UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES - 27-5-2013

Barroso tem que parar de falar, esperar para votar. Executivo, Legislativo e Judiciário fazem política. Sergio Cabral não liquida Lindbergh nem o PT. Fortuna não é “desonra”, é crime para perpétua. E a CPI do Daniel Dantas, doutor Protógenes?

Helio Fernandes
Indicado para o Supremo, Luis Roberto Barroso foi elogiadíssimo. Pelo procurador-geral, por vários ministros e até por gente fora desse circuito. Inesperadamente desandou a falar, devia receber e festejar a glória da conquista, comemorar em silêncio. Afinal, está com 55 anos e mantém o cargo até os 70, terá 15 anos para se manifestar de todas as maneiras sobre os mais diversos e profundos assuntos.
Ainda como advogado, se julgando já um magistrado, tentou descabidamente firmar jurisprudência. Não passou de imprudência, criticando os próprios futuros colegas, principalmente em dois pontos. Ao afirmar que “ministros não devem julgar politicamente” e lembrando à opinião pública que “ministros do Supremo não têm votos”.
Não preservou nem a ele mesmo, que presumivelmente será empossado na mesma condição, é a Constituição que determina.
TODOS OS JULGAMENTOS SÃO POLÍTICOS
Como “a política é a arte de governar os povos”, o quase ministro começa por discordar e negar Platão, Aristóteles, Sócrates. O Executivo faz política, o Legislativo faz política, por que só o Supremo não faria? Não existe julgamento que não seja político. E não falo por falar. Em toda a História da República, sou o único jornalista JULGADO pelo Supremo. Vários foram PROCESSADOS (até Rui Barbosa, duas vezes), o que é inteiramente diferente.
Em 1963 (antes do golpe), fui preso e levado ao Supremo, onde seria julgado. Quatro ministros ligadíssimos ao governo me condenaram, fui chamado de “traidor da pátria”. Outros quatro, oposicionistas, me absolveram, explicando que eu era um “herói da pátria”. Afinal, qual foi o meu crime?
Recebi e publiquei um documento “sigiloso e confidencial”, que o ministro da Guerra enviara a 12 generais. Um deles me entregou o texto no mesmo dia. O que fazer a não se publicar? Millôr escreveu logo: “Jornalista que não publica documento sigiloso e confidencial, deve abrir um supermercado“.
O bravo presidente do Supremo, Ribeiro da Costa, disse que iria decidir, ressaltou que poderia desempatar contra ou a meu favor. Me absolveu.
OS MINISTROS DEPENDEM DA CONSTITUIÇÃO
É ainda mais frágil e contestável o entendimento de Barroso de que os “ministros não têm votos”. Têm e  duplamente. São indicados pelo presidente da República, eleito diretamente pelo povo, e que para essa indicação não consulta ninguém. Depois, são examinados, sabatinados e referendados  pelos senadores, também eleitos pelo povo.  Estes consultam a Comissão de Constituição e Justiça, e o que decidiram é submetido ao plenário. Da decisão, aprovando ou desprezando o nome , não precisam explicar coisa alguma, não cabe nenhum recurso.
O ADVOGADO E O MINISTRO
Luis Roberto Barroso, como advogado, faz política quando escolhe ou aceita um cliente. Nem todos são imaculados. A legenda “todo cidadão tem direito à melhor defesa”, pode ser a manifestação de uma convicção, mas pode ser também, genericamente, uma espécie de esconderijo. Ou o que é mais certo: um ato político, praticado ostensiva e deliberadamente.
“DILMA, FORNO E FOGÃO”
Jorge Bastos Moreno faz entrevista estranha, sem mão ou contramão com a presidente, usando esse título saboroso. Gostaria de ter dito o que vou revelar, estava impedido, entrevista tem que ter informação e não opinião: “Se Dona Dilma cozinhasse como governa, iria emagrecer tudo o que precisa, alimentaria a rejeição pela própria comida”.
ELEIÇÃO NO RIO
Não é de hoje que escrevo; a escolha no Rio está restrita a Lindbergh Farias e Garotinho. Cesar Maia é sempre e cada vez mais municipal. Miro Teixeira desistiu (sensatamente) antes de se apresentar, lembrando os tempos da ditadura, quando era o segundo do “governador” Chagas Freitas.
O vice Pezão não tem votos, e se convenceu que não terá o apoio de Serginho Cabralzinho Filhinho. Este finge que intimida e ameaça Lula e Dona Dilma, só tem um objetivo e quer a recompensa: o cargo de embaixador na França (Paris).
O PLANALTO E ROMERO JUCÁ
Os informantes (ou que, segundo assessores, “vazam” notícias) com boas fontes palacianas não escondem: “O ex-líder do governo FHC no Senado, líder de Lula, de Dona Dilma e demitido por ela, está assustando. Age deliberadamente discordando da orientação do Executivo, e faz isso ostensivamente.
E ninguém pode fazer nada com ele. Ministro da Previdência, cometeu tantas irregularidades que facilitou a demissão. Agora, pretende ser ministro novamente. Com o seu passado?
A FÓRMULA 1 DE MONTECARLO
Charmoso, chato e previsível. Quem faz a pole, geralmente ganha, o que aconteceu com Rosberg. Vettel e Webber saíram em terceiro e quarto, chegaram em segundo e terceiro. Alonso largou em sétimo e chegou em sétimo. Como o Pensador, de Rodin, não saiu do lugar.
Notável a coerência de Felipe Massa. Explodiu o carro, ficou em último. Tinha a obrigação de chegar em oitavo, 12 estão abaixo dele. Só que explodiu o carro ontem, novamente e no mesmo lugar. O último ano na Ferrari (e não na Fórmula 1?), nada promissor.
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PS – Desculpe a todos, não escrevi que Nelson Rockefeller foi presidente, erro de digitação, não meu, nem de ninguém, acontece. Conheço tanto a história dos EUA, que posso cometer muitos erros, mas não esse.

PS2 – Sei que Rockfeller foi vice, na única vez em que os Estados Unidos, em 1974, tiveram um presidente indireto (Gerald Ford, presidente da Câmara) e Rockefeller, vice também indireto, indicado por ele.
PS3 – Rockefeller foi três vezes candidato a presidente, não ganhou nenhuma. Na terceira, quando tinha maior chance, perdeu por um fato assombroso.
PS4 – Bem casado, se apaixonou por uma mulher muito mais moça, resolveu se divorciar e contar tudo publicamente. Os assessores imploraram para deixar para depois, não aceitou. Sua revelação, com repercussão enorme, derrotou-o. Obrigado. 

Da Tribuna da Imprensa de 27-5-2013.

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