SEGUNDA EDIÇÃO DE TERÇA-FEIRA, 11 DE DEZEMBRO DE 2018

NO O ANTAGONISTA
O casebre do assessor
Terça-feira, 11.12.18 07:44
O Globo mostrou o lugar em que mora o assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício José Carlos de Queiroz, que movimentou mais de um milhão de reais entre 2016 e 2017.
A se julgar por seu casebre, o dinheiro não foi para ele.

AS ‘NOTAS GELADAS’ DE AÉCIO NEVES
11.12.18 07:48
A Polícia Federal acaba de divulgar informação oficial sobre a operação de hoje, batizada de Ross – numa referência ao explorador britânico que dá nome à maior plataforma de gelo do mundo na Antártida.
Segundo a PF, boa parte da propina da JBS foi paga ao esquema de Aécio Neves por meio de notas frias.
Desdobramento da Operação Patmos, essa nova investigação tem como alvo três senadores e três deputados federais, entre os anos de 2014 e 2017.
Como O Antagonista antecipou, além de Aécio, são investigados os senadores Anastasia, Agripino Maia; além dos deputados Paulinho da Força, Cristiane Brasil e Benito Gama.
Aproximadamente 200 policiais federais dão cumprimento a 24 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, e realizam 48 intimações para oitivas.
As medidas estão sendo cumpridas no Distrito Federal e nos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Tocantins, e Amapá.
São investigados os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

A pedido de Aécio, Anastasia concedeu benefício tributário à JBS
11.12.18 07:53
Por Claudio Dantas
As investigações da PGR e da PF apontam ato de ofício do então governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, na restituição de créditos de ICMS para o grupo JBS.
Segundo os investigadores, Anastasia atuou a pedido de Aécio Neves, que negociou a contrapartida com os executivos.

Renan pode dar Conselho de Ética ao PT
11.12.18 07:57
O PT deve apoiar Renan Calheiros, o velho parceiro de Lula, para o comando do Senado.
Segundo o Estadão, o partido pode levar em troca a presidência do Conselho de Ética, por onde passam todas as denúncias contra senadores, dos réus da Lava Jato a Flávio Bolsonaro.

Brasil deve permanecer no Acordo de Paris
11.12.18 08:10
O futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse à Reuters que o Brasil deve permanecer no Acordo de Paris:
“A minha tendência é dizer que nós não devemos deixar o acordo. Mas, por outro lado, isso também não significa que nós devemos aceitar toda e qualquer sanção, restrição e programa de maneira indiscutível. Todos os países têm que respeitar a autonomia brasileira para gerir seu território e decidir suas políticas do meio ambiente internamente”.

4 milhões de reais para filme sobre João de Deus
11.12.18 08:41
A Ancine autorizou na última quarta-feira a captação de 4 milhões de reais para a cinebiografia de João de Deus, diz o Poder 360.
É preciso abolir o financiamento público à cultura.

Aécio com Renan
11.12.18 09:27
Aécio Neves, alvo da PF, vinha atuando nos bastidores a favor de Renan Calheiros – e contra Tasso Jereissati – no comando do Senado, diz a Crusoé.
“Quem tem voto é o Renan”, disse Aécio recentemente a um parlamentar envolvido nas tramas do Senado.
Leia a nota completa aqui.

O Pai Nosso de João de Deus
11.12.18 09:51
Uma mulher contou a O Globo que foi abusada quatro vezes por João de Deus.
“De acordo com a paulista, de 28 anos, enquanto a fazia masturbá-lo, o médium rezava o Pai Nosso.”

“Tem um terceiro turno no ar”
11.12.18 10:15
Onyx Lorenzoni disse que o caso do assessor de Flávio Bolsonaro tem de ser investigado:
“Tem um terceiro turno que está no ar. O vazamento foi por advogados. Mas que tem que ter investigação e que tem que explicar, acho que não tem nenhuma dúvida.”
Ele disse também que isso não deve afetar o presidente eleito:
“Como ele vem sendo vítima de ataques sistemáticos no último ano, um a mais ou um a menos para o eleitor que votou nele não faz a menor diferença. E não é consistente, não tem nem investigação aberta. Na verdade, não é R$ 1,2 milhão. É R$ 600 mil que entrou e R$ 600 mil que saiu. Aí a gente começa a ver a maldade.”

PF pediu prisão de Aécio
11.12.18 10:23
A PF pediu a prisão domiciliar de Aécio Neves, de sua irmã Andréa Neves e dos deputados federais Cristiane Brasil, Benito Gama e Paulinho da Força.
Os pedidos, diz O Globo, foram negados pela PGR e pelo ministro do STF Marco Aurélio de Mello.

NO BLOG DO JOSIAS
Lula foi de incendiário a pacificador em 8 meses
Por Josias de Souza 
Terça-feira, 11/12/2018 | 05h18
Autoproclamado "metamorfose ambulante", Lula exagera no truque da manipulação da própria imagem. Em abril, transformou num culto aos pneus queimados e às propriedades invadidas o seu último comício antes de se entregar à Polícia Federal, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Nesta segunda-feira, Lula enviou carta para ser lida num evento realizado no mesmo sindicato. Nela, trocou o discurso incendiário pela louvação à paz e fraternidade. 
Aquele Lula do dia da prisão dissera que a cadeia não iria silenciá-lo, porque seus devotos fariam barulho por ele. "Vocês poderão queimar os pneus que vocês tanto queimam. Poderão fazer as passeatas que tanto vocês queiram, fazer ocupações no campo e na cidade…" 
O Lula desta segunda-feira condenou o "discurso do ódio". E vaticinou: "Ainda iremos construir um mundo de paz e fraternidade, onde todos e todas, sem exceção tenham direito a uma vida digna…" 
Entre o Lula incendiário de abril e este Lula pacifista de dezembro há oito meses de cadeia, uma surra eleitoral, duas delações companheiras de Antonio Palocci e um sem-número de derrotas judiciais. 
O presidiário planejara ganhar a liberdade acuando juízes com a militância incendiária do PT e o "exército" de João Pedro Stédile, do MST. Entretanto, secaram as fontes de dinheiro público para sindicatos e movimentos sociais. Sem a condução e o sanduíche, faltou ânimo à multidão para sair de casa. 
Por uma dessas ironias fatais, o PT e seus aliados reuniram-se em São Bernardo para pedir a liberdade de Lula no mesmo dia em que Jair Bolsonaro foi diplomado pela Justiça Eleitoral, em Brasília. 
Simultaneamente, celebrou-se neste 10 de dezembro o aniversário de 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Momentaneamente trancado dentro da sua pose de coitadinho, Lula citou na carta três heróis de lutas pacíficas: Martin Luther King, Nelson Mandela e Mahatma Gandhi.
Como que decidido a se comparar aos mártires, Lula realçou que Mandela passou 27 anos numa cadeia do regime do apartheid. A tentativa de estabelecer uma analogia é vã e ofensiva. O esforço é vão porque já foi tentado antes. E serviu apenas para potencializar o antipetismo que elegeu Bolsonaro. Ele ofende porque qualquer criança sabe que King, Gandhi e Mandela não alisaram a cabeça de corruptos nem desfrutaram confortos bancados com verbas sujas. Antes de Lula ser passado na tranca, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, ameaçava: "Para prender o Lula, vai ter que prender muita gente. Mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que matar." 
Hoje, com a Lava Jato no seu próprio calcanhar, a senadora declara-se amedrontada. "Tememos muito pela segurança do presidente Lula", disse Gleisi. "Primeiro, pelas declarações do presidente eleito, dizendo que Lula tem que apodrecer na cadeia, ou que os petistas têm que ser exterminados." Ironicamente, Lula soou na carta atribuída a ele bem menos dramático: "Tenho certeza de que tenho o sono mais leve e a consciência mais tranquila do que aqueles que me condenaram." 
Mantido o timbre atual, Lula vai acabar convencendo o Judiciário de que a cadeia fez tão bem à sua alma que merece ser esticada ao máximo.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Terça-feira, 11 de dezembro de 2018
Agendas para Bolsonaro e Mourão
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
Devidamente diplomados e prontos para tomar posse dia 1º de janeiro, Jair Bolsonaro e Antônio Mourão têm, a partir de agora, uma missão imediata: a definição de duas Agendas. Uma, tática e operacional, para ser amplamente divulgada na cerimônia de posse. Outra, estratégica, para ser conhecida pelos mais fundamentais dos 22 ministros, que não deve ser alardeada publicamente e, muito menos, vazada, para ser colocada em prática pelos integrantes do Governo.
A Agenda pública tem de conter as ações imediatas que o eleitorado definiu como um ultimato: medidas imediatas para a segurança pública; ataque à Corrupção; e melhoria econômica. 
Um milhão de perdões aos tecnocratas, mas a reforma da Previdência não foi uma prioridade definida pelos eleitores. Ignorar isto será um erro imperdoável de comunicação: falar de um tema espinhoso, na hora errada. A burrada foi cometida nesta transição governamental...
Na hora certa, a reforma previdenciária deve ser debatida abertamente, porque mexe com o futuro das pessoas. Porém, Bolsonaro e Mourão não podem criar e muito menos cair na armadilha da marketagem errada. Presidente e Vice não podem permitir que burocratas abram espaço para um assunto que só gera desgastes, para alegria da mídia inimiga e que só é prioritário, de verdade, para os banqueiros interessados em lucrar com a capitalização.
A dupla Bolsonaro/Mourão tem uma prioridade entre si: precisa demonstrar ao público que prevalece um bom entrosamento e uma harmonia pessoal entre o Presidente e o Vice. Também deveriam mandar a turma próxima parar de chamá-los de Capitão e de General. Essa é outra armadilha que a mídia inimiga adora explorar, para transmitir a falsa imagem de um “governo militarizado”, associado à também falsa imagem consolidada de “ditadura” do passado.
O Palácio do Planalto não é um quartel, por mais militares e ex-oficiais que abrigue. O negócio agora é o presente e o futuro. 
Bolsonaro e Mourão já foram “aposentados” da profissão militar: um foi reformado há muito tempo e o outro foi para a reserva. Não são mais militares, apesar da origem. Jair e Antônio viraram políticos. Já foram diplomados Presidente e Vice. Por delegação constitucional, Jair será Comandante-em-chefe das Forças Armadas, sem necessidade de vestir farda como já o fez, impropriamente, Nelson Jobim (que nunca foi Presidente, mas que agora é um daqueles banqueiros interessadíssimos na reforma previdenciária)...
Por falar em Constituição, a Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, a supre magistrada Rosa Weber, aproveitou muito bem seu longo e meio chato discurso na diplomação de Bolsonaro e Mourão. Taticamente, Rosa usou como gancho os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU para mandar um recado subliminar à dupla que toma posse. O Judiciário exige que eles cumpram a agendinha global das Nações Unidas – que é uma bandeira da esquerda derrotada no voto, mas não na eficácia do discurso midiaticamente hegemônico.
Aquele papo todo arrumadinho, em juridiquês, foi como se a Rosa dissesse para Bolsonaro e Mourão para tomarem todo o cuidado na hora da repressão pesada contra o Crime – desde o bem organizado entre os poderosos até às facções narcoguerrilheiras (que têm enfoque comercial ilegal, mas, também, político ideológico). Rosa sinalizou, simbolicamente, que a cúpula do Judiciário será um obstáculo, se os tais direitos humanos não forem respeitados.
Voltando à agenda, Bolsonaro tem de comparecer ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, nos Alpes Suíços. Só precisa viajar com a clareza de que o evento anual, entre os dias 22 e 25 de janeiro, é um mero espetáculo para os controladores globalitários do Planeta darem seu showzinho de vaidosa exibição de força e poderio.
Por isso, Bolsonaro deve suportar o frio e cumprir dois objetivos básicos. Primeiro, mostrar aos poderosos que um novo Brasil vem aí, equilibrando soberania com negócios na medida certa. Segundo, deixar claro aos gringos que ele não é aquele “fascista” que a oposição pintou lá fora...
Antes da primeira viagem internacional, Bolsonaro precisa priorizar a saúde. Deve marcar, para depois de Davos, a cirurgia para reconstrução da ligação intestinal. Quinta-feira, Bolsonaro deve definir a parada com seu médico Antônio Macedo, em reunião/consulta no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Bolsonaro continua usando aquela incômoda bolsa de colostomia... Lembram que ele tomou uma covarde facada?... Ou só recordam da Marielle?... A coitada morreu... Bolsonaro não foi assassinado por milagre... Será que a Rosa e os demais cravos com espinho do Judiciário lembram daquele atentado aos direitos humanos, ocorrido em 6 de setembro?...
(...)

NO BLOG DO MERVAL PEREIRA
Catão dos outros
POR MERVAL PEREIRA
Terça-feira, 11/12/2018 | 04:30
O presidente eleito, e agora diplomado, Jair Bolsonaro, chega ao momento da posse devendo uma explicação plausível sobre o caso de Fabrício Queiroz, seu amigo pessoal há 40 anos, como afirmou, e motorista de seu filho, senador eleito Flávio Bolsonaro, que teve um movimento financeiro detectado pelo Coaf ( Conselho de Controle de Atividades Financeiras) de R$ 1,2 milhão tendo um salário de R$ 8,5 mil por mês.
A explicação do presidente para vários depósitos, num total de R$ 24 mil, para a futura primeira-dama Michelle, é plausível: tratar-se-ia de pagamento de um empréstimo, que não foi declarado no Imposto de Renda. Até aí, nada grave.
É normal ajudar funcionários em dificuldade, e receber pagamentos parcelados, tudo de maneira informal. Não declarar no IR pode ser uma falha, nunca um crime. A coisa começa a pegar quando o presidente, e seu futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, consideram que, com a explicação, o caso sai de suas alçadas e vai para a do próprio Fabrício.
Nem mesmo do filho Flávio é cobrada qualquer explicação para a movimentação de dinheiro de seus funcionários na Assembleia Legislativa, onde atuava como deputado estadual.
É claro que, mesmo que tenha dado uma explicação para o caso de sua mulher, o comportamento dos filhos alcança o presidente, assim como as acusações contra Lulinha alcançam Lula, mesmo que as quantias conhecidas sejam consideravelmente menores.
À boca pequena sabe-se, sem que tenha sido investigado e comprovado ainda, que parlamentares de maneira geral, com raras exceções, e em todos os níveis de representação, costumam, e não é de hoje, cobrar um pedágio de seus funcionários.
Como os salários nesses casos são muito acima do mercado de trabalho - outra disfunção do Legislativo - os funcionários não se incomodam de dar uma parcela para quem os contrata. Mas é um procedimento completamente ilegal, como é ilegal a utilização de Caixa 2 para financiamento de campanhas eleitorais, mas todo mundo fazia, ou faz, como está revelando a Operação Lava-Jato. Inclusive o deputado Onix Lorenzonni, futuro Chefe do Gabinete Civil, que admitiu o uso de Caixa 2.
Nesse caso, a suspeita é que o motorista Fabrício servia de “laranja” para a família Bolsonaro, recebendo em sua conta a percentagem de cada um dos funcionários de Flávio. Este deveria ser um caso simples de ser desmentido.
Mas como até agora, passados vários dias da denúncia, o motorista não apareceu para dar uma explicação crível para tamanha movimentação financeira - R$ 600 mil recebidos e saídos de sua conta -, fica cada vez mais difícil acreditar que nada de errado tenha acontecido.
É preciso definir se aconteceu o esquema, e, em caso positivo, por quantos anos a família Bolsonaro se utilizou dele, que até agora não foi desmentido por provas consistentes. Além do próprio Jair Bolsonaro, deputado federal por 27 anos, que empregava até mesmo uma funcionária que vendia açaí em Búzios, há Flávio, hoje senador eleito que era deputado estadual, o deputado federal Eduardo, anteriormente deputado estadual, e o vereador Carlos.
O futuro ministro da Justiça Sérgio Moro, que terá a seu pedido, para melhor combater a corrupção, o Coaf como órgão subordinado, não deveria dizer que, para ele, a explicação do presidente eleito está dada. Não é razoável exigir que fizesse uma crítica ao presidente ou à sua família, mas não deveria banalizar o assunto.
Se tratar assim todos os indícios de lavagem de dinheiro que aparecerem na sua frente, terá mudado de atitude diante dessas irregularidades. Logo ele, um juiz rigoroso com os mínimos indícios, e que tem demonstrado que eles, quase sempre, levam a descobertas de esquemas de corrupção graves.
Bolsonaro se elegeu, entre outras coisas, por apresentar-se como um combatente contra a corrupção. O convite a Moro para integrar seu ministério teve o sentido de reafirmar simbolicamente essa luta, e por isso foi aprovado pela opinião pública.
Não se pode ser Catão com os outros sem ser Catão consigo mesmo.

NO PUGGINA.ORG
NA ESCOLINHA DO PROFESSOR RENAN CALHEIROS
Por Percival Puggina 
Artigo publicado terça-feira, 11.12.2018
Profissionais da mente humana – psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, neurologistas – deveriam dedicar maior atenção a um fenômeno recorrente, que afeta as atividades cerebrais de milhares de pessoas, periodicamente, em todo País. 
Tais especialistas sabem que para obter mudanças de conduta e orientação são necessários anos de terapia, muito aconselhamento e acompanhamento, quando não caixas de remédio tarja preta. Não raro para obter resultados incertos.
Pois mesmo assim, feitas as imprescindíveis exceções das quais falaremos adiante, basta uma vitória eleitoral para que candidatos idealistas se transformem em pragmáticos e frios contabilistas de votos. Estadistas de campanha se convertem em políticos cujo único critério de decisão se extrai de uma planilha de perdas e ganhos eleitorais em cujas duas colunas o efetivo interesse público magicamente desaparece. Afinal, há uma nova eleição logo ali adiante, sabe como é.
Segundo Ayn Rand, o altruísmo é uma perversão e o egoísmo uma virtude que faz o mundo girar positivamente. Ora, não deixa de ser paradoxal, perante essa exótica crença, esperar que políticos renunciem ao instinto de preservação de seus mandatos para aprovar projetos tão necessários quanto impopulares.
Por isso, nos parlamentos, em nome desse flagelo representado pela contabilidade eleitoral tomada como critério supremo das decisões políticas, necessárias reformas são rejeitadas enquanto absurdos patrimonialistas, pautas-bombas e insustentáveis demandas corporativas são aprovadas. É com essa política que estamos habituados. Em ampla maioria, os que se dedicam à disputa eleitoral têm seus mandatos gabaritados pelo egoísmo.
Eleitores tendem a rejeitar qualquer sacrifício, aparente ou real, que lhes seja imposto por uma reforma trabalhista, por uma reforma previdenciária, por uma privatização ou corte no tamanho do Estado, principalmente enquanto subsistem gritantes assimetrias de tratamento. Como imaginar, então, que parlamentares atentos apenas ao próprio interesse eleitoral, aprovem tais medidas? A soma algébrica de votos ganhos e perdidos é altamente desfavorável ao bem nacional.
Eis aí o problema do Brasil, nesta hora de mudança. A conduta do Congresso Nacional cujo mandato se extingue em poucos dias levou tudo isso ao clímax. E note-se: a maioria dos que assumiram mandatos em 2015, ali entraram com discurso de estadista. Em grande maioria, porém, passaram pela automática, quase instantânea, transformação de mentalidade a que me referi no início deste texto. Aderiram à escolinha do professor Renan Calheiros.
Nossa esperança recairá, então, sobre a qualidade moral de uns poucos. Quais? Alguns leitores destas linhas haverão de estranhar, mas dias melhores para o Brasil, se vierem, virão dos que generosamente forem capazes de renunciar ao interesse próprio; pôr em jogo seus mandatos; aprovar sacrifícios, extinguir privilégios, promover cortes de ganhos para si e para os outros com vistas ao bem de todos; atuar com sentimento de solidariedade em relação às urgências reais da população. E desagradar os poderosos. 
Nossa esperança recai, enfim, no bom exemplo e no trabalho de convencimento exercido por aqueles que, eleitos, preservam o misto de indignação e esperança que os levou à política.


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