organizado não têm a menor preocupação com o dólar subindo. As verdinhas deles estão bem guardadas lá fora, em algum paraíso fiscal. E o resto do dinheiro roubado, que não foi dolarizado, está lavado ou esquentado em alguma atividade comercial ou em investimentos acionários.
Bandidos nunca perdem onde o crime compensa e dá lucro – como é o caso do Brasil. E, conforme era esperado, a onda de protestos recente já se transforma em uma marolinha de indignação represada. Os políticos, que se assustaram, já se acalmaram. O PT, que levou um tranco, já virou o jogo. Em São Paulo, seus integrantes lideram os protestos contra o Geraldo Alckmin.
E a Doutora Rose? Dizem que ela vai muito bem... E o Bem Amado dela, o popular Bebum de Rosemary, melhor ainda! Até porque, bilionário com problemas só se fala do Eike Batista... Nosotros, os cidadãos-eleitores-contribuintes pobretões, que dependemos de trabalhar muito para sobreviver neste País rico que é mantido artificialmente na miséria, só resta o elementar direito de ficar PTs da vida.
O Brasil é quase uma Perda Total... Ou PT, no jargão das seguradoras... Portanto, ficar PT da vida é um prêmio de consolação. A medalha de último colocado para um único competidor... Pior ainda é que, como vale a máxima do João Saldanha, “quem reclama já perdeu”... Ou ainda vai perder muito mais...

Jura que vai?

Rolava no sábado o boato de que Guido Mantega ia pedir para sair...


Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.



NO BLOG CONSTRUINDO PENSAMENTOS



Semana passada, Diego Escosteguy revelou a primeira parte de um tenebroso esquema de corrupção que em tudo remete ao mensalão. Hoje ele trouxe a segunda parte da investigação jornalística primorosa que conduziu. Vamos a ela:
Na noite da sexta-feira, dia 9 de agosto, quando a última edição de ÉPOCA se alastrava como pólvora pela internet e pelo mundo político, a pressão do poder desabou sobre o lobista João Augusto Henriques, que denunciara um esquema de propina do PMDB na Petrobras. João Augusto estava em Paris e, de lá, passou a ser atingido pela ira dos chefes do PMDB implicados por ele. Na edição que começava a circular, ÉPOCA – com base em contratos de gaveta dos lobistas do PMDB, em entrevistas, feitas em Brasília, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, com os envolvidos no caso e, posteriormente, no testemunho do próprio João Augusto – narrava detalhes do esquema. Ele dissera que de “60% a 70%” do dinheiro que arrecadava das empresas que faziam negócio na Diretoria Internacional da Petrobras, comandada pelo PMDB, era repassado a deputados do partido em Brasília. João Augusto denunciou, assim como outros envolvidos entrevistados por ÉPOCA, três casos em que isso acontecera. Num deles, segundo João Augusto, a construtora Odebrecht, que conseguira um contrato bilionário da Petrobras, repassara, por orientação dele, o equivalente a US$ 8 milhões ao PT, em plena campanha presidencial de Dilma Rousseff. João Augusto afirmou que o repasse tinha por objetivo vencer as dificuldades impostas pelo então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, do PT, à assinatura do contrato. Dias antes da eleição de Dilma, Gabrielli o aprovou.
Diante da pressão, João Augusto soltou uma nota negando o que dissera a ÉPOCA sem pedir anonimato. No texto, afirmou que nunca exercera “interferência nos contratos da área internacional da Petrobras” e que nunca repassara “qualquer recurso para pessoas, nem tampouco partidos”. Ainda no sábado, epoca.com.br publicou o áudio de dez dos principais trechos da entrevista de João Augusto – gravada também em vídeo (acima, as imagens). Desmentido, João Augusto disse a interlocutores que começara a reunir material para, se for o caso, colaborar com investigações oficiais no Brasil. Refugiou-se em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos – onde, por sinal, afirmara manter uma das principais contas bancárias que recebiam dinheiro do esquema.
Há, ainda, muitos pontos da entrevista que ÉPOCA continua investigando, de maneira a levantar provas que corroborem o que João Augusto disse. Um exemplo: “Estive duas vezes com José Dirceu”, afirmou ele, enigmático, sem contar mais detalhes. Até o fim do governo Lula, Dirceu era tido como influente na Petrobras. (Ouvido por ÉPOCA, ele disse não se lembrar de João Augusto.) Em pelo menos dois pontos as investigações de ÉPOCA avançaram. O primeiro: o nome de outras empreiteiras com que João Augusto afirmara fazer negócios na Petrobras. O segundo: os expedientes usados por João Augusto para entregar a propina em Brasília.
Ao primeiro ponto, então. “Tenho contratos com a UTC, tive cinco contratos recentes com a Andrade (Gutierrez) e trabalho muito com a Mendes Júnior”, disse João Augusto. Nesses casos, ele não quis especificar a natureza dos serviços prestados por ele, nem se essas empresas também obedeciam às regras do pedágio da Petrobras. UTC Engenharia, Mendes Júnior e Andrade Gutierrez assinaram 20 contratos com a Petrobras entre 2008 e 2012, segundo dados disponíveis no site da Petrobras. Nesse período, a área internacional da empresa era comandada por Jorge Zelada, nome indicado por João Augusto e pelo PMDB. Quando se soma a Odebrecht, que assinou o contrato de US$ 860 milhões na área internacional da Petrobras, o número de contratos sobe para 38. A soma deles alcança R$ 12,6 bilhões, em várias áreas da estatal.
Examinando as tabelas e planilhas, percebe-se que boa parte dos negócios envolve obras, manutenção ou construção de plataformas e prestação de serviços. Com a Andrade Gutierrez, foram assinados quatro contratos, incluindo um consórcio para construir uma unidade de tratamento de resíduos de petróleo, por cerca de R$ 2 bilhões. Foram 11 contratos com a UTC Engenharia de 2009 para cá, sete deles entre 2011 e 2012, num total de R$ 1 bilhão – muitos para pintura de plataformas na Bacia de Campos. João Augusto afirmou que tinha influência para operar fora da área internacional. “Pagava a quem de direito. Fazia (negócios) com outros partidos também (em outras áreas da Petrobras)”, disse João Augusto. Não lhe faltava conhecimento técnico e de gente na Petrobras para isso.
ÉPOCA procurou as empreiteiras citadas por ele. Por meio de sua assessoria de imprensa, a UTC Engenharia afirma não ter contratos em vigência com João Augusto nem com suas empresas. Em relação a possíveis contratos mantidos com ele no passado, a UTC não soube responder. A empreiteira Andrade Gutierrez enviou o seguinte comunicado: “A empresa informa que não há nenhum contrato vigente com as companhias citadas. Em 2007, a Trend Empreendimentos Participações e Serviços (empresa de João Augusto) foi contratada para prestação de serviços técnicos de engenharia, com escopo específico. Os serviços contratados foram devidamente prestados, no período, e o contrato encerrado”. Até o fechamento desta edição, a Mendes Júnior não respondera às questões enviadas por ÉPOCA.
No segundo ponto, o pagamento da propina aos deputados, a investigação de ÉPOCA avançou mais. João Augusto disse que o dinheiro obtido nos contratos era pago a eles em Brasília, diretamente pelas empresas. “(No começo) deixei claro para eles (deputados): a única coisa que não quero é mexer com dinheiro. Sei fazer o negócio (as operações com os fornecedores da Petrobras), fácil. Agora, o cara pagou? Você (deputado) se vira. Se a conta era de doleiro, se a conta era deles, não quero nem saber… Porque esse era o grande risco.” Qual era o método preferido? “Usavam doleiro para caramba”, disse João Augusto. “Era tudo entregue em Brasília pelo próprio pessoal (com) que você fazia o negócio (as empresas)”, disse.
Como às vezes era preciso enviar dinheiro diretamente aos deputados, que cobravam amiúde a “performance” na Petrobras, João Augusto afirmou que preferia, nessas situações, terceirizar a entrega da propina: “Não gosto de mexer com o dinheiro dos outros”. Para essa tarefa, segundo ele e outros três lobistas envolvidos, contava com dois parceiros: o sócio Ângelo Lauria e o lobista Felipe Diniz, filho do deputado Fernando Diniz. Fernando – um dos responsáveis, em 2008, por indicar à Petrobras João Augusto e Jorge Zelada, depois diretor da área internacional – morrera no ano seguinte. “O Ângelo (Lauria) trabalha para as minhas coisas. Cobra a parte financeira (das empresas)”, disse João Augusto. “O dinheiro que eu ganhava lá fora, se quisesse trazer algum, o Ângelo trazia para mim, fazia a ponte (com os doleiros).” Como Ângelo mora no Rio, os pagamentos que tivessem de ser feitos na cidade também ficavam sob a responsabilidade dele. João Augusto não revelou os nomes dos doleiros usados por ele e pelos demais integrantes do grupo ligado ao PMDB. Procurado por ÉPOCA, Ângelo Lauria não foi encontrado.
As missões de Felipe Diniz, segundo João Augusto, eram igualmente delicadas. “Quando o Fernando Diniz morreu, mantivemos ele (Felipe Diniz) como deputado até o término do mandato (no fim de 2010).” E o que significava exatamente “manter” Felipe Diniz como deputado? “Se viesse alguma coisa (propina), ele recebia também.” Segundo João Augusto, Felipe Diniz estava sem dinheiro quando o pai morreu e, em razão da lealdade do “grupo” a Fernando Diniz, o “grupo envolveu” o órfão nos negócios. “No início, ele (Felipe Diniz) foi(trabalhar com João Augusto) no Rio. Dei a ele a gerência de alguns contratos.” João Augusto não especificou que contratos ficaram sob a responsabilidade de Felipe. Disse que era “coisa pequena”, nada semelhante aos contratos bilionários operados por ele, João Augusto. Numa operação, Felipe atuou: acompanhou João Augusto em reuniões em Buenos Aires. Nelas, segundo João Augusto, o grupo cobrava de intermediários do empresário Cristóbal López o pagamento da propina de US$ 10 milhões devida ao PMDB, em razão da venda, a López, da Refinaria de San Lorenzo, na Argentina, de propriedade da Petrobras.
Felipe Diniz se tornou útil, em seguida, para fazer as tarefas de novato – aquelas que assustavam os demais integrantes do grupo. “Tinha coisas (tarefas) que passava para ele(Felipe), até porque era mais fácil. Ele estava em Brasília… Ó, isso aqui (o dinheiro) você leva lá (aos deputados do PMDB)”, disse João Augusto. Felipe não trabalhava sozinho. Segundo documentos comerciais e depoimentos de cinco lobistas do PMDB, ele se associou aos amigos de Brasília Bruno Queiroga, um jovem advogado, e ao economista Adriano Sarney, neto do senador José Sarney. Juntos, passaram a intermediar negócios no governo. Segundo esses lobistas, em Brasília os três eram conhecidos como “maluquinhos”, em virtude da ousadia com que exibiam seu poder na capital – e também na Petrobras, às vezes à revelia de João Augusto, segundo ele disse. Animados com as perspectivas de negócio ao lado do grão-lobista do PMDB, os três mudaram a sede de uma de suas empresas para o mesmo edifício do padrinho João Augusto, no Rio. Apenas Adriano ficou no Planalto, à distância, enquanto Bruno e Felipe trabalhavam entre Rio e Brasília. João Augusto e os demais lobistas dizem que eles faziam o que lhes era pedido, como entregar dinheiro em Brasília. Um Toyota Corolla ficava à disposição deles para o serviço. Segundo os lobistas, botavam o dinheiro no porta-malas e partiam para mais uma “viagem de negócios”, como eles diziam aos demais integrantes do grupo.

As “viagens de negócio” não serviam apenas para entregar dinheiro em Brasília. Serviam também para acertar as outras operações do grupo. No ano passado, a Caixa fechou convênio com a Brasil Solair, uma das empresas das quais Felipe e Bruno são sócios. Pelo convênio, a Caixa pagaria R$ 6,2 milhões à empresa. Em troca, a Brasil Solair forneceria placas de energia solar a 1.000 residências, no interior da Bahia, para o programa Minha Casa Minha Vida. De onde sairia o dinheiro para a Brasil Solair? De um fundo específico na Caixa, conhecido como Fundo Sócio Ambiental, criado para “apoiar iniciativas de inovação”, cujo presidente foi indicado pelo PMDB. Até agora, a Brasil Solair já recebeu R$ 6 milhões. Procurada por ÉPOCA para esclarecer as circunstâncias do convênio, a Caixa se negou a informar quem analisou, no banco, a proposta da Brasil Solair ou quanto tempo a proposta tramitou no banco antes de ser aprovada. A Caixa ainda alertou os donos da Brasil Solair de que ÉPOCA apurava as relações da empresa com indicados do PMDB no banco. Procurados, Bruno, Felipe e Adriano não responderam às repetidas tentativas de contato de ÉPOCA até o fechamento desta edição.
A Brasil Solair – antiga DFV Solair – é uma sociedade de Felipe Diniz e seus amigos com o empresário Nélson Côrtes, irmão do secretário de Saúde do Rio, Sérgio Côrtes. A Brasil Solair é o elo entre o grupo de operadores do PMDB comandados pelo lobista João Augusto e o PMDB do Rio, onde Sérgio Côrtes figura como um dos homens mais poderosos, na primeira órbita do governador Sérgio Cabral. Procurado, Nélson Côrtes negou ter contado com a ajuda de Felipe, Bruno ou Adriano para aprovar o projeto na Caixa. “Eu mesmo fui o responsável por iniciar os contatos com a Caixa e por fazer articulações políticas junto aos ministérios de Meio Ambiente e Minas e Energia”, diz.
ÉPOCA encaminhou à Petrobras 27 questões sobre contratos com as empreiteiras Andrade Gutierrez, Mendes Júnior e UTC. ÉPOCA perguntou ainda a respeito da interferência do lobista João Augusto na celebração de contratos na área internacional da Petrobras. Em resposta, a assessoria de imprensa da Petrobras afirmou, pela segunda semana consecutiva, que não comentaria o assunto.
Como mencionei semana passada, os fatos são gravíssimos e devem ser investigados com a maior profundidade – principalmente quando se considera a folha de antecedentes criminais do PT, um dos partidos colocados por Época no olho desse furacão.
Parece bastante claro que os mesmos alicerces sobre os quais se ergueu o mensalão foram aproveitados para construir um esquema criminoso tão grave quanto. Neste caso também há indícios fortes do aparelho estatal sendo usado para financiar interesses escusos do partido do governo e de aliados políticos.
Num país minimamente civilizado, o PT estaria devendo (mais uma) explicação à sociedade. Mas aqui, sabemos de antemão o que dirão os petistas quando (e se…) forem interpelados sobre as denúncias acima: “armação das elites”, “golpismo”, “obra do PIG”, “tramóia da direita” e tantos outros clichês que eles sacam da cartola quando acuados.

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