PRIMEIRA EDIÇÃO DE 18-6-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
18 DE JUNHO DE 2016
Ainda controlada por pessoas ligadas aos governos do PT, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está sob suspeita, no próprio Palácio do Planalto, de boicotar as nomeações para o governo Michel Temer. Levantamento da Casa Civil mostra que ao menos 1.100 indicações estão paralisadas por causa da Abin, que tem a responsabilidade de verificar a ficha de cada indicado e liberar ou não para nomeação.
Pesquisa da Abin sobre o secretário-executivo do Ministério da Saúde demorou três semanas. Do segundo para baixo, a demora é maior.
O governo diz ter detectado elevado número de petistas aboletados na Agência Brasileira de Inteligência, e o objetivo seria boicotar o governo.
Em resposta, o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC), considerou a situação delicada. “Dá vontade de exonerar todo mundo”.
Os aliados estão revoltados. O gabinete do líder do governo na Câmara virou um confessionário: todo mundo vai lá para reclamar.
Pesquisa do Instituto Paraná atestou que 70,4% dos brasileiros aplaudem a Operação Lava Jato, que investiga a ladroagem nos governos Lula e Dilma, envolvendo empreiteiras e estatais como Petrobras e Eletrobras. Apenas 23,2% dos pesquisados, interpretados como eleitores do PT e de políticos investigados, consideram “negativas” as revelações das 30 fases da operação Lava Jato.
Segundo 4,1% dos entrevistados, os resultados da operação Lava Jato não são nem positivos, nem negativos.
Segundo a pesquisa a maioria dos brasileiros discordam do alarde de petistas e dilmistas: para 66,7% o impeachment de Dilma não é “golpe”.
O Paraná Pesquisa entrevistou 2.044 eleitores, em 162 municípios de 24 estados brasileiros, entre 11 e 14 de junho. A margem de erro é 2%.
A bancada contra Dilma na comissão de impeachment foi gentil como os petistas jamais o serão: deixou barato o deboche de José Eduardo Cardozo, citando o “jurista Tomas Turbando”. Nem sequer exigiram que ele se desculpasse diante da instituição que desrespeitou.
A defesa insiste em chamar de “golpe” o afastamento de Dilma pelo cometimento de crimes, mas acredita que os argumentos de auditores do Tribunal de Contas da União foram muito convincentes.
Aos que querem saber quem são e quem os financia, os militantes do “documentário do golpe”, que constrangem senadores anti-Dilma na comissão do impeachment, reagem com arrogância: “dá um Google…”.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) quer a colega Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) falando menos na comissão do impeachment. Diz que “prejudica a defesa”. Mas a verdade é que Grazziotin faz sombra a ela.
A ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu, presidente o diretório paulistano do Partido da Mulher Brasileira (PMB), decidiu apoiar João Dória Jr (PSDB) à prefeitura paulistana.
“A missão do presidente Temer em controlar a crise econômica e social é tão difícil quanto trocar uma turbina de avião em pleno voo, com nível de combustível na reserva”, diz o deputado Alexandre Baldy (PTN-GO).
A posse na Associação dos Juízes Federais (Ajufe), mostrou o prestígio do novo presidente Roberto Veloso. Estiveram presentes os presidentes do STF e STJ e onze ex-presidentes da própria Ajufe.
Ex-presidente do Conselho de Ética na Câmara, Ricardo Izar (PP-SP) teme que Eduardo Cunha seja beneficiado em recurso à Comissão de Constituição e Justiça. “A composição na CCJ é favorável a ele”, diz.
…são tão reais os “juristas respeitados que defendem Dilma” quanto o “Tomás Turbando”, citado pelo debochado defensor Eduardo Cardozo.

NO DIÁRIO DO PODER
MEDO DE CURITIBA
MEDO DE MORO FAZ LULA RECORRER PARA QUE SEU CASO FIQUE NO STF
DEFESA QUER QUE STF JULGUE RECURSOS ANTES DE ENVIAR CASO A MORO
Publicado: 17 de junho de 2016 às 19:21 - Atualizado às 20:53
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva protocolou nesta sexta-feira (17) um pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) que pode adiar o envio dos processos contra ele na Lava Jato para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Os advogados querem que as investigações fiquem na Corte até que os recursos que tentam impedir a transferência do petista para a primeira instância sejam julgados.
O pedido deverá ser analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF. Nesta semana, além de devolver para Moro os procedimentos que envolvem o sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá, cuja propriedade é atribuída a Lula, o ministro também anulou os áudios em que o ex-presidente aparece conversando com a presidente afastada Dilma Rousseff sobre o envio de um termo de posse para o ministério da Casa Civil.

LAVA JATO
STF HOMOLOGA DELAÇÃO DE FÁBIO CLETO, O TERROR DE EDUARDO CUNHA
MINISTRO TEORI ZAVASCKI HOMOLOGA DELAÇÃO DO EX-VICE DA CAIXA
Publicado: 17 de junho de 2016 às 18:26 - Atualizado às 21:09
O relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki, homologou a delação premiada do ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto. Ele é investigado por suspeita de envolvimento no petrolão e a confirmação da homologação do acordo caiu como uma bomba no PT.
Vale lembrar que a Caixa esteve presente no início das investigações da operação, envolvendo o megadoleiro Alberto Youssef e os ex-deputados Luiz Argôlo e André Vargas, que teve o mandato cassado após as denúncias de corrupção.
Afilhado político do presidente suspenso da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Cleto implica o peemedebista em esquemas de corrupção, além de também citar o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves.
Segundo o delator, Cunha cobrava propina em troca de liberação de verbas do fundo de investimentos do FGTS. Cleto declarou que o deputado recebeu R$ 52 milhões pelo acordo.

PETROLÃO
CORRÊA REVELA PROPINAS PARA CONGRESSO NÃO INVESTIGAR PETROBRAS DESDE 2002
POLÍTICOS DA BASE E DA OPOSIÇÃO SEMPRE MANOBRARAM, DIZ DELATOR
Publicado: 17 de junho de 2016 às 19:07
Em um de seus depoimentos da delação premiada, o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) condenado no Mensalão e na Lava Jato revelou que, pelo menos desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) os partidos da base aliada e até da oposição dos governos “manobram” para impedir que as CPIs e a Comissão de Minas e Energia na Câmara investigassem a fundo as suspeitas sobre a maior estatal brasileira.
Desde 1989, pelo menos, todas as Comissões Parlamentares de Inquérito instauradas no Congresso para investigar a estatal não tiveram nenhum resultado prático para barrar irregularidades na estatal. O motivo para isso, segundo o delator, é só um: as empresas que mantinham contratos na Petrobras e financiavam suas campanhas políticas tanto da base quanto da oposição aos governos. Ele citou ainda pagamentos de propinas das empreiteiras para que parlamentares evitassem avançar em investigações sobre a estatal em 2002 e 2009.
“Os partidos comprometidos com a Petrobras, tanto da base aliada, quanto da grande maioria da oposição, eram devedores aos empresários que financiavam suas eleições no Estados e tinham negócios com a Petrobrás”, relatou.
“Sempre que se pretendeu investigar a Petrobras, por meio de Comissões Parlamentares de Inquérito os partidos ‘manobravam’ para a escolha do presidente e relator (da CPI), indicando parlamentares comprometidos com a Petrobras para que as investigações resultassem sempre em relatório final favorável à empresa”, disse o deputado. Ele afirmou ainda que o mesmo modus operandi sempre foi adotado na comissão de Minas e Energia da Câmara, responsável por investigar o setor elétrico e a Petrobrás.
Segundo Corrêa, sempre quando havia incidentes na Petrobras “amplamente explorados pelos meios de imprensa”, como vazamentos de óleo ou incêndios em plataformas de exploração de petróleo, os parlamentares do colegiado “montavam um esquema de proteção para dar sustentação ao depoimento do referido dirigente da estatal”.
Além de citar como funcionava a articulação dos parlamentares de modo geral, o ex-deputado citou dois exemplos, um em 2002 e outro em 2009, de como o pagamento de propinas de empreiteiras abafou as tentativas de apurar irregularidades envolvendo a estatal petrolífera.
Em 2002, o então presidente da Petrobrás, Felipe Reichstul foi convocado para depor na Comissão de Minas e Energia o que, segundo o delator, teria deixado o governador de Pernambuco e hoje senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) preocupado. Segundo ele, a Petrobras havia adiantado o pagamento de ICMS no Estado, o que foi utilizado para quitar parte da folha de pagamento de Pernambuco. O governador teria, então, escalado o deputado tucano Sérgio Guerra (morto em 2014) para “proteger o presidente Felipe e seus diretores”.
“Na época Sérgio Guerra conseguiu um valor de propina junto aos fornecedores e empresas que atuavam junto à Petrobras, para os deputados da Comissão (maioria do PP)”, disse o delator. Segundo Corrêa, ele e Guerra organizaram a distribuição da propina para manter o benefício do ICMS da Petrobras ao Estado de Pernambuco, pelo qual os dois se elegeram.
Com isso, relata, os parlamentares da base do governo articularam para deixar as perguntas dos membros da oposição a Reichstul por último e ainda prolongaram suas perguntas “sendo que a sessão foi longa, e os parlamentares da oposição não conseguiram inquirir os ouvidos”, segue o delator.
Ele ainda confirmou a propina para abafar a CPI para investigar a estatal em 2009, já citada por outros delatores, e implicou novos nomes no acerto que teriam ocorrido na época. Corrêa relatou que a empreiteira Queiroz Galvão estava “encarregada” de pagar propina para evitar que os parlamentares investigassem as irregularidades na CPI.
O ex-deputado admite que ficou responsável por arrecadar os recursos ilícitos da empresa para o PP, para que os políticos do partido na comissão pudessem “aliviar as investigações”.
Ao se encontrar com o presidente da empreiteira, Ildefonso Colares, ele ouviu do executivo que havia sido repassada propina de R$ 10 milhões para Sérgio Guerra, valor já citado por outros delatores da Lava Jato, e outros R$ 9 milhões para o hoje governador do Rio Francisco Dornelles, do PP.
Corrêa, que era próximo de Guerra, disse que confirmou com o tucano na época o recebimento da propina para o PSDB que teria ainda sido dividido entre o hoje senador Álvaro Dias (na época no PSDB) e o então senador Aloísio Mercadante (PT-SP).
A partir destes pagamentos, a CPI de 2010 foi encerrada sem apontar nenhuma irregularidade. Não é a primeira vez que a compra de CPIs entra na mira da Lava Jato. Na 29ª fase da operação deflagrada neste ano, que prendeu o ex-senador Gim Argello (PTB-DF), os investigadores da operação revelaram um esquema de políticos junto a empreiteiros para evitar a convocação de empresários nas CPIs que investigaram a estatal em 2014. Atualmente Argello é réu acusado de receber ao menos R$ 5,3 milhões de empreiteiras para atuar para esvaziar as comissões. Ele nega irregularidades.
A reportagem entrou em contato com todos os políticos citados e divulgará as versões deles assim que obtiver as respostas. (AE)

COMUNISTAS RICOS
ALDO E PCDOB ACUSADOS DE LEVAR PROPINA NO 'MINHA CASA MINHA VIDA'
DELATOR ACUSA EX-MINISTRO E PARTIDO DE EMBOLSAR 30% DE COMISSÃO
Publicado: 17 de junho de 2016 às 18:25 - Atualizado às 21:03
Redação
DELATOR ACUSA EX-MINISTRO E PARTIDO DE EMBOLSAR ATÉ 30% DO MCMV
A delação premiada do ex-deputado Pedro Corrêa traz novos personagens aos esquemas de recebimento de propina no governo federal: o ex-ministro Aldo Rebelo e seu partido PCdoB. Na delação, Corrêa escancarou a roubalheira promovida pelos comunistas sob comando de Rebelo e explica os desvios feitos no Minha Casa Minha Vida. O ex-deputado revela que o partido recebia de 10% a 30% do valor de cada uma das casas construídas pelo programa habitacional.
Aldo Rebelo e o PCdoB têm um anexo específico na delação. Nele, Pedro Corrêa explica a atuação de Daniel Nolasco, apadrinhado de Aldo, como operador junto a pequenas construtoras que executavam as obras em cidades pequenas, até 50 mil habitantes. Aldo teria levado um terço do total arrecadado pelo esquema. "Aldo Rebelo tinha pleno conhecimento de que as nomeações dos indicados pelos partidos da base aliada eram realizadas com o intuito de arrecadação de propina", diz o delator.
O esquema de arrecadação ilícita teria envolvido 100 mil casas, no mínimo, e era considerado simples. Segundo Corrêa, depois de firmar o contrato com a empreiteira, o repasse do percentual acordado deveria ser pago à RCA Assessoria, empresa de Nolasco. Apesar de se tratarem de pequenas empreiteiras, o esquema, dividido com PT e PP, rendeu R$ 400 mil apenas de um contrato no Maranhão.
"A propina arrecadada pela RCA era dividida entre o PT, que tinha a Secretaria Nacional de Habitação, pelo PCdoB, que comandava a Diretoria de Produção Habitacional, e pelo PP, que tinha o ministro das Cidades", afirmou Corrêa.

VEXAME
GLEISI PASSA VERGONHA AO TENTAR ENCERRAR SESSÃO DO IMPEACHEMENT
SENADORA MOSTROU DESCONHECIMENTO DO REGIMENTO E QUÓRUNS DA COMISSÃO
Publicado: 17 de junho de 2016 às 15:57
André Brito
SENADORA MOSTROU DESCONHECIMENTO DO REGIMENTO E QUÓRUNS DA COMISSÃO
Os senadores da bancada pró-Dilma na comissão do impeachment passaram vergonha ao tentar encerrar a sessão alegando falta de quórum. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) apresentou a proposta após o depoimento do ex-ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, quando havia apenas cinco senadores no plenário. Entretanto, Gleisi não sabia, ou não foi informada por sua assessoria é que o quórum mínimo para o funcionamento da comissão é de um quinto dos membros, no caso da comissão do impeachment quatro.
Depois que foi informada da situação pelo presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB), o desconhecimento do regimento interno se tornou ainda mais flagrante. Gleisi passou a cobrar que a sugestão fosse votada pelos presentes, mas o quórum para deliberação na comissão, 11 senadores, não estava presente e Lira explicou que não poderia colocar a proposta em votação.
Depois do vexame regimental, outros senadores chegaram, mas ainda assim o quórum não foi atingido e a bancada pró-Dilma passou a tumultuar a sessão tentando forçar Raimundo Lira a suspender a sessão. Entre gritos e acusações, o senador José Medeiros (PSD-MT), presente desde o início, criticou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). "O Brasil está vendo o senhor querendo derrubar a sessão para ir ao aniversário da filha", disse. Lindbergh respondeu que não adiantava mais, pois já tinha perdido o voo.
Em pé, os senadores rodearam Raimundo Lira mostrando o regimento, os ânimos se acalmaram e a sessão foi retomada com o depoimento da próxima testemunha, o ex-ministro da Educação, José Henrique Paim Fernandes.

REVOGA-SE A PODRIDÃO
Carlos Chagas
Verdade, mentira ou exagero, tanto faz como classificar as delações premiadas do ex-senador Sérgio Machado. Melhor será marcar um “X” nos três quadradinhos. Mais importante será verificar que o sistema político brasileiro apodreceu. A corrupção generalizou-se e atinge a prática eleitoral. Inviabiliza os partidos, os candidatos, o voto e as leis.
Fazer o quê? De início, revogar tudo, mas quem exercerá essa função? O povo, isto é, o eleitor, mas como? Por meio de uma nova lei elaborada pelos políticos, através do voto barganhado por candidatos selecionados pelos partidos? 
De uns dias para cá recrudesce a proposta da antecipação das eleições gerais, acoplada à convocação de uma Assembleia Constituinte Exclusiva, destinada a redigir a reforma política. Não vai dar certo, pois os candidatos a exclusivos serão os mesmos políticos de sempre.
Entregar o poder ao Judiciário teve sucesso no passado, em 1945. Mesmo assim, garantia não há da repetição da experiência.
Fala-se do Parlamentarismo, mas o entusiasmo arrefece quando se lembra de que esse sistema amplia ao máximo os poderes do Legislativo. Lembra-se da ditadura militar, de memória mais triste ainda.
Em suma, não passamos da constatação de que o País está podre. Que tal um decreto dispondo “revoga-se a podridão!”

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Lindbergh revela que o neoliberalismo nasceu na China quando a ditadura comunista era chefiada por Pinochet
Senador do PT tortura a Geografia, assassina a História e confirma que virou presidente da UNE porque o cargo é reservado a quem só é o melhor da classe em cretinice
Por: Augusto Nunes  
18/06/2016 às 0:33
“O neoliberalismo foi aplicado… primeiro país onde foi aplicado foi na China”, decolou o senador Lindbergh Farias nesta sexta-feira (17), no meio de mais uma gritaria para a plateia entediada. “E foi no governo de Pinochet”, flutuou na estratosfera o coronel da tropa de Dilma Rousseff na Comissão do Impeachment. Com 18 palavras, Lindbergh promoveu (ou rebaixou) a ditador da China o tirano chileno Augusto Pinochet ─ e transformou um regime comunista em laboratório experimental de um general ultraconservador.
Os guerreiros de Dilma em ação no Senado revogaram os limites da imbecilidade. Na quinta-feira (16), o ex-ministro José Eduardo Cardozo incluiu um certo Tomás Turbando Bustamante na lista dos doutores que combatem o golpe que não houve e louvam pedaladas criminosas. Menos de 24 horas depois, o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes precisou de duas frases para trucidar a Geografia, a História, a Economia, o Chile e a China. Pinochet, aliás, é o segundo general a invadir o território chinês por determinação de sumidades do partido que virou bando. O primeiro foi Napoleão Bonaparte, que ocupou Pequim durante uma discurseira improvisada por Lula.
É nisso que dá fugir do estudo. É assim que fica a cabeça de gente que só aparecia na porta da escola para apoiar a decretação de mais uma greve. Pelo menos numa matéria o mestre e seus discípulos se igualaram: são todos nota 10 em ignorância.

Bando de toupeiras
Cardozo diz que o doutor Turbando foi inventado por um rapaz que gosta de envergonhar o chefe com 'pegadinhas culposas'
Por: Augusto Nunes 
17/06/2016 às 18:41
“Não foi pegadinha nem nada. Eu pedi a relação dos juristas que tinham feito pareceres, e faltava o nome de alguns juristas completos. Eu pedi no escritório que as pessoas pegassem os nomes, e o rapaz pegou a relação de uma brincadeira que tinha, achou que aquilo era sério e me passou. Depois da audiência eu vi. Não foi nem má fé. Foi um equívoco, até uma coisa engraçada. Eu diria até que foi uma pegadinha culposa e não dolosa”. (José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, explicando que não é a única cavalgadura do escritório)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
As contas suíças do Henriquinho…
Na quarta-feira à noite (15), Temer conversou com Henrique Alves sobre as delações da Lava-Jato e as tais contas no exterior. O presidente interino queria saber a extensão desses casos e se eles poderiam abater algum outro integrante do governo.
Por: Reinaldo Azevedo 
18/06/2016 às 5:39
Por Hugo Marques, da VEJA:
Terceiro ministro do governo Michel Temer demitido em pouco mais de um mês, o peemedebista Henrique Eduardo Alves é chamado carinhosamente pelos amigos de “Henriquinho”, num trocadilho com a boa vida que leva. Ex-presidente da Câmara, ele caiu do Ministério do Turismo depois de ser apontado como beneficiário de propinas repassadas pela OAS e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que somariam cerca de 2 milhões de reais. Um processo que corre em sigilo na Justiça Federal de Brasília mostra que esses valores seriam capazes de bancar apenas uma parte, uma pequena parte, das despesas de Henriquinho.
Em tramitação há doze anos, o processo traz nomes e números de contas do ex-ministro no exterior, além de extratos bancários que detalham seus gastos fora do país entre 1996 e 2004. O papelório foi entregue às autoridades por Mônica Azambuja, ex-mulher do peemedebista, que o acusou de manter 15 milhões de dólares (cerca de 50 milhões de reais) no exterior. Nada declarado à Receita Federal. Diz a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal: “O ora requerido jamais manifestou qualquer reserva quanto a esses documentos, bastando-se em afirmar não possuir patrimônio de 15 milhões de dólares”.
Só em 1996, Henriquinho gastou 1,1 milhão de reais num cartão American Express vinculado a uma conta do banco suíço Union Bancaire Privée. A conta era batizada de 245333HM, sendo as letras referências ao casal Henrique e Mônica. A denúncia, a que VEJA teve acesso, compila operações financeiras no exterior, como uma aplicação de 890 mil dólares, e até um bilhete em que o ex-ministro pede ajuda a uma notória operadora do mercado financeiro suíço para administrar seus investimentos: Maria Rodrigues, apontada como a administradora das propinas pagas por contratos superfaturados assinados, na gestão Paulo Maluf, pela Prefeitura de São Paulo.
Na quarta-feira à noite (15), Temer conversou com Henrique Alves sobre as delações da Lava-Jato e as tais contas no exterior. O presidente interino queria saber a extensão desses casos e se eles poderiam abater algum outro integrante do governo. A preocupação era compreensível. Entre os documentos à disposição da Justiça, há um papel timbrado da Câmara no qual está anotado o valor de 420.000 e o nome Geddel Vieira Lima, atual ministro da Secretaria de Governo.
“Observa-se também que às folhas 167 há outra anotação referindo-se a 420.000,00 com a mesma caligrafia e em papel timbrado da Câmara dos Deputados, fazendo referência ao nome de Geddel Vieira Lima, deputado da Bahia pelo partido PMDB”, diz a denúncia do MPF. Geddel disse a VEJA que desconhece o manuscrito com a cifra em dólares e que nunca tratou de dinheiro com Henrique Alves ou recebeu valores dele. Alves considera “absurda” a denúncia da ex-mulher, mas não quis comentar especificamente sobre a anotação com o nome de Geddel. Ele disse que as provas que constam no processo por enriquecimento ilícito já foram consideradas “ilícitas” e anuladas duas vezes em recursos de sua defesa.
A ação civil de improbidade administrativa, porém, ainda tramita na 16ª Vara Federal de Brasília e espera um despacho do juiz. A reportagem não conseguiu contato com os advogados do ex-ministro nesta sexta-feira (17). Na véspera, Alves e Geddel conversaram pessoalmente. O primeiro pediu demissão. O segundo continua no governo. Ao menos por enquanto.
Confira a cobertura completa sobre a demissão de Henrique Eduardo Alves na edição de VEJA deste fim de semana.

Estado Islâmico: Risco de ataque terrorista no Brasil nunca foi tão grande, alerta Abin
Relatório da Abin revela que o grupo extremista faz esforços para obter seguidores no Brasil – e que o país está exposto a um ataque terrorista
Por: Reinaldo Azevedo
18/06/2016 às 5:59
Por Rodrigo Rangel, na VEJA:
A tragédia de Orlando mostra que o extremismo, aliado à tecnologia, produz terroristas que podem atacar a qualquer momento, em qualquer lugar. E o Brasil não está a salvo. Ao menos é essa a avaliação do serviço secreto brasileiro que consta de um relatório reservado distribuído às autoridades envolvidas na montagem da segurança da Olimpíada do Rio de Janeiro e obtido com exclusividade por VEJA. O terrorismo 3.0, que arregimenta militantes remotamente com as facilidades de comunicação e as garantias de sigilo oferecidas pela internet, exorta aqueles mais radicais a realizar atentados por conta própria. Por isso, é uma das principais fontes de ameaça aos Jogos. Mais que uma simples hipótese, agora há razões concretas para elevar o alerta. A principal delas é a constatação de que grupos extremistas, em especial o Estado Islâmico, têm empreendido esforços não apenas para recrutar seguidores no País como também para deixar alguns deles em condições de agir a qualquer momento.

Até recentemente, a única ameaça concreta ao Brasil conhecida era um texto de 67 caracteres escrito numa rede social por Maxime Hauchard, um dos chefões do Estado Islâmico. “Brasil, vocês são o nosso próximo alvo”, dizia a mensagem, em francês, publicada dias após os atentados de novembro de 2015 em Paris. No fim do mês passado, o Estado Islâmico criou um canal de propaganda em Língua Portuguesa dentro de um aplicativo na internet. Inaugurado com a publicação de um discurso do porta-voz do grupo, funciona como uma agência de notícias e veicula, todos os dias, fotos, vídeos e textos com informações das frentes de combate da organização. O material, invariavelmente, faz a apologia da crueldade e alia as já conhecidas práticas do grupo à retórica religiosa radical. Os ataques à coalizão que combate os jihadistas do EI no território conflagrado entre a Síria e o Iraque são comemorados como feitos épicos: da “perfeita emboscada” contra uma patrulha egípcia ao “ataque-surpresa” que matou dezessete “apóstatas” das forças oficiais, tudo é narrado com cores fortes. A propaganda apela à conversão. É um chamamento a novos soldados.
Desde que foi criado, o canal em Português vem sendo monitorado de perto pelas autoridades brasileiras, que contam com o auxílio de serviços secretos estrangeiros – alguns deles, como a americana CIA, têm agentes trabalhando no Brasil há meses com a missão de detectar ameaças à Olimpíada e às delegações de seus países.
O maior desafio é identificar os responsáveis pela estratégia de recrutamento de brasileiros. Em parceria com a revista portuguesa Sábado, VEJA descobriu que um dos alvos prioritários da vigilância, neste momento, é um militante do Estado Islâmico que se identifica nas redes de propaganda do grupo como Ismail Abdul Jabbar Al-Brazili – ou, simplesmente,
“O Brasileiro”. É ele um dos responsáveis, por exemplo, por abastecer com textos em Português o canal de propaganda recém-criado. Há indicações de que Al-­Brazili não tem o Brasil apenas no nome de guerra – de acordo com informações oficiais, ele seria, de fato, um combatente brasileiro do EI.
Al-Brazili é um personagem bastante ativo na web. Nos últimos meses, abriu diferentes perfis em redes sociais. Frequentemente, assim que descobertos, os perfis são fechados a pedido das autoridades. Ele, então, abre novos. Semanas atrás, coube a Al-Brazili convocar, por meio de outros canais de comunicação do EI na internet, interessados em ajudar na tradução de textos do grupo para o canal em Português. O militante, que mantém ainda dois blogs, diz ter sido recrutado para o Estado Islâmico por Abu Khalid Al-­Amriki, um americano que teria caído em combate na Síria. Ele promete vingar a morte do amigo. Além de fazer propaganda do grupo extremista, Al-­Brazili se apresenta como alguém capaz de facilitar o acesso de simpatizantes às fileiras do grupo – nos posts, ele costuma informar como os interessados podem contatá-lo por meios seguros de comunicação.
As autoridades têm motivos para acreditar que o proselitismo vem funcionando – e há casos suficientes para concluir que não se trata de platitudes apenas. Há dois meses agentes da Divisão Antiterrorismo (DAT) da Polícia Federal baseados em Brasília investigam o desaparecimento da estudante paraense Karina Ailyn Raiol, de 20 anos. Recém-convertida ao islamismo, Karina saiu de casa dizendo que iria para a faculdade e nunca mais voltou. Só depois os pais descobriram que ela havia tirado passaporte às escondidas e tomado um voo internacional rumo à Turquia. O dinheiro para as passagens veio do exterior, de fonte desconhecida. A suspeita é que a estudante tenha sido recrutada pelo Estado Islâmico. Mensagens trocadas por Karina dias antes da viagem e obtidas por VEJA mostram que ela tinha simpatia pela causa. Numa delas, a estudante diz que “se juntar aos grupos terroristas é a única forma de lutar” contra o que chama de injustiças na “terra do Islã”.
Hoje, ao menos trinta suspeitos de ligação com o terrorismo são vigiados de perto pelos agentes oficiais no Brasil. Em outro caso, também a cargo da divisão antiterror da PF, foi preciso recorrer a uma medida de emergência: após a descoberta de que um universitário de 23 anos de Chapecó (SC) havia ficado três meses numa cidade síria dominada pelo EI, e que na volta ele passava as madrugadas em treinos de tiro ao alvo, os policiais pediram à Justiça que autorizasse o monitoramento do suspeito em tempo real, 24 horas por dia, por meio de uma tornozeleira eletrônica.
Dono de um serviço de entrega de comida árabe e estudante de economia, Ibrahim Chaiboun Darwiche usa a tornozeleira desde o dia 27 de maio. Ele está proibido de se aproximar de escolas, aeroportos ou outros lugares com grande concentração de pessoas. A medida vale até os Jogos, mas pode ser estendida, a depender do desenrolar das investigações. Na semana passada, soube-se que o sírio Jihad Ahmad Deyab, que cumpriu pena na prisão americana de Guantánamo por seus vínculos com a organização terrorista Al Qaeda e estava asilado no Uruguai, agora está vivendo no Brasil.
Essa profusão de notícias fez acender a luz amarela. Diz o relatório da Abin: “A disseminação de ideário radical salafista entre brasileiros, aliada às limitações operacionais e legais em monitorar suspeitos e à dificuldade de neutralizar atos preparatórios de terrorismo, aponta para o aumento, sem precedentes no Brasil, da probabilidade de ocorrência de atentados ao longo de 2016, especialmente por ocasião dos Jogos Rio 2016″. A partir de uma fórmula matemática que leva em conta diferentes variáveis para calcular os riscos, a Abin conclui que a ameaça de atentados no país durante os Jogos Olímpicos alcança o patamar 4 numa escala que vai de 1 a 5 – 5 representa a certeza de que haveria um ato terrorista em preparação. No mesmo relatório, as autoridades confessam suas “limitações operacionais” para prevenir o pior.

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza
18/06/2016 04:46
Foi como nos tempos de Dilma Rousseff. O governo havia projetado para Michel Temer uma semana de holofotes. Deu tudo errado. Tão errado que Temer teve de cancelar o pronunciamento que faria na noite desta sexta-feira (17). Seria sua primeira aparição em rede nacional de rádio e tevê. O Planalto farejou o risco de panelaço. E Temer experimentou pela primeira vez o pavor que fez Dilma banir da sua rotina o hábito de invadir os lares antes do Jornal Nacional.
Os brasileiros mais otimistas imaginavam que a Lava Jato tivesse deixado o Palácio do Planalto no dia em que Dilma, ciente do seu afastamento, assinou dois documentos: a revogação do título de chefe da Casa Civil que concedera a Lula como um escudo anti-Moro e a exoneração do seu ex-tesoureiro de campanha Edinho Silva do posto de ministro da Comunicação Social da Presidência e do foro privilegiado que mantinha no STF o inquérito em que é acusado de transformar petropropinas em doações eleitorais.
Confirmando as expectativas mais pessimistas, a lama voltou a subir a rampa do Planalto. Recobriu os sapatos de Michel Temer. E abafou o grande anúncio da semana: o envio ao Congresso da proposta de emenda constitucional que cria um teto para limitar o crescimento das despesas públicas. O som da fanfarra da agenda econômica positiva foi suplantado pelo estrondo da delação premiada de Sérgio Machado, o ex-tucano que se converteu ao PMDB e presidiu a Transpetro por quase 12 anos. Período em que fez da subsidiária da Petrobras uma usina de trambiques e propinas.
Machado ocupou manchetes nas quais o Planalto imaginou que acomodaria Henrique Meirelles. O ministro da Fazenda seria usado como uma espécie de sonho de relações públicas, para cultivar a imagem de respeitabilidade nos dias de festa programados para a semana. Mas o PMDB acabou roubando (ops!) a cena. Tomado pelas palavras do seu delator, o partido não se contenta com tudo. Quer sempre mai$. Machado disse ter recolhido R$ 115 milhões no balcão que instalou na Transpetro. Distribuiu-os a 23 políticos de oito partidos. A parte do leão, R$ 100 milhões, foi destinada aos cardeais do PMDB.
Acusado de encomendar uma machadiana de R$ 1,5 milhão em 2012, para a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo, Temer piscou. Soltou uma nota frouxa. Só no dia seguinte, com a imagem já desidratada, convocou os jornalistas. Imaginou-se que enfrentaria o contraditório de uma entrevista. Entretanto, a exemplo do que Dilma cansou de fazer, ele preferiu ler um “comunicado”. Sem direito a perguntas. Tachou as declarações de Machado de “irresponsáveis, mentirosas, levianas e criminosas.” O delator não se deu por achado. Reafirmou tudo o que dissera, por meio de nota.
Depois de esfarelar o PT e seus satélites, a Lava Jato expõe o apodrecimento do PMDB na pior hora para Temer. O partido entra em fase de putrefação justamente no instante em que seu governo deveria florescer. O substituto constitucional de Dilma programara-se para bater bumbo em torno do que considera ser os principais feitos do seu governo até aqui: a normalização das relações com o Congresso e a retomada da confiança dos agentes econômicos.
Mas a delação de Machado fez tudo parecer supérfluo. Sobretudo depois que ficou boiando no ar a impressão de que Temer não tem condições pessoais e políticas de se dissociar do pedaço podre da legenda que preside há 15 anos. Logo, logo não será possível notar mais nada de tanto que vai existir o PMDB de Renan, Cunha, Jucá e Sarney. Vêm aí a conta suíça de Henrique Alves, o penúltimo ministro de Temer a cair; e a delação de Fábio Cleto, um operador de propinas que Eduardo Cunha acomodara numa vice-presidência da Caixa Econômica Federal. Para que a semelhança com Dilma se aproxime da perfeição, só falta Temer pronunciar uma frase: “Eu não sabia”.

Josias de Souza
17/06/2016 19:40
A decretação do ‘estado de calamidade’ nas finanças do Rio de Janeiro às vésperas das Olimpíadas colocam o Brasil novamente de ponta-cabeça nas manchetes da imprensa internacional. O mergulho do país no insondável parece não ter limites.
Um amigo que vive há duas décadas nos EUA disse que não tem mais paciência para se apresentar como brasileiro. Orgulha-se de sua nacionalidade. O problema é que voltou a pegar mal. Cansou de ouvir a mesma pergunta — “O que houve com o Brasil?”— e de não ter uma resposta para dar.
É realmente difícil explicar no estrangeiro a vocação bíblica dos corruptos brasileiros. Nunca se contentaram com as pequenas negociatas. Mas não se imaginava que ambicionassem o dilúvio de lama.
E se perguntarem lá fora de quem é a culpa por tanta incompetência e roubalheira? A julgar pelos desmentidos, só há uma resposta possível: não há culpados no Brasil, apenas cúmplices. Culpa mesmo teve Noé, que permitiu a entrada do casal de ratos na famosa Arca.
Por sorte sobraram as praias. O Brasil pode reivindicar a volta àquela época em que, no cinema americano, era o país para onde voavam os bandidos à procura de refúgio depois de um grande golpe. Devagarinho, o país do jeitinho vai virando o país que não tem jeito.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
Sexta-feira, junho 17, 2016
O que segue é a transcrição da reportagem-bomba da revista IstoÉ que chega às bancas neste sábado (18) antecipando o conteúdo bomba da delação premiada do empreiteiro Léo Pinheiro, um dos empresários mais próximos a Lula e que está enterrado até a medula no esquema criminoso criado e mantido por Lula e seus sequazes do PT. E o que segue neste texto é apenas um aperitivo. Léo Pinheiro só se salva de terminar seus dias na cadeia caso conte toda a verdade às autoridades da Operação Lava Jato. E, segundo consta, Léo Pinheiro quer aliviar sua consciência além, é claro, de não gostar do inverno de Curitiba. Leiam:
À disposição do juiz Sérgio Moro desde a semana passada, o arsenal de provas preparado por agentes federais e investigadores contra o ex-presidente Lula será robustecido em breve pelo que os procuradores da Lava Jato classificam de a “bala de prata” capaz de aniquilar o petista. O tiro de misericórdia – a julgar pelo cardápio de revelações ofertado durante as tratativas para um acordo de delação premiada – será desferido pelo empresário Léo Pinheiro, um dos sócios do grupo OAS. Conforme apurou ISTOÉ junto a integrantes da força-tarefa da operação Lava Jato em Curitiba, ao se dispor a desfiar com profusão de detalhes a maneira como se desenvolveram as negociações para as obras e reformas no sítio em Atibaia e no tríplex do Guarujá, tocadas pela OAS, Pinheiro já forneceu antecipadamente algumas das peças restantes do quebra-cabeças montado desde o surgimento das primeiras digitais de Lula no esquema do Petrolão.
Diz respeito às contrapartidas aos favores prestados pela empreiteira ao ex-presidente. De acordo com o relato preliminar de Pinheiro, em troca das obras no sítio e no tríplex do Guarujá, o petista se ofereceu para praticar tráfico de influência em favor da OAS no exterior. A OAS acalentava o desejo de incrementar negócios com o Peru, Chile, Costa Rica, Bolívia, Uruguai e nações africanas. Desenvolto no trânsito com esses países, Lula se prontificou a ajudá-los. Negócio fechado, coube então ao petista escancarar-lhes as portas. Ou, para ser mais preciso, os canteiros de obras. Se até meados de 2008 a OAS engatinhava no mercado internacional, hoje a empresa possui 14 escritórios e toca 20 obras fora do País – boa parte delas conquistada graças às articulações do ex-presidente petista.
UMA PENCA DE CRIMES
Tráfico de influência quando praticado por um agente público é crime. Torna-se ainda mais grave quando em troca do auxílio são ofertados favores privados provenientes de uma empresa implicada num dos maiores escândalos de corrupção da História recente do País, o Petrolão. As revelações de Pinheiro, segundo procuradores da Lava Jato, ferem Lula de morte. O empreiteiro planeja deixar claro ainda que Lula é o real proprietário tanto do sítio em Atibaia quanto do tríplex no Guarujá. Assim, o ex-presidente estará a um passo de ser formalmente acusado pelos crimes de ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e tráfico de influência. Um futuro julgamento, provavelmente conduzido pelo juiz Sergio Moro, poderá resultar em condenação superior a dez anos de reclusão.
Ainda durante as negociações para o acordo de delação premiada, Pinheiro prometeu detalhar o mal contado episódio do aluguel patrocinado pela OAS de 10 contêineres destinados a armazenar o acervo museológico do ex-presidente da República. O que se sabia até agora era que a empreiteira havia gasto R$ 1,3 milhão para guardar os objetos retirados do Palácio do Planalto, do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto durante a mudança do ex-presidente. Parte dos itens ficou acondicionada em ambiente climatizado, em um depósito da transportadora Granero em Barueri, na região metropolitana de São Paulo. O restante foi armazenado a seco, em outro balcão no Jaguaré, na capital paulista. De lá, os itens foram transportados para o sítio em Atibaia. Elaborado de forma dissimulada para escamotear o seu real beneficiário, o contrato celebrado pela OAS com a transportadora Granero ao custo R$ 21.536,84 por mês por cinco anos tratava da “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da Construtora OAS Ltda”. Segundo apurou ISTOÉ, além de, obviamente, confirmar mais um préstimo a Lula, Pinheiro já disse que as negociações ocorreram quando o petista ainda ocupava a Presidência da República, em dezembro de 2010.
A se consumar o que foi esquadrinhado no acordo para a delação de Pinheiro, pela primeira vez será possível estabelecer que Lula cultivou uma relação assentada na troca de favores financeiros com a OAS quando ainda era o mandatário do País. O depoimento desmontará o principal argumento utilizado por advogados ligados ao PT sempre quando confrontados com informações sobre a venda de influência política por Lula no exterior para empresas privadas nacionais: o de que não constitui ilícito o fato de um ex-servidor público viabilizar negócios de empresas privadas nacionais com governos estrangeiros. No “toma lá, dá cá” entre o petista e a OAS, o “dá cá” ocorreu quando Lula encontrava-se no exercício de suas funções como presidente da República.
LULA DETONADO
O que o ex-presidente da OAS já antecipou aos procuradores é apenas um aperitivo. O prato principal descerá ainda mais amargo para Lula e virá a partir dos depoimentos propriamente ditos. Obviamente, não basta apenas o delator falar. É necessário fornecer provas sobre os depoimentos, sem as quais o aspirante à delação premiada não se credencia para a diminuição da pena. Quanto a isso, tudo está tranqüilo e favorável para o empreiteiro. E desfavorável para Lula. Pinheiro está fornido de documentos, asseguram os investigadores. Promete entregar todos eles. Dessa forma, mais uma tese de defesa do petista será demolida. Ficará comprovado que tanto o sítio em Atibaia como o tríplex no Guarujá pertenceriam mesmo a Lula. No papel, o sítio é de propriedade dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, irmão de Kalil Bittar, sócio de Lulinha. Na prática, era Lula e sua família quem usufruíam e ditavam as ordens no imóvel. O enredo envolvendo o apartamento no Guarujá é mais intrincado, mas não menos comprometedor para família Lula da Silva. Além de abundantes indicativos relacionando Lula ao tríplex, reunidos num processo pelo MP-SP, há uma imagem já tornada pública que registra um encontro do próprio Léo Pinheiro com Lula. A foto, tirada do hall de acesso aos apartamentos, registra uma vistoria padrão de entrega de chaves, segundo depoimento prestado por Wellington Carneiro da Silva, à época o assistente de engenharia da OAS, responsável por fiscalizar as obras do Edifício Solaris. No depoimento, ele disse que o imóvel estava em nome da OAS, mas sabia que a família a morar no apartamento seria a de Lula. Pinheiro confirmará à força-tarefa da Lava Jato que o imóvel foi um regalo ao petista e que a pedido do ex-presidente assumiu obras da Bancoop, pois a cooperativa estava prestes a dar calote nos compradores dos apartamentos.
Nos últimos dias, Lula voltou a entoar como ladainha em procissão a fábula da superioridade moral. Reiterou que “não há ninguém mais honesto” do que ele. Como se vê no desenrolar das negociações para a delação, Pinheiro, simpatizante do PT e com quem Lula viveu uma relação de amizade simbiótica desde os tempos do sindicalismo, o fará descer do pedestal ético erguido por ele próprio com a contribuição dos seus fiéis seguidores. O acordo ainda não está sacramentado, mas flui como mel. Para os investigadores não pairam dúvidas: Pinheiro provará que Lula se beneficiou pessoalmente dos esquemas que fraudaram a Petrobras. Os relatos e documentos apresentados pelo executivo, hoje um dos sócios da OAS, poderão reforçar uma das denúncias contra Lula que a Lava Jato pretende apresentar por crimes relacionados ao Petrolão. Seriam pelo menos três. Já haveria elementos comprobatórios, segundo investigadores, para implicar Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por favores recebidos não só da OAS como da Odebrecht. Resta saber o momento em que as denúncias seriam apresentadas, uma vez que podem resultar numa condenação superior a dez anos de cadeia. Há uma vertente da Lava Jato que prefere aguardar o desfecho da tramitação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado. Seria uma maneira de evitar uma possível convulsão social no País, antes do desenlace do julgamento tido como crucial para os rumos políticos nacionais. Outro grupo, por ora majoritário, não admite que o critério político prevaleça sobre o técnico. Por isso, Lula anda insone, segundo interlocutores próximos.
O FIM DE UM EMBUSTEIRO
Mensagens apreendidas no celular de Léo Pinheiro já evidenciavam a influência de Lula em favor da OAS fora do País, conforme revelou o empreiteiro nas tratativas para a delação. Constam do relatório de cerca de 600 páginas encaminhados pela Polícia Federal à Procuradoria-Geral da República no início deste ano. Nas mensagens, Pinheiro conversava com seus funcionários para decidir viagens do ex-presidente ao exterior e já mencionava a contribuição dele em obras fora do Brasil. No capítulo “Brahma”, codinome cunhado pelo empresário para se referir a Lula, a PF listou pelo menos nove temas de interesse de Pinheiro que teriam sido abordados com o petista. Entre eles estão programas no Peru, na Bolívia, no Chile, no Uruguai e na Costa Rica. São citados numa mensagem encontrada pela PF o “Programa Peru x Apoio Empresarial Peruano e Empresas Brasileiras”, o “Apoio Mundo-África” e a “Proposta Mundo-Bolívia”. Num torpedo de Jorge Fortes, diretor da OAS, para Leo Pinheiro, dias depois de a presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, ter anunciado o cancelamento da concessão outorgada à empreiteira para a construção de uma estrada avaliada em US$ 523,7 milhões, ele diz o seguinte: “Presidente Lula está preocupado porque soube que o Ministério Público vai entrar com uma representação por causa da Costa Rica”. Num SMS para Pinheiro, em novembro de 2013, César Uzeda, executivo da OAS, diz que colocou um avião à disposição para Lula embarcar rumo ao Chile ao meio dia. “Seria bom você checar com Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula) se é conveniente irmos no mesmo avião”. No mesmo conjunto de mensagens, o ex-presidente da OAS diz para um funcionário da empreiteira: “Lula está procurando saber sobre obras da OAS no Chile”. Na delação, o empresário promete confirmar que as trocas de mensagens se referiam mesmo à atuação de Lula em favor da OAS no exterior.
LULA ERA O CHEFE
À Lava Jato interessa perscrutar os segredos mais recônditos de Lula. E Léo Pinheiro possuía intimidade suficiente para isso. O empreiteiro foi apresentado a Lula no início da década de 1980. Quando o petista ingressou na política, o empreiteiro logo marcou presença como um dos principais doadores de campanha. A ascensão de Lula ao Palácio do Planalto foi acompanhada da projeção da OAS no mercado interno. Dono de acesso irrestrito aos gabinetes do poder, Pinheiro se referia a Lula como “chefe”. A relação se deteriorou quando o empresário foi privado de sua liberdade. O sócio da OAS apostava no prestígio de Lula para livrá-lo do radar da Lava Jato. Ameaçado de morte num diálogo cifrado com um carcereiro no Complexo Médico-Penal de Curitiba, o empresário tomou a decisão de fazer do testemunho sua principal arma de defesa e trilha para salvação. Sobrará para Lula. Do site da revista IstoÉ


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