BB VAI ENTERRAR R$1,5 BI NO VOTORANTIM
BB vai enterrar R$ 1,5 bilhão no Votorantim
Estadão confirma furo do 247: Banco do Brasil precisará socorrer instituição financeira dos Ermírio de Moraes, com aporte bilionário; Nelson Barbosa, secretário-executivo da Fazenda, era contra solução proposta por Aldemir Bendine
Brasil 247 – Na sua edição deste sábado, o Estado
de S. Paulo confirma furo de reportagem publicado pelo 247 na
segunda-feira. O Banco do Brasil irá mesmo socorrer o Votorantim, dos
Ermírio de Moraes, fazendo um aporte de R$ 1,5 bilhão na instituição
financeira. Comprado por R$ 4,2 bilhões em 2009, o Votorantim tem
apresentado péssimos resultados – o prejuízo foi de R$ 597 milhões – no
primeiro trimestre do ano e precisará novamente de socorro.
De acordo com a reportagem do Estado de S. Paulo, os Ermírio de
Moraes também colocarão R$ 1,5 bilhão na instituição financeira. Assim,
as participações acionárias seriam mantidas: 49,99% para o BB e 50,01%
para os controladores do Votorantim. Ainda não está claro, no entanto,
de onde virão os recursos dos Ermírios de Moraes para capitalizar um
banco que tem penado com a altíssima inadimplência no setor de
financiamento de veículos.
Leia, abaixo, reportagem anterior do 247 sobre o caso:
Exclusivo: BB tenta injetar R$ 1,5 bi no Votorantim
O Banco do Brasil, comandado por Aldemir Bendine, tem uma
bomba-relógio na mão: é o Votorantim, que não para de perder dinheiro;
em abril, um pedido de aporte bilionário foi levado ao conselho,
presidido por Nelson Barbosa, mas não foi aprovado; confira documentos
internos obtidos pelo 247
247 – No dia 21 de abril deste ano, o conselho de
Administração do Banco do Brasil se reuniu para deliberar sobre vários
temas importantes, como o próprio resultado financeiro da instituição.
Discutiu-se naquela reunião, no entanto, um assunto muito mais
explosivo. Tratava-se de um pedido de aporte de R$ 1,5 bilhão, que seria
feito pelo BB em uma de suas subsidiárias: o Banco Votorantim,
adquirido em janeiro de 2009, numa operação bastante polêmica. Por
49,99% das ações, o BB pagou R$ 4,2 bilhões.
Na reunião do dia 21 de abril, o presidente do Banco do Brasil,
Aldemir Bendine, levou ao presidente do conselho da instituição, Nelson
Barbosa, um “prato pronto”. Tratava-se de uma solicitação para que o BB
aportasse nada menos que R$ 1,5 bilhão no Votorantim, que tem
apresentado sucessivos prejuízos – foram R$ 597 milhões no primeiro
trimestre deste ano.
No encontro, Bendine teria dito a Barbosa que o assunto já havia sido
tratado com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. E foi então que
Barbosa, frequentemente lembrado como possível sucessor de Mantega, se
irritou. Diante de vários interlocutores, ele disse a Bendine que
fizesse então com que o ministro da Fazenda assinasse o aporte
bilionário.
Coincidência ou não, no dia 25 de abril deste ano, o tema foi
retirado da pauta do conselho diretor do Banco do Brasil, onde o
responsável pela condução do assunto tem sido o vice-presidente de
Finanças, Ivan Monteiro. Sem o aval de Nelson Barbosa, que tem relação
direta com a presidente Dilma Rousseff, para o aporte, o BB tenta agora
encontrar uma nova saída para o Votorantim. Uma das possibilidades é a
transferência de créditos podres dos bancos públicos para uma nova
estatal que seria chamada de Empresa Gestora de Ativos (Emgea), como foi
adiantado pelo 247. Outra possibilidade em discussão é a compra pelo
BB, do restante das ações do Votorantim, da família Ermírio de Moraes.
Gestão é do BB
O caso Votorantim é problemático para a direção atual do Banco do
Brasil porque, nos últimos três anos, a gestão está nas mãos da própria
instituição. Para o conselho do Votorantim, o BB indicou o presidente
Aldemir Bendine e dois vices: Ivan Monteiro e Paulo Caffarelli. Os
prejuízos, ao contrário do que ocorreu, por exemplo, com o Panamericano,
não foram herdados. Nasceram na gestão atual.
Internamente, o pedido de aporte do Votorantim ao BB dividiu a
instituição. Um dos vice-presidentes que se mostrou refratário ao
negócio foi justamente Ricardo Oliveira, da área de Governo, que acaba
de ser demitido, em razão de um escândalo recente envolvendo quebra de
sigilo bancário, e se sentiu abandonado pela atual gestão.
Ivan Monteiro tem o apoio incondicional de Bendine e Caffarelli. Ele é
o candidato da dupla para a presidência da Previ, o fundo de pensão dos
funcionários do banco, hoje comandado por Ricardo Flores. No entanto, o
rombo do Votorantim, provocado pela alta inadimplência no financiamento
de veículos, pode atrapalhar seus planos.
De acordo com documentos internos do BB, obtidos pelo 247, os aportes
seriam realizados em três parcelas de R$ 500 milhões. Como Nelson
Barbosa vetou a injeção de capital, tenta-se agora resolver o problema
do banco com a limpeza de seu balanço e a transferência de créditos
podres para a Viúva. Veja, abaixo, os documentos:
Na imagem abaixo, o parecer do BB que solicita ao Conselho de Administração aporte de R$ 1,5 bilhão no Banco Votorantim:
Na imagem abaixo, a informação de que o tema foi retirado da pauta do conselho diretor, em razão de veto superior:
Na imagem abaixo, o cronograma que estava previsto para os aportes, em três parcelas de R$ 500 milhões:
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