CRISTO, E A VISÃO INFANTIL DOS SEUS SEGUIDORES
Outro dia, diante do desinteresse que toma conta da Humanidade, resolvi assistir um culto evangélico. Pela aparência dos crentes, pensei tratar-se de pessoas muito interessadas, mas qual não foi minha surpresa quando verifiquei que vários deles conversavam durante a palestra do esforçado pastor. Depois disso, fui para a casa do meu padrinho, católico fervoroso, que não perde uma missa e uma hóstia, e exige a presença dos filhos, sempre. Aí minha surpresa foi maior. Indaguei-lhe sobre o comentário do padre, que eles chamam de homilia, e ele não sabia o que o padre tinha falado. E muitas vêzes tenho repetido essa pergunta para outros católicos, e eles não sabem dizer qual o assunto exposto. Tenho que fazer justiça ao meu pai, senhor João de Matos, católico estudioso e caridoso que geralmente chegava em casa comentando, naquele tempo, o Sermão do Dia, embora não tivesse conseguido com que eu enveredasse por essa religião.
Os cristãos, em geral, não imaginam o que foi o esforço de Cristo para descer à terra. O esforço enorme para reduzir sua luz, e tomar forma neste meio atrasado, aproveitando todo o tempo para trazer os grandes ensinamentos e exemplificá-los.
Cristo deixou ensinamentos para serem vivenciados no dia a dia em qualquer lugar. Ensinamentos para uma vida feliz aqui e agora, mas os cristãos não penetram os ensinamentos, e a maioria contenta-se em decorar algumas passagens e repetí-las com orgulho, principalmente quando decoram o capítulo e o versículo.
Outros, reprimem-se, e procuram viver uma vidinha comportada e medíocre para ganhar o "céu" após a morte, o que eles chamam de "salvação".
Alguns, orgulham-se de pertencer a esta ou aquela religião porque foram batizados, aceitaram Jesus, que seria viver como ele viveu e não vivem, mas, mesmo assim, acham que estão com o passaporte garantido para o "céu", e " bondosos", sentem pena dos amigos que pertencem a outras religiões, e lógico, não vão para o "céu" como eles. Estes, formam o grupo que São Paulo chamava de "crianças espirituais". Milhões de ateus no mundo são melhores do que eles, e era para abrir-lhes os olhos que Cristo dizia que "os publicanos e as prostitutas entrariam no Reino De Deus antes deles".
Não basta dedicação a uma religião. No máximo fica-se bitolado e fanático. Depois de dominar os ensinamentos de uma, é preciso conhecer os de outras, aí descobre-se que a fonte é única, e a sua religião torna-se apenas um local de aprendizagem e colaboração, mas agora a sua mente estará aberta, e só então poderá sentir o próximo como irmão. Você chegou à fraternidade, e religião nada mais é do que religação a Deus que se dá através do próximo.
Por José Matos, Brasília - DF - BRASIL.
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