UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES - 06-5-2013


A Fetranspor controla todos os ônibus, tem a caixa preta do trânsito do Rio. Paes sabe disso. Morales desafia EUA por causa de palavras. Joaquim Barbosa continuará como relator do mensalão. Sarney, do próprio punho, mostra que não conhece História do Brasil.

Helio Fernandes
Joaquim Barbosa não deixará de ser o relator do mensalão, embora a defesa tenha o direito de pleitear isso e ainda mais, em favor dos seus clientes. E não estou falando por falar ou tentando “adivinhar”. Já vivi pessoalmente esse problema. Fui preso e julgado pelo Supremo em 1963, antes do golpe.
Me enquadraram na Lei de Segurança, pediram 15 anos de prisão para mim. O presidente do Supremo, Ribeiro da Costa, desconfiou de “alguma coisa” pelo fato do Ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, querer que o julgamento fosse no Supremo, ficou como relator, acumulando com a presidência.
Fui levado ao plenário, preso, fiquei de braços cruzados, ouvindo e vendo quatro ministros dizerem que eu era um “traidor nacional”, outros a me chamarem de “herói nacional”. Eu não era nem uma coisa nem outra, apenas recebera uma “circular secreta e sigilosa” do ministro da Guerra e a publicara.
(O Millôr, que assistiria o julgamento em Rasília, disse logo, e os jornais publicaram: “Jornalista que não publica circular reservada e sigilosa de um ministro da Guerra, é melhor que abra um supermercado”. Rigorosamente verdadeiro.
Com o resultado de 4 a 4 , ministros pediram levantamento da sessão. Uma hora de luta de bastidores. Os que votaram contra mim, certos que me condenariam, pediam a transferência da sessão, para que os três ministros ausentes (um estava no hospital) comparecessem.
Ribeiro da Costa não admitiu, declarou: “Vou desempatar, e pela Constituição posso votar contra ou a favor do jornalista”. Votou a meu favor, fui absolvido e solto imediatamente. No avião, já vim escrevendo sobre o julgamento.
Interessante apenas o PS final, em que eu me dirigia diretamente ao ministro da Guerra, assim: “General, desculpe, mas tudo o que acontece no seu gabinete eu sei imediatamente, menos de 24 horas depois”. No dia seguinte, desespero do ministro.
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PS – A partir de hoje, no Supremo, tudo pode acontecer. Os condenados que tiveram 4 votos a favor têm esperanças enormes no voto de Teori Zavascki, que não votou antes.

PS2 – Os quatro que votaram a favor da absolvição, não mudarão de posição. Pode voltar a se repetir o 5 a 5, a favor dos acusados.
PS3 – Comentaristas de grandes jornais e principalmente da televisão por assinatura, insistem: “A presidente Dilma pode indicar o 11º ministro a qualquer momento”. Tolice.
PS4 – Já informei e revelei: “Dona Dilma não quer escolher o ministro, está convencida de que esse voto, contra ou a favor dos acusados, atingirá sua popularidade.
PS5 – De qualquer maneira, voltarão as emoções. E não há prazo. Ninguém pode estabelecer quanto tempo cada ministro poderá utilizar.
MORALES NÃO GOSTA DE VER A BOLÍVIA
CHAMADA DE “QUINTAL DOS EUA”

Foi justa a revolta, presidente, mas isso vem de longe, é comum aos arrogantes americanos. Em 1901, o presidente Theodore Roosevelt, que assumira com o assassinato de MCKinley, insultou todos os países da América do Sul e Central, usando a palavra “quintal”.
Mais tarde, em 1904, rotulou a todos de “Banana Republics”, principalmente os da América Central, que tinham a fruta como principal item de exportação. Esse sempre foi o comportamento dos EUA com os vizinhos. Mas o presidente não respeitou nem mesmo os ricaços do seu país.
Desbaratou os dois maiores monopólios. O de John P. Morgan (bancário) e o mais cruel de todos, o homem mais rico do mundo. John D. Rockfeller, do petróleo. Rockfeller nunca furou um poço. Mas entrou no negócio do refino, foi crescendo e em 1885 sua empresa (Standard Oil) refinava entre 80 e 90% de todo petróleo do mundo. Todos os que se investiam na prospecção do petróleo se arriscavam, ganhavam ou perdiam, acabavam nas garras de Rockfeller.
Roosevelt liquidou os dois monopólios.
MARX: ALEMANHA,
INGLATERRA, RÚSSIA

Surgiu agora uma discussão meio atrasada, mas não despropositada: qual o país que o grande filósofo preferiria para a Revolução proletária? Pelo coração, lógico, a sua amada Alemanha. Pela razão e pela mente, a Inglaterra, principalmente depois da Revolução Industrial (Manchester), em 1780. Exigia um proletariado consciente e progressista.
Se estivesse vivo em 1917, perplexo, diria: “Não pode ser, a Rússia é dominada pelo trabalho escravo, não tem indústria, é o país mais atrasado.” Durou 74 anos, nunca passou nem perto do Socialismo (embora estivesse no título do país), o povo continua miserável, torturado e escravizado.
LULA E O LINCOLN
CONTINENTAL

O ex-presidente já se comparou ao presidente dos EUA, um dos raros estadistas daquele país. Agora o semanário “Inconfidência” compara Lula ao Lincoln automóvel. Justificativa do órgão: “Os dois bebem demais”.
SARNEY NÃO CONHECE
A HISTÓRIA DO BRASIL

Sábado, num artigo na Folha, o ex-presidente garante: “O Senado, em defesa do Supremo, recusou os nomes de Barata Ribeiro, médico, e dos generais Everton Quadros e Inocêncio Queiroz, indicados para o Supremo. Quanta inverdade e desconhecimento.
Os três foram recusados pelo fato de Floriano Peixoto estar na Presidência de forma ilegítima. A Constituição de 1891 determinava que, se a Presidência ficasse vaga (por qualquer motivo), o vice assumiria e faria eleições em 30 dias. Deodoro renunciou (foi derrubado pelo vice, que era também ministro da Guerra), Floriano assumiu e não fez eleição alguma.
Um ano depois, o mesmo Floriano nomeou o mesmo Barata Ribeiro (excelente figura) prefeito do Distrito Federal. Nova recusa. Floriano tinha a força, ficou até o fim. Não passou o cargo a Prudente de Moraes em 1894. O mesmo que o general Figueiredo faria com Sarney em 1985, 91 anos depois.
OS ÔNIBUS CONTINUAM
ASSASSINANDO NAS RUAS

Está ficando impossível, esses possantes veículos matam mesmo. Protegidos pela Fetranspor, o órgão privado mais importante do Rio, esses ônibus acumulam infração e impunidade. O prefeito Eduardo Paes age com eles da mesma forma como agiu e continua agindo com o Engenhão.
A morte do triatleta de 31 anos, atropelado em área privativa para ciclistas, tristeza total. E a impunidade dos motoristas e do prefeito, como explicar?
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PS – Há mais ou menos 60 anos, Manoel Bandeira e o editor José Olympio iam atravessando a Avenida Copacabana, na faixa, perto do Lido. Vinha um ônibus em alta velocidade, Bandeira gritou para Olympio: “Corre que ele já nos viu”.

PS2 – Porque Maduro não fecha o Congresso? Muito simples: proíbe deputados da oposição de usarem da palavra ou pertencerem às comissões. Assim, garantem: “O Congresso está funcionando”. Só que a democracia não funciona, não está madura.
PS3 – Anteontem, na televisão, vi entrevista com Carlos Veloso, ministro do Supremo. Foi chamado o tempo todo de “ex-ministro do Supremo”. Esse erro é comum com todos os ministros que atingem 70 anos e vão para casa.
PS4 – Veloso é ex-presidente do Supremo e ministro aposentado. Jornais e televisões que se julgam poderosos informam equivocadamente. Era e é facílimo identificar os ministros do Supremo de forma correta.
PS5 – Ex é apenas o ministro de Estado. Ele é transitório, qualquer que seja o tempo que ficou no cargo. Informar corretamente é importante.
PS6- Na quinta-feira, a ESPN, No excelente programa “Bola da Vez”, entrevistou o técnico Paulo Autuori. Mais de duas horas, perguntaram tudo. Ontem, domingo, o FOX Esportes entrevistou o mesmo Paulo Autuori. Nada a perguntar, nem a responder. Quanta falta de imaginação.

Da Tribuna da Imprensa de 06-5-2013.

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