UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

Dona Dilma, peça a entrevista do mestre Adib Jatene, ex-ministro da Saúde, sobre médicos do exterior. Fim da reeleição para todos os cargos (5 anos no máximo), que maravilha viver. A mistificação dos suplentes. A reação contra a violência dos EUA, quebrando nossa soberania.

Helio Fernandes
Desde que começaram as manifestações de rua e surgiram os protestos, apareceram com soluções, “constituinte exclusiva, consulta e plebiscito”. Mostrei a incoerência e a inconsequência de tudo isso. Escrevi que nada disso fazia sentido e que não seria aprovado, principalmente para 2014.
Sem nenhuma satisfação, acertei em tudo. Depois de viver tanto e tão intensamente, não dava para errar, tudo é e continua a ser o mais óbvio possível. Agora decidiram “sepultar tudo, não dá tempo”. Mas insistem na tolice. Querem marcar para 2014 um plebiscito, que na verdade é consulta, sem a menor importância.
Revelei aqui que nos EUA, em todas as eleições, o cidadão é C-O-N-S-U-L-T-A-D-O a responder um número ilimitado de perguntas, que não têm poder de decisão. Primeiro que a eleição lá não é obrigatória, o que o poderia ser implantado aqui, com uma simples PEC.
Segundo, é apenas CONSULTA, que serve aos governadores Republicanos e Democratas. Se uma CONSULTA é muito votada, os governadores examinam para transformá-la em fato consumado. Já estão praticamente garantidos com o resultado das consultas.
(Os EUA cometem todos os crimes, equívocos, atos de arrogância e prepotência contra o mundo, mas respeitam o cidadão interno, que pode votar contra eles. Um só exemplo: a pena de morte tem que ser obrigatoriamente referendada, garantida e autorizada pela Corte Suprema. Depois, os governadores podem comutar a pena de morte, transformá-la em prisão perpétua. Mas só fazem isso com muitas pesquisas populares. Se as manifestações forem A FAVOR da pena de morte, o governador não intervém, fica em silêncio, a execução é confirmada).
A RENOVOLUÇÃO QUE 
O CONGRESSO PODE FAZER

Depois de tanta incoerência, imprudência e contradição, apareceu ontem uma proposta que teria o APROVO das ruas (e das residências de onde outra parte do povo aplaude tudo) de forma I-N-C-O-N-D-I-C-I-O-N-A-L.
Essa proposta é a seguinte: 1 – A partir de 2014, não existiriam mais REELEIÇÕES. 2 – Todos os mandatos eletivos durariam 5 anos, sem qualquer REELEIÇÃO. 3 – Valeria para presidente da República, governadores, senadores deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores.
PS – Isso significaria que, de 5 em 5 anos, haveria total modificação na representatividade.
PS2 – Essa representatividade teria que melhorar obrigatoriamente. No mínimo, no mínimo, ficaria igual ao que temos hoje.
PS3 – Por mais que seja pessimista, ninguém pode acreditar que não haja sempre erro na escolha do cidadão-contribuinte-eleitor.
PS4 – Mesmo que os novos representantes não sejam os ideais, pelo menos seriam caras novas, que não poderiam exercer mandatos por muito tempo.
PS5 – A corrupção diminuiria expressivamente, mesmo que não se eliminasse de todo. Um “representante” que ficasse 5 anos no cargo, não poderia enriquecer tanto, como outros que se reelegem a vida inteira.
PS6 – E Renan Calheiros e outros, que RENUNCIARAM para não serem cassados, não poderiam vergonhosamente voltar aos cargos que abandonaram.
PS7 – Outro fator positivo. A proposta foi apresentada pelo presidenciável Aécio Neves (que não é o meu candidato), que com isso, sendo do PSDB, contraria o ex-presidente FHC, que comprou e pagou com dinheiro público a primeira reeleição presidencial da República.
PS8 – Senador, presidente do PSDB, candidato, Aécio tem que começar a trabalhar pela aprovação dessa proposta. Se ficar em silêncio, apenas com a proposta teórica, estará liquidado.
PS9 – Sem a proposta, não tem a menor chance de se eleger. Com a proposta, pode ser que melhore suas chances eleitorais. Acho a proposta tão boa que nem ligo para nomes, o que interessa é essa RENOVOLUÇÃO de métodos e nomes.
PS10 – O primeiro grito das ruas, “esses representantes não nos representam”, avanço completo. Que poderia ser aprovado rapidamente através de uma PEC. E com o fim do voto secreto, quem votasse pelos “mandatos eternos” estaria publicamente desmascarado, desmoralizado, condenado.
MESTRE ADB JATENE
DESMENTE DONA DILMA

Ela insiste em contratar médicos do exterior, quer demonstrar vontade, determinação e poder. Mas faz tudo errado, como sempre. E deixou claro, logos nos primeiros meses de governo, quando anunciou “a faxina que não faxinou nada”. Ela mesma recambiou, que palavra, para o próprio governo todos os “faxinados”, pessoas ou partidos.
Dona Dilma deveria ter visto a entrevista de ontem de Adib Jatene. Grande cardiologista, ministro da Saúde, médico pensador do problema, ensinou: “Os médicos cursam universidade por 4 anos. Como faltam recursos nas universidades, vão completar os cursos nos hospitais, que assim deixam de ser ASSISTENCIAIS, se transformam em universitários”. Magistral.
E isso em hospitais sem a menor infraestrutura, equipamento, o mínimo para atender as pessoas. E nas periferias ou interior, nem se fala. Dona Dilma, peça a gravação da entrevista, mande dar os parabéns a Jatene e abandone essa ideia troglodita de contratar médicos do exterior (que condenei aqui mesmo, desde o primeiro dia).
A FARSA DO FIM DOS SUPLENTES
Anteontem, quase de madrugada, senadores resolveram mais uma vez enganar o cidadão-contribuinte-eleitor. Votaram o fim do segundo suplente, o povo nem sabia que existia isso. Precisavam de 49 votos, só obtiveram 46, lógico, os 19 primeiros suplentes votaram por precaução.
Foi bom que tivessem “perdido”, fica evidente a empulhação. Nos últimos 60 anos (antes não existiu) só um segundo suplente assumiu. Sergio Cabral era senador, no meio do mandato se elegeu governador. O primeiro suplente era e é seu amigo, até hoje chefe da Casa Civil. Entre 4 anos em Brasília e 4 no Rio, preferiu a Casa Civil. Aí assumiu o segundo suplente. Uma vergonha, um vexame criminoso dos senadores. O que fazer?
O “PIBINHO” ESTÁ VOLTANDO
2013 praticamente repete 2012. O PIB ficou, desde janeiro, um pouco acima de 4 por cento, foi caindo, sendo reduzido, fechou o ano em mais (?) 0,9%. O de agora faz a mesma trajetória. Também foi projetado em quase 4 por cento, já está em 2,5%, com previsão interna e externa. Tem tudo para ser outro “Pibinho”.
PS – Desta vez, já havia dito, todos os economistas acertaram no aumento da Taxa Selic, ontem. Não houve um só que não apostasse em mais o,50, que foi o que aconteceu.
PS2 – Economistas oficiais e de empresas públicas nem hesitaram. Até os economistas de bancos, impacientes, mas não imparciais, falavam em juros de 8,50%.
PS3 – O problema agora se transfere para o final do ano. 9 por cento é quase certo, na próxima reunião do Copom. A dúvida é que começam a projetar 10 por cento na reunião de outubro ou novembro, ou nas duas.
PS4 – Comparação impossível ou inexplicável: países que têm inflação baixíssima nem ligam para os juros também baixíssimos. O juro no Brasil será remédio vendido com tarja preta?
HOJE, A “QUINTA” HISTÓRICA
A confusão é total. Ninguém se entende nos bastidores oficiais. Dona Dilma, cada vez mais vaiada, joga tudo nessa “quinta”, considera que será “reabilitada” pelas ruas. Só que ninguém sabe quem sairá de casa para protestar. E qual será a reação dos que já estão nas ruas desde 6 de junho? 35 dias. De qualquer maneira, os tempos não são de tranquilidade e esperança.
PS – A violência contra a soberania do Brasil, praticada pelos EUA, se complicou. Os países da Europa, também com “privacidade” quebrada, “protestaram”, mas não sairão do papel.
PS2 – E nos bastidores “aconselham” o Brasil a fazer o mesmo. Quer dizer, como eles acentuam, “não agravar o problema diplomático, poderia deixar a UE em situação desconfortável”.
PS3 – O Senado convidou o embaixador dos EUA para explicações. Ele não precisa ir. Mas indo ou não indo, fica em situação desagradável.
PS4 – Os embaixadores dos EUA sempre mandaram muito no Brasil. Até as esquerdas reverenciavam o embaixador Lincoln Gordon pelo fato dele “ser formado em Harvard”. No governo Jango, era recebido assiduamente no Palácio, aqui no Rio.
PS5 – No momento, o embaixador tem que comunicar ao Senado se vai ou não vai “dar explicações”. Antes disso, apenas silêncio.

Da Tribuna da Imprensa de 11-7-2013.

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