SEGUNDA EDIÇÃO DE 05-11-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA VEJA.COM
Lava-Jato chega ao Corinthians e aos estádios da Copa do Mundo
Reportagem de VEJA revela que as arenas construídas e reformadas em 2014 foram superfaturadas em R$ 1,5 bi, dinheiro usado para molhar a mão de políticos
Por Thiago Bronzatto
Sábado, 5 nov 2016, 11h25
Andrés Sanchez e o amigo Lula, em visita às obras do Itaquerão, em 2012 (Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

A Operação Lava-Jato chegou ao Corinthians. O ex-presidente do clube paulista e deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP) virou alvo de um inquérito sigiloso instaurado com autorização do ministro Teori Zavascki, relator dos processos do Petrolão no Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República(PGR) suspeita que o parlamentar petista tenha praticado os crimes de corrupção passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Além disso, os empreiteiros Emílio e Marcelo Odebrecht, em sua proposta de delação premiada, confirmaram que a empresa pagou Caixa Dois para a campanha de Sanchez em 2014. Os dois empresários ainda revelaram, num capítulo exclusivo sobre o estádio Itaquerão, que os ex-presidentes Lula e Dilma ajudaram a destravar financiamentos de 750 milhões de reais concedidos pelo BNDES e pela Caixa Econômica Federal para construir a arena que sediou a abertura da Copa do Mundo de 2014.
A Lava-Jato chegou ao Corinthians logo após a Polícia Federal apreender documentos nos escritórios da Odebrecht. Investigadores encontraram indícios de que a empreiteira pagou meio de milhão de reais em Caixa Dois para Sanchez durante as eleições em 2014. “Antonio Roberto Gavioli, diretor de contrato na Odebrecht Infraestrutura, vinculado à obra da Arena do Corinthians, em São Paulo, foi identificado como o contato para o pagamento ao codinome ‘Timão’ no valor de R$ 500.000,00”, diz a manifestação da PGR, obtida por VEJA. A anotação encontrada na Odebrecht está relacionada com o nome de André Luiz de Oliveira, conhecido como “André Negão”, atual chefe de gabinete de Sanchez na Câmara dos deputados.
Procurado, Sanchez negou que tenha recebido Caixa Dois da Odebrecht. “Eu não tenho nada, não pedi nada e não peguei nada”, disse. O advogado Cristiano Martins, que defende o ex-presidente Lula, disse que a “Lava-Jato não conseguiu apresentar qualquer prova sobre suas acusações contra Lula. Na ausência de provas, trabalha-se com especulações de delações”. Por meio de sua assessoria de imprensa, Dilma afirmou que “não teve acesso ao conteúdo da suposta delação, nem sabe sequer o nome do executivo que teria prestado depoimento”. Por isso, “não há o que comentar”.
O Itaquerão é apenas um dos cinco estádios da Copa do Mundo de 2014 que estão na mira da Lava-Jato. Reportagem de VEJA desta semana revela que, até o momento, foram identificados sobrepreços que somam 1,5 bilhão de reais – e indícios de pagamentos de propinas para governadores, parlamentares e partidos. O suposto esquema era semelhante ao modus operandi do petrolão: as grandes empreiteiras dividiram os projetos das arenas, receberam dinheiro público e molharam as mãos de políticos.

NO BLOG UCHO.INFO
Acusado de surrupiar aposentados, marido de Gleisi aposenta-se no BB com R$ 20 mil mensais
Sexta-feira, 4 de Novembro de 2016
No Brasil, essa barafunda que atende pelo nome de país, cada vez mais fica provado que o crime compensa. E se nada for feito contra essa espantosa onda de impunidade, o crime continuará compensando.
Ex-ministro do Planejamento (governo Lula) e das Comunicações (governo Dilma), o petista Paulo Bernardo da Silva, marido da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), preso tempos atrás sob a acusação de chefiar um esquema criminoso que surrupiou mais de R$100 milhões de servidores federais, inclusive aposentados, que recorreram a empréstimos consignados, acaba de se aposentar com pensão de R$ 20 mil mensais, cinco vezes o valor máximo do INSS.
Paulo Bernardo foi libertado por decisão do sempre surpreendente ministro Dias Toffoli (STF), apesar de diversas evidências de sua participação no crime que originou a Operação Custo Brasil, da Polícia Federal, que contou com a colaboração do “companheiro” Alexandre Romano, o “Chambinho”, preso na Operação Lava-Jato.
O advogado do ex-ministro e de sua mulher, Gleisi, apontado como laranja do esquema, passou a pagar as contas do casal em lugar de receber honorários. Outras evidências e denúncias de delatores apontam Paulo Bernardo e Gleisi como beneficiários do esquema, que foi delatado por “Chambinho”. A dinheirama era tanta, que até um videogame comprado para o filho do outrora 'Casal 20' teria sido pago com dinheiro de corrupção.
A culpa de Bernardo e Gleisi não se limita ao odioso crime contra servidores federais aposentados. A senadora paranaense foi acusada por sete delatores da Operação Lava-Jato e se tornou ré por corrupção, sob a acusação de ter recebido de R$1 milhão em propina do Petrolão, dinheiro que recheou o Caixa 2 de sua campanha ao Senado, em 2010.
Nessa trama hedionda, Paulo Bernardo atuou sempre como ‘operador’ da mulher, encarregando-se de pedir a propina a empreiteiras envolvidas no maior esquema de corrupção da História e que generosamente financiaram as campanhas eleitorais da mulher.
Gleisi, que não aceita ser questionada sobre as acusações que lhe imputam a Justiça e os delatores da Lava-Jato, continua devendo aos brasileiros de bem uma explicação minimamente convincente sobre a indicação de um pedófilo, condenado a mais de cem anos de prisão violentar sexualmente meninas vulneráveis (menores de 14 anos) para cargo de confiança na Casa Civil da Presidência.
Eduardo Gaievski, o maníaco sexual amigo de Gleisi, foi incumbido de comandar os programas do governo federal destinados a crianças e adolescentes. Esse episódio grotesco seria uma piada pronta, não fosse o fato de que Gleisi sofre de delinquência intelectual.


NA ISTOE.COM
Lula perde o eixo
Por Carlos José Marques
Sexta-feira, 04.nov.16 - 18h00
Lula não sabe mais o que falar. Depois da hecatombe que dizimou o seu partido ficou desnorteado. Disse que negar a política é ficar nas mãos da elite. Na prática, reclamou do voto nulo, do voto em branco, do não voto, dos que estão repudiando a política convencional. Logo ele que, assim como a sua pupila Dilma, tratou de encarnar a própria negação da política ao se recusar a votar. Vai entender! As abstenções de ambos nas eleições do último domingo coroaram a derrocada petista e simbolizaram a contradição em si que sempre marcou atos e palavras desses dois mandatários. O que pregam, pedem e prometem não se escreve. Ou, no mínimo, não vale para eles, obedecendo ao velho ditado do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Comportamento claramente autoritário, diriam alguns. Propaganda enganosa de princípios, apontariam outros. De qualquer maneira, é emblemático notar que Lula, em especial, tem uma visão muito peculiar de seu papel na sociedade, como se estivesse acima ou ao largo das regras de boa conduta que servem aos demais. Ainda nos idos de 88, no papel de vestal da moralidade, questionando os chamados crimes do colarinho branco, apontou que “rico não vai pra cadeia, vira ministro”. Soou premonitório. Tempos depois, ele mesmo, numa clara manobra para escapar das investigações da justiça, urdiu nos gabinetes palacianos um plano para virar ministro de Dilma. Não deu certo por intervenção do Supremo. Na semana passada, ato contínuo a ausência nas urnas, o líder do PT soltou a pregação regimental para alunos de uma universidade: “Nós temos que aprender que cada vez mais, ao invés de a gente negar a política, a gente tem que fazer política, porque a desgraça de quem não gosta de política é que é governado por quem gosta”. Quem o ouviu poderia facilmente confundi-lo com um fervoroso defensor de ensinamentos democráticos. Mas democracia não casa com abstenção nas urnas. Como alguém pode ir às ruas pedir voto quando se recusa a dar o seu próprio? Lula teve dessa vez a pachorra de reclamar de algo que ele mesmo fez. E se superou. No primeiro turno, ainda movido por bravatas, apostou alto. Afirmou que o PT iria surpreender nessa eleição e provocou os paulistas: “Se o povo de São Paulo tiver a inteligência que pensa que tem, ele não tem outra coisa a fazer que não seja votar no Haddad”. Errou feio. Nos dois casos. Há algo de cretinice naqueles que tentam julgar o voto alheio. Lula só gosta do jogo que lhe é favorável. Do contrário, fala em sabotagem, protesta. Quando Dilma estava para sofrer o impeachment ameaçou não sair mais das ruas. Na verdade a abandonou à própria sorte. Às vésperas da sova que levou nas eleições municipais, voltou a repetir a cantilena dizendo que correria o País a alertar a população. Sumiu de cena após a lavada. Lula decerto perdeu o eixo. Não sabe mais o que fazer. Seus correligionários partem em debandada. Ao menos 40 parlamentares do partido estão dispostos a fundar uma nova sigla na qual Lula, réu e na iminência da prisão, não deve ter papel de destaque. Muitos, às centenas, foram embora em definitivo da legenda, desiludidos com a bandalheira, com as patéticas desculpas, com as práticas endêmicas de enriquecimento ilícito, com a fama petista – difícil de limpar – de agremiação criminosa. A maioria não quer sequer Lula por perto. Os candidatos, de Norte a Sul do País, pediram para ele se afastar durante a campanha, temendo a contaminação de sua má reputação. Deplorável fim para quem já comandou as massas. Lula e o PT que ele criou não são mais sequer arremedo daqueles tempos gloriosos nos quais ambos pregavam o interesse da maioria em primeiro lugar. Nos últimos dias, tudo que buscaram foi o poder a qualquer preço e unicamente a seu favor e da patota.

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