DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 10-8-2013

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

Condenado a mais de 13 anos de prisão, o deputado Natan Donadon (RO) espera ficar fora das grades ainda este ano. O ex-peemedebista –que teria de cumprir pelo menos 2 anos, 2 meses e 21 dias em regime fechado – tentará antecipar progressão do regime caso consiga reduzir sua pena na revisão criminal. Segundo o advogado Nabor Bulhões, que estuda entrar no caso, está prescrito o crime de formação de quadrilha.

Para Nabor Bulhões, o Supremo Tribunal Federal “exagerou” na punição de Natan: “Ele recebeu o triplo da pena dos autores do crime”.

Familiares tentam empurrar para setembro a votação da cassação de Donadon, que o STF considerou ladrão transitado em julgado.

Em semiliberdade, Natan planeja participar das atividades legislativas – inclusive votações – durante o dia, e passar a noite no xilindró.

O relator do processo de cassação, Sérgio Zveiter (PSD-RJ), disse a amigos que pretende se livrar desse assunto o quanto antes.

Preocupada em recuperar apoio dos prefeitos, de quem necessita para ser reeleita em 2014, a presidente Dilma negociou com a oposição para liberar R$ 1,5 bilhão para custeio de municípios, conforme prometeu na Marcha dos Prefeitos, em junho. Em reunião na quarta (7), a ministra Ideli Salvatti acertou de liberar emendas parlamentares do PSDB, DEM e PPS em troca de votar o projeto na Comissão Mista de Orçamento.

A Secretaria-Geral da Presidência nega parentesco do presidente do Cade, Vinicius Marques de Carvalho com o ministro Gilberto Carvalho.

No ato de promoção de generais, quinta-feira, a presidenta Dilma fez questão de demonstrar mais uma vez o seu desdém pelo nanoministro da Defesa, Celso Amorim. Foi constrangedor até para quem assistiu à cena. E a pergunta não se cala: o que leva alguém a se sujeitar a isso?

O deputado Romário (RJ), que se desfiliou ontem do PSB, está entregue ao departamento médico: fez uma cirurgia no pé e outra na região lombar. Ficará afastado da Câmara por até 30 dias.

Na Suíça, de maioria alemã, são comuns casos de racismo como o que vitimou a apresentadora Oprah Winfrey. Nos trens, como em filmes sobre a II Guerra, policiais cuja farda tem intrigante semelhança com a SS nazista, sempre indagam rispidamente o país de origem de turistas.

O deputado Marcos Rogério (PDT-RO) entrou com ação no Supremo Tribunal Federal para suspender a tramitação do projeto de lei da Palmada, para que seja submetido à discussão no Plenário: “A ministra dos Direitos Humanos quer enfiar o projeto goela abaixo”, reclama.

O ex-governador tucano José Serra defendeu no Facebook a licitação dos trens do metrô paulista em 2008, quando ganhou a espanhola CAF: o então ministro do STJ Cesar Asfor Rocha sustou ação da Siemens, que ofereceu preço três vezes maior, na concorrência.

…todos se acusam e ninguém tem razão no escândalo paulista da Siemens.


NO BLOG DO CORONEL

O julgamento dos recursos dos 25 condenados no processo do mensalão começa quarta-feira com a discussão sobre a possibilidade de mudar a sentença de condenação de 11 réus. Os ministros vão decidir se é legítima a análise de embargos infringentes no Supremo Tribunal Federal (STF). Embora esse recurso esteja previsto no Regimento Interno da Corte, ele não figura em lei desde 1990. Se o STF aceitar julgar os embargos, réus condenados que tiveram ao menos quatro votos pela absolvição terão direito a novo julgamento, com reexame das provas e chance de reverter parte da condenação.
Teriam direito ao recurso João Paulo Cunha, João Cláudio Genú e Breno Fischberg, por lavagem de dinheiro; e José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério, Kátia Rabello, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e José Roberto Salgado, por formação de quadrilha. A discussão deve abrir a nova fase do julgamento. Se o STF aceitar julgar os embargos infringentes, Dirceu poderá passar do regime fechado de prisão para o semiaberto.
Mas, nesse caso, a decisão sobre a revisão ou não das penas só se dará depois de analisados os recursos de outros 14 réus que apresentaram embargos declaratórios questionando o acórdão do julgamento. A ordem do julgamento foi divulgada ontem. O 1º caso a ser analisado será o de Rogério Tolentino, ex-advogado e ex-sócio de Marcos Valério.
Normalmente, o julgamento dos embargos declaratórios é rápido no STF. Mas, levando-se em conta a complexidade do processo do mensalão e o número de réus, não há previsão de quanto tempo a análise dos recursos vai levar. As penas só podem ser executadas com o trânsito em julgado, ou seja, quando terminar o julgamento dos recursos. (O Globo)

“O meu sonho era dormir aqui. Mas, como alguns canalhas andaram inventando que eu tenho metástase, que o câncer voltou, eu tive que antecipar o meu exame pra poder os médicos provar pra esse bando de imbecis que eu não vou morrer com a pressa que eles desejam que eu morra. Eu vou viver um pouco mais.”
Lula, ontem, em Bauru, São Paulo, onde lançou a candidatura de Alexandre Padilha, ministro da Saúde, ao governo de São Paulo. O ato mostrou como a metástase tomou conta do governo petista, que promoveu um evento com dinheiro público, para fazer propaganda eleitoral fora de época e proibida por lei.


A manchete da Folha é um primor. Com margem de erro de dois pontos percentuais, o jornal praticamente comemora um aumento de aprovação da presidente da República que pode ser de 2%. O jornal poderia dar vários títulos, como por exemplo: Datafolha aponta leve recuperação de Dilma. No entanto, a Folha optou por uma chamada praticamente comemorativa. Usa, por exemplo, popularidade em vez de aprovação de governo. Depois de uma semana de ataques ao PSDB, faz sentido.
O próprio diretor do Datafolha, Mauro Paulino, declara, em matéria no próprio jornal, contradizendo a manchete comemorativa:
A leve recuperação da popularidade do governo Dilma Roussef, revelada pelo Datafolha é amparada especialmente por oscilações positivas na percepção dos brasileiros sobre as variáveis econômicas como inflação, poder de compra dos salários e desemprego.

Segundo o relato de João Augusto Henriques e de outros lobistas, o secretário das Finanças do PT, João Vaccari, recebeu o equivalente a US$ 8 milhões durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. João Augusto diz que organizou, com Vaccari, o repasse para a campanha de Dilma. O dinheiro, segundo ele, foi pago pela Odebrecht, em razão de um contrato bilionário fechado na área internacional da Petrobras, que dependia de aprovação do então presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, do PT. À Justiça Eleitoral, a campanha de Dilma declarou ter recebido R$ 2,4 milhões da Odebrecht. O coordenador financeiro da campanha de Dilma Rousseff, José de Filippi Júnior, afirma que não conhece João Augusto. “Posso garantir que ele não participou da arrecadação de recursos para a campanha da presidenta Dilma Rousseff, que toda arrecadação foi feita por meio de Transferência Eletrônica Bancária, e que as contas da campanha da presidenta foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral”, diz. (Revista Época)


NO BLOG DO NOBLAT

"Depois que você conhece os bastidores, não dorme mais tranquilo" (João Augusto Henriques)
Diego Escosteguy, ÉPOCA 
João Augusto estava em silêncio. Permanecia inclinado à frente, apoiava-­se na mesa com os antebraços. Batia, sem parar, a colherzinha de café na borda do pires – e mantinha o olhar fixo no interlocutor. Parecia alheio à balbúrdia das outras mesas no Café Severino, nos fundos da Livraria Argumento do Leblon, no Rio de Janeiro, naquela noite de sexta‐feira, dia 2 de agosto.
A xícara dele já estava vazia. O segundo copo de água mineral, também. João Augusto falava havia pouco mais de uma hora. Até então, pouco dissera de relevante sobre o assunto que o obrigara a estar ali: as denúncias de corrupção contra diretores ligados ao PMDB, dentro da Petrobras.
Diante dos documentos e das informações obtidos por ÉPOCA sobre sua participação no esquema, João Augusto respondia evasivamente. Por alguma razão incerta, algo mudara nos últimos minutos. O semblante contraído sumira. Esperei que o silêncio dele terminasse.
– O que você quer saber?, disse ele.
– Sobre os negócios, respondi.
Foi então que João Augusto Rezende Henriques disse, sem abaixar a voz ou olhar para os lados: “Do que eu ganhasse (no contratos intermediados com a Petrobras), eu tinha que dar para o partido (PMDB). Era o combinado, um percentual que depende do negócio”. A colherzinha não tilintava mais.
Iniciava-se, ali, um desabafo motivado pelas denúncias que ÉPOCA investigava havia cerca de um mês. O caso envolvia a Petrobras – maior empresa do país, 25a do mundo, com faturamento anual de R$ 281 bilhões. Começara com apenas uma pista: um contrato assinado em 2009, em Buenos Aires, entre o advogado e ex-­deputado Sérgio Tourinho e o argentino Jorge Rottemberg.
No documento, previa-se que Tourinho receberia US$ 10 milhões de uma empresa no Uruguai, um conhecido paraíso fiscal, caso a Petrobras vendesse a refinaria de San Lorenzo, avaliada em US$ 110 milhões, ao empresário Cristóbal Lopez, conhecido como czar do jogo na Argentina e amigo da presidente Cristina Kirchner.
À primeira vista, o contrato não fazia sentido. Por que um lobista de Buenos Aires se comprometeria a pagar US$ 10 milhões a um advogado brasileiro, de Brasília, caso esse advogado, sem experiência na área de energia, conseguisse fechar a venda de uma refinaria da Petrobras na Argentina?
ÉPOCA foi buscar a resposta em entrevistas com partícipes do negócio, parlamentares e funcionários ligados ao PMDB. O advogado Tourinho era sócio dos lobistas do PMDB, que trabalhavam em parceria com Jorge Zelada, diretor internacional da Petrobras desde 2008 e, segundo João Augusto, apadrinhado do PMDB. A operação San Lorenzo, diz ele, não era um caso isolado.
Era mais um dos muitos negócios fechados pelos operadores do PMDB na área internacional da Petrobras. De acordo com João Augusto, todos os contratos na área internacional da Petrobras tinham que passar por ele, João Augusto, que cobrava um pedágio dos empresários interessados.
De acordo com ele, de 60% a 70% do dinheiro arrecadado dos empresários era repassado ao PMDB, sobretudo à bancada mineira do partido na Câmara, principal responsável pela indicação de Zelada à Petrobras. De acordo com João Augusto, o dinheiro servia para pagar campanhas ou para encher os bolsos dos deputados. O restante, diz ele, era repartido entre ele próprio e seus operadores na Petrobras – os responsáveis pelo encaminhamento dos contratos.
Segundo João Augusto e outros quatro lobistas do PMDB, o dinheiro era distribuído a muita gente em Brasília. A maior parte seguia para os dez deputados do partido em Minas, entre eles o atual ministro da Agricultura, Antonio Andrade, e o presidente da Comissão de Finanças da Câmara, João Magalhães.
O dinheiro, de acordo com João Augusto, não ficava apenas com essa turma.Segundo o relato dele e dos outros lobistas, o secretário das Finanças do PT, João Vaccari, recebeu o equivalente a US$ 8 milhões durante a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2010. João Augusto diz que organizou, pessoalmente e por meio de Vaccari, o repasse para a campanha de Dilma.
O dinheiro, segundo ele, foi pago pela Odebrecht, em razão de um contrato bilionário fechado na área internacional da Petrobras, que dependia de aprovação do então presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, do PT. À Justiça Eleitoral, a campanha de Dilma declarou ter recebido R$ 2,4 milhões da Odebrecht.
As denúncias de João Augusto são contestadas pelos acusados. Vaccari, secretário de finanças do PT, diz que não era responsável pela tesouraria da campanha de Dilma. Afirma ainda que “todas as doações ao PT são feitas dentro do que determina a legislação em vigor e de uma política de transparência do PT”.
Gabrielli diz, por meio de nota, não ter conversado sobre o contrato da Odebrecht com Vaccari. Zelada afirma desconhecer a atuação de João Augusto na intermediação de contratos na Petrobras e nega ter sido indicado pelo PMDB. A Petrobras informou em nota que não comentaria o assunto.
Apesar de todas as contestações, a reportagem de ÉPOCA confirmou, por meio de entrevistas em três cidades, vários pontos do depoimento de João Augusto. Investigações oficiais ainda são necessárias para apurar todas as suas denúncias.
UMA DIRETORIA PARA O PMDB
Em janeiro de 2008, o presidente Lula aceitou entregar a Diretoria Internacional da Petrobras ao PMDB. Mais especificamente, ao grupo que [hoje] comanda o PMDB da Câmara dos Deputados. Engenheiro de carreira da Petrobras, João Augusto fora apresentado à política em meados dos anos 90, quando era diretor da BR Distribuidora, a empresa de combustíveis da Petrobras. Para fazer qualquer operação de relevo na BR, João Augusto precisava do apoio dos demais diretores. No começo, nunca conseguia.
“Não tinha a menor ideia de como as coisas funcionavam”, diz. “Mas aí conheci o Benjamin Steinbruch (dono da CSN), que me explicou como era preciso ter apoio político para fazer as coisas. O Steinbruch ligou para o Tasso Jereissati (do PSDB), que ligou para o Marcelo Alencar (governador do Rio, também do PSDB).
O Alencar avisou o Joel Rennó (então presidente da Petrobras): ‘Ó, o João Augusto está com a gente’”, diz João Augusto. E ri das lembranças. “Eu não tinha ideia do que ‘estar com a gente’ significava... A partir dali, mudou muito. Da água para o vinho. Tudo passava. Você vai mudando. O mundo real é outro, e eu tinha de me adequar a ele.”
Em pouco tempo, João Augusto migrou dos tucanos para o PMDB – segundo ele, por obra do então deputado Michel Temer. Em 1999, João Augusto prosperava na política e nos negócios. Tinha, segundo ele, apoio do PMDB para virar diretor da Petrobras. Mas uma grave hepatite C o impedira. Para sobreviver, foram precisos dois transplantes de fígado e quatro meses num hospital em Londres.
Na volta ao Brasil, João Augusto deixou a Petrobras. “Fui fazer negócios”, diz. Usava, segundo ele, o conhecimento e a rede de contatos acumulado nos anos de Petrobras para ajudar empresários com interesses na empresa. Sabia que técnicos e diretores a procurar, dependendo do assunto – e, sobretudo, que métodos de persuasão aplicar a cada um.
“A Petrobras tem três tipos de caras: o técnico, o político e o carreirista”, diz. “O técnico não vai mudar o que ele pensa porque você diz. O que ele gosta é de visitar obra, viajar em helicóptero, se sentir importante de vez em quando. Ele acha que merece. O carreirista faz o que chefe mandar. Não quer saber o que é. Nem pensa duas vezes. Hoje é cheio de carreirista. E o político é o que observa as coisas dentro da empresa, atende aos amigos, ao pessoal da área dele, aos políticos. Se você errar a abordagem, confundir um com o outro, você quebra a cara. Eu sei fazer essa abordagem.”
Com todas essas credenciais, João Augusto era o nome favorito do PMDB para assumir a diretoria na Petrobras que Lula prometera aos deputados do partido, em janeiro de 2008. Seu nome, porém, foi barrado na Casa Civil: João Augusto fora condenado pelo Tribunal de Contas da União a pagar uma multa de R$ 500 mil, em virtude de irregularidades cometidas quando ele era diretor da BR Distribuidora.
O deputado Fernando Diniz, que comandava a bancada do PMDB de Minas, comunicou-­lhe o óbice. E pediu um nome alternativo. João Augusto indicou um de seus melhores amigos na empresa, o engenheiro Zelada, que trabalhava com um dos diretores petistas da estatal. Ao nomear Zelada, João Augusto se tornou, segundo deputados e lobistas, o diretor “de fato” da área internacional.
“A função do Zelada era obedecer às ordens de João Augusto”, diz um lobista do PMDB. Para garantir que as operações do partido correriam como esperado, João Augusto recrutou técnicos de sua confiança na Petrobras. Distribuiu, pela área internacional, seus colegas de turma na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sócrates José virou chefe de gabinete de Zelada. Era o cicerone dos parceiros do grupo que visitavam a sede da Petrobras para fazer reuniões. “Se o projeto fosse bom para a Petrobras, eu levava adiante. Fazia isso por amizade”, diz Sócrates.
Ele também tinha como missão reportar o que via e ouvia a João Augusto. José Carlos Amigo assumiu a gerência para América Latina. Essa gerência, segundo João Augusto, esteve envolvida na contratação de um navio-­sonda da empresa Vantage, por US$ 1,6 bilhão – uma operação que, diz ele, rendeu uma comissão de US$ 14,5 milhões, US$ 10 milhões dos quais repassados ao PMDB.
Clóvis Correa virou diretor da Petrobras Argentina, onde a empresa mantinha a refinaria de San Lorenzo. De acordo com João Augusto e os demais envolvidos no negócio, Clóvis participava das reuniões em hotéis e receberia uma parte do “sucesso” de US$ 10 milhões. Fernando Cunha, o único que não estudara com os demais, tornou-‐se gerente para negócios na África.
João Augusto diz que ele participou da compra de um campo na Namíbia, operação encaminhada após ele ter fechado comissão com a empresa que detinha o controle desse campo.
A INCOMPREENSÃO DOS DEPUTADOS
De acordo com os envolvidos, havia uma incompreensão entre os deputados sobre como funcionava a Petrobras e quanto era possível arrecadar por mês. Dois lobistas do PMDB afirmam que fora estipulada uma meta de R$ 150 mil por mês para a bancada. Num almoço na churrascaria Porcão, num domingo de sol no começo de 2009, o deputado Fernando Diniz, ao lado de assessores e de lobistas, reclamou da “performance” de Zelada.
“O‘ Gelada’ não está entregando”, disse aos amigos. Essa percepção é confirmada por João Augusto. “Num primeiro momento, eles (os deputados do PMDB) achavam que tinha um monte de coisa (na Petrobras). Não tinha. Os caras não entendiam. Achavam que estávamos (a dupla João Augusto e Zelada) de má vontade. Não entendiam que a Petrobras tem uma diretoria, um conselho, que não dá para fazer o que quiser”,diz.
A cobrança dos deputados exasperava João Augusto. “Se você não tiver os valores muito enraizados, o cara (político) vem e pega o dinheiro que está na sua carteira”, diz. “Tem que saber lidar. A pior coisa no pedido político é você engavetar. Ou você diz: ‘desse jeito aqui não dá’. Ou diz: ‘posso fazer assim’ (de acordo com os interesses da empresa). Não sou vestal. Gosto de ganhar dinheiro”, diz João Augusto.
“Mas não faço coisa que vai dar prejuízo à Petrobras, como Pasadena (a refinaria nos Estados Unidos na qual a empresa perdeu dinheiro). De zero a dez, numa escala de ética, não sou zero, mas também não sou dez. Bandido eu não sou, não. Sou três ou dois. Tenho que ser reconhecido como um cara técnico, de negócio, mas que não faço m...”
João Augusto faz uma pequena pausa, pede mais uma água mineral e continua: “Quando estava na BR, eu não podia parar o trem. Se tentasse, seria atropelado. Tinha que entrar no trem para levar na direção que eu quisesse. Eu vendia álcool quando era diretor da BR. Você não tem ideia. O Brasil inteiro me procurava. Todo político conhece um usineiro que quer comprar (em melhores condições). O que eu fazia? Fazia uma planilha menor, de coisas que a BR precisava vender mesmo, e deixava separado. Sempre que eu tinha que atender a um pedido político, pegava essa planilha e tentava conciliar o que havia nela, que era interesse da empresa, com o pedido do político.”
O que parece incomodar João Augusto, e talvez tenha contribuído para seu desabafo, seja o desequilíbrio entre os interesses dos políticos, que cobram cada vez mais de operadores como ele, e os interesses da Petrobras. “A Petrobras sempre teve influência política. Mas a decisão era técnica. A política se adequava à técnica. Se, por exemplo, os técnicos decidissem que era preciso ter uma refinaria no Nordeste, os políticos poderiam brigar para escolher em que estado. Mas a refinaria era necessária”, diz.
“De uns tempos para cá, isso se inverteu. Os políticos decidem que haverá uma refinaria no Maranhão ou no Ceará, e os técnicos têm que correr atrás.” Ele credita essa inflexão, como os demais ouvidos nesta reportagem, ao ex­‐presidente Lula. “O PT aparelhou demais. Gente que não tinha capacidade subiu rápido.”
O PROJETO ATREU
A venda da refinaria de San Lorenzo era, para o grupo, o começo da venda de todos os bens da Petrobras na Argentina – algo que, conforme revelou ÉPOCA em abril, quase aconteceu. “Quem descobriu a Argentina fui eu”, diz João Augusto. Foi sugerido a ele que contratasse advogados brasileiros.
“‘A gente que vai fazer negócio fora, seria bom receber por advogado aqui. Tudo bonitinho. Topei. Fizemos o contrato para receber tudo por eles (advogados) e cada um ia receber sua parte depois.” (Por meio de nota, o advogado Sérgio Tourinho afirma que foi contratado “para fazer o acompanhamento jurídico” na venda da refinaria San Lorezo. “Em um determinado momento, me passaram que parte dos meus honorários deveria ser repassado a terceiros. Claro que não concordei. E. por isso. tive o contrato rescindido.”)
Se a refinaria fosse vendida a Cristóbal, o amigo de Cristina Kirchner, os lobistas receberiam, segundo João Augusto, US$ 10 milhões. A divisão do “sucesso” demonstra a força do PMDB nos negócios da Petrobras lá fora. Pela conta dele, dos US$ 10 milhões, US$ 6,8 milhões estavam destinados a João Augusto.
“Eu tinha de repassar US$ 5 milhões ao PMDB. A maior parte disso era PMDB de Minas, porque era o Fernando (Diniz). A partir daí, não sei quem eles pagavam, nem quanto. Deputado é f... Você dá para um e, a partir dali, não dá para saber se ele deu para um, se ele deu para meia dúzia, se ele ficou (com o dinheiro)...”
Entre eles, a operação, não se sabe por que motivo, era conhecida como “projeto Atreu”. Em setembro e outubro de 2009, os lobistas reuniram-­se muitas vezes na sala de reuniões do Hotel Hilton, em Buenos Aires, para avançar nas tratativas. Uma das presenças certas, segundo João Augusto, era o diretor Clóvis Correa. (Hoje, Clóvis é assessor da Transpetro, empresa da Petrobras comandada pelo PMDB, e nega ter participado das negociações para a venda da refinaria de San Lorenzo.)
“O Clóvis estava conosco em todas as reuniões. Como ele havia sido meu colega de faculdade, e eu tinha boas relações com ele, fiquei mais tranquilo”, diz João Augusto. Ele conta que, nas reuniões, combinava com outros lobistas pagamentos em contas no exterior. Uma das contas citadas, segundo um dos lobistas, era identificada como Tiger, na China – uma conta usada por doleiros para fazer pagamentos a partidos como PT e PMDB, conforme afirmou a Polícia Federal, em 2009, na operação Castelo de Areia, que investigou denúncias de pagamento de propina a políticos.
Enquanto a venda da refinaria avançava, o grupo oficializava a união para organizar os futuros negócios na Petrobras. Chegaram a assinar um instrumento particular de parceria, em que se comprometiam a dividir os contratos que cada um obtivesse. A união durou pouco. Era muito dinheiro e pouca confiança entre eles.
João Augusto diz que exigiu aos demais subir sua participação de US$ 6,8 milhões para US$ 8,8 milhões, por causa da pressão do PMDB. “Ele disse que o PMDB precisava fazer caixa para a campanha de 2010”, diz um dos lobistas. Houve briga entre eles, mas o advogado Tourinho aceitou assinar um aditivo ao contrato principal de sucesso, reduzindo a participação dele e dos demais a US$ 1,2 milhão.
João Augusto quis fazer um contrato em separado com os argentinos. Conta que foi até Buenos Aires tentar persuadir Rottemberg, o operador do negócio pelo lado argentino, encarregado pelo amigo de Cristina Kirchner de pagar os brasileiros. Temendo que seus parceiros no PMDB não confiassem em sua palavra, João Augusto levou uma testemunha: Felipe Diniz, filho do deputado Fernando Diniz, que morrera recentemente.
Àquela altura, a pressão do PMDB por resultados era imensa. “Usei o nome do PMDB, até para todo mundo saber que não estava dando calote em mim, estava dando calote no partido”, diz João Augusto. O novo contrato, ele afirma, não deu certo. Em maio de 2010, a Petrobras anunciou a venda da refinaria, por US$ 110 milhões, ao empresário Cristóbal Lopez.
“O negócio saiu, mas não recebi nada. Eles (os outros lobistas) receberam. E o cara em quem eu achava que eu podia confiar, o Clovis, foi o que recebeu mais. Eu tinha compromissos e fiz papel de idiota. A única atitude que pude tomar foi mandar o Zelada tirar o Clovis da Pesa (Petrobras Argentina).”
“RAPAZ, ELES ESTÃO SEMPRE EM CAMPANHA, NÉ?”
Nem todas as operações eram tão difíceis quanto a venda da refinaria de San Lorenzo. No mesmo período, João Augusto conta que fechou um contrato de US$ 1,6 bilhão para que a Petrobras explorasse o navio-sonda Titanium Explorer, da empresa Vantage. O contrato rendeu uma comissão de US$ 14,5 milhões, que deveria ser paga em três parcelas.
Segundo João Augusto, a primeira foi paga ainda no começo de 2009; a segunda, em seguida. A terceira, diz ele, não foi paga, em razão de uma briga societária na Vantage. O sócio que o contratara é hoje processado pelos demais sob a acusação de ter desviado dinheiro da empresa. “Repassei US$ 10 milhões ao PMDB”, diz. Nesse caso, não especificou nomes. “A quem de direito no partido. É a regra.” Era dinheiro para campanha? “Rapaz, eles estão sempre em campanha,né?”, diz.
“(O repasse) era maior do que 50%. Podia ser 60% ou 70%. Dependia do negócio. (...) Na área internacional (da Petrobras), se eu fizer alguma coisa, tem de ajudar o partido. Porque foi o partido quem indicou o Zelada. O mundo é assim. E é assim em qualquer lugar.” Em seguida, afirma: “Se eu fizesse negócio em outra diretoria, não tinha fee (comissão) para o partido. E eu falava para eles: aqui não devo nada”.
João Augusto parecia genuinamente magoado com os parceiros no PMDB. “Depois que você conhece os bastidores, não dorme mais tranquilo. Pensa que é fácil nego te ligando? ‘A campanha tá aí...’ Nego xingando o Zelada porque não vinha dinheiro.” Ao mesmo tempo, ele parecia sentir-­se culpado por não corresponder às altas expectativas dos deputados: “Os caras me acolheram tão bem... Você sente que tem que ajudar o grupo”.
E quem coordenava o “grupo”, após a morte de Fernando Diniz? “Uma hora foi o (deputado) Mauro Lopes, outra foi o (deputado) João Magalhães.” (Mauro Lopes afirma conhecer João Augusto há mais de vinte anos e diz que sugeriu seu nome para ocupar a diretoria internacional da Petrobras ao então líder da bancada peemedebista de Minas Gerais, Fernando Diniz. E nega ter sido beneficiado com repasses de dinheiro.)
“Não sei como era a divisão: para quem eles davam, se davam certo... Só mandava.” João Augusto desce aos detalhes das transações: “Normalmente, (os deputados) me davam (a conta no exterior) e eu mandava via doleiro.” Ele conta que que sempre recebia reclamações. “Era muita gente (para receber). Uma operação de US$ 5 milhões parece boa, mas (...) eram dez, doze pessoas. No fim, (os deputados) achavam uma m...”.
UMA CPI PARA CÁ, UM CONTRATO PARA LÁ
Ao cabo de duas horas de revelações, João Augusto parece pronto para contar sua maior proeza, de acordo com os outros lobistas do PMDB: o contrato de quase US$ 1 bilhão entre a área internacional da Petrobras e a empreiteira Odebrecht, fechado às vésperas do segundo turno da eleição de 2010. Pelo contrato, a Odebrecht cuidaria da segurança ambiental da Petrobras em dez países.
– E a Odebrecht?
– Odebrecht? Eu montei tudo.
João Augusto diz que, no auge da CPI da Petrobras no Senado, no segundo semestre de 2009, o relator da comissão, senador Romero Jucá, do PMDB, que também era líder do governo, convocou‐o para uma reunião em Brasília. Disse que fizera um acordo com o então presidente da Petrobras, Gabrielli: o PMDB ajudaria a enterrar a CPI, que já estava morna, e, em troca, Gabrielli não criaria dificuldades à aprovação, pela diretoria executiva da Petrobras, do “projeto” Odebrecht.
“Manda o João apresentar”, disse Gabrielli a Jucá, segundo o relato de João Augusto. Logo depois, em dezembro de 2009, Jucá apresentou seu relatório final que isentava a Petrobras de irregularidades. A CPI morria conforme o previsto. (Jucá nega ter chamado João Augusto a Brasília para tratar do contrato entre Petrobras e Odebrecht. “Não houve nenhum tipo de conversa com o Gabrielli sobre qualquer contrato em troca de CPI. Até porque eu era líder do governo, eu estava tratando com seriedade.”)
Para fazer o contrato, João Augusto conta que fez “um grupo de trabalho, técnico, sério”. “Trabalhamos um ano nisso. A Petrobras precisava mesmo consolidar essas operações de meio ambiente lá fora. A empresa não sabia o tamanho do passivo, quem cuidava do quê. Era preciso centralizar”, diz João Augusto. Por que não fazer uma licitação?
“A Odebrecht tinha que ganhar. Foi até ideia minha. Pelo tamanho dela. Pelo padrão”, diz. Segundo João Augusto, a Petrobras convidou formalmente outras empreiteiras. Todas declinaram. Deu Odebrecht. Ouvida a respeito do caso, a Odebrecht nega ter feito contrato com João Augusto Henriques. E afirma, em nota: “A afirmação que a Odebrecht pagou o equivalente a US$ 8 milhões para a campanha de 2010 da presidente Dilma Rousseff, por intermédio do secretário de Finanças do PT, João Vaccari, não procede. A Odebrecht faz suas doações dentro de uma visão republicana e em prol da democracia e do desenvolvimento econômico e social do País, respeitando rigorosamente os limites e condições impostas pela legislação eleitoral”.
No momento em que Gabrielli deveria cumprir sua parte do acordo com Jucá, o PMDB foi traído, diz João Augusto. “Quando ela (a Odebrecht) ganhou, Gabrielli fez de tudo para derrubar na diretoria. A CPI, claro, já tinha passado. Quis f... o negócio. O contrato entrava na pauta da diretoria, mas eles enrolavam.” Com sua experiência política, João Augusto sabia o que fazer. Conta que conversou primeiro com seus parceiros na Odebrecht. Em seguida, procurou Vaccari, também tido como homem do PT na Petrobras. “Avisei a ele: a Odebrecht vai ajudar vocês na campanha. Vai lá e acerta com eles”, diz João Augusto. Qual o valor acertado? “Deram, mais ou menos, o equivalente a US$ 8 milhões para o Vaccari”, afirma.
As dificuldades na diretoria prosseguiram por mais algumas semanas. Em 26 de outubro de 2010, a cinco dias do segundo turno entre Dilma e José Serra, do PSDB, a diretoria da Petrobras aprovou o contrato. “Todo mundo recebeu. O partido, eu e as pessoas que ajudam. Quem ajuda, ganha”, diz João Augusto.
E quem recebeu? Ele não responde. “Pessoas de dentro (da Petrobras) que eu pago.” Quanto o PMDB recebeu? “Foram US$ 10 milhões, ou US$ 11 milhões. Não mexo com dinheiro dos outros. A Odebrecht tem os canais dela com os partidos”, diz ele. E como se dava o pagamento? “A parte deles (PT e PMDB) eu não sei. A minha foi lá fora”, disse. “Todos os contratos são assim.”
O contrato da Odebrecht parece ter sido a última grande operação da turma de João Augusto. Logo depois, no governo Dilma, o aparelhamento diminuiu. Saíram muitos dos diretores ligados ao PT. Zelada foi perdendo poder e pediu demissão em julho do ano passado. João Augusto, porém, continua à cata de negócios na Petrobras. Recentemente, participou da venda da sociedade que a Petrobras tem numa distribuidora de energia na Argentina. “Você não vai acreditar, mas não preciso de políticos para ganhar dinheiro. Ganho mais sem eles”, diz João Augusto, antes de se levantar e ir embora. Paguei a conta.
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Com Flávia Tavares, Marcelo Rocha, Murilo Ramos e Leandro Loyol

Roberto Gurgel aponta que deputado e prefeita desviaram R$ 63 milhões em recursos públicos do Estado do Rio
Carolina Brígido, O Globo
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) e sua mulher, Rosinha Garotinho, prefeita de Campos dos Goytacazes, no Rio. Ambos foram denunciados por peculato e lavagem de dinheiro.
Quando Rosinha era governadora do Rio e Garotinho era secretário de Estado, o governo teria desviado R$ 63,3 milhões em dinheiro público por meio de contrato ilícito com uma empresa prestadora de serviços. Desse total, R$ 650 mil teriam financiado a candidatura de Garotinho à presidência da República, em 2006.
“Os denunciados, de forma livre e consciente, desviaram recursos públicos no valor de R$ 650 mil do Estado do Rio de Janeiro com o objetivo de financiar a pré-candidatura de Anthony Garotinho à Presidência da República no ano de 2006 pelo PMDB, época em que Rosinha Matheus era governadora daquele Estado”, escreveu o procurador-geral. Leia mais em PGR denuncia Anthony e Rosinha Garotinho ao STF


NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM

Desenho que ilustra a matéria da revista The Economist sobre o PSDB: bicos muito compridos complicam a oposição.
A última edição da revista The Economist faz uma análise sobre o comportamento do PSDB. A ilustração da matéria diz tudo: mostra um punhado de tucanos se bicando. Faço, como segue, um comentário sobre a reportagem, com link ao final para leitura completa no original em inglês.
A matéria analisa a trajetória do PSDB observando que embora o partido tenha marcado presença com os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, que criou a estabilidade econômica, por outro lado vem patinando há três eleições seguidas: uma derrota de Geraldo Alckmin e duas de José Serra, sem falar que Serra perdeu também a eleição para prefeito em São Paulo.
Observa que é verdade que Lula concorreu quatro vezes para se eleger, mas ressalva que isso foi possível porque o PT surgiu por meio de uma organização de massas a partir de articulação sindical, enquanto o PSDB “sempre foi mais um clube de tecnocratas brilhantes, do que um grande movimento de massas”.
Esta assertiva do The Economist refere-se ao fato de que José Serra estaria tentando concorrer mais uma vez, embora não tenha condições de emular a façanha lulística.
Refere-se também à base ideológica similar entre o PT e o PSDB, levando em conta que o petismo no poder tornou-se pragmático incluindo em sua pauta também as privatizações que renegou no passado. Ambos os partidos são portanto de viés esquerdista e nesta altura não teríam difirenças fundamentais. Não concordo totalmente com essa afirmação, entretanto, tem algum sentido no que se refere ao berço ideológico de ambos os partidos, ou seja, ambos inspirados na esquerda do espectro político.
- Com esta sobreposição de política - diz The Economist - o eventual vencedor da luta pelo poder do PSDB terá que enfrentar uma escolha difícil. Se o partido se mantiver na centro-esquerda e esperar que uma maré se volte contra o PT, por causa de um enorme escândalo, digamos, ou uma recessão econômica? Ou deveria se mover para a direita, em direção a um território político que é praticamente desocupado?
Diz a publicação britânica que “tão prejudicial quanto a profusão de pretensos líderes do PSDB é a falta de um programa diferenciado. Lembra que Lula adotou políticas econômicas tucanas. Agora há pouca distância entre o PSDB e PT, cujas raízes estão no movimento trabalhista.
O artigo também salienta que os especialistas esperavam que após a sua segunda derrota, Serra abriria o caminho para os mais jovens e lembra o nome de Aécio Neves, a quem a revista reputa como “carismático”. Entretanto, observa que Serra no seu discurso após a derrota na última eleição presidencial afirmou que “isto não é adeus", significando que continuaria no páreo, como de fato se constata agora.
The Economist aborda o fato de que os tucanos mais jovens estariam por isso se distanciando do partido e muitos rumando para o lado de Marina Silva e que os brasileiros da classe média, apoiadores basilares do PSDB, também poderiam desertar.
A reportagem de The Economist reflete, em grande medida, o que está acontecendo na realidade. A isto soma-se a divisão interna do PSDB que poderia chegar ao pleito contabilizando defecções, o que o fragilizaria ainda mais.
Contudo, a política é dinâmica e, de repente, o PSDB consegue reverter esta situação. Ou então os eleitores brasileiros, e os próprio tucanos das bases, resolvam a qualquer custo marchar unidos em torno de um nome capaz de por fim a essa década funesta de dois governos do PT.
Por enquanto, como já afirmei aqui no blog Aécio Neves deverá ser o candidato do PSDB. O círculo vai se fechando o que torna difícil também eventuais defecções. Tudo depende do que acontecerá nos próximos meses.
The Economist afirma na abertura da matéria que a oposição precisa de mudança geracional e política se quiser permanecer relevante. Em parte isso é verdade. CLIQUE AQUI para ler o artigo completo em inglês

Ilustração da reportagem de The Economist: Nicolás Maduro, o usurpador, prometeu combater a corrupção, mas obrigou as emissoras de televisão a acusar a oposição.
Reportagem especial da revista britânica The Economist, intitulada “Corrupção na Venezuela: A fraude bilionária”, revela um turbilhão de corrupção que afoga a Venezuela sob o comando do partido chavista. Lendo-se a reportagem constata-se que ocorre na Venezuela chavista se assemelha aos demais países latino-americanos cujos partidos no poder são membros do Foro de S. Paulo, ou seja, alinhados ao esquema dessa organização comunista fundada por Lula e Fidel Castro, em 1990 e que se reuniu recentemente em São Paulo.
Segundo a publicação, um dos maiores casos de corrupção envolve a companhia meneradora de minério de ferro, a estatal Ferrominera que opera no Estado Bolívar. 
Documentos de uma investigação militar e de inteligência, que vazou para os deputados e um jornal local, revelou fraudes no valor espantoso de $ 1,2 bilhão de dólares, incluindo a venda de minério a intermediários em uma fração de seu valore real, em troca de enormes propinas. Pode ser ainda pior. O ministro da Indústria, Ricardo Menéndez, admitiu recentemente que havia “muito mais corrupção na Ferrominera do que se tornou público”. O coronel do Exército enviado para investigar o caso em 2011, é acusado de ter faturado dezenas de milhões de dólares chantageando os gerentes da Ferrominera. 
Alegações de corrupção envolvem algumas das mais altas figuras da “revolução bolivariana” de Chávez. Em uma fita de áudio divulgada em maio, o apresentador da televisão estatal Mario Silva e agente cubano, revelou as fontes de financiamento ilícito que estavam disponíveis para Diosdado Cabello, o presidente da Assembléia Nacional. Cabello refutou a acusação qualificando a fita de áudio como uma falsificação, o Ministério Público ainda tem de investigar e Mario Silva perdeu o emprego.
Numa manobra que chega a ser irônica, Cabello passou a acusar a oposição. Alegando que Richard Mardo, um deputado oposicionista era culpado de evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Cabello conseguiu despojá-lo da imunidade parlamentar. Quando a oposição protestou contra a perseguição o “presidente” Nicolás Maduro, o usurpador, obrigou as emissoras de televisão a acusar a oposição de corrupção.
Por sua vez, Cabello ainda impediu que fossem debatidos na Assembléia Nacional os recentes escândalos de corrupção. A reportagem de The Economist detalha ainda outros fatos cabulosos, que envolvem os gestores da estatal pretroleira PDVAL. Clique AQUI para ler na íntegra em inglês

Pablo Capilé, o líder fora do eixo com José Dirceu. Presidente do PT, Rui Falcão, confirmou que os capilés fazem parte da militância do PT.
Usurpação do trabalho de artistas, retenção de cachês, utilização de mão de obra não remunerada, estelionato e até manipulação sexual são algumas das muitas acusações que despontaram na última semana relacionadas ao grupo Fora do Eixo, coletivo cultural liderado por Pablo Capilé e cerne da Mídia Ninja. As denúncias foram impulsionadas pelo depoimento da cineasta Beatriz Seigner, diretora do filme Bollywood Dream – O Sonho Bollywoodiano, postado em sua página pessoal do Facebook na última quarta-feira.
O longo desabafo relata como a cineasta inicialmente se encantou com o discurso de democratização da cultura do Fora do Eixo, e como mais tarde descobriria que a prática não era assim tão coerente com a teoria. Beatriz aceitou participar de festivais em que seu filme era exibido, alguns possuíam patrocinador e cachê, porém os valores não eram repassados a ela. O descaso com seu trabalho ficou ainda mais claro quando ouviu de Capilé que artistas não mereciam pagamento, e que os mesmos eram apenas 'dutos", "os canos por onde passam o esgoto".
A indignação levou Beatriz a divulgar os bastidores do Fora do Eixo, o que serviu de inspiração para que outros artistas e ex-colaboradores fizessem o mesmo. 
Ameaças e cachês simbólicos - Em atividade desde 2005, o grupo é conhecido no cenário da cultura independente e ganhou verniz com a repercussão da Mídia Ninja. Além deste, o Fora do Eixo possui outros braços como uma “universidade livre”, apoiada pela Petrobrás; um selo musical, que possui incentivo do Ministério da Cultura; o embrião de um partido político, chamado de Partido Fora do Eixo; e também casas espalhadas pelo Brasil onde vivem jovens que não pagam aluguéis e trabalham em prol do grupo sem receber salário. No entanto, recebem como remuneração uma moeda virtual chamada de Cubo Card, que pode ser utilizada em troca de serviços de parceiros do grupo. 
Beatriz Seigner relata que foi informada sobre a existência da tal “moeda”, porém nunca teve acesso aos serviços oferecidos. O mesmo diz Fernanda Popsonic, vocalista da banda Lucy and the Popsonics, que disse ter sido incentivada por Beatriz a contar sua história.
“Percebi que esse era o momento de falar, a Beatriz me disse que está recebendo ameaças do grupo, mas agora ninguém pode fazer nada conosco”, disse em entrevista ao site de VEJA. Fernanda vive em Brasília e após alguns contatos com o grupo foi convidada, em 2006, para participar do Festival Calango em Cuiabá, no Mato Grosso. O Fora do Eixo prometeu pagar as despesas de viagem como um cachê simbólico. A banda viajou, se apresentou e no fim não recebeu a ajuda de custo prometida. “Recebi um ano depois porque ‘escandalizei’ na internet”, diz Fernanda. “Os artistas independentes entendem quando o produtor não pode pagar. Mas no caso do Fora do Eixo não dá para entender como uma associação que entra em editais, que tem patrocínios de empresas diversas, que recebe dinheiro público do governo não paga os músicos? Isso é trabalho escravo.”
Desapontada, Fernanda deixou de fazer parcerias com o grupo e contou sua experiência para um jornalista, em 2007. Antes de a reportagem ser publicada, a artista recebeu um telefonema de um integrante do Fora do Eixo que ela prefere não identificar, avisando que se a denúncia fosse publicada, sua banda chegaria ao fim e nenhum festival ou casa de show no país os aceitaria novamente. “Liguei para o jornalista que compreendeu e não publicou minha entrevista, mas agora não tenho mais medo de falar. Não dependo do Fora do Eixo para viver.”
Outro artista que afirma ter sido enganado pelo grupo foi Daniel Peixoto, cantor conhecido pela músicaOlhos Castanhos, trilha sonora da novela Lado a Lado.
(...)
Por dentro do eixo - Enquanto os depoimentos de pessoas como Daniel, Fernanda e Beatriz começam a circular, indivíduos que apoiam a causa se manifestaram a favor do Fora do Eixo. Entre estas manifestações estão, claro, os depoimentos públicos de Pablo Capilé, que se disse aberto para o debate e para perguntas. O líder da organização chegou a postar, na última sexta-feira, um texto com links de testemunhos felizes de pessoas que são parte do Fora do Eixo. O mesmo post foi apagado por ele duas horas mais tarde. Outro envolvido com a Mídia Ninja, Bruno Torturra, defendeu a organização e o amigo, e se disse “deprimido” com o que estava vendo na rede.
Nem a depressão de Torturra ou a volubilidade de Capilé ao decidir o que fica ou não em seu mural do Facebook foram suficientes para abafar as diversas acusações feitas na rede, entre elas a de Lais Belini, que morou por 9 meses na Casa Fora do Eixo em São Paulo. No saldo, Laís abandonou a faculdade por causa do Fora do Eixo, chegou a trabalhar 18 horas por dia sem receber salário, era proibida de se relacionar com pessoas de fora do grupo, enfrentou situações abertas de sexismo dentro da casa, além de descobrir que uma das maneiras de “cooptar” pessoas para o trabalho era através de membros escolhidos em reuniões que deveriam se aproximar e demonstrar interesse amoroso no alvo. Lais relatou também a dificuldade que é sair do grupo e que alguns dos que conseguiram precisaram de ajuda psicológica para superar o período vivido ali. “O Fora do Eixo é uma das estruturas mais engessadas que eu conheço na minha vida, ditatorial diria eu”, diz a jovem em um trecho de seu texto. Leia MAIS


NO BLOG UCHO.INFO

Comissão especial criada por Alckmin para investigar cartel é bala de prata para derrotar o PT
Última das chances – Governador do mais importante estado brasileiro, o tucano Geraldo Alckminanunciou nesta sexta-feira (9) a criação de uma comissão especial para investigar a eventual criação de cartel por empresas que participaram de licitações do Metrô e da CPTM. Fazem parte do grupo, batizado como Movimento TranSParência, a Ordem dos Advogados do Brasil, a organização Transparência Brasil e o Instituo Ethos, que terão acesso liberado a documentos e contratos para identificar possíveis irregularidades.
“Instituímos hoje o Movimento TranSParência para trazer a sociedade civil, com a ‘expertise’ que cada entidade tem, que seus membros têm, para que tenhamos transparência absoluta nesse processo investigativo. Só a transparência absoluta vai nos levar à verdade. Nós queremos toda a verdade. Somos o maior interessado nisso”, disse o governador paulista.
A decisão de criar a comissão, que só aconteceu porque o Cade agiu criminosamente ao vazar para a imprensa, de forma seletiva seletivamente, documentos sigilosos relativos às investigações, iniciadas depois que diretores da Siemens acusaram o governo de São Paulo de ter conhecimento sobre o cartel. Por enquanto, todas as informações divulgadas mostraram ser frágeis as acusações, uma vez que o Cade levou em conta depoimentos por escrito, declarações sem comprovação e e-mails trocados entre os integrantes da quadrilha.
Independentemente das investigações do Cade, Geraldo Alckmin tem a obrigação moral de fazer valer sua palavra, levando às últimas consequências os resultados do trabalho da comissão especial, não sem antes submeter os culpados ao rigor da legislação vigente. Se nada do que foi prometido pelo governador paulista acontecer, o PSDB estará dando ao PT a senha para tomar de assalto o Palácio dos Bandeirantes, a última peca que falta à esquerda verde-loura para implantar no Brasil uma ditadura comunista.
Além da obrigação do governo de Geraldo Alckmin de esclarecer os fatos, cabe ao povo paulista o dever de salvar o País das mãos desses saltimbancos que fizeram do Brasil o paraíso dos impunes. Nada acontece por acaso e essa é derradeira chance para o PSDB fazer o que não fez por ocasião do escândalo do Mensalão do PT. Dar um basta ao lobista Lula. Sempre lembrando que a política jamais foi um agrupamento de inocentes bem intencionados.


NO BLOG ALERTA TOTAL


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Leia também o site Fique Alerta – www.fiquealerta.net
Por Jorge Serrão – serrao@alertatotal.net
A nova composição do Supremo Tribunal Federal, mudando entendimentos anteriores, deve dar uma imensa colaboração para a bagunça político institucional tupiniquim. E os condenados no Mensalão, que continuam trabalhando como deputados, não devem perder o emprego tão cedo – se é que perderão por alguma ordem judicial superior...
O STF marcou um golaço a favor e outro contra. Foi importante a decisão inédita na História do Brasil, de condenar um Senador por fraudes em licitações no tempo em que foi Prefeito. Mas o STF pisou na toga ao permitir que Ivo Cassol continue soltinho da silva e recebendo o alto salário de senador.
É surreal condenar Cassol a cumprir 4 anos, 8 meses e 26 dias de prisão em regime semiaberto. Também soa juridicamente demagógico que o STF tenha decidido que Cassol deve perder o mandato. O probleminha é que o Supremo transferiu tal decisão para o Senado. Foi mais uma contribuição para a insegurança do Direito. Na prática, o STF decidiu não decidir.
Parece piada, mas não tem graça alguma. Cassol vai trabalhar, normalmente, durante o dia, como Senador. À noite, no entanto, terá de ir dormir numa prisão. Por isso, nas redes sociais, já tem gente sensata sugerindo a transformação do Congresso Nacional em uma Penitenciária Política Federal. O perigo é os senadores encenadores e deputados despudorados votarem a favor do pagamento de uma Bolsa-Cadeia especial para os políticos em risco de condenação – como o casal Garotinho – agora alvo de uma denúncia saideira do Procurador-Geral da República Roberto Gurgel...
Enquanto não se transforma o parlamento em parlatório de cadeia, quem marca outro gol politicamente duvidoso é o craque Romário. O Deputado Federal resolveu mandar seu PSB para escanteio. Romário deseja – e tem chances – de ser o Prefeito do Rio de Janeiro em 2016. Garotinho quer ele no time do PR. Carlos Lupi deseja ele no PDT. Beto Albuquerque, líder do PSB, chutou o balde contra o ex-jogador: “O Romário perdeu a virgindade. Era um político novo, passou a ser um político velho. Dá um mau exemplo de infidelidade”.
Será que Romário merece jogar no time da penitenciária do Congresso? Provavelmente, não... Ele não ficaria bem no jogo mortal entre os times do PT e do PSDB, na bola dividida entre o Mensalão e o Trensalão. A partida, com muita baixaria e xingamento, deve terminar empatada – apesar do favoritismo da petralhada – até agora, uma campeoníssima da impunidade.
Pena que o Super Joaquim Barbosa já está tecnicamente vetado para juiz do jogo, pelo departamento médico, por causa do problema na coluna...
E o Sistema do Crime Organizado no Brasil não tem o menor interesse em reforçar o time da Penitenciária com novos craques condenados...
Desmancha prazer



Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

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