UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES - 07-5-2013


Prestes e o ‘Partidão’ não deixaram herdeiros. O PCdoB é subproduto. Gurgel despreza a decisão ‘transitada em julgado’. 37 anos depois de morto, não deixam Jango em paz. Serra: ‘Continuo na vida pública’.

Helio Fernandes
Antigamente eram as famílias que não autorizavam a exumação de corpos. Tinham suas convicções. Agora a família do ex-presidente pede que isso seja feito, querem saber o que aconteceu. Logo depois de sua morte se falou muito em envenenamento. E a mídia alimentou o que não passava de indício.
A família do ex-presidente tem todo o direito à verdade, mas nada será descoberto. O agente do Uruguai, que primeiro falou no assunto, não tem a menor credibilidade. E se Jango tivesse sido cremado?
A Comissão da Verdade, que validou a vontade da família do ex-presidente João Goulart, está na obrigação de fazer o mesmo com os corpos de Lacerda e de Juscelino, cujas mortes foram igualmente suspeitas.
JK E LACERDA,
MORTES ESTRANHAS

O também ex-presidente morreu com um roteiro inteiramente diferente do que foi a sua vida. Detestava andar de carro por estradas, morreu numa delas. Adorava avião, na campanha de 1955, alugou um Constelation, a terça parte foi isolada para ele. Indo do Rio para São Paulo (naquela época levava mais de uma hora), botava pijama e dormia para valer. Em todas as viagens, a mesma coisa.
LACERDA SENTIU-SE MAL AO MEIO-DIA,
ÀS 8 DA NOITE ESTAVA MORTO

Nunca estava doente. Com 63 anos, em 1977, cassado e isolado, não saía da Nova Fronteira. Depois da obsessão (e da quase certeza) pela Presidência da República, a editora era seu refúgio ideal.
Num dia agradável de maio, fortes dores no peito, a família prontamente levou-o ao hospital. Por volta das 5 horas, depois de todos os exames, liberado, mas como fazem os médicos, por precaução, pediram que ficasse no hospital, “em observação”.
A família foi embora, quando chegaram em casa, o recado angustiante: “Voltem, o governador não está nada bem”. Voltaram, não puderam nem se despedir, Lacerda já “fora embora”. Realmente inacreditável.
O médico Guilherme Romano, ex-secretário de Saúde do Rio e dono da Casa de Saúde Santa Lúcia, estava viajando. Quando voltou, disse publicamente: “Se eu estivesse aqui, Lacerda não teria morrido”. Como não tinha muita credibilidade, não investigaram. Mas foi estranho.
A  Comissão tem a obrigação de procurar a verdade. Lacerda pode ter sido vítima de ex-amigos. Depois da “Frente Ampla”, muitas ameaças e intimações. Ficou praticamente sozinho. Escreveu no Globo artigo lancinante, amargurado, o conteúdo está todo no título: “Carta a ex-amigos fardados”. Elucidativo.
O “PARTIDÃO”
DE PRESTES

Quando foi expulso do PCB, para os carreiristas poderem trilhar seus caminhos diferentes, com a siga quase homônima de PCdoB, o verdadeiro comunista deixou a vida partidária. Falem o que quiserem, era só isso.
Nenhum herdeiro ou sucessor. Roberto Freire, que sempre foi comunista, não tinha idade para suceder Prestes. Fundou o PPS, agora se fundiu com o PMN, nada a ver. Precisa de mais tempo do “horário gratuito” de TV e de recursos do Fundo Partidário.
Era presidente do PPS antigo, continua presidente do Mobilização Democrática novo. Não é o destino, é necessidade político-eleitoral.
O PROCURADOR-GERAL DA
REPÚBLICA EXAGEROU

Declaração pública de Roberto Gurgel: “Os condenados pela Justiça (mensalão) precisam se acostumar com a punição e cumpri-la”. Verdade apenas em parte. Têm que se conformar (Palavra usada por ele) quando a decisão “transitar em julgado”.
Se já estivessem condenados definitivamente, qual a razão ou explicação para os ministros continuarem se reunindo? E os chamados “embargos infringentes”, direito dos que tiveram 4 votos a favor?. O procurador-geral não reconhece que 5 a 4 está longe de ser condenação irreversível?
SERRA LEVA AÉCIO
AO DESESPERO

Não mandou recado por ninguém, falou diretamente: “Já ocupei muitos cargos na minha vida e ainda espero ter outros”. Serra foi prefeito, ministro de várias pastas, senador, governador, duas vezes candidato a presidente.
Quase todos não poderia repetir, a não ser o de senador, agora em 2014. Mas existe apenas uma vaga, difícil conquistá-la. A não ser que ele, Aécio e Alckmin esteja ligadíssimos nas três eleições. Aécio presidenciável, Alckmin novamente governador, Serra senador.
Se for eleito, Serra será ministro certo. Isso se Aécio pelo menos passar para o segundo turno, fato no qual Serra não acredita. Cargo novo, fora dessas opções? De qualquer maneira, eleito senador, Serra não precisa de Aécio para nada. Estamos em pleno presidencialismo-pluripartidário.

Da Tribuna da Imprensa de 07-5-2013.

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