UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES

A satisfação e o conselho do Papa Francisco, aos jovens. A Copa de 2014 tem que ser no Brasil, cuidado com Blatter. O povo tem que continuar nas ruas, imediatamente contra a corrupção. Do governo o que se pode esperar a não ser a ilusão e a depredação da democracia, mesmo não ostensivamente? Mudança de tipo de voto, urgente.

Helio Fernandes
O Papa Francisco, falando na missa das ruas para 150 mil pessoas no domingo, disse com simplicidade e sabedoria: “Os jovens não precisam ter medo de irem contra a corrente”. Magistral. Dava a impressão de estar se dirigindo aos jovens das ruas do Brasil. E quem diz que não estava?
E minha satisfação é muito grande, não por ter adivinhado que ele iria dizer isso, mas pelo fato de ter raciocinado com a mesma compreensão, com a mesma transição de pensamento, com a mesma conclusão.
Escrevendo no sábado e publicado aqui no domingo: “Os protestantes não podem parar, mas sem perplexidade e medo”.
Dirigentes da CNBB, que demonstravam alguma preocupação com o que poderia acontecer durante a Jornada Mundial da Juventude, agora estão certos de que tudo o que foi planejado e programado, ocorrerá.
Fora da CNBB, não havia a menor dúvida de que a Jornada transcorrerá como o sucesso programado. Mas a palavra do Papa Francisco logicamente representou fator importantíssimo.
A LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO
COMEÇA E TERMINA NOS PARTIDOS

A crise é da representatividade, isso está localizado e identificado. Agora essa representatividade, que praticamente não existe, tem que ser aperfeiçoada em vez de eliminada. Isso não pode ser feito de uma hora para outra, mas pode começar imediatamente para funcionar já na eleição de 2014. Os males estão visíveis, foram se deteriorando com o tempo, com as duas ditaduras que duraram, somadas, 36 anos. Não temos que pensar nelas, agora, sim, é fugir delas.
E isso tem que ser feito com o aperfeiçoamento da forma de indicar, escolher e empossar os representantes do povo que está nas ruas, pedindo aperfeiçoamento. É lógico, claro e evidente que esse povo nas ruas pede ou exige outras coisas, mas todas elas decorrentes do não funcionamento das instituições representativas.
Como falei, para 2014 podem aprovar nesse Congresso repudiado que está aí, duas medidas importantes, imprescindíveis, irrevogáveis.
1 – O F-I-M do voto proporcional, negação da democracia representativa, clamorosa expulsão do povo do processo democrático representativo.
2 – E também imediatamente o I-N-Í-C-I-O do Voto Distrital, o mais representativo de todos, que vem das ruas, se realiza com nomes selecionados nas ruas, eleitos em campanhas populares, candidatos e eleitores, cara a cara.
Uns conhecendo os outros, se identificando ou se confrontando. Mas sem intermediários, sem campanhas caríssimas, sem voto obrigatório por lei, mas obrigatório pela vontade do cidadão, que quer escolher seus representantes, não permite nem admite que OUTROS indiquem os SEUS representantes.
VOTO PROPORCIONAL, NÃO.
VOTO DISTRITAL, SIM.

Nenhum país do mundo convive eleitoralmente com o voto proporcional, negação da representatividade verdadeira. Qual a explicação para o fato de um cidadão ter um milhão de votos e levar para a Câmara, com ele, outros 5 ou 6 representantes? O povo não votou neles, não podem ser representantes. Que um cidadão tenha tantos votos, parabéns, mas só para ele.
Esse VOTO-PROPORCIONAL-VERGONHA-FRAUDE-FARSA-MISTIFICAÇÃO-MENTIRA, pode deixar de existir logo,logo para a eleição de 2014.
Outra coisa que o Brasil todo quer mais do que tudo, há muitos anos, dezenas deles, é o VOTO DISTRITAL, que existe nos EUA, na França, na Inglaterra, em outros países.
Mas queremos e exigimos o VOTO DISTRITAL PURO, não o voto distrital misto, voto de lista, com os “donos” dos partidos, já “eleitos” antes mesmo de marcada a eleição.
Esse tipo de voto é tão importante que nos EUA a Câmara é chamada dos Representantes e não dos Deputados. Na Inglaterra, depois de ganhar a guerra, Churchill não voltou à Câmara dos Comuns pelo seu Distrito, não pôde ser Primeiro-Ministro. Mais tarde, voltou a se eleger.
O FIM DO PRESIDENCIALISMO
COM PLURIPARTIDARISMO

Eliminado o voto proporcional e criado o distrital, comecemos logo os trabalhos para acabar com essa excrescência que não funciona e corrompe tudo. Concordo com  muitos que acham que “não temos uma tradição de Parlamentarismo”.
Mas grandes brasileiros, notáveis, admirados, incorruptíveis, defenderam o Parlamentarismo. A exigência é o fim do corrupto pluripartidarismo. O Parlamentarismo pode e deve ser debatido, esmiuçado, esclarecido, aqui, nas ruas e no próprio Parlamento.
O POVO NAS RUAS, PAROU PARA PENSAR?
Sábado, domingo e segunda, ontem, poucas manifestações, quase todas pacíficas. Os baderneiros apareceram de corpo inteiro, roubando, assaltando, agora não apenas para destruir, mas para se aproveitar.
O Movimento Passe Livre tem que continuar nas ruas, para construir, não deixarem destruir. E têm que liderar, se apresentar, se mostrar, não existe a possibilidade de serem identificados como “continuadores”.
É preciso comandar, esclarecer, fazer política. Na verdade, na vida pública, tudo é POLÍTICA, assim mesmo em maiúscula. E não estariam inventando ou transgredindo nada, isso vem dos gregos e dos romanos, nos tempos áureos da Democracia: “A POLÍTICA é a arte de governar os povos”.
Na História, Platão, Sócrates, Aristóteles, não deixam ninguém admitir que estão se aproveitando ou se apropriando das manifestações de rua.
“COPA E OLIMPÍADA, SEGUIDAS
E QUASE INÉDITAS, SÓ ANTES NOS EUA,
PREJUDICARAM O BRASIL”

Lido num comentarista, mas que diante desses acontecimentos, trata também de política (nada contra), no sábado: “O Brasil é o segundo país na História a sediar, na mesma época, Copa e Olimpíada”.
Desculpe, mas é um equívoco. Os EUA realmente fizeram a Copa em 1994 e a Olimpíada em 1996, mas outros países realizaram as duas antes deles. México, 1968, Olimpíada (na capital) e 1970, Copa do Mundo, quando a invencível seleção brasileira foi campeã, destacada.
Logo a seguir, a Alemanha foi sede da Olimpíada (1972, Munique), e da Copa de 1974, com a final também em Munique.
PS – Agora, que começou a onda para “transferirem” a Copa de 2014 por falta de segurança, quero lembrar o massacre de 1972 contra os judeus, e a tentativa de tirar a Copa de 74 da própria Alemanha.
PS2 – A Fifa ainda era um pardieiro em Zurich, não conseguiu, a Alemanha inteira resistiu, realizou a Copa. Jamais vi um aparato maior do que o apresentado nos jogos e principalmente na final. Segurança infalível para multidões, dentro e fora dos estádios.
PS3 – Este repórter não esteve na Olimpiada de 72, mas em 1974 estava na Alemanha. Fiquei assombrado. Na final, no belo estádio de Munique, a segurança externa, excelente, e sobre a interna, basta citar de memória o que escrevi na época: “Era uma muralha, centenas e centenas de policiais, virados para as arquibancadas e não para o campo, não deixavam de olhar a multidão.
PS4 – Ainda brinquei: “Ao chegarem em casa, se alguém perguntasse o resultado do jogo, não saberiam”. Além do mais, fazia um frio terrível. Prestem atenção, toda vez que Blatter (que na época era um burocrata da Fifa) disser “a Copa de 14 garantida no Brasil”, está mentindo, trabalha pelo contrário.
PS5 – Pode ser que não tenha sucesso, e a Copa seja mesmo no Brasil, como foi mantida na Alemanha em 1974. Mas todo cuidado é pouco e indispensável com esse Blatter. Um homem sem caráter, sem palavra, sem escrúpulos.
PS6 – E como prova de que tudo pode acontecer, na política, nas ruas, na economia ou no esporte, o ídolo Nadal foi derrotado por um adversário desconhecido, número 135 do ranking.
PS7 – E ninguém lhe deu a vitória, ele foi buscar com atuação inesperada mas irrepreensível. E isso em Wimbledon, considerado o “templo” do tênis.

Da Tribuna da Imprensa de 25-6-2013.

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