PRIMEIRA EDIÇÃO DE 03-11-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
QUINTA-FEIRA, 03 DE NOVEMBRO DE 2016
Eduardo Cunha está sujeito a mais de um século e meio de prisão, caso seja condenado nos crimes dos quais é acusado no âmbito da Lava Jato. O tempo de cana tem limite baseado nos crimes pelos quais é acusado (corrupção, lavagem de dinheiro etc), mas a indenização que terá de pagar ao Erário não tem limite; é baseada no que a Justiça determinar que foi “subtraído”. A estimativa chega a R$ 220 milhões.
Somadas todas as penas privativas de liberdade dos crimes pelos quais responde, Cunha pode passar mais de 160 anos preso.
Penas de multa de alguns crimes, como o de corrupção passiva, tem limite definido em lei: 1/30 do salário mínimo vigente por “dia-multa”.
Eduardo Cunha terá direito a progressão (redução) de pena após o cumprimento de um sexto da pena total ao qual for condenado.
A pedido do MP, Sérgio Moro determinou o congelamento de R$ 220.677.515,24 de Cunha “oriundos de improbidade administrativa”.
Desde o afastamento da ex-presidente cassada Dilma Rousseff, em 12 de maio, a Secretaria de Governo da Presidência da República realizou 16 atas de registro de preços estimando gastos de R$1,64 milhão com etiquetas, adesivos, bloquinhos, papel A4, crachás, cartões de visita etc. Apenas com resmas de papel, o gasto previsto é de R$ 214 mil, mas o favorito do Planalto é o papel sulfite: R$ 367 mil em um contrato.
O gasto com bloquinhos, R$90 mil, ilustra bem o desinteresse do Planalto com os meios eletrônicos, para economizar papel.
Após o retorno das mesóclises aos discursos presidenciais, o gasto com revisões ortográficas e diagramações foi estimado em R$45,5 mil.
A Presidência incluiu confecção de cartões de visita, cartilhas e livretos com inscrição em braile para deficientes visuais. Custo: R$ 216,8 mil.
Invasões de escolas não são “protestos de alunos”, mas de entidades aparelhadas pelo PCdoB há décadas, tipo UNE e UBES, omissas no Petrolão. E ativas contra o impeachment e contra o governo Temer.
Às vésperas da escolha da vaga da Câmara no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o corregedor do MP, Claudio Portela do Rego, demitiu uma das mais antigas colaboradoras, Ana Luisa Jorge Marcondes, assessora-chefe do CNMP, supostamente para atender ao Planalto.
A corajosa declaração do ministro Ives Gandra Martins, presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ganhou muitos elogios. Ele admitiu que há “desbalanceamento” das decisões do TST contra os empregadores.
Houve uma conversa informal, há dois meses, sobre eventual delação de Eduardo Cunha, entre Fernanda Tórtima, discreta advogada, com procuradores. Mas Cunha rejeitou o princípio de cumprir ao menos 15 anos de prisão. Isso tudo foi antes de ele ser levado para Curitiba.
Expert em acordos de delação, Marlus Arns não foi contratado após a prisão de Eduardo Cunha. Ele já era advogado correspondente da defesa de Cunha em Curitiba, para acompanhar o caso Cláudia Cruz.
O primeiro-secretário da Câmara, deputado Beto Mansur (PRB-SP), está confiante na retomada de votação da pauta econômica do governo. “Todo mundo aguardava o fim do segundo turno”, explica.
Setembro de 2016 foi o mês com o maior número de ações judiciais de políticos contra jornalistas: 337. Cresceu 44% em relação a setembro de 2014, o recorde anterior. Os dados são da ABRAJI, a associação de jornalismo investigativo.
Parou na Justiça o processo contra Sílvio Porto, ex-diretor da CONAB do governo Dilma preso em 2013 na Operação Agro-Fantasmas. É acusado de desvios no Fome Zero, estelionato, quadrilha, peculato etc.
Se há uma “polícia” legislativa, por que ela não investigou as denúncias de corrupção contra a cúpula do Senado?

NO DIÁRIO DO PODER
COMBATE À CORRUPÇÃO
INTEGRANTES DA OPERAÇÃO LAVA JATO VEEM MANOBRA ‘SIMBÓLICA’
INVESTIGADORES SUSPEITAM DE 'OFENSIVA' DE POLÍTICOS ALVO DA FORÇA-TAREFA
Publicado: quarta-feira, 02 de novembro de 2016 às 10:58 - Atualizado às 12:31
Embora a tentativa de abrir uma brecha para que a prática de Caixa 2 seja anistiada não seja vista como um golpe na Operação Lava Jato, investigadores afirmam que há um efeito “simbólico” da reação dos parlamentares. 
A avaliação é de que a apuração sobre o esquema na Petrobras é maior do que o uso de dinheiro não contabilizado em eleições e, por isso, não haveria impacto por uma suposta anistia costurada no Congresso.
Isso porque a Lava Jato imputa a parlamentares o crime de corrupção e não apenas o de Caixa 2. No entendimento dos investigadores, os políticos receberam dinheiro – oficializado em doações ou não – de propina para garantir a manutenção do esquema na estatal.
A proposta de tipificar o Caixa 2 é defendida pelo Ministério Público Federal para reforçar o combate ao crime, mas a discussão de como isso abre margem para a anistia de atos passados é vista com preocupação.
Apesar de não afetar de forma concreta a Lava Jato, a ideia de uma brecha com a criminalização do Caixa 2 e com a mudança da Lei de Lavagem de Dinheiro é vista em Curitiba e em Brasília como uma possível investida inicial do Congresso, acuado por apurações do esquema de corrupção na Petrobras.
Integrantes do Ministério Público Federal e o juiz Sérgio Moro, publicamente alertam para que a Lava Jato não tome o rumo da Mãos Limpas, na Itália, em que o Congresso fez uma investida contra a operação. A preocupação inicial da força-tarefa é com a simbologia da proposta de tipificação do Caixa 2.
No entendimento dos integrantes da Lava Jato, uma “vitória” dos parlamentares poderia impulsionar novas reações contra as leis que facilitam o combate à corrupção. Procuradores afirmam também que é preciso estudar o texto das propostas, descrentes em um endurecimento “gratuito” da legislação por parte dos parlamentares.
Na prática, investigadores já encontram caminhos para tentar punir o uso não contabilizado de recursos em campanhas – como a falsidade ideológica ou a documental. A tipificação dessa conduta está no Código Eleitoral e não será abolida a partir da tipificação do Caixa 2. Por isso, a avaliação é de que mesmo casos anteriores continuarão a ser investigados.
Justiça 
A mudança na legislação sobre Caixa 2 não tem impacto imediato nas ações que correm no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que podem levar à cassação do mandato do presidente Michel Temer e à inelegibilidade da presidente cassada Dilma Rousseff. A chapa formada pela petista e pelo peemedebista, vencedora das eleições de 2014, é acusada de abuso de poder político e econômico – tipificação diferente de Caixa 2. Além disso, a investigação se dá para fins eleitorais e não penais. (AE)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Os abortistas estão inquietos e vão ao Supremo tendo agora como aliado o vírus zika. Contra o feto indefeso, vale tudo!
Ação Direita de Inconstitucionalidade que está no Supremo quer mesmo é descriminar o aborto; o resto é conversa
Por: Reinaldo Azevedo 
Quinta-feira, 03/11/2016 às 6:10
Atualizo um post que publiquei às 16h43 de ontem sobre o que chamo “os perseguidores de fetos”. Vamos lá. Parte, vocês já leram.
*
A descriminação do aborto — ou a legalização, como querem alguns — não é, para os fanáticos que as defendem, uma luta de um dia. A ideia é ir rompendo, de caso em caso, de julgamento em julgamento, um limite novo. A primeira linha foi ultrapassada quando o Supremo autorizou o aborto de anencéfalos. Agora, uma nova causa chega ao tribunal.
Relatores especiais do Conselho de Direitos Humanos da ONU defenderam, na Corte, que negar o aborto legal a mulheres infectadas pelo vírus zika e que desejam interromper a gravidez pode ser uma “forma de tortura”. A manifestação inédita, que consta de parecer encaminhado à Corte, partiu de quatro representantes das Nações Unidas, que se pronunciam de forma independente da entidade. Na avaliação do grupo, “o sofrimento mental que mulheres e meninas podem enfrentar quando desejam interromper uma gravidez, incluindo o contexto do zika, mas não têm acesso legal ao serviço, pode ser grave e pode atingir o nível de tortura e/ou tratamento cruel, desumano ou degradante”.
Como se sabe, considera-se que a microcefalia de bebês é uma das consequências da contaminação da mãe pelo zika.
O documento deverá integrar a Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada em agosto pela Associação Nacional de Defensores Públicos, sobre direitos das mulheres em meio à epidemia do zika. Entre eles, está o acesso ao aborto seguro e dentro da lei. A manifestação dos relatores é o conteúdo principal do pedido do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (o Anis), que pretende ingressar no processo para, segundo eles, ‘auxiliar’ o tribunal nessa questão.
Uma das pesquisadoras do Anis é a antropóloga Débora Diniz. A também professora da UNB escreveu, em outra oportunidade, um texto sobre o Estatuto do Nascituro. Ela é contra. Disse coisas como esta: “Nos meus termos e no de grande parte dos cientistas sérios, o nascituro é um conjunto de células com potencialidade de desenvolver um ser humano, se houver o nascimento com vida. Mas estamos falando de células humanas e de potencialidades”.
Anencéfalos
O Supremo deu um jeito de parecer que não estava legislando quando autorizou o aborto de anencéfalos. A maioria considerou que, nesse caso, nem mesmo aborto é porque inexiste vida em potencial. Na imagem eloquente do então ministro Ayres Britto, tratar-se-ia de uma “crisálida que não iria virar borboleta”. Desse modo, considerou-se que aborto não é.
Agora, trata-se de aborto mesmo. A microcefalia não é incompatível com a vida. Assim, a tese triunfante no Supremo não poderá valer desta vez. Segundo o Código Penal, a interrupção da gravidez só não é crime em caso de estupro ou risco de morte da mãe. A ADI é, entendo, um despropósito porque se trata de pedir ao tribunal que inclua uma terceira possibilidade.
E como é que os abortistas pretendem driblar a questão? Ora, eles não querem que se comprove a microcefalia para autorizar o aborto — porque, nesse caso, o Supremo teria de dizer que não lhe cabe legislar. Assim, apela-se à tal “tortura psicológica da mãe”… Ora, se vale para quem contraiu o zika, tenha ou não o feto microcefalia, por que não valeria em outras circunstâncias?
Em suma: quer-se tratar o aborto como uma questão que diz respeito exclusivamente à mulher, de sorte que o feto é apenas um elemento derivado do seu corpo. Sendo assim, apela-se a uma generalidade qualquer — como o princípio da dignidade humana — para matar o feto. Ou por outra: são os perseguidores de fetos por razões humanísticas.
Entenderam?
Se lhes pareceu que não faz sentido, estejam certos: não faz mesmo! Ocorre que o fanatismo não precisa lidar com critérios de verdade. Basta a convicção.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Quinta-feira, 3 de novembro de 2016
STF tende a poupar Renan, enquanto Temer libera Jucá e estuda como neutralizar delação de Cunha
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Não foi apenas com o chamamento de Lula e Michel Temer como testemunhas de defesa que os advogados de Eduardo Cunha aumentaram o terror da classe política. O mercado também tremeu com o pedido dos defensores para que uma das mais poderosas transnacionais do Planeta se pronuncie. Cunha deseja que a Shell forneça cópia do procedimento de contratação de poços de petróleo no Benin, no Oeste da África. O objetivo é provar que o contrato investigado nos autos do processo foi celebrado conforme regras de mercado – e não por propina de US$ 15, milhão paga a Cunha em conta na Suíça, segundo acusação do Ministério Público Federal.
O juiz Sérgio Fernando Moro terá de avaliar a pertinência da convocação de Lula, Temer, Henrique Eduardo Alves, Delcídio do Amaral, Nestor Cerveró e mais 17 pessoas escaladas como “testemunhas de defesa” de Cunha. Se a intimação for deferida pelo magistrado, todos ficam obrigados a sentar na 13ª Vara Federal em Curitiba, já que o artigo 206 do Código de Processo Penal define que a testemunha não poderá se eximir da obrigação de depor. No entanto, todos podem se salvar do embaraço, alegando o artigo 477 do Código de Processo Civil. A regra impede que sejam testemunhas em ações judiciais “o inimigo da parte ou seu amigo íntimo, bem como quem tiver interesse no litígio”...
Enquanto Eduardo Cunha, preso em Curitiba, fica costeando o alambrado para detonar uma temida “delação premiada”, quem corre para salvação, nos bastidores judiciais, é o presidente do Congresso Nacional. No Supremo Tribunal Federal, é gigantesca a pressão para que Renan Calheiros acabe poupado da decisão que pode ser tomada hoje, ou providencialmente adiada, sobre o impedimento para que réus em ações judiciais possam permanecer em cargos na linha sucessória do Presidente da República. Em maio, Eduardo Cunha foi tirado da presidência da Câmara por este motivo. Renan responde a 12 inquéritos no STF, porém nenhuma delas ainda é ação criminal – o que pode servir de brecha para sua salvação. O mítico 'Palhasso' do Planalto não quer gracinha com Renan...
Além da salvação de Renan no STF, vazou uma outra costura para blindar Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral. Pelo menos três ministros já sinalizaram que podem aceitar a tese de separação das contas de campanha de Dilma Rousseff e Michel Temer. A presidenta impichada seria novamente condenada, enquanto seu sucessor teria a contabilidade eleitoral perdoada. Por enquanto, o TSE sinaliza que fará de tudo para não cassar o mandato de um Presidente da República. A defesa de Temer alega que "nenhum dos fatos articulados teriam sido praticados diretamente por Michel Temer". 
Querendo distância de tal polêmica, Michel Temer parte para super articulações. Apelidado de “líder de todos os governos” desde a Era FHC, passando por Lula, Dilma, o senador Romero Jucá se prepara para assumir o posto de líder do governo Michel Temer. Mesmo respondendo a sete inquéritos no STF, sendo dois na Lava Jato, o economista Jucá, que também preside o PMDB, é considerado o homem chave para coordenar a complicada relação entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. A longeva liderança de Jucá é apenas uma prova de que o PMDB manda em tudo que acontece nos rumos do País – com muito mais poder que o falecido PT.
Resumindo: Renan é tão ou mais poderoso que o Jucá...E a esclerosada Nova República do PMDB segue em frente, depois do enterro do PT... Quem sabe uma megadelação de Cunha possa nos salvar?
(...)

NA VEJA.COM
MPF do Ceará pede suspensão da prova de redação do Enem
Oscar Costa Filho argumenta que não seria possível duas redações com o mesmo nível de dificuldade
Por João Pedroso de Campos
Quarta-feira, 02 nov 2016, 18h28 - Atualizado em 2 nov 2016, 19h10
O procurador Oscar Costa Filho, do Ministério Público Federal do Ceará, ajuizou uma ação civil pública nesta quarta-feira em que pede à Justiça Federal que a aplicação da prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano seja suspensa. O Enem está marcado para este fim de semana, dias 5 e 6 de novembro, e a redação será aplicada no domingo, 6. O pedido de Costa Filho foi distribuído à 8ª Vara Federal do Ceará, cuja decisão vale para todo o País.
A demanda do procurador do MPF se baseia no adiamento da prova de 191.494 estudantes inscritos no exame, que fariam a prova nas 304 escolas ocupadas por movimentos contrários à PEC 241 e à medida provisória que reforma o ensino médio. O Ministério da Educação (MEC) anunciou ontem que, nesses casos, os inscritos farão prova nos dias 3 e 4 de dezembro.
Segundo Oscar Costa Filho, não seria possível aplicar duas redações com o mesmo nível de dificuldade. “A prova objetiva não é problema, porque é submetida à teoria da resposta ao item, com perguntas de nível mínimo, médio e máximo. O próprio MEC diz que redação não se submete à teoria da resposta ao item. Não há como dizer que dois temas têm o mesmo nível de dificuldade, não há parâmetro estatístico nenhum”, argumenta.
O procurador ressalta que seu pedido se restringe à prova de redação, mas reconhece que a Justiça pode acabar suspendendo também a aplicação da prova objetiva. “Caberia à Justiça determinar uma adequação do calendário, de modo que todos os candidatos façam a mesma redação. As alternativas à aplicação da redação seriam do MEC e do INEP”, diz.
Costa Filho elenca como possíveis alternativas a manutenção da realização da prova objetiva neste fim de semana, mas com aplicação da redação a todos os inscritos em outra data, ou ainda a aplicação da prova objetiva e redação a todos apenas nos dias 3 e 4 de dezembro.
Procurador observador do Enem
O procurador Oscar Costa Filho, que já classificou o Enem como “estelionato intelectual”, já entrou com duas ações referentes ao vestibular.
Em 2011, quando houve vazamento da prova do Enem, Costa Filho pediu o cancelamento da prova.
Em 2012, o procurador foi à Justiça com uma ação civil pública em que pedia a anulação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) no segundo semestre daquele ano. Segundo o procurador, alunos já matriculados em universidades poderiam concorrer novamente, o que favoreceria “um esquema de comercialização de vagas em universidades”. Ele defendeu a ideia de que, se houvesse novas vagas no segundo semestre, elas deveriam ser preenchidas por candidatos inscritos no Sisu do primeiro semestre.

O Silêncio de Michael Schumacher
Como a família e os amigos do heptacampeão de F1 mantêm seu estado de saúde em segredo quase três anos depois do trágico acidente de esqui
Por Mário Camera
Quarta-feira, 02 nov 2016, 14h39 - Atualizado em 2 nov 2016, 20h28
O DERRADEIRO ESPORTE - Schumacher com capacete e óculos de esqui em 2006, na Itália (ALESSANDRO BIANCHI/Reuters)

Depois de voar 10 metros e aterrissar de cabeça numa pedra assim que perdeu o controle dos esquis nos Alpes franceses, naquele trágico 29 de dezembro de 2013, Michael Schumacher, o heptacampeão mundial de Fórmula 1, mergulhou num profundo silêncio — e sumiu dos olhos do mundo. Sua imagem pública começou a esvanecer-se naquele domingo mesmo, quando o neurocirurgião Stephan Chabardès se preparava para o último dia de trabalho antes das férias. O plantão começara às 8 horas. Depois da primeira cirurgia da manhã, por volta das 10h30, Chabardès estava em sua sala pondo a correspondência em dia quando foi interrompido por um residente. “Um paciente em estado grave acaba de chegar ao hospital e provavelmente terá de ser operado com urgência”, contou o jovem médico, sem revelar a identidade do acidentado. O dr. Chabardès continuou lendo seu correio. Um pouco depois, o mesmo residente retornou e perguntou a Chabardès se ele poderia ir até a sala onde o exame acabara de ser feito, para dar seu parecer. “Só quando cheguei à sala vi que era Michael Schumacher”, disse Chabardès a VEJA.
A queda, ainda que Schumacher usasse capacete, provocara um traumatismo craniano grave. Seu cérebro estava tomado por hematomas e edemas difusos. O ex-piloto se encontrava entre a vida e a morte e precisava passar por uma cirurgia o mais rápido possível. Chabardès operou-o. O médico só voltou para casa tarde da noite, para avisar à mulher e aos filhos que não poderia sair de férias no dia seguinte. A família de Schumacher decidira convocar uma coletiva de imprensa na segunda-feira de manhã para satisfazer a curiosidade mundial. A central telefônica do hospital havia entrado em colapso por causa do volume de chamadas de repórteres e fãs ávidos por notícias. O estado de Michael precisava ser esclarecido. O piloto estava pior do que se dizia. Na entrevista, informou-se que o impacto ocorrera no lado direito da cabeça, que a cirurgia tentara eliminar o hematoma, mas haviam sido encontradas lesões bilaterais e o alemão estava em coma induzido. Ficaria seis meses em coma.
E nunca mais o mundo saberia exatamente como estava Schumacher, em razão de uma espetacular muralha de silêncio construída em torno do piloto — a começar pelo lugar em que vive. Não poderia haver local mais adequado para garantir sua privacidade. Quando o vento do sul atravessa os Alpes, na fronteira entre a Suíça e a França, sua força forma ondas no Lago Léman que quebram numa pequena praia particular da cidade de Gland. Pela janela de seu quarto, Schumacher talvez possa ouvir o som do vai e vem das águas e do choque das embarcações ancoradas no píer em frente à casa. É lá que vive o ex-piloto, nesse castelo no estilo Floresta Negra que ele próprio mandou erguer no terreno de mais de 14 hectares na calma cidade suíça de 13.000 habitantes. Desde então, o lugar se tornou a fortaleza impenetrável onde ele, a família e poucos amigos escondem do mundo as sequelas da tragédia.
La Réserve, como é chamada a área onde se situa a propriedade, já pertenceu a um primo do imperador Napoleão III e durante a II Guerra Mundial foi um dos locais mais protegidos da Suíça. O país neutro, por precaução, mandou construir bunkers ao longo de sua fronteira. Além disso, uma linha de blocos de concreto conhecida como “Toblerone” — uma alusão ao famoso chocolate — atravessava todo o flanco oeste da propriedade para defender o território nacional de uma eventual invasão de tanques. Na estrada que leva até a casa de Schumacher, ainda hoje é possível ver no asfalto os locais onde explosivos eram colocados para mandar pelos ares a ligação entre Genebra e Lausanne, se necessário.
Antes de se aposentar definitivamente das pistas, em 2012, Schumacher, hoje com 47 anos, escolheu Gland para construir seu paraíso particular, onde ele — sempre obcecado por proteger sua vida privada — poderia viver longe do assédio da imprensa e dos fãs. As isenções fiscais da Suíça também contaram, é claro, mas Schumi evitou fazer como a maioria dos pilotos de Fórmula 1, que escolhe viver em Monte Carlo, um paraíso fiscal mais adequado ao estilo ostentação da categoria. Quando ele sofreu o acidente na estação de esqui de Méribel, nos Alpes franceses, a discrição dos vizinhos suíços — implacável e incontornável — tornou-se ainda mais necessária para garantir a paz que a família Schumacher buscava em Gland. Desde o acidente, a imprensa internacional tentou de tudo para descobrir o real estado de saúde do ex-piloto. Durante um tempo, paparazzi armados com teleobjetivas ancoraram barcos alugados no Lago Léman na esperança de capturar alguma imagem dele. Drones e helicópteros foram usados, em vão. Até hoje, as câmeras de segurança instaladas entre as árvores vez ou outra flagram alguém tentando entrar no terreno dos Schumacher.
Na manhã do dia do acidente, o telefone de Sabine Kehm tocou. Do outro lado da linha, um jornalista francês queria confirmar a informação e saber mais detalhes sobre o estado de Schumacher. A empresária e porta-voz do recordista de títulos na F1 estava na casa dos pais, no interior da Alemanha, passando as festas de fim de ano. Ela não sabia de nada. Quando conseguiu se livrar do repórter, telefonou para Schumacher, mas ninguém atendeu. Sabine, que trabalha com Schumi desde 1999, achou isso normal. Afinal, seu chefe estava de férias. “Como eu tinha visto muitos acidentes durante a carreira dele, pensei: ‘O.k., talvez ele tenha tido um acidente, mas não deve ser tão grave’. Pensei que ele terminaria vendo que eu havia tentado falar com ele e me ligaria de volta”, conta Sabine. Schumacher nunca retornaria o telefonema. Sabine chegou no dia seguinte a Grenoble, para cujo hospital o ex-piloto fora levado. Quando o viu deitado, inconsciente e ligado a aparelhos, deu-­se conta da gravidade do ocorrido. Chorou abraçada à mulher de Schumacher, Corinna, e a seus filhos, Mick e Gina Maria. Quase três anos depois, em entrevista a VEJA, ela ainda se emo­ciona ao lembrar a cena.
No hospital em Grenoble, após enxugar as lágrimas, Sabine se recompôs e vestiu novamente a camisa de porta-­voz do ex-piloto. Era preciso organizar e filtrar as informações sobre Schumacher. O interesse da imprensa era justificado. O alemão é um dos maiores ídolos do automobilismo. Mas houve excessos que entristeceram a família. Sua morte chegou a ser anunciada por alguns veículos. Por isso, cada vez que algo de novo é publicado sobre ele, entra em ação o clã Schumacher, formado por sua família e um reduzido grupo de amigos. Eles desmentem e processam os responsáveis pelos rumores. O último comunicado oficial sobre a saúde do ex-piloto data de setembro de 2014, quando ele foi levado de um hospital em Lausanne para casa. Sua condição havia “progredido”, mas ainda faltava um “longo caminho a percorrer” para a recuperação. Três meses antes, em junho daquele ano, ele saíra do coma, o que permitiu que fosse transferido de Grenoble para Lausanne.
Hoje, a única certeza que se tem a respeito de Schumacher é que ele não consegue caminhar sozinho nem com ajuda. A informação foi dada no mês passado pelo advogado da família em Hamburgo, na Alemanha, em audiência do processo que os Schumacher estão movendo contra a revista Bunte, que publicou que o heptacampeão estaria andando e erguendo o braço. “Os que falam não conhecem a situação e os que conhecem não falarão nada”, disse a VEJA Jean Todt, ex-­chefe de Schumacher na Ferrari, presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA) e um dos amigos mais próximos do campeão. O mantra é repetido por Sabine e pelo médico francês Gérard Sail­lant. Os três visitam o ex-piloto regularmente e são sua face pública desde o acidente em Méribel. “Felizmente, Schumacher não está morto, mas sua vida e a de sua família mudaram. Ele é bastante reservado, e nós consideramos que sua vida privada deve ser respeitada. Schumacher não é mais um personagem público”, diz Todt. “Ele é fechado, sim. Mas quando se é próximo dele é uma companhia agradável e demonstra uma amizade da qual nunca tive do que reclamar”, diz Felipe Massa, seu companheiro na Ferrari em 2006.
A saúde financeira de Schumacher também foi alvo de especulação da imprensa mundial. Em julho de 2014, o tabloide inglês The Mirror informou que Corinna pusera à venda o reluzente jato Falcon 2000 EX cinza, matrícula M-IKEL. O valor seria de 20 milhões de euros e serviria para pagar as despesas com o tratamento do marido. Talvez seja mais correto deduzir que o jato foi vendido pelo simples fato de que não é mais usado. Schumacher é um homem rico. A empresa especializada em grandes fortunas Wealth-X estima que o alemão tenha amealhado cerca de 800 milhões de dólares ao longo da carreira. O valor coloca o ex-­piloto de F1 na segunda posição entre os atletas mais bem pagos de todos os tempos, atrás apenas do golfista americano Tiger Woods. Mesmo com a perda de vários contratos, Schumacher ainda recebe patrocínio da Mercedes-Benz, por exemplo.
Na saúde e no dinheiro, o clã mantém-se discreto. “Quando conhecemos o lado ostentação da F1, dos pilotos com suas namoradinhas, é impressionante ver a atenção que Schumacher dá e sempre deu, mesmo antes do acidente, ao núcleo familiar”, disse a VEJA o ortopedista Gérard Saillant, uma das raras pessoas, além da mulher, dos filhos e de seletos funcionários, que frequentam a casa na La Réserve. (Saillant é o médico a cuja habilidade o Brasil deve a conquista da Copa do Mundo de 2002. Foi ele quem operou o joelho de Ronaldo Fenômeno dois anos antes. O atacante lhe dedicou os dois gols que marcou na final contra os alemães.)
Saillant foi apresentado a Schumacher por Todt. Há cerca de dez anos tornaram-se mais íntimos, quando o médico e o dirigente buscavam fundos para a criação de um instituto dedicado ao estudo do cérebro e da medula. Schumacher foi um dos primeiros a contribuir com dinheiro e como garoto-propaganda, aceitando um papel de corredor de bigas em Astérix nos Jogos Olímpicos — no filme, as tribunas do estádio onde se dá a disputa estão cobertas com banners onde se lê ICM, a sigla do instituto, em números romanos. Até hoje, o ex-piloto é seu segundo maior doador privado. Com os olhos voltados para o chão, Saillant reconhece que é uma ironia que o amigo que ajudou a fundar o ICM enfrente agora as sequelas de um traumatismo craniano.
Muitos torcedores brasileiros não simpatizam com Schumacher, pois acham que ele reagiu friamente à morte de Ayrton Senna nas pistas, em 1994, e ainda se beneficiou da tragédia para vencer o campeonato naquele ano. O alemão, afinal, nem sequer foi ao enterro. Sabine Kehm conta uma história diferente. “Michael sempre admirou muito Senna. Ele me disse que ficou devastado com sua morte, mas não queria chorar em público apenas para aparecer na imprensa.” No ano seguinte, longe dos holofotes, Schumacher e Corinna foram ao Cemitério do Morumbi, em São Paulo. De pé, com a cabeça baixa diante do túmulo de Senna, o alemão que caiu em prantos quando igualou o recorde de vitórias do brasileiro prestou sua homenagem particular. Em silêncio, em privado, como sempre guiou sua vida — antes e depois do acidente que o condenou a uma reclusa e misteriosa existência à beira de um lago suíço.

NO O ANTAGONISTA
FHC 2018
Brasil 03.11.16 08:01
O Antagonista foi o primeiro a dizer que FHC planejava voltar ao Palácio do Planalto se Michel Temer fosse cassado.
Xico Graziano, na Folha de S. Paulo, vai mais longe. Ele argumenta que, caso Michel Temer mantenha o cargo, FHC deve se candidatar em 2018:
“Pode ser que a Justiça acelere o processo político e casse a chapa Dilma-Temer. Nesse caso, o Congresso elegeria um presidente-tampão.
Seria Fernando Henrique, com certeza. Ele prepararia o caminho rumo ao porvir. Michel Temer, porém, poderá seguir até 2018. Aí, a decisão será popular.
Sejamos realistas: ou surge um oportunista de última hora, um salvador da pátria, um vendedor de ilusões, ou corremos o risco de ficar na pasmaceira da política tradicional.
Fernando Henrique é o amálgama do dilema brasileiro. Está velho demais, pode-se argumentar. Bobagem. É o mais espairecido dos velhos políticos. Malgrado sua idade, não perde sua inventividade. É o cara.
Volta, FHC”.
“Volta, FHC”
Brasil 03.11.16 07:47
“Volta, FHC”.
Xico Graziano, assessor de Fernando Henrique Cardoso, já está em campanha.
Ele publicou na Folha de S. Paulo:
“Qual liderança poderá recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento? Como fazer a reforma política tão desejada? Quem conseguirá estabelecer conexão com a sociedade organizada nas redes? É o que todos querem saber.
Creio que somente o ex-presidente FHC se legitima, pela vasta experiência, sensatez e sabedoria, para nos conduzir nessa difícil travessia”.
TSE não vai cassar Michel Temer
Brasil 03.11.16 07:28
Michel Temer vai se salvar no TSE.
Segundo o Valor, há um acordo no tribunal para separar suas contas das de Dilma Rousseff.
Há mais de uma maneira de fazer isso.
O TSE pode considerar que houve irregularidades no caso da VTPB e da Focal. “Mas que estas irregularidades não são suficientes para invalidar e fraudar a eleição presidencial inteira - caso em que não ocorreria a cassação da ex-presidente Dilma ou de Temer, mas sanções menores, como multas”.
A reportagem vislumbra também outro cenário: “a discussão de punições diferentes para Dilma e Temer. No caso do vice, ele poderia, por exemplo, não ficar inelegível, isso se ficar apontado que ele não foi beneficiado diretamente por eventuais ilegalidades”.
O foro de JEC
Brasil 03.11.16 07:16
O Estadão informa que José Eduardo Cardozo vai retomar o cargo de procurador em São Paulo.
JEC precisa de foro privilegiado.
"Tabule" no Caixa Dois
Brasil 03.11.16 06:43
Duda Mendonça recebeu dinheiro sujo para fazer a campanha de Paulo Skaf.
A Folha de S. Paulo disse que ele “decidiu procurar a PGR depois de ser informado que seu nome e o episódio constarão na delação da Odebrecht”.
Duda Mendonça deve ser leitor de O Antagonista. Porque só nós publicamos esse fato.
Releia aqui:
EXCLUSIVO: "TABULE" É SKAF
Brasil 04.10.16 14:07
O chefe do Setor de Propinas da Odebrecht revelou quem é o “Tabule” citado nas planilhas da empreiteira.
Trata-se de Paulo Skaf.
Fernando Migliaccio contou ao MPF que repassou 6 milhões de reais para o marqueteiro do presidente da FIESP, em sua campanha para o governo de São Paulo.
E quem foi seu marqueteiro?
O velho Duda Mendonça.
O delator Duda
Brasil 03.11.16 06:33
Duda Mendonça está negociando um acordo com a PGR.
Segundo a Folha de S. Paulo, ele confessou ter recebido dinheiro sujo da Odebrecht para fazer a campanha de Paulo Skaf, em 2014.
Os personagens do Mensalão e do Petrolão são os mesmos.
Lula não foi preso no Mensalão. E isso permitiu que ele fizesse o Petrolão.
Dia de Finados
Brasil 03.11.16 06:00
Os leitores, com o feriado, podem ter perdido nossos posts sobre Jonas Suassuna, o operador de Lula, Lulinha e Luleco.
Claudio Dantas descobriu que Jonas Suassuna bancou despesas de aluguel e condomínio das salas ocupadas pelas empresas de Lulinha e Luleco (releia AQUI).
Ele descobriu igualmente que a Lava Jato investiga centenas de repasses feitos pelas empresas de Jonas Suassuna à pessoa física de Jorge José da Silva, que seria uma espécie de office-boy do empresário (releia AQUI).
Está chegando a vez de Lula. Está chegando a vez também de Lulinha, de Luleco e de sua rede de laranjas.
UM OFFICE-BOY MILIONÁRIO
Brasil Quarta-feira, 02.11.16 20:51
O Antagonista soube que a Lava Jato investiga centenas de repasses feitos pelas empresas de Jonas Suassuna à pessoa física de Jorge José da Silva, que seria uma espécie de office-boy do empresário.
A quebra do sigilo bancário das empresas de Jonas mostra que Jorge recebeu um total de R$ 9,6 milhões das empresas Editora Gol, Gol Mobile, Imobiliária Gol, Goal Discos e PJA.
Caso seja confirmado o vínculo profissional de Jorge com Suassuna, os investigadores deverão pedir o afastamento do sigilo bancário do office-boy. A suspeita é que o empregado tenha sido usado para justificar a saída de recursos a terceiros, por meio de saques.
O objetivo, logicamente, é identificar o beneficiário final dos recursos.
Renan sem maletas
Brasil 02.11.16 16:33
Embora ainda não tenha decidido se deixa as maletas com a Polícia Federal, Teori Zavascki já negou a restituição dos equipamentos antigrampo ao Senado.
Renan Calheiros terá de recorrer aos velhos métodos.
Equilíbrio distante
Brasil 02.11.16 15:51
Cármen Lúcia tem se submetido a sessões de reiki, uma técnica oriental que busca restabelecer o equilíbrio espiritual, emocional e físico. Não está sendo fácil lidar com Renan Calheiros e sua turma.

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