PRIMEIRA EDIÇÃO DE 04-3-2016 DO 'DA MÍDIA SEM MORDAÇA'

NO ESTADÃO
‘Há evidências’ de que Lula recebeu dinheiro desviado da Petrobrás, diz Procuradoria
POR RICARDO BRANDT, FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO, MATEUS COUTINHO, ANDREZA MATAIS E FABIO FABRINI
04/03/2016, 08h22
Investigadores apontam pelo menos R$ 4,5 milhões usados na compra e reforma do sítio em Atibaia e no tríplex do Guarujá, e coloca movimentação de dinheiro em Instituto Lula sob suspeita
A força-tarefa da Operação Lava Jato, que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo central da Operação Aletheia, 24ª fase, para depor coercitivamente na manhã desta sexta-feira, 4, diz ter “evidências” de que ele recebeu valores desviados da Petrobrás.
“Há evidências de que o ex­-presidente Lula recebeu valores oriundos do esquema Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e de um sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a título de supostas doações e palestras”, informa a força-tarefa da Lava Jato.”

São pelo menos R$ 4,5 milhões em lavagem por meio do Sítio Santa Bárbara em Atibaia e por meio do tríplex 164-A.
Leia a íntegra da nota do MPF:
“Estão sendo cumpridos, nesta data, mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-­Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva e pessoas associadas.”
Ao longo das 23 fases anteriores da Lava Jato, avolumaram-­se evidências muito consistentes de que o esquema de desvio de dinheiro da Petrobras beneficiava empresas, que enriqueciam às custas dos cofres da estatal, funcionários da Petrobras, que vendiam favores, lavadores de dinheiro profissional, os quais providenciavam a entrega da propina, e os políticos e partidos que proviam sustentação aos funcionários da Petrobras e em troca recebiam a maior parte da propina, a qual os enriquecia e financiava campanhas. Esse grande esquema era coordenado a partir das cúpulas e lideranças dos partidos políticos que compunham a base do governo federal, especialmente o Partido dos Trabalhadores, o Partido Progressista e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro.
O ex­-presidente Lula, além de líder partidário, era o responsável final pela decisão de quem seriam os diretores da Petrobras e foi um dos principais beneficiários dos delitos. De fato, surgiram evidências de que os crimes o enriqueceram e financiaram campanhas eleitorais e o caixa de sua agremiação política. Mais recentemente, ainda, surgiram, na investigação, referências ao nome do ex-presidente Lula como pessoa cuja atuação foi relevante para o sucesso da atividade criminosa, tanto no tocante à quitação do empréstimo obtido pelo Partido dos Trabalhadores junto ao Banco Schahin, por meio do direcionamento ilícito de contrato da Petrobras ao grupo Schahin, a pedido de José Carlos Bumlai, como para que um negócio entre OSX e Sete Brasil se efetivasse.
No último caso, há notícia de pagamento de propina que seria destinada, segundo Bumlai teria informado, para parente do ex­-presidente.
O avanço das investigações revelou, também, evidências de que o ex-presidente recebeu, em 2014, pelo menos R$ 1 milhão sem aparente justificativa econômica lícita da OAS, por meio de reformas e móveis de luxo implantados no apartamento tipo triplex, número 164­-A, do Condomínio Solaris, em Guarujá.
Embora o ex­-presidente tenha alegado que o apartamento não é seu, por estar em nome da empreiteira, várias provas dizem o contrário, como depoimentos de zelador, porteira, síndico, dois engenheiros da OAS, bem como dirigentes e empregado da empresa contratada para a reforma, os quais apontam o envolvimento de seu núcleo familiar em visitas e tratativas sobre a reforma do apartamento.
Há evidências de que a OAS pagou despesas elevadas para reformar o imóvel (mais de R$ 750 mil), arcou com móveis de luxo para cozinha e dormitórios (cerca de R$ 320 mil), bem como de que tudo isso aconteceu de modo não usual (foi o único apartamento que sofreu tal intervenção) e com o envolvimento do próprio presidente da OAS, Léo Pinheiro.
A suspeita é de que a reforma e os móveis constituem propinas decorrentes do favorecimento ilícito da OAS no esquema da Petrobrás, empresa essa cujos executivos já foram condenados por corrupção e lavagem na Lava Jato. Além disso, há fortes evidências de que outros líderes e integrantes do Partido dos Trabalhadores foram agraciados com propinas decorrentes de contratos da Petrobrás, inclusive por meio de reformas e após deixarem o cargo público, como no caso de José Dirceu, o que já ensejou acusação criminal formal contra este.
As apurações apontam também para o fato de que o ex­-presidente Lula, em 2010, adquiriu dois sítios em Atibaia mediante interpostas pessoas, pelo valor de R$ 1.539.200,00, havendo ainda fortes indícios de que, entre 2010 e 2014, recebeu pelo menos R$ 770 mil sem justificativa econômica lícita de José Carlos Bumlai e das empresas Odebrecht e OAS, todos beneficiados pela corrupção no esquema Petrobrás.
De fato, dois sítios contíguos, um colocado em nome de Jonas Suassuna e outro em nome de Fernando Bittar, foram adquiridos na mesma data, em 29/10/2010. Tanto Jonas como Fernando são sócios de Fábio Luís Lula da Silva como foram representados na compra por Roberto Teixeira, notoriamente vinculado ao ex­-presidente Lula e responsável por minutar as escrituras e recolher as assinaturas.
Encontrou­-se, ainda, mensagem eletrônica que aponta o uso dos adquirentes nominais como interpostas pessoas.
Ademais, o ex­-presidente determinou que parte de sua própria mudança, quando do fim do exercício da presidência, fosse entregue na sede dos sítios, para onde foi, com expressiva frequência, ao longo dos últimos anos.
Para além da suspeita sobre a ocultação de propriedade em nome de terceiros, há fortes indícios, consistentes na palavra de diversas testemunhas e notas fiscais de compras de produtos, de que reformas e móveis no valor de pelo menos R$ 770 mil foram pagos, sem razão econômica lícita, por Bumlai e pelas empreiteiras Odebrecht e OAS, todos favorecidos no esquema Petrobras.
Bumlai e a Odebrecht se encarregaram da reforma. A OAS adquiriu móveis no valor de aproximadamente R$ 170 mil para a cozinha, comprada no mesmo estabelecimento em que aquela empresa adquiriu móveis para o triplex 164­A, o que também indica que o imóvel pertencia ao ex­Presidente. Foram encontradas mensagens, ainda, no celular de Léo Pinhero, indicando que os beneficiários da cozinha eram o ex­Presidente e sua esposa, ex­-primeira-dama. A suspeita, aqui novamente, é que os valores com que o ex­-presidente foi agraciado constituem propinas pagas a título de contraprestação pelos favores ilícitos obtidos no esquema Petrobrás.
Surgiram, ainda, fortes indícios de pagamentos dissimulados de aproximadamente R$ 1,3 milhão pela empresa OAS em favor do ex­-presidente, de 01/01/2011 a 01/2016, para a armazenagem de itens retirados do Palácio do Planalto quando do fim do mandato. Apesar de a negociação do armazenamento ter sido feita por Paulo Okamotto, que foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, presidente do Instituto Lula desde o fim de 2011 e sócio do ex-presidente na LILS Palestras desde sua constituição em março de 2011, o contrato foi feito entre a OAS e a empresa armazenadora. Nesse contrato, seu real objeto foi escondido, falsificando­se o documento para dele constar que se tratava de “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda.”
Paulo Okamotto assinou ainda, em 12 de janeiro de 2016, procuração autorizando a retirada dos bens.
Por fim, investigam ­se pagamentos vultosos feitos por construtoras beneficiadas no esquema Petrobrás em favor do Instituto Lula e da LILS Palestras, em razão de suspeitas levantadas pelos ingressos e saídas dos valores. De fato, a maior parte do dinheiro que ingressou em ambas as empresas, ao longo de 2011 a 2014, proveio de empresas do esquema Petrobras: Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC.
No Instituto Lula, foram 20,7 dentre 35 milhões que ingressaram. Na LILS, foram 10 dentre 21 milhões. Quanto às saídas de recursos, além de beneficiarem pessoas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores – cumprindo recordar que o esquema da Petrobras era partidário ­, elas beneficiaram parentes próximos do ex­Presidente, por meio de pagamentos a empresas de que são sócios. Além de tudo isso, a própria presidência do Instituto foi ocupada, em dado momento, por ex­tesoureiro de sua campanha que é apontado por colaboradores como recebedor de propinas que somaram aproximadamente R$ 3 milhões, decorrentes de contratos com a Petrobras, o que, mais uma vez, mostra o vínculo de pessoas muito próximas ao ex­-presidente com os crimes e indica possível ligação das próprias empresas ao esquema ilícito e partidário que vitimou a Petrobrás.
Todos esses fatos estão sendo investigados no âmbito da Lava Jato porque eles se relacionam com o destino de verbas desviadas da Petrobras por empresas e pessoas participantes do megaesquema criminoso. Os fatos são de competência federal não só por se relacionarem com crimes financeiros e de lavagem de dinheiro transnacional, mas também por haver fatos praticados quando o ex­-presidente estava no exercício de mandato no âmbito da União Federal, onde possivelmente sua influência foi usada, antes e depois do mandato – o que é objeto de investigação –, para que o esquema existisse e se perpetuasse.
Ressalta a Força Tarefa do Ministério Público Federal que a investigação sobre o ex-Presidente não constitui juízo de valor sobre quem ele é ou sobre o significado histórico dessa personalidade, mas sim um juízo de investigação sobre fatos e atos determinados, que estão sob suspeita. Dentro de uma república, mesmo pessoas ilustres e poderosas devem estar sujeitas ao escrutínio judicial quando houver fundada suspeita de atividade criminosa, a qual se apoia, neste caso, em dezenas de depoimentos e ampla prova documental. Conforme colocou a decisão judicial, “embora o ex­Presidente mereça todo o respeito, em virtude da dignidade do cargo que ocupou (sem prejuízo do respeito devido a qualquer pessoa), isso não significa que está imune à investigação, já que presentes justificativas para tanto.”

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
04 DE MARÇO DE 2016
A comoção provocada pela “bomba” da revista IstoÉ emudeceu os principais líderes do PT, ontem, por uma simples razão: todos sabem que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) não mentiu. Parlamentares e jornalistas que cobrem o Congresso conhecem quase todas as histórias contadas pelo senador. Histórias que apenas aguardavam que as assumisse alguém com a confiabilidade de um Líder do Governo.
As revelações de Delcídio provocaram reação espalhafatosa de Dilma, que gritou e até chorou, em reunião com ministros mais íntimos.
O desespero de Dilma passou a impressão a Jaques Wagner, a José Eduardo Cardozo e assessores que seu governo chegara ao fim.
Do tipo “boa vida”, Jaques Wagner foi o mais afetado pela reação de Dilma. Apareceu descabelado diante de repórteres atacando Delcídio.
O pânico voltou a se estabelecer no Planalto no final da tarde, quando fontes do Ministério Público confirmaram a autenticidade da delação.
A situação do PT se deteriorou tanto que um grupo de filiados, entre os quais o ex-governador gaúcho Tarso Genro e o senador Lindbergh Fatias (RJ), articula a “refundação” do partido, retomando suas origens, situando-se mais à esquerda e longe das alianças com partidos como PMDB, PP, PR e PTB. Eles continuam manipulando os fatos: atribuem a essa “má companhia” ladroagens como a do mensalão e do petrolão.
O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), que evitou comentar a delação de Delcídio, é simpático à “reestruturação do PT”.
Humberto Costa considera que o movimento para “refundar” o PT, ainda secreto, é anterior à delação de Delcídio.
Na Câmara, a oposição definiu o episódio como o fim do PT. “O PT acabou”, garante o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).
O Senado aprovou a adesão do Brasil ao Acordo de Facilitação de Comércio, da Organização Mundial do Comércio (OMC), cujo diretor-geral é o brasileiro Roberto Azevêdo. A desburocratização reduzirá custos em até 13% e vai gerar US$1 trilhão em negócios no mundo.
O procurador-geral Rodrigo Janot trancou-se ontem, durante horas, com os principais assessores, que foram orientados a deixar celulares em casa. Sinal de que gente graúda pode estar prestes a ser presa.
Sites simpáticos ao PT tentam desqualificar a repórter da revista IstoÉ, insinuando relações com o ministro José Eduardo Cardozo, e o suposto interesse dele em vazar a delação de Delcídio, para se “vingar” de Lula.
Leitores desta coluna sabem desde 8 de dezembro que Delcídio do Amaral negociava delação com o Ministério Público Federal. Souberam também em primeira mão que ele só foi solto após oficializar a oferta.
Petistas correram da imprensa como o diabo da cruz, ontem. À aproximação de um repórter desta coluna, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), por exemplo, saiu em disparada. Mas acabou falando. Só ela e o deputado Henrique Fontana (PT-RS). Os demais escafederam.
O termo “consigliere”, usado por Delcídio para definir o papel do fazendeiro José Carlos Bumlai junto a Lula, refere-se ao principal consultor do “capo di tutti capi” (o chefe dos chefes) da máfia.
O presidente da OAB faz uma aposta que sabe perdida. Ele prometeu pedir acesso ao STF à delação de Delcídio e à Lava Jato para só então se posicionar sobre o impeachment. Cláudio Lamachia deveria saber que o ministro relator Teori Zavascki tem negado isso reiteradamente.
O acordo de delação pelo qual colocou Dilma e Lula na cena do crime selou a sorte de Delcídio Amaral. Os governistas agora devem acelerar o processo de cassação do seu mandato, no Conselho de Ética.
Bombou na internet, ontem: matar uma criança é infanticídio; matar pessoas, homicídio; a si próprio, suicídio. Matar um governo: Delcídio.

NO DIÁRIO DO PODER
PRESOS INDEFINIDAMENTE
MORO TRANSFORMA EM PREVENTIVAS AS PRISÕES DE SANTANA E MULHER
PF AFIRMA QUE CASAL SOUBE DA OPERAÇÃO ACARAJÉ COM ANTECEDÊNCIA
Publicado: 03 de março de 2016 às 18:49 - Atualizado às 18:49
O Juiz Federal Sérgio Moro transformou em preventivas as prisões temporárias do marqueteiro João Santana e da mulher Mônica Moura, realizadas na operação Acarajé, 23ª fase da Lava Jato. Com a decisão, ambos ficam presos por prazo indefinido.
"Embora as prisões cautelares decretadas no âmbito da Operação Lava Lato recebam pontualmente críticas, o fato é que, se a corrupção é sistêmica e profunda, impõe-se a prisão preventiva para debelá-la, sob pena de agravamento progressivo do quadro criminoso. Se os custos do enfrentamento hoje são grandes, certamente serão maiores no futuro. O País já paga, atualmente, um preço elevado, com várias autoridades públicos denunciadas ou investigadas em esquemas de corrupção, minando a confiança na regra da Lei e na Democracia", diz o Juiz na decisão.
No pedido de conversão das prisões, Polícia Federal e Procuradoria alegam que os empresários destruíram provas, pois foram informados da operação com antecedência.

QUEM DÁ MAIS, LEVA...
Carlos Chagas
Em plena temporada de mudança de partidos, com deputados e senadores dispondo de trinta dias para trocar de legenda sem a punição legal da perda de mandatos, vale aguardar pelo término do prazo para que se tenha a conta do estrago feito no princípio da fidelidade partidária. Bom resultado não sairá desse troca troca. Afinal, quando da abertura da possibilidade da filiação de cada cidadão aos partidos à disposição do conjunto, havia liberdade absoluta para o ingresso no grupo melhor afinado com a ideologia acorde com sua tendência. Limitação não existia. Como agora, poucos anos depois, permite-se a debandada para apriscos que politicamente nada tem a ver com a posição inicial? A primeira conclusão é de que os partidos carecem de ideologia. São aglomerados sem embasamentos voltados para inclinações programáticas. Aliás, com raras exceções, sempre foi assim.
Só que dessa vez está demais. Dezenove partidos é demais, em especial se nenhum mantém unidade pelo menos por uma Legislatura. Deputados e senadores saltam de cá para lá conforme cargos e funções oferecidas. Dos 513 deputados 60 já mudaram ou estão mudando. Quando terminar o prazo, pelo menos 20 senadores.
Não haverá que esquecer razões de ordem financeira e até fisiológica. Quem dá mais, leva. Parecido com os times de futebol. Ainda bem que nos partidos políticos nacionais veda-se a troca internacional, caso contrário PT, PMDB, PSDB e dezenas de outras legendas estariam cedendo craques a partidos espanhóis, franceses, alemães e até chineses.
EXECUTIVOS OU LEGISLATIVOS
Sucedem-se as temporadas em que a opinião pública assesta suas baterias ora sobre políticos do Executivo, ora do Legislativo. Na atual quadra, vem dando empate. Fosse feita uma pesquisa sobre quem o eleitor mais detesta, daria Dilma Rousseff ou Luís Eduardo Cunha? Claro que existem outros, mas os presidentes da República e da Câmara se equivalem. Madame ainda dispõe de tempo para recuperar-se, mas ao deputado parece faltar espaço, na medida em que se vê premida pelo Supremo Tribunal Federal e pela Câmara. Perderam, ambos, oportunidade de se acertarem. Também, bem feito.

NO BLOG DO CORONEL
QUINTA-FEIRA, 3 DE MARÇO DE 2016 ÀS 23:20:00
O ministro Teori Zavascki vai homologar a delação de Delcídio do Amaral. A informação foi divulgada, mais cedo, pela jornalista Renata Lo Prete, durante comentário no Jornal das Dez, da Globo News.
Se o conteúdo da delação que Zavascki tem em mãos é o mesmo que foi publicado na edição da IstoÉ desta quinta-feira, a República cambaleante vai cair de vez.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
03/03/2016 às 15:02 \ Opinião
VLADY OLIVER
Tudo indica que a “república do pixuleco”, essa “Pátria Grande” parida na cabeça de comuno-vigaristas que sonhavam com um “bonde do tigrão” para se acomodar na janelinha, caminha inexoravelmente para a cadeia. Enquanto o dia 13 parece marcar a data em que o país dará um sonoro “basta” na roubalheira toda, o inefável Delcídio – aquele mesmo que era líder desse governo da ladrões do erário – resolve abrir a boca e soltar o verbo, escancarando o modus operandi de toda a operação plástica destinada a acobertar as verdadeiras intenções dessa gente rumbeira no poder.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
GERAL 04-3-2016 ÀS 5:20
GERAL 4:30
GERAL 3:43
GERAL 3:31
GERAL 03/03/2016 ÀS 22:24

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 04/03/2016 05:48
O ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, decidiu homologar o acordo de delação premiada firmado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) com a Procuradoria-Geral da República. A homologação judicial desse tipo de acordo é uma exigência da Lei Anticorrupção, número 12.850, de 2013, sancionada por Dilma.
Deve-se a revelação sobre a decisão de Teori Zavascki à repórter Renata Lo Prete. Ela veiculou a informação na noite passada, no ‘Jornal das Dez’, do canal de tevê por assinatura GloboNews. O blog apurou que o ministro ficou muito irritado com o vazamento do teor dos primeiros depoimentos de Delcídio. Ele expressou seu aborrecimento em conversa com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Pela lei, os acordos de colaboração judicial são celebrados entre os investigados e os investigadores (Polícia Federal e Ministério Público Federal). Ao magistrado cabe verificar se a negociação foi feita como manda a lei e se o delator suou o dedo voluntariamente, sem coações.
Mesmo depois de avalizada pelo juiz, a delação não vale como prova. O depoimento de um delator não é senão um ponto de partida para que os investigadores encontrem as provas. Se a investigação for proveitosa para o esclarecimento dos crimes sob investigação, o delator torna-se credor de benefícios judicias como a redução da pena ou até o perdão judicial.

Josias de Souza04/03/2016 03:52
Há dois meses e meio, Michel Temer e Renan Calheiros trocavam ofensas. O vice-presidente da República chamava o presidente do Senado de “coronel”. E era chamado por ele de “mordomo de filme de terror.” Na noite desta quinta-feira, Temer e Renan brindaram um ao outro com amabilidades. Permutaram afagos verbais num evento do PMDB, em Alagoas. Estreitaram a inimizade num dia em que o Planalto foi eletrificado pela delação de Delcídio Amaral, ex-líder de Dilma no Senado.
Temer realiza um périplo pelo País, para consolidar sua reeleição à presidência do PMDB, em convenção marcada para 12 de março. Renan, que ameaçava lançar uma chapa para disputar o comando partidário com Temer, refluiu. No evento alagoano, pregou a unidade partidária. Visto por Dilma como principal aliado do governo no Congresso, o senador já trata da sucessão.
Renan ecoou Temer na defesa de uma alternativa peemedebista para a sucessão de Dilma. “O PMDB tem propostas, tem candidatos, e vai contribuir para o País sair da crise. Com certeza terá candidatura própria em 2018.'' O ex-deputado Renan Filho, hoje governador de Alagoas, esmerou-se na hospitalidade: “O desafio é grande, mas a experiência de Michel Temer em encontrar soluções para as crises nos dá certeza de que vamos conseguir.''
Na sua vez de discursar, Temer retribuiu as gentilezas. Afirmou que, em momentos de crise, o interesse do País está acima de partidos e do próprio governo. “E quem pela primeira vez se preocupou com ações concretas pelo País, devo dizer, foi o Renan, quando lançou a chamada Agenda Brasil.” Foi graças à iniciativa de Renan, disse Temer, que o PMDB apresentou o programa “Ponte para o Futuro”, chamado na última propoaganda televisiva do partido de “Plano Temer.”
O discurso de Temer em Alagoas soou horas depois de o STF converter o peemedebista Eduardo Cunha no primeiro réu do núcleo político da Lava Jato. Mas o vice de Dilma esqueceu por um instante que seu partido é parte do problema. “O PMDB sempre salvou o País nos momentos de maior dificuldade”, disse Temer. “Salvou no passado quando redemocratizou o País, salvará agora quando vai ajudar a tirar o País da crise.”
Dando de barato sua recondução ao comando do PMDB, Temer emendou: “Ao longo do tempo, todas as minhas vitórias foram conectadas com o Renan. […] Nós sempre estivemos juntos, sempre trabalhos juntos, operamos juntos. E sempre tivemos bons resultados juntos.” Paradoxalmente, parte dos “resultados” atribuídos a Renan constam de meia dúzia de inquéritos que ele responde no STF por suspeita de corrupção — inclusive na Petrobras.
A certa altura, Temer perguntou a Renan FiIlho quantos anos ele tem. “Trinta e cinco”, respondeu o governador. E Temer: “Já pode ser candidato a presidente da República. Com essa potencialidade…”
Ainda em Maceió, Temer concedeu uma rápida entrevista coletiva. A crise que fervilhava em Brasília lhe chegou por meio das perguntas. De cara, um repórter perguntou a Temer como ele deveria ser chamado diante do rebuliço de Brasília e da delação premiada de Delcídio. A gente chama o senhor de presidente ou vice-presidente? “De presidente do PMDB”, esquivou-se Temer.
Instado a comentar a conversão do correligionário Eduardo Cunha em réu, Temer tergiversou: “É uma questão do Judiciário, do Congresso Nacional, não é exatamente uma questão do PMDB.” A situação do presidente da Câmara não fica insustentável? “O Congresso tem que decidir. O Judiciário já está examinando. Evidentemente, a palavra final vai caber ao Congresso.” Mas qual é a orientação do partido? “Estamos deixando por conta do Conselho de Ética.”
E quanto ao impacto da deleção do Delcídio? “Acabei de passar os olhos nas notícias sobre o Delcídio, mas não li a revista, não li a matéria por inteiro”, escorregou Temer. “No momento, não posso dizer, porque o que eu dissesse seria mera especulação.”
Encerrada a programação alagoana, último compromisso do vice-presidente no Nordeste, Temer embarcou para a próxima escala de sua caravana pela unidade do PMDB: Mato Grosso do Sul. Vem a ser o Estado do delator Delcídio Amaral. Se os repórteres tiverem sorte, o vice de Dilma talvez tenha desperdiçado um naco da sua noite para se inteirar do conteúdo da delação premiada que reacendeu o pavio do impeachment.

Josias de Souza - 03/03/2016 13:21
O acordo de delação premiada firmado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) com a Procuradoria-Geral da República deixou o governo tonto. Arrastada pela primeira vez para o epicentro do escândalo da Petrobras, Dilma Rousseff teve um primeiro impulso de desqualificar o delator. Um auxiliar recordou à presidente que, antes de ser preso, Delcídio era líder do governo dela no Senado. Como explicar a escolha de um desqualificado para exercer as atribuições de líder do governo? O Planalto se deu conta de que sua reação não poderia ser improvisada.
Dilma manteve a decisão de tentar desacreditar Delcídio, atacando-lhe a reputação. Não lhe restaram alternativas. Depois de passar a manhã remoendo os termos do acordo de delação do ex-líder, ainda pendente de homologação do STF, os auxiliares de Dilma começaram a se manifestar. Acertaram os ponteiros com a presidente. Referem-se a Delcídio como um falastrão. Afirmam que suas declarações não fazem nexo. O Ministério Público Federal pensa de outro modo, tanto que submeteu a delação ao crivo do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.
Em privado, Dilma repete um bordão que já recitou em público: Quem tem força moral, reputação ilibada e biografia limpa o bastante para atacar a minha honra?, ela pergunta. Delcídio, segundo Dilma, não teria condições de emparedá-la. O problema da presidente é que nenhum delator da Lava Jato saiu de um convento. E a qualidade das revelações cresce na proporção direta do encolhimento das biografias.
Dois detalhes diferenciam Delcídio de outros delatores: 1) Ele é o primeiro petista a suar o dedo na Lava Jato. 2) Sua proximidade com o Planalto fez dele um personagem com um arsenal de informações que permitem reescrever a fábula do “eu não sabia”, já bastante desmoralizada. Além de Dilma, o senador alvejou Lula. Mal comparando, Delcídio aciona um fósforo tão perigoso quanto o que foi riscado por Roberto Jefferson ao acender o pavio do mensalão, em 2005. Naquele escândalo, Delcídio estava do outro lado do balcão. Presidiu a CPI dos Correios, que ofereceu farta matéria-prima para a denúncia que levou a cúpula do PT para a penitenciária da Papuda.
A novidade sobre o destampatório de Delcídio chegou em péssima hora, um dia em que as manchetes escancaram o tamanho da ruína econômica produzida sob Dilma: o PIB de 2015 despencou 3,8%. Esse dado expõe, uma vez mais, a empulhação do enredo que embalou a campanha presidencial de Dilma em 2014. O mentor desse enredo, o marqueteiro João Santana, encontra-se na cadeia. A Procuradoria pediu ao juiz Sérgio Moro a renovação da cana de Santana e da mulher dele, Mônica Moura, agora por tempo indeterminado.
O maior receio do governo é o de que o encontro da estagnação da economia com a lama da Petrobras produza uma espécie de pororoca que leve o asfalto a roncar novamente nas manifestações programadas para 13 de março. Governistas e oposicionistas concordam num ponto: o impeachment só tem chances de avançar se as ruas empurrarem o pedido que se encontra na Câmara, pendente de votação.
De resto, a delação de Delcídio compromete o esforço que Dilma vinha fazendo para passar a impressão de que seu governo ainda tem capacidade para fazer e acontecer. Na verdade, a presidente tenta equilibrar-se em meio ao entrechoque de dois fenômenos: o desastre gerencial em que se converteu o seu governo e as investigações que expõem os porões da corrupção com uma voracidade histórica.
Para desassossego de Dilma, a impressão de que seu governo tornou-se uma estrutura pendurada no ar foi reforçada depois que o STF decidiu antecipar a execução das penas de prisão a partir das sentenças da segunda instância do Judiciário. Ao farejar o odor do calabouço, a oligarquia enrolada na Lava Jato passou a coçar a língua. Executivos das empreiteiras OAS, Andrade Gutierrez e até da Odebrecht, a maior delas, tornaram-se delatores esperando na fila para acontecer.
Dilma já não governa os fatos que condicionam o futuro do seu governo. É governada por eles. Até aqui, a presidente se limitava a perseguir dois objetivos estratégicos: não cair e passar a sensação de que comanda. O segundo objetivo já foi comprometido. Dilma segura-se na cadeira como pode. Revela uma enorme disposição de permanecer ao volante, ainda que lhe falte um itinerário.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
Quinta-feira, março 03, 2016
Nesta foto o empreiteiro Léo Pinheiro aparece conversando com Lula. Clique sobre a imagem para vê-la ampliada - abaixo a íntegra e vídeo da reportagem do Jornal Nacional desta quinta-feira, dia 03/03/2016
Fotografias reveladas pelo Jornal Nacional, nesta noite, 03, mostram o flagrante da presença do presidente Lula vistoriando o apartamento tríplex 164-A, do edifício Solares, no Guarujá. Era uma visita de vistoria para recebimento do imóvel, que Lula diz não lhe pertencer.

Nas imagens aparecem também o presidente da OAS, Léo Pinheiro, e Roberto Moreira, outro diretor da empreiteira envolvida na gatunagem que roubou mais de R$6 bilhões da Petrobras.
Investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) sob a suspeita de ocultação de patrimônio e de recebimento de vantagens indevidas, o ex-presidente Lula e d. Marisa passaram a negar a propriedade do apartamento tão logo foram divulgadas as primeiras denúncias.
O MPF já ouviu mais de cem testemunhas, entre corretores, engenheiros, trabalhadores da obra de reforma do apartamento realizada pela construtora Tallento, ao custo de R$775 mil. Do site Diário do Poder

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