PRIMEIRA EDIÇÃO DE 04-6-2017 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
DOMINGO, 04 DE JUNHO DE 2017
Restou uma certeza no 6º Congresso do PT, realizado em Brasília, desde o documento que serviu de base aos debates até as declarações dos lulistas, majoritários no partido: a ex-presidente Dilma Rousseff será “sacrificada”, nas eleições de 2018, para que o PT tenha chance de permanecer vivo. Próceres petistas, inclusive ex-integrantes do seu governo, se revezaram nas críticas à gestão desastrosa de Dilma.
O PT agora acusa a política econômica de Dilma, e não o “golpe” que tanto “denunciou”, como principal causa do impeachment.
Se fez “mea culpa” da sua trágica política econômica, o PT acha que petistas condenados por roubar são “vítimas do estado de exceção”.
Satanizar a política econômica de Dilma cumpre a estratégia de realçar, em contrapartida, os “acertos” da política econômica de Lula.
A falta de talento e sobretudo de paciência de Dilma, no entendimento com a classe política, também foi destacado no Congresso.
Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, réu na Lava Jato, ainda resiste à insistência de aliados, amigos e até de familiares para fechar acordo de delação premiada. Eles dizem que Cunha fica calado quando ouve esses apelos, “enigmático”. O deputado foi preso em outubro de 2016, pouco mais de um mês após perder o mandato de deputado por ter mentido à CPI da Petrobras sobre contas na Suíça.
Para a Procuradoria-Geral da República, a “suspensão temporária” do WhatsApp, impedindo que mais de 100 milhões de brasileiros o utilizem para se comunicar, “não viola direitos”, nem a liberdade de expressão.
Punir 100 milhões de usuários porque o Whatsapp não entrega o que não tem (gravação de bilhões de mensagens) é como proibir os Correios de distribuir cartas porque não entregou à Justiça, como solicitado, cópia de correspondência enviada por um suspeito.
A Comissão de Fiscalização da Câmara promete fazer uma verdadeira devassa nas jogadas financeiras do grupo J&F/JBS, dos Batista. A investigação foi proposta pelo deputado Carlos Melles (DEM-MG).
“Balão de ensaio” de deputados de oposição “lançou” o ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PCdoB) como “vice” de Rodrigo Maia, em eventual eleição indireta para presidente. Aldo negou.
Após o badernaço que quase destruiu a Esplanada dos Ministérios, dia 24, a Polícia Federal investiga “receitas” e “guias” compartilhados nas redes sociais ensinando novas táticas de guerrilhas, incluindo a manufatura de bombas com utensílios caseiros, como desodorantes.
O Senado discute em audiência pública, nesta terça (6), a MP 772, que altera a lei da inspeção de produtos de origem animal, após a operação da PF que identificou até papelão em carnes da JBS/Friboi. A multa por infração, segundo a MP, passa de R$25 mil para R$ 500 mil.
Dos R$151 milhões pagos em diárias a servidores federais até 31 de maio, R$22 milhões estão protegidos por sigilo e o contribuinte otário jamais saberá para quem e por que gastamos essa dinheirama.
Dos 88.650 beneficiados por diárias, no governo federal, um servidor do INSS e outro do DNIT receberam mais de R$100 mil, além dos salários, só entre janeiro e maio. A dupla embolsou R$252.884,90.
...seria até engraçada, não fosse trágica, a tentativa de transformar em notícia negativa o crescimento de 1% do PIB, após dois anos de queda.

NO DIÁRIO DO PODER
PRIMEIRA MULHER
COERENTE, PT ELEGE ENROLADA NA LAVA JATO PARA PRESIDIR O PARTIDO
RÉ POR CORRUPÇÃO PRESIDE O PARTIDO DOS GOVERNOS CORRUPTOS
Publicado: sábado, 03 de junho de 2017 às 18:06 - Atualizado às 01:40
Redação
A senadora Gleisi Hoffmann (PR) foi eleita neste sábado (3) a presidente do PT com 60% dos votos, para o comando da legenda nos próximos dois anos. Em segundo lugar ficou o senador Lindbergh Farias com 38% dos votos. Ela ocupa o lugar que era de Rui Falcão.
A eleição ocorreu durante o sexto Congresso Nacional do PT, realizado em Brasília, e foi marcado por ausências, digamos, determinadas por "motivo de força maior": estão presos, acusados de corrupção. São os casos de José Dirceu, agora em prisão domiciliar, e João Vaccari Neto, ex-tesoureiro, que cumpre pena em Curitiba. Ambos foram homenageados como "heróis", no congresso.
A lider do PT no Senado, eleita presidente do partido, é ré na Operação Lava Jato, juntamente com o marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo. Em setembro do ano passado, o STF aceitou a denúncia da PGR que acusa Gleisi de ter recebido de forma ilegal R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado em 2010. Ela e Paulo Bernardo respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Deonísio da Silva: Onde Judas Perdeu as Botas
Judas era tesoureiro da campanha de Jesus e provavelmente calçava sandálias quando ceou pela última vez com o Senhor
Por Augusto Nunes
Domingo, 04 jun 2017, 13h30 - Publicado em 4 jun 2017, 11h23
O afresco de Leonardo da Vinci: a mesa tem alimentos renascentistas. Convento de Santa Maria delle Grazie, Milão, Itália (Reprodução/Reprodução)
(Reprodução/Reprodução)
Não se sabia, mas agora se sabe: Judas perdeu as botas em Curitiba, no bairro de Santa Cândida, na sede da Polícia Federal.
Alguns dos novos judas calçam as sandálias da humildade para ir lá, mas outros vão de botas, como fez o padroeiro de todos eles ao perdê-las. Talvez pensem que o Inferno fica bem pra lá do fim do mundo e, como a viagem pode demorar, é melhor ir de botas.
O bairro homenageia uma santa italiana, etnia de muitos habitantes, não apenas de Curitiba, mas de todo o Paraná, como é comum no Sul do Brasil. O juiz Sérgio Moro, referência solar da Operação Lava a Jato (batizada pela mídia Lava-Jato e Lava Jato) também descende de italianos do Vêneto. Dada sua biografia impoluta, será sempre marcante que ele tenha condenado tantos criminosos encarcerados por algum tempo num bairro chamado Santa Cândida e tenha punido candidatos, eleitos ou não.
O étimo de cândida é o mesmo de candidato, o Latim candidus, branco, puro. Na Roma antiga, os candidatos a funções públicas vestiam-se de branco para vincular suas figuras à ideia de pureza e honradez que a cor branca sempre teve.
Já o nome da rua onde fica a Polícia Federal expressa a gratidão dos curitibanos a uma professora chamada Sandália Monzon. As sandálias da humildade serão sempre mais confortáveis do que as botas da vaidade e da prepotência.
De todo modo, a expressão “onde Judas perdeu as botas” surgiu da tradição oral, que, em vez de tirar, sempre acrescentou alguma coisa às histórias narradas pela Bíblia, de tal modo que curiosas informações adicionais dão conta de que Matusalém morreu afogado aos 969 anos. Deduziram que, com a idade que tinha, estava vivo quando sobreveio o Dilúvio. A parteira do nascimento de Jesus, que ninguém sabe quem foi, recebeu o nome de Salomé. Os ladrões crucificados com Jesus também receberam nomes: Dimas era o bom; Gestas era o mau. As botas de Judas representam outro destes acréscimos.
Judas era tesoureiro da campanha de Jesus e provavelmente calçava sandálias quando ceou pela última vez com o Senhor, completando o número 13 à mesa, que já era o número do azar, mas cuja má fama foi acentuada desde a Última Ceia.
O suicídio de Judas está na raiz do lendário e inimaginável lugar onde ele perdeu as botas. Foram misturadas duas narrativas. O Evangelho de Mateus diz que, arrependido de ter traído Jesus, ele atirou as trinta moedas dentro do templo e saiu para enforcar-se. Os sacerdotes, porém, deliberaram tirar o dinheiro dali para não deixar no tesouro sagrado um preço de sangue. E com a quantia compraram um cemitério para os estrangeiros, desde então chamado “campo de sangue”.
Os Atos dos Apóstolos descrevem o fim do traidor de outro modo: “Ele comprou um campo com o salário da iniquidade, dependurou-se e seu corpo caiu arrebentado pelo meio, tendo suas vísceras se espalhado sobre o chão”.
Narrativas posteriores disseram que Judas enforcou-se em galho de árvore à beira de um precipício e dali despencou. Quer dizer, não foram apenas as botas de Judas que jamais foram encontradas. Também seu corpo perdeu-se ali.
As botas de Judas nunca foram encontradas e o lugar onde ele as perdeu tornou-se sinônimo de região inacessível. Só se sabe que a localidade, conhecida também por cafundó de judas, fica perto de onde o vento faz a curva, no meio do nada.

NO BLOG VEJA GENTE
Fátima Bernardes quebra silêncio sobre o contrato com a Friboi
A apresentadora do Encontro divulgou nota sobre o contrato com a JBS por meio de sua advogada
Sábado, 03 jun 2017, 14h38
Ao estourar o escândalo da propina bilionária de Joesley Batista, duas celebridades que faziam comerciais para marcas da JBS reagiram com velocidades diferentes. Tony Ramos logo disse que não havia mais “clima” para anúncios da Friboi, e acionou advogados para romper o contrato. Fátima Bernardes silenciou — até a semana passada, quando sua advogada, questionada por VEJA, mandou uma nota em nome da cliente: “Não sou mais garota-­propaganda da marca Seara. Mas uma cláusula de confidencialidade me impede de dar detalhes sobre o fim do contrato”. Aos poucos, a apresentadora do Encontro também vai se abrindo sobre o fim de seu casamento de 26 anos com William Bonner. “Ficamos tristes. Quem não ficaria? Passamos por um processo de luto, e ele chegou ao fim”, revelou à revista CLAUDIA, que estará nas bancas e tablets na sexta-feira, 09. Um novo relacionamento não é prioridade. “A gente não sabe quando vai se interessar por alguém.”

NO BLOG DO JOSIAS
Temor de delação expõe a fragilidade de Temer
Josias de Souza
Domingo, 04/06/2017 04:15
A prisão de Rodrigo Rocha Loures potencializou um fenômeno surgido há duas semanas em Brasília. Tomados por uma espécie de Loresfobia, Michel Temer, seus ministros e apoiadores políticos mais próximos vivem o temor de uma delação que está por vir. O presidente poderia imunizar-se contra o risco de intoxicação. Bastaria romper com o amigo e ex-assessor, desqualificando-o. Mas Temer faz o oposto. Elogia publicamente um personagem que foi preso por traficar influência e receber do Grupo JBS uma mala com propina de R$ 500 mil. Temer soa como refém do potencial delator. É como se o adulasse em troca de proteção.
Temer e seus operadores esboçam o discurso que pretendem esgrimir na hipótese de Rocha Loures se tornar um colaborador da Justiça. Dirão que ele foi vítima de uma cilada urdida por um empresário desonesto, Joesley Batista, em parceria com uma Procuradoria que conspira contra a estabilidade do governo. Afirmarão, de resto, que não há na atual gestão nenhum vestígio de favores que o governo possa ter prestado à JBS em troca da mala de dinheiro que Rocha Loures, num misto de confissão e arrependimento, devolveu depois de ter sido filmado.
A versão do procurador-geral Rodrigo Janot é mais simples. Para ele, Rocha Loures agiu como um “verdadeiro longa manus” do presidente. Quer dizer: indicado por Temer como a pessoa de sua “estrita confiança” a quem Joesley deveria encaminhar as pendências da JBS no governo, Rocha Loures representa um prolongamento da mão do próprio presidente. Nessa versão da Procuradoria, as digitais que aparecem na mala são do preposto de Temer. Mas o dinheiro destinava-se ao próprio presidente —exatamente como informaram os delatores da JBS em seus depoimentos.
Temer pode espernear como quiser. Pode repetir que o áudio em que soou indicando Rocha Loures a Joesley foi editado. Pode afirmar que os delatores da JBS foram tratados a pão de ló por Janot. Pode insistir na tese de que o ministro Edson Fachin, que mandou prender Rocha Loures, não é o juiz natural do caso. Mas nada vai apagar a impressão de que falta alguma coisa à reação oficial. Há no discurso do governo como um todo e nas palavras do presidente em particular um déficit de indignação.
Ao referir-se a Rocha Loures numa entrevista com pessoa “de boa índole, de muito boa índole”, Temer abusou da paciência da plateia. Ao sustentar noutra entrevista que o ex-assessor, não é senão “vítima de uma armação”, o presidente ofendeu a inteligência alheia. É como se a autoridade máxima da República pedisse ao brasileiro para fazer o papel de bobo. É como se rogasse aos patrícios que, pelo bem da Nação, fingissem não notar a fragilidade do presidente.

Amigos de Temer são seus maiores adversários
Josias de Souza
Sábado, 03/06/2017 12:15
Movido à base de verdades próprias, Michel Temer acredita que a recessão acabou e que seu governo é vítima de um complô de gente impatriota que não quer ver o Brasil de volta aos trilhos. Decidiu se defender atacando. Transformou o Planalto num bunker e, cercado de generais investigados, passou a fabricar crises a partir do nada. A última grande ideia do alto comando governamental foi escalar o doutor Torquato Jardim para assumir o controle da Polícia Federal. Neste sábado, agentes da PF, já sob nova direção, prenderam em Brasília Rodrigo Rocha Loures, símbolo da fase de autocombustão do governo Temer.
Sob influência dos seus malfeitores de estimação, Temer foi convencido de que a transferência de Torquato do Ministério da Transparência para a pasta da Justiça era uma grande ideia. Imaginando-se invulnerável, o presidente humilhou Osmar Serraglio. Desalojou-o da Justiça sem aviso prévio. Estava certo de que o deputado licenciado aceitaria sem titubeios o rebaixamento para a pasta da Transparência. Serraglio limpou as gavetas, escreveu uma carta com ataques aos “estrategistas trôpegos” do Planalto e reassumiu seu mandato de deputado. Deixou o suplente Rocha Loures ao relento. E levou os glúteos de Temer à vitrine.
A essa altura, a infantaria da Procuradoria já havia preparado o bote. A idéia de que seria possível manter solto, sem o escudo das imunidades parlamentares, um sujeito que fora filmado recebendo uma mala com propina de R$ 500 mil só passa pela cabeça dos malucos de palácio — uma gente desconectada da realidade, que tem dificuldade para perceber o que se passa na vida real.
Quando enviou para o Supremo Tribunal Federal a renovação do pedido de prisão do homem da mala, o procurador-geral da República Rodrigo Janot já sabia qual seria a decisão do ministro Edson Fachin. Ao negar o primeiro pedido, o relator da Lava Jato reconhecera que havia razões objetivas para encarcerar Rocha Loures. Mas alegara que um deputado não poderia ser preso senão em flagrante delito. Ao empurrar o ex-assessor para fora da Câmara, Michel Temer fez o favor de remover o único obstáculo que impedia o seu envio para o xilindró: o mandato parlamentar.
Alçado ao trono nas pegadas da deposição de Dilma Rousseff, uma presidente que também se considerava vítima de conspiração, Temer já deveria ter notado que vive um momento inédito da História brasileira. Nesse instante especial, não convém a um governante conversar com empresário corrupto, na calada da noite, no porão do palácio residencial. Na fase atual, a corrupção tornou-se um ofício perigoso. O medo da cadeia transforma corruptores em colaboradores da Justiça. E a colaboração fortalece a investigação.
Impossível saber quais serão os próximos passos de Temer na sua guerra contra a lógica e o bom senso. Mas a simples revelação de que o bunker imaginou que um Torquato teria o condão de transformar pântano em jardim não deixa dúvidas: os grandes amigos do presidente são seus principais adversários.

NO BLOG DO NOBLAT
O Tiro que Falta
Domingo, 04/06/2017 - 02h00
Por Ricardo Noblat
Quantos tiros mais no pé o presidente Michel Temer haverá de se dar até que um deles o aleije em definitivo e o impeça de completar o mandato subtraído de Dilma Rousseff?
O mais recente dos tiros não tem uma semana. Às pressas, sem refletir sobre as consequências do seu gesto, Temer anunciou a terceira troca de ministro da Justiça em pouco mais de um ano.
Saiu Osmar Serraglio (PMDB-PR), que assumira o cargo há menos de quatro meses. Entrou Torquato Jardim que até então era o ministro da Transparência.
Temer imaginou que Serraglio aceitaria o lugar deixado vago por Jardim e que tudo ficaria em paz. Esqueceu-se de combinar com ele. Serraglio preferiu reassumir o mandato de deputado. POU! Deu-se o pior.
A volta de Serraglio à Câmara desalojou dali seu suplente, Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer, o homem filmado pela Polícia Federal correndo com uma mala de dinheiro em São Paulo.
A partir de amanhã, Rocha Loures estará em um novo endereço – a Penitenciária da Papuda, em Brasília. Uma vez que sem mandato perdera o direito a foro especial, foi preso ontem. E na ocasião, chorou muito.
Boa parte do que Rocha Loures tem para contar, a Procuradoria Geral da República (PGR) já sabe. O próprio Rocha Loures contou em conversas gravadas pela Polícia Federal que virão a público em breve.
Em uma delas, Rocha Loures confessa que o dinheiro da mala, R$ 500 mil reais, recém-saído dos cofres do Grupo JBS, era destinado a Temer. E que ele não passava de um mero portador.
A PGR quer mais detalhes a respeito. E novas revelações para fechar de vez o cerco a Temer. Não será o julgamento das contas da chapa Dilma-Temer pela Justiça Eleitoral que selará a sorte do presidente.
Será o que está por vir – a denúncia que o procurador Rodrigo Janot oferecerá contra Temer ao Supremo Tribunal Federal por crimes de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.
Temer sangra desde que recebeu em audiência clandestina no porão do Palácio do Jaburu o empresário Joesley Batista, apontado por ele mais tarde como um sujeito bisonho, fanfarrão e sem importância.
Por que um presidente da República receberia um sujeito desses depois de se certificar de que ele fora admitido ali com nome falso? Por que revelaria sua satisfação com o fato de Joesley ter dito que se chamava Rodrigo?
De Rocha Loures, Temer disse mais de uma vez que se trata de uma boa pessoa, decente, muito preparada e filho de uma família com grande prestígio no Paraná. Acredita que ele foi vítima de “uma armação”.
O que dirá se ele o delatar? Talvez repita Lula, que diz que preso da Lava Jato delata para poder se safar. Lula omite que não basta delatar, tem que provar.

NO BLOG DO MERVAL PEREIRA
Delações à Vista
POR MERVAL PEREIRA
Domingo, 04/06/2017 08:00
Não é preciso ter uma informação privilegiada para apostar na possibilidade de o ex-assessor do Palácio do Planalto, Rodrigo Rocha Loures, preso ontem pela manhã em Brasília, fazer uma delação premiada, denunciando o presidente Michel Temer.
Assim como são conseqüências naturais das investigações as delações dos ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega. Rocha Loures com mais razão ainda, pois não parece desses militantes convictos que se calam para ajudar o partido, como o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari, ou José Dirceu, que, condenado várias vezes por corrupção, tenta preservar artificialmente a narrativa do “guerreiro do povo brasileiro”.
Nem Palocci nem Mantega são desse tipo, embora petistas de raiz. Pelo que já se sabe, no esquema de corrupção implantado pelo PT, ajudaram o partido e se ajudaram, assim como Dirceu, mas não têm, mesmo falsa, uma biografia heroica a preservar.
Entre ficar na cadeia por muitos anos para proteger Lula e safar-se, escolherão a segunda hipótese, assim como Rocha Loures. O cerco parece estar se fechando em torno dos chefes da organização criminosa montada nos últimos anos no País.
A denúncia, também ontem, contra o ex-presidente Lula no processo do tríplex do Guarujá é uma antecipação do processo do quadrilhão que está sendo organizado pela Procuradoria-Geral da República. Como no famoso power point do procurador Deltan Dallagnol, Lula é apontado como o chefe da organização criminosa, que montou todo o esquema de corrupção nas estatais do País, a começar pela Petrobras, para preparar um esquema de permanência do PT no poder.
O presidente Temer, por sua vez, terá mais um teste pela frente: o Supremo Tribunal Federal (STF) só poderá analisar o recebimento de uma eventual denúncia contra ele, que parece estar a caminho, com apoio de pelo menos dois terços (342 de 513) da Câmara dos Deputados.
Mais votos que para aprovar a emenda constitucional de reforma da Previdência, por exemplo, que precisa de três quintos dos membros de cada uma das Casas do Congresso, isto é, 308 deputados e 49 senadores.
Está difícil aprovar a reforma, mas, ao contrário, é possível que Temer escape de um processo por falta de quorum para condená-lo, por um corporativismo que domina a atuação dos parlamentares.
Se antes os estrategistas do governo, à frente o ministro do Gabinete Civil, Eliseu Padilha, considerado um especialista em medir a pressão da Câmara, faziam contas para aprovar as reformas, agora as fazem para evitar um processo contra Temer.
O governo precisa apenas de 171 votos a seu favor para impedir a continuidade de um eventual processo, e por enquanto parece que ainda tem esse apoio. Mas, a depender do impacto das revelações de Rocha Loures, se acontecerem, é possível que esse apoio a Temer desapareça.
À medida que a Operação Lava-Jato vai desvendado as tramas de corrupção acontecidas no País nos últimos anos, vai também revelando de que maneira os partidos políticos montaram seus esquemas de poder. E a auto-proteção acaba prevalecendo.
Só que a cada delação, a cada revelação de detalhes das tramoias, vai ficando insustentável essa situação. Um governo que luta para sobreviver, cujo principal objetivo passa a ser salvar-se da guilhotina em vez de aprovar projetos no Congresso, está fadado ao fracasso.
A qualquer momento chegará à exaustão e não encontrará mais caminhos para superar os obstáculos pela frente. O julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que começa na terça-feira, 06 é apenas mais um deles. Difícil sobreviver.

NO O ANTAGONISTA
"Ronan ia entregar Lula como mentor do assassinato de Celso Daniel"
Brasil 04.06.17 11:45
A Veja traz uma reportagem sobre as conversas que a deputada tucana Mara Gabrilli teve com Marcos Valério, no ano passado, sobre a chantagem que Ronan Maria Pinto fez com Lula:
"A primeira conversa de Valério com a deputada foi no dia 11 de outubro. Ela foi ao presídio atender às reivindicações de presos portadores de necessidades especiais e encontrou o publicitário em uma das celas. No ano passado, Mara, que é filha de um empresário que foi extorquido pela quadrilha que atuava na Prefeitura de Santo André, tinha entregado ao juiz Sérgio Moro um dossiê sobre o assassinato. No dia 3 de abril, Mara enviou um ofício ao procurador de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, narrando as conversas com o publicitário e pedindo andamento às investigações do crime.
'Ele (Valério) deixou muito claro que o senhor Ronan Maria Pinto ia entregar o senhor Luiz Inácio Lula da Silva para a polícia como mentor do assassinato do prefeito Celso Daniel', escreveu a deputada."
Sempre lembrando que nenhum dos diretamente envolvidos nessa história é confiável.
Deltan Dallagnol: "A corrupção suga a energia da produção brasileira e a qualidade do serviço público"
Brasil 04.06.17 14:46
A corrupção sistêmica é incompatível com o desenvolvimento econômico e social.
É o que dizem estudos internacionais citados por Deltan Dallagnol em seu artigo deste domingo na Folha.
"A corrupção suga, por meio de mais e mais impostos, a energia da produção brasileira e, por meio de mais e mais desvios, a qualidade do serviço público."
Para Deltan, o Brasil "está desiludido, mas o problema não está na descoberta da ilusão", "é a realidade que está distorcida".
Ao mesmo tempo, o País "vive uma grande chance de se reconstruir sobre novas bases".
"A lei não precisa se ajoelhar diante dos barões; o País não tem que caminhar sobre uma ponte instável; a população não está condenada a ser governada pela cleptocracia."
Advogado de Temer: "Nem tocamos nesse assunto"
Brasil 04.06.17 10:51
Como noticiamos no sábado, 03, Michel Temer voltou a São Paulo após a prisão de Rocha Loures para conversar com seu advogado, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira.
Mariz, no entanto, disse ao jornal O Globo:
"Nem tocamos nesse assunto, e também não temos estratégia de defesa porque a denúncia não foi apresentada. Conversamos sobre os mais variados assuntos: desemprego, reformas, o processo no TSE".
A frase seguinte da matéria é emblemática:
"Aliados do presidente procuraram minimizar os efeitos da prisão na crise."
Lula ainda não sabe por que querem prendê-lo
Brasil Sábado, 03.06.17 22:32
Lula locuta:
Hoje fiquei sabendo que o Ministério Público pediu minha prisão, minha condenação, não sei o porquê. Em qualquer lugar do mundo, para você ser condenado e até indiciado, tem que ter prova. Aqui no Brasil, se não tem prova tem que prender mesmo, porque não precisa mais de prova. Eu tenho uma história neste País."
E mais:
"Eu não sei se o procurador-geral da República, o Moro (sic), que tinha um amigo procurador que foi preso, e que ele até pediu desculpa na televisão, ficou chateado porque o procurador era amigo dele, queria fazer jantar para o procurador, o procurador fazia jantar para ele, não sei se a teoria do domínio do fato vale pra ele, se ele sabia que o cara era ladrão."
E ainda:
"Não tenho desafiado a Justiça, o Ministério Público, até porque o Ministério Público é uma instituição que respeito, o que tenho é contra as meninices dos procuradores da Lava Jato."
Boa noite.
Fachin cita Gilmar: "Há confissão sobre existência e conteúdo da conversa, suficiente para comprovar o fato"
Brasil 03.06.17 18:19
O ministro do STF, Edson Fachin citou a decisão de Gilmar Mendes sobre o áudio de Lula e Dilma Rousseff de 2016 para justificar o uso da gravação de Joesley Batista com Michel Temer na decisão de acatar o pedido de prisão de Rocha Loures, o homem da mala do atual presidente.
Eis o trecho reproduzido pelo Globo:
"Quanto a alegação de ilicitude na gravação em razão de suspeitas de que seu conteúdo teria sido corrompido, compreendo prematura qualquer consideração a respeito diante do fato segundo qual a perícia oficial ainda não foi concluída. Ainda que se possa partir desse pressuposto, considero assistir razão ao eminente ministro Gilmar Mendes, quando, ao apreciar situação análoga, por ocasião da decisão sobre a medida cautelar em mandado de segurança 34.070, em que se discutia a validade de áudio captado entre a então presidente da República e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em momento que já não mais vigorava decisão judicial amparando a gravação, com acerto, assentou, sem grifos no original que (...) 'no momento, não é necessário emitir juízo sobre licitude da gravação em tela. Há confissão sobre existência e conteúdo da conversa, suficiente para comprovar o fato'."
Quem mandou os presidentes confessarem, não é mesmo?

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