Helio Fernandes
Na década de 60, os EUA não tiveram tranqüilidade. Uma parte enorme por culpa deles mesmos. Começou com o assalto a Cuba (através da Baía dos Porcos) quase imediatamente depois da posse de John Kennedy. Ele mesmo se justificou: “Estava tudo planejado antes da minha eleição”.
Considerando tudo como verdadeiro, a culpa do planejamento e do início da execução deve ser atribuída ao presidente-general Eisenhower (em fim de mandato) e seu vice-presidente Richard Nixon, candidato a sucessor, franco favorito, mas derrotado.
O tumulto, a confusão, a incerteza chegaram ao máximo com o assassinato do presidente em 1963. Foram criadas não sei quantas investigações para apurar a morte de Kennedy, até hoje continua o mistério. A Comissão Warren fez um barulho enorme, deu margem a filmes e nenhum esclarecimento.
Cinco anos depois, dois assassinatos que levaram o país (e o mundo) quase à loucura, não havia mais segurança para ninguém. Martin Luther King organizou uma caminhada monumental de protesto, com milhares de participantes. O projeto era de ir Memphis, no Tennessee, a Washington. A pé pelas estradas, e no percurso, aumentando o número de participantes.
Chegaram a Memphis; no dia seguinte o respeitadíssimo Luther King estava no Hotel Lorraine, onde se hospedara, saiu para a varanda no segundo andar, foi fulminado por um tiro de longa distância, disparado certeiramente de um fuzil com mira telescópica.
Nesse mesmo 1968, Roberto Kennedy era candidato a sucessor de Lyndon Johnson, que ficou de 1963 a janeiro de 69. Robert estava no Hotel Ambassador, esperando o resultado das prévias da Califórnia, a mais importante para sua candidatura. Ao receber a notícia de que vencera e que já seria o candidato democrata, pegou o telefone, estava em pé esperando. Foi executado bem de perto (ao contrário de Luther King), com tiro pelas costas.
A CONTUNDENTE DERROTA NO VIETNÃ
Já passada a década de 60, em 1973 os EUA se retiraram oficialmente, confessaram que foram massacrados por um país pequeno, praticamente armado apenas pelo amor ao seu território, a paixão pela resistência, sacrificados durante anos e anos, com a morte de dezenas de milhares de cidadãos.
A retirada do Vietnã foi ordenada por Nixon. Mas como estava em processo de renúncia para não sofrer o impeachment, quem determinou que tudo fosse cumprido foi Gerald Ford. Presidente da Câmara, assumiu como presidente da República, até a eleição de novembro de 1976.
O vice Spiro Agnew, corruptíssimo, recebeu a proposta do procurador-geral da República; renunciaria e receberia um documento garantindo que não seria processado, que estava renunciando por motivos pessoais. Corrupto, mas não era burro, aceitou na hora. Nixon também.
CONSELHO DE “ÉTICA” DO SENADO
Ao tomar posse como presidente, pela quarta vez, o senador João Alberto afirmou: “Não quero denegrir (que palavra) a imagem dos meus colegas”. Estava se referindo a Renan, a quem no passado, na mesma comissão, já favoreceu com um arquivamento: Vulgarizando: amor com amor se paga.
A propósito: e o Conselho de Ética (também com aspas e interrogações?) do Planalto? Engavetou a denúncia contra o poderoso ministro-consultor Pimentel? Ou ele foi absolvido sem que ninguém soubesse de nada? E as denúncias, públicas e notórias, contra Luis Adams, advogado-geral da União? Dona Dilma levou um ano com a “faxina” e vai esgotar 2013 com a “desfaxina”.
A PM MAIS CORRUPTA DO BRASIL É A DO RIO
A Secretaria Nacional de Segurança fez pesquisa sobre a conduta dos PMS no Brasil todo. Resultado oficial: “A mais corrupta de todas é a do Rio”. Mas ficaram por aí. O governador do Estado do Rio não acredita que a PM do Rio seja mais corrupta do que a de São Paulo.
Ah!, Sergio Cabral, sempre coerente. Defende a Delta e os PMS corruptos. Quanto ao governador, é intocável, de Laranjeiras a Mangaratiba.
CARANDIRU NÃO É NO RIO
Depois de 21 anos, alguns (apenas alguns) dos assassinos responsáveis por esse massacre, começaram a ser julgados. Muitos, nesses 21 anos, fizeram carreira sólida. Em 21 anos dá para ir de cabo a coronel. Sem serem punidos e ainda por cima, protegidos. O julgamento começou ontem, outros 20 PMs serão julgados depois.
Perguntinha ingênua e inútil: outros 21 anos de espera?
AÇODAMENTO E INCOMPETÊNCIA
DE EIKE AMEAÇAM A PRÓPRIA BOLSA
DE EIKE AMEAÇAM A PRÓPRIA BOLSA
Ontem, novamente caíram praticamente todas as ações do empresário deslumbrado. Subiu apenas a CCX (carvão da Colômbia), mais 0,29%. Três delas, sem a menor importância, valendo (valendo?) entre 1 e 3 reais, caíram entre 0,5% e 0,7%.
Mas a queda de três delas foi estrepitosa. A OGX caiu 9,94%, um assombro. A OSX foi além, perdeu 16,71 do seu valor de face. Mas a queda mais retumbante para o público, e pela importância que tem internamente para a sobrevivência do grupo, foi a Logística.
É rotulada como LLX, perdeu quase 12%. Eike deu logo nota oficial, pois essa sigla é que cuida da construção do Porto de Açu (que esteve nas manchetes e deveria ser investigada pelo Ministério Público e pela Polícia). Eike “informa” que a LLX tem recursos financeiros para tocar a construção de Açu.
A sorte de Bolsa é que o volume de negócios das empresas é baixo. A alta do comércio (Lojas Americanas, Renner, Pão de Açúcar) e do Banco do Brasil, reduziu a queda.
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PS – E a CVM não diz nada? Paul Getty, o maior ricaço de Wall Street, dizia: “Quem está por dentro, lucra até com as ações em baixa”.
PS2 – Nos últimos 15 ou 20 minutos, Eike entrou comprando, reduziu em 50 por cento a queda de todas as ações. Mas tem que desembolsar (em 48 horas) um dinheiro que não tem, vejam a desclassificação sofrida pela OGX. O importante mesmo é a perda de confiança.
Da Tribuna da Imprensa de 09-4-2013
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