Como dizia Rubem Braga, a poesia é necessária. Vamos então publicar um soneto do genial poeta, filósofo e político português Antero de Quental, que viveu entre 1842 e 1891.
###
COM OS MORTOS
COM OS MORTOS
Os que amei, onde estão? Idos, dispersos,
arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos…
arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos…
E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos…
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos…
Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,
Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem.
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem.
Antero de Quental, in “Sonetos”
Da 'Tribuna da Internet' de 30-6-12
Comentários
Postar um comentário