PRIMEIRA EDIÇÃO DE DOMINGO, 22-7-2018

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
DOMINGO, 22 DE JULHO DE 2018

Ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Sepúlveda Pertence entrou numa fria ao juntar-se à defesa do ex-presidente Lula, achando que a prioridade era livrá-lo da cadeia. E se viu desautorizado ao pedir prisão domiciliar para o corrupto condenado. Jurista brilhante, percebeu o equívoco da defesa baseada em petições-panfleto do PT de São Paulo, na estratégia de vitimização que se revelou catastrófica no Judiciário. Tentou adotar teses jurídicas, mais técnicas, e se deu mal.

O jurista técnico não notou que a questão, companheiro, era política. Incluindo a briga de foice interna, no PT, para a sobrevivência eleitoral.

O PT-SP, que banca a defesa panfletária, precisa de Lula preso para se sobrepor a ele. Ali, odeia-se a ideia de que Lula é maior que o PT.

Generoso, Pertence esqueceu o histórico de desfeitas de Lula, como quando “esqueceu” que o convidou a ser vice, e abraçou sua defesa.

Sepúlveda Pertence atuou para Lula pro-bono, sem remuneração. Foi atropelado pela vaidade e no despreparo dos garotões panfletários.

O governo federal gastou R$ 320,3 milhões do orçamento em passagens, hospedagens e diárias de servidores, apenas no primeiro semestre de 2018. Desse total, o governo esconde R$49,3 milhões sob a velha desculpa de “garantia da segurança da sociedade e do Estado” e não revela os destinos dessas viagens. Os principais destinos das viagens (a serviço) são Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.

Após sumir com notas de R$20 e R$10 de caixas eletrônicos, o Banco do Brasil aperfeiçoou o abuso e os terminais dizem ter as cédulas, mas na hora do saque, saem só notas de R$ 50. O correntista que se vire.


…a Copa acabou, o Brasileirão voltou, mas o campeonato que todo mundo quer ver só acaba dia 7 de outubro.

NO BLOG DO JOSIAS
Bolsonaro é fenômeno com calcanhares de vidro
Por Josias de Souza
Domingo, 22/07/2018 05:06
O que é um fenômeno? Um deputado de ultradireita não é um fenômeno. O endeusamento de Donald Trump não é um fenômeno. Pesquisa eleitoral não é um fenômeno. Fenômeno é um apologista de Trump liderar as pesquisas presidenciais no Brasil recitando teses de ultradireita. Com a aclamação de sua candidatura pelo raquítico PSL, neste domingo, Jair Bolsonaro consolida-se como grande surpresa da temporada eleitoral de 2018. Mas o fenômeno, indica o Datafolha, tem calcanhares de vidro que dificultam sua caminhada até o Palácio do Planalto.
Com Lula fora da raia, Bolsonaro lidera o páreo presidencial com 19%, informa a sondagem mais recente do Datafolha, divulgada em junho. Entretanto, um terço do eleitorado desenvolveu uma ojeriza pelo fenômeno — 32% dos entrevistados disseram que jamais votariam no capitão. Bolsonaro tem dificuldades para crescer. Mais: nas projeções de segundo turno, sua liderança derrete.
Se não estivesse inelegível, Lula (49%) surraria Bolsonaro (32%) num hipotético segundo round. Marina Silva (42%) colocaria dez pontos de vantagem sobre o fenômeno (32%). Ciro Gomes (36%) subiria ao ringue estatisticamente empatado com a novidade (34%). Até Geraldo Alckmin (33%) emparelharia suas luvas com as de Bolsonaro (33%), num empate matemático.
Numa eleição imprevisível, em que 33% dos eleitores chegam à beira da urna sem ter escolhido um candidato, tudo pode acontecer. Mas a liderança de Bolsonaro tem, por ora, a solidez de um pote de gelatina. Sem alianças, o candidato terá algo como sete segundos para vender o seu peixe no horário eleitoral. Mal dá para pronunciar o nome.
Bolsonaro alardeia que vencerá a eleição no primeiro turno, fazendo suas barricadas na internet. Em política, impossível não é senão uma palavra que contém o possível. Mas Valdemar Costa Neto, um PhD em poder, preferiu tomar distância. Ao farejar o risco de Bolsonaro dar com os burros n’água, o dono do PR decidiu apostar num burro mais seco. Entregou o tempo de propaganda do seu partido para o tucano Geraldo Alckmin, estimulando as outras legendas do chamado Centrão a fazer o mesmo.
O fenômeno arrancou a extrema-direita do esconderijo entoando raciocínios que transformaram o candidato numa espécie de porta-voz do desalento. Bolsonaro captou no ar o sentimento do armário. Há quatro meses, ao filiar-se ao PSL, declarou que seu modelo é Donald Trump, “um exemplo para nós seguirmos.”
Na área da segurança pública, sua prioridade é liberar as armas, aproximando o Brasil dos Estados Unidos, país onde estudantes adolescentes matam colegas de classe com armas compradas na loja da esquina. Apoiado pela Bancada da Bala, Bolsonaro deseja vitaminar o grupo no Congresso. “Quem sabe teremos aqui a bancada da metralhadora”, vaticinou. “Violência se combate com energia e, se necessário, com mais violência”.
No rol de inimigos de Bolsonaro, “marginais” e “vagabundos” dividem espaço com os homossexuais. “Um pai prefere chegar em casa e ver o filho com o braço quebrado no futebol, e não brincando de boneca”, declarou. “Casamento é entre homem e mulher. E ponto final”.
No final do ano passado, Bolsonaro classificou a turma do MST de “terrorista”. Propôs um tratamento implacável: ''A propriedade privada é sagrada. Temos que tipificar como terroristas as ações desses marginais. Invadiu? É chumbo!'' Chegou mesmo a defender o uso de ''lança-chamas'' contra os liderados de João Pedro Stédile.
Deputado federal de sete mandatos, Bolsonaro às vezes soa como se os seus 27 anos de Congresso fossem um mero asterisco. ''Se o Kim Jong-un jogasse uma bomba H em Brasília e só atingisse o Parlamento, você acha que alguém ia chorar?”, indagou numa palestra, arrancando risos da plateia.
De economia Bolsonaro reconhece que não entende bulhufas. Nessa matéria, o candidato tornou-se uma espécie de jarro vazio, dentro do qual o economista Paulo Guedes despeja o seu receituário liberal. Guedes disse que, num eventual governo Bolsonaro, seriam mantidos em seus postos membros da equipe econômica da gestão de Michel Temer, um presidente reprovado por oito em cada dez brasileiros.
Dogmático aos 63 anos, Bolsonaro comporta-se como se já não tivesse idade para aprender mais coisas. Polêmico, também não exibe a sabedoria dos políticos que aprenderam a ocultar o que ignoram. Para um candidato assim, tão controverso, a tarefa de reduzir antipatias é mais complicada. O fenômeno terá que se desdobrar se não quiser passar à história como o presidente mais fenomenal que o Brasil jamais terá.

Minha Cela, Meu Palanque!
Por Josias de Souza
Sábado, 21/07/2018 23:55

Alckmin sofre a primeira chantagem do Centrão
Por Josias de Souza
21/07/2018 02:30
Menos de 24 horas depois de celebrar um acordo pré-nupcial com o centrão, Geraldo Alckmin se deu conta de que um matrimônio político, quando se baseia apenas no interesse, transforma-se rapidamente em patrimônio. Percebeu que, para o deputado Paulinho da Força, proprietário do Solidariedade, um dos partidos do grupo, a fidelidade conjugal só é possível a três. A união com Alckmin ainda nem foi sacramentada e Paulinho já acena para Ciro Gomes.
Conforme já noticiado aqui, Paulinho, um cacique da Força Sindical, combinara com sua tribo que condicionaria o apoio a Alckmin à volta do imposto sindical, que obriga trabalhadores a entregarem um dia de labuta para os sindicatos. Na quinta-feira, após reunião do alto comando do centrão com o candidato tucano, informou-se que Alckmin concordara em incluir na sua agenda a criação de nova fonte de renda para as arcas sindicais.
Nesta sexta-feira, em nota veiculada no Twitter, Alckmin levou o pé atrás: “Ao contrário do que está circulando nas redes, não vamos revogar nenhum dos principais pontos da reforma trabalhista. Não há plano de trazer de volta a contribuição sindical.”
Ao contrário do que está circulando nas redes, não vamos revogar nenhum dos principais pontos da reforma trabalhista. Não há plano de trazer de volta a contribuição sindical.
Antes mesmo da veiculação da mensagem do candidato, Paulinho já havia sinalizado para o staff de Ciro, com quem parecia fechado dois dias antes, a intenção de trair Alckmin. Como de hábito, impôs uma condição: entregaria os segundos de propaganda do Solidariedade a Ciro desde que o PSB e o PCdoB fizessem o mesmo.
Do lado de Ciro, o aceno de Paulinho foi recebido com desconfiança. Um dos operadores políticos de Alckmin chamou de chantagem a tentativa de adultério pré-nupcial de Paulinho
Quem observa o vaivém da política percebe o seguinte: das várias maneiras de se atingir o desastre nesse ramo, a incoerência é a mais rápida; a solidão, a mais inofensiva; e a aliança com o centrão, a mais cara.

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