1ª EDIÇÃO DE HOJE DO "DA MÍDIA SEM MORDAÇA"

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
02 DE NOVEMBRO DE 2015
As investigações da força-tarefa da Operação Lava Jato e da CPI da Petrobras não se debruçaram sobre um personagem importante na compra superfaturada, pelo Brasil, da refinaria de Pasadena, localizada no Texas, nos Estados Unidos. Trata-se do Citibank, banco dos EUA que recomendou o negócio. Avaliada por US$ 42,5 milhões, a refinaria escandalosamente superfaturada custou US$ 1,33 bilhão ao Brasil.
A negociata de Pasadena foi na época em que o Citi e Daniel Dantas, o banqueiro, uniram-se para tentar controlar uma empresa de telefonia.
O banqueiro Daniel Dantas era parceiro do banco americano Citibank e dos fundos de pensão de estatais para comprar a TeleNorte Leste.
O Citigroup, controlador do Citibank, foi contratado pela Petrobras para vender a refinaria de Pasadena em 2013.
A Petrobras confirmou ofertas, através do Citibank em 2013, entre US$ 200 e US$ 250 milhões pela refinaria. Mas “não aceitou o prejuízo”.
A crise financeira não afetou os apadrinhados de deputados federais. Em ano de arrocho fiscal, a Câmara não abre mão de um batalhão de funcionários comissionados, nomeados sem concurso. No total, são 1.636 “cargos de natureza especial” (CNE), com salários que chegam a R$ 17 mil, distribuídos entre as lideranças, secretarias e a presidência da casa. Cada deputado tem direito a 25 secretários parlamentares.
A Câmara paga a 10.347 secretários parlamentares, não concursados. Todos são indicados e muitos nem aparecem para trabalhar.
Os partidos com maiores números de comissionados são: PT, PMDB e PSDB. Juntos, as três lideranças têm mais de duzentos.
São 3.342 concursados na Câmara, além de 3.096 terceirizados. Estima-se que um terço desse contingente se aposentará até 2.020.
Mais que irritação, provocou certo pânico no Palácio do Planalto a entrevista do ministro Marco Aurélio, à revista IstoÉ, reconhecendo que “não há governo” no Brasil. O ministro do Supremo Tribunal Federal lidera a campanha “Banho de Ética”, do Instituto Uniceub de Cidadania.
O presidente da CPI do BNDES, Marcos Rotta (PMDB-AM), está preocupado com os empréstimos internacionais do banco. “Precisamos encontrar mecanismos para barrar o tráfico de influência”.
Deputados da oposição e governo estão em pânico com os sinais do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de que não tem a “menor intenção” de “cair sozinho” no escândalo desvendado pela Lava Jato.
O governo parou de divulgar a conta dos “cartões corporativos”, usados até para pagar motel de ministros. Até agosto: R$ 35 milhões. Agora o governo esconde até o total de gastos, 90% dos quais são sigilosos.
Aliados de Dilma preferem que Eduardo Cunha seja afastado do cargo pela via judicial. Enquanto o presidente da Câmara evita abraçar o impeachment, Dilma evita abraçar o papel de articular a saída dele.
“A oposição vai pressioná-lo (Eduardo Cunha) para que decida sobre o impeachment até 15 de novembro”, afirma o deputado Paulinho da Força (SD-SP), aliado de Cunha e defensor ferrenho do impeachment.
O ministro Gilberto Kassab (Cidade) pediu a Jerônimo Goergen (PP-RS) para recuar em relação ao projeto que previa obrigatoriedade de extintor em carro. A Câmara já aprovou a urgência da proposta.
Dois personagens petistas de escândalos anteriores continuam atuando na roubalheira aos fundos de pensão, segundo o deputado Efraim Filho (DEM-PB): João Vaccari Neto e o mensaleiro José Dirceu.
O governo precisa fazer outra reforma política, pois perdeu na primeira votação do pacote fiscal. O Congresso adiou a votação da DRU.

NO DIÁRIO DO PODER
ORGULHO E TEIMOSIA
Carlos Chagas
02-11-2015
Nas primeiras cenas do filme Rocky I, chama a atenção a humildade do personagem interpretado por Silvester Stalone, ao confessar para a namorada porque um pugilista fracassado como ele aceitara competir com o campeão do mundo: para aguentar alguns rounds antes de ser fulminado, demonstrando ainda possuir amor próprio. Como se tratava de uma fantasia de Hollywood, o Rocky I quase ganha o primeiro embate e, depois, quando já encena o Rocky 34, não perdeu mais nenhum.
Indaga-se porque a presidente Dilma insiste em continuar no ringue, sendo permanentemente nocauteada pela economia. Por humildade não é, muito pelo contrário. Para demonstrar que poderá virar o jogo e tornar-se campeã pela força de seus punhos, também não, porque essas coisas só acontecem no cinema. Não há recuperação para a incapacidade de seu governo, isto é, a falta de um projeto nacional de vulto, coisa porque todos clamam. Sua renúncia poderia resolver a questão e melhorar o nível do campeonato, mas a humildade revela-se falsa, pois é o orgulho que mantém a presidente de pé. Pouco importa se a assistência protesta por haver pagado caro pelas entradas e estar presenciando um lamentável espetáculo.
Madame também não joga a toalha por teimosia. Por julgar nada dever às arquibancadas nem a seus desesperados treinadores. Parece sustentar que sua missão é de apanhar até o gongo final, importando menos as consequências de seu governo ser posto na lona, junto com ela. 
Em suma, orgulho e teimosia geram o impasse atual. PMDB e PT não são os únicos a apresentar alternativas, por sinal conflitantes. Da mesma forma os tucanos e outros partidos sugerem mecanismos capazes de mudar a sorte da luta. Só que a lutadora prefere continuar apanhando, sem mudar de estratégia nem abandonar o tablado...
MALDADES SEM FIM
A semana começa sob a ameaça de mais demissões. Agora será na construção civil e nas obras de infraestrutura antes anunciadas pelos governos Lula e Dilma como a redenção nacional. Até o fim do ano a indústria prevê que mais 100 mil operários perderão o emprego. A primeira iniciativa das empresas em dificuldade é mandar os trabalhadores embora. Não importa quanto tenham faturado nos tempos felizes do lançamento do PAC. Depois das greves que se sucedem em cascata, acontecerá o quê, diante da inoperância do poder público? Sem dúvida, a crise social, porque o desemprego, na realidade, já atinge bem mais do que 10 milhões de assalariados.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
02-11-2015 ÀS 8:51
7:29

NO O ANTAGONISTA
Brasil 02.11.15 09:37 
Lula e José Dirceu negociaram uma propina de 50 milhões de euros para permitir a fusão entre a Oi e a Portugal Telecom, a serem pagos em Macau...
Brasil 02.11.15 08:56 Comentários (8)
Diz O Público: "As autoridades suspeitam agora de eventuais verbas ilícitas entregues ao grupo de Lula da Silva e a políticos e gestores portugueses"...
Brasil 02.11.15 08:38 Comentários (12)
A reportagem de O Público sobre a propina do PT em Macau se concentra no acordo entre Lula e José Sócrates - o primeiro-ministro português preso no ano passado - para garantir a fusão da Oi com a Portugal Telecom, ocorrida em meados de 2010...
A manchete de hoje de O Público
Daros 7 minutos atrás
Gostei muito do termo "facilitador de negócios"
Brasil 02.11.15 08:56 Comentários (5)
Diz O Público: "As autoridades suspeitam agora de eventuais verbas ilícitas entregues ao grupo de Lula da Silva e a políticos e gestores portugueses"...
Isabela 10 minutos atrás
Nesta matéria, palavras de baixo calão deveriam ser autorizadas aos comentaristas. amp;@#%*!!!!!
Brasil 02.11.15 08:29 Comentários (16)
O jornal português O Público, hoje, tem uma reportagem espantosa sobre os inquéritos que tratam da fusão da Oi com a Portugal Telecom.
Diz: "Após o escândalo mensalão, começa a procura de novas fontes de rendimento. No final de 2008, chegava a Lisboa José Dirceu, coincidindo com a visita de Lula da Silva, que está em viagem oficial...
Detefon 12 minutos atrás
O problema é que se essa grana sideral foi paga, ela está sem acesso (às investigações) na China/Macau.
Brasil 02.11.15 07:55 Comentários (64)
A sociedade civil rejeita o impeachment.
É o que tenta demonstrar a Folha de S. Paulo, com sua enquete sobre Dilma Rousseff.
A reportagem entrevistou 28 “representantes da sociedade civil”. Eles “fazem coro para criticar o ajuste fiscal, mas avaliam que um eventual impeachment agravaria a situação do país”...
Sylvio 14 minutos atrás
130 milhões de brasileiros (63% da população), sem representação política, empresarial ou social exigem o impeachment. Vão encarar?
Brasil 02.11.15 07:10 Comentários (34)
"Acredito no que fiz, por isso vou até o final".
A frase é de João Vaccari Neto...
DeveSer 15 minutos atrás
Tudo o que não puder contar como fez, não faça!... de Immanuel Kant
Brasil 02.11.15 06:17 Comentários (16)
O mensalão não acabou.
Leia o que saiu na coluna Painel, da Folha da S. Paulo: “Registros da pista de pouso do hotel Kiaroa, obtidos pela PF na Operação Acrônimo, mostram que José Dirceu viajou ao sítio do marqueteiro Duda Mendonça na Bahia, onde ficou entre os dias 9 e 11 de março de 2013...
Minos 17 minutos atrás
Esse sempre foi o objetivo. Chegar ao poder para ficar rico
Brasil 01.11.15 23:00 Comentários (83)
Quando ainda estava preso em Curitiba, Alexandre Romano disse à PF que Dércio Guedes de Souza, da JD2, tinha um operador no Ministério do Planejamento chamado Valter Correia da Silva, que lá esteve entre 2005 e 2015 - depois foi trabalhar para Fernando Haddad...

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 02/11/2015 05:52
Em duas semanas, o PMDB realizará em Brasília um congresso partidário. Debaterá um esboço de programa de governo. Divulgado na semana passada, o documento chama-se ‘Uma ponte para o futuro’. Na economia, é a favor de tudo o que a gestão Dilma rejeita e contra qualquer coisa que a presidente realiza.
No papel, o principal sócio do PT no poder federal virou a mesa. Mas fez isso à sua maneira, sem tirar os cotovelos do tampo. Manteve-se à frente de sete ministérios. Nomeia freneticamente apaniguados para os escalões inferiores da máquina estatal. E convive harmonicamente com Renans e Cunhas.
Quer dizer: não é que o PMDB não veja a solução para a crise. O que o partido não enxerga é o problema. Ou, por outra: o PMDB se oferece como solução sem se dar conta de que, antes, precisa deixar de ser parte do problema.
Na sua proposta de programa, o PMDB se propõe a “buscar a união dos brasileiros de boa vontade.” Anota que “o país clama por pacificação, pois o aprofundamento das divisões e a disseminação do ódio e dos ressentimentos estão inviabilizando os consensos políticos sem os quais nossas crises se tornarão cada vez maiores.”
“A presente crise fiscal e, principalmente econômica, com retração do PIB, alta inflação, juros muito elevados, desemprego crescente, paralisação dos investimentos produtivos e a completa ausência de horizontes estão obrigando a sociedade a encarar de frente o seu destino”, diagnostica o PMDB.
“Nesta hora da verdade, em que o que está em jogo é nada menos que o futuro da nação, impõe-se a formação de uma maioria política, mesmo que transitória ou circunstancial, capaz, de num prazo curto, produzir todas estas decisões na sociedade e no Congresso Nacional”, receita o PMDB. “Não temos outro caminho a não ser procurar o entendimento e a cooperação.”
O que o PMDB disse, com outras palavras, foi o seguinte: Dilma quebrou o país e perdeu as condições de governar. Acomodado no lugar dela, o vice Michel Temer se entenderia com a oposição, formaria um gabinete transitório de união nacional e aprovaria no Congresso as reformas necessárias para tirar o Brasil do buraco — mais ou menos como fez Itamar Franco nas pegadas do impeachment de Collor.
Respaldado pela maioria transitória, Temer promoveria as reformas amargas que Dilma jamais proporá. Por exemplo: fim da indexação dos benefícios previdenciários ao salário mínimo e fixação de idade mínima para a aposentadoria (60 anos para mulheres e 65 para os homens). Beleza. Agora só falta o PMDB se virar do avesso.
Quando surgiu, em 1966, o PMDB era o contraponto à ditadura militar e representava o Brasil inteiro. Depois da redemocratização, passou a representar grupos econômicos e corporações. Hoje, representa a si próprio.
No passado, a face mais conhecida do PMDB era a de Ulysses Guimarães. Hoje, o PMDB é o bigode do Sarney, na cara do Renan, emoldurada pela sobrancelha do Jucá. Tudo isso e mais o estômago hipertrofiado do Cunha.
Nesse contexto, o documento ‘Uma ponte para o futuro’, concebido para ser uma luz, é ofuscado pelo pus que a plateia enxerga no fim do túnel.

Josias de Souza - 01/11/2015 18:13
Está em curso uma articulação para tentar evitar a convocação de amigos e parentes de Lula em duas CPIs: a do BNDES, que funciona na Câmara; e a do Carf, que opera no Senado. Deve-se a iniciativa ao próprio Lula. Ele aciona congressistas do PT e aliados para providenciar a 'blindagem'. Espera contar inclusive com a ajuda dos presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha e Renan Calheiros.
Seguindo as pegadas de investigações sobre corrupção feitas pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, pela Receita Federal e pelo Coaf, o PSDB e outros partidos oposicionistas se equipam para constranger Lula e o governo. A lista de potenciais depoentes é vasta. Alguns requerimentos de convocação já foram apresentados. Outros serão protocolados nesta semana.
Além de levar o próprio Lula à alça de mira, a oposição trama convocar, por exemplo, o filho do ex-presidente, Luiz Cláudio Lula da Silva, e o amigo e ex-ministro Gilberto Carvalho. Ambos são investigados na Operação Zelotes por suspeita de participar de um esquema de comércio de medidas provisórias que criaram facilidades tributárias para montadoras de automóveis.
Noutra frente, Lula está acompanhado dos ex-ministros Antonio Palocci, Erenice Guerra e Fernando Pimentel, hoje governador de Minas Gerais. O quarteto foi mencionado em relatório do Coaf, órgão do Ministério da Fazenda, como responsável por uma movimentação financeira de R$ 297,7 milhões.
Numa terceira trincheira de apuração, Lula surge enroscado no amigo e empresário José Carlos Bumlai. Em depoimento à força-tarefa da Lava Jato, o operador de propinas Fernando Baiano disse ter repassado R$ 2 milhões a Bumlai. O dinheiro destinava-se, segundo o delator, a uma nora de Lula.
Bumlai é beneficiário também de empréstimo concedido pelo bom e velho BNDES. Coisa de R$ 101,5 milhões. Foi liberado num momento em que os negócios do amigo de Lula claudicavam. Nove meses depois de entesourar a verba, a empresa de Bumlai protocolou na Justiça um pedido de recuperação judicial. Mal das pernas, não conseguia pagar suas dívidas.
Lula assumiu a linha de frente da operaçãoo de 'blindagem' por recear que o governo da afilhada Dilma Rousseff se dedique a outras prioridades legislativas, como a aprovação das medidas fiscais empacadas na Câmara.
As últimas investigações abertas no legislativo desmoralizaram o instituto da CPI. É improvável que a passagem por uma comissão do gênero piore a condição penal de alguém. Mas ninguém está livre do risco de produzir constrangimentos com frases mal construídas.
De resto, a simples convocação de personagens como o filho e amigos de Lula provocaria um dano político que não pode ser negligenciado. No papel, o governo dispõe de maioria nas CPIs. Mas essa suposta maioria não tem livrado Dilma de sucessivas derrotas no Legislativo.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
Domingo, novembro 01, 2015
Manuela López, filha mais velha do líder opositor Leopoldo López (ao fundo) foi quem desencadeou a crise de consciência do procurador venezuelano (Reprodução/Twitter)
O procurador federal venezuelano Franklin Nieves - que fugiu da Venezuela no dia 19 de outubro depois de, segundo ele, viver uma crise de consciência - revela os detalhes da perseguição política que levou o opositor Leopoldo López para cadeia em fevereiro de 2014. Nieves revela como o governo da Venezuela atuou para forjar provas que levaram López a ser condenado a mais de treze anos de prisão. Por telefone, ele concedeu a VEJA.com a entrevista a seguir:
Dilma recebeu recentemente no Palácio do Planalto o chefete comunista da Venezuela, Diosdado Cabello, que articulou a prisão do líder oposicionista Leopoldo Lopez. Cabello é amigo íntimo de Lula, Dilma e seus áulicos. Abaixo López em sua cela solitária na prisão militar de Ramo Verde em fotograma de vídeo da CNN que pode ser visto aqui.
A pequena Manuela, filha de Leopoldo López, fez um desenho de seu pai na prisão militar de Ramo Verde. Lá as Forças Armadas apóiam a ditadura comunista de Nicolás Maduro e inclusive não hesitam em assassinar aqueles que ousam fazer oposição. Lá os militares estão a serviço da bandalha comunista
O senhor afirma que Leopoldo López foi condenado com provas falsas. Como elas foram forjadas? 
Quatro dias antes dos distúrbios que foram atribuídos a Leopoldo López, eu fui enviado para o estado de Táchira (em 8 e 10 de fevereiro de 2013). Tínhamos a informação de que López estaria lá. A ordem que me deram era de prendê-lo e apresentá-lo à Justiça. Mas ele não apareceu. Oito dias depois, quando fui chamado em minha casa para me dirigir ao Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), ficou claro que não havia sequer uma ordem formal de captura contra Leopoldo López. Somente depois que alertei sobre isso, um agente da Sebin, conhecido como Elefante, redigiu uma peça de ficção que foi a ordem de apreensão. E o relatório da prisão foi escrito pelo próprio Diosdado Cabello. Desde o início tudo foi construído, forjado.
Franklin Nieves, o procurador venezuelano que denunciou a montagem do esquema que levou Leopoldo Lopez ser condenado a 13 anos de cadeia
Como o senhor recebeu a notícia de que atuaria neste caso? 
Foi o pior castigo que me deram na vida. Eu estava prestes a ser aposentado, mas acabei escravizado por este caso. Muitas vezes eu disse ao meu chefe que me tirasse e me enviasse para outro estado. Mas meu diretor, Nelson Mejía, disse que eu considerasse o trabalho como um prêmio. Se eu recusasse a causa, me transformaria em inimigo do regime. Mesmo se evocasse o direito que me era reservado por lei de renunciar à causa, não seria atendido. Eles sabiam que eu sabia demais e poderia me converter em opositor do estado. O simples fato de querer ficar fora levantaria suspeitas e eu passaria a ser perseguido.
Se o senhor tivesse fugido e revelado antes essas fraudes, acredita que a história poderia ter tomado um rumo diferente? 
De forma alguma. Porque se eu me retirasse, um outro procurador teria sido designado para fazer o mesmo serviço. Alguém teria cumprido a ordem.
O que o levou a mudar de ideia? 
Era um peso que eu trazia em minha consciência. Todos os dias, eu podia levar a minha filha para escola. Ia com minha esposa. Mas Leopoldo e sua esposa não podiam. Quem acompanhava a filha do casal era sempre uma pessoa estranha. Um empregado. Não queria mais ver essa situação se prolongar. Eu havia colaborado para que o seu pai estivesse preso. A mãe, por sua vez, viajava o tempo todo em busca de apoio para libertar o marido e reverter a terrível situação da qual fiz parte.
O senhor tem convocado os juízes e demais procuradores a se rebelar. 
Acredita nisso? Na Venezuela não se pode falar. Não há liberdade. Se alguém abre a boca, vai preso. Não fiz nada antes por medo. Mas espero que meus colegas possam se libertar.
Como o senhor saiu da Venezuela? 
Foi como uma viagem pessoal. Fui a uma agência de viagens e comprei as passagens para minha família. Custaram 121 000 bolívares (cerca de 300 dólares) para mim, minha esposa e nossas duas filhas. Não é nada. Fui de Caracas para Aruba. Depois segui para Miami e agora estou na casa de amigos.
Desde que a sua fuga se tornou pública muitas histórias foram difundidas. Entre elas, a de que antes de sair da Venezuela o senhor estava em negociação com agências americanas como a DEA e o FBI. Procede? 
Não é verdade. Algumas autoridades já me procuraram, mas só nos Estados Unidos. Eu não mantive nenhum contato prévio antes de sair de meu país. Também é mentirosa a história de que eu desviei documentos. Falaram que havia trazido comigo algo como 80% dos expedientes de minha procuradoria. Isso é totalmente falso. Uma invenção do governo para me colocar sob suspeita e iniciar uma investigação. Certamente montarão algo falso para me acusar.
O senhor sofreu alguma ameaça? 
Claro. Eu sabia que iriam me desprestigiar depois de minhas revelações. E houve ameaças. Invadiram minha casa, já reviraram meu escritório, invadiram o apartamento de minha esposa em Forte Tuna e o escritório dela. Até as companheiras de trabalho foram ameaçadas em interrogatórios arbitrários em busca de informações contra nós. Meu pai, minha mãe e irmão, que vivem na Venezuela, já foram procurados por agentes do governo. Eu me mantenho firme nesta situação, apesar de intimidarem meus familiares. Decidi contar a verdade e é isso que vou fazer aqui.
O senhor se considera culpado? 
Se fizerem uma investigação, certamente eu serei responsabilizado. Estou disposto a isso a passar por um processo imparcial. Se for para a Venezuela agora, serei preso e condenado assim que desembarcar. Nos Estados Unidos, sei que a justiça poderá ser feita de forma isenta. Mas já tenho a prisão perpétua, que é minha consciência.

NO BLOG ALERTA TOTAL
Segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Dia dos Mortos? Isto te lembra que o Brasil é um País moribundo, sem projeto nacional? Ou que tem muito político ladrão (perdão pela redundância) agindo como morto-vivo? Ou que a nossa (inexistente) agenda política e econômica nos torna uma pátria de suicidas? Ou que a previsível explosão de radicalismo e violência, na anunciada guerra de todos contra todos, tende a superlotar cemitérios e explodir a demanda dos crematórios? Ou você prefere chorar a quantidade incalculável de vítimas diárias do desgoverno do crime organizado?
Independentemente de qualquer resposta, o que o Brasil menos precisa, neste gravíssimo momento histórico, é daquela velha resignação que ajuda a alimentar a "fracassomania" tupiniquim. Não dá para suportar a passividade emotiva e a inação covarde diante de tantos problemas que exigem soluções inteligentes e racionais, a maioria imediatas. A maioria dos brasileiros continua esperando por um salvador da pátria. É loucura confiar o destino a alguém que dificilmente aparecerá para consertar o caos.
No artigo dominical em O Globo e no Estadão, sempre aproveitando para promover o lançamento de seu livro autobiográfico, o ex-Presidente FHC pregou a "necessidade de um consenso nacional para juntarmos forças ao redor de um caminho mais claro para o futuro". Na teoria, a proposta do Príncipe dos Sociólogos de Bruzundanga é belíssima e correta. Na prática, é uma irrealizável proposta utópica-poética-romântica. Nem consegue ser uma espécie de "iluminismo de classe média" porque o Brasil como Nação é o modelo do paraíso nas trevas da ignorância, do egoísmo e da prepotência de uma oligarquia que merece ser chamada de "zelite". 
A crise brasileira é estrutural. Não é conjuntural. É forte a impressão que tem raízes culturais e civilizatórias. Com certeza (relativa) tem... Somos reféns do modelo Capimunista - um Estado centralizador, cartorial, cartelizado, cooptador, corrupto e canalha que estrutura a (des)governança do crime organizado. Psicologicamente, o brasileiro prega que deseja mudar. O problema é que não sabe e nem define como deve acontecer a mudança. Nem para quê precisa ou a deseja. No fundo, impera aquela preguiça da "doença do a manhã": "Deixa a vida me levar que tudo se resolverá, depois".
A vida parece muito boa para alguns - políticos, funcionários públicos do topo e rentistas (aqueles que acreditam ser possível ganhar muito na base da especulação financeira). Para a maioria de mortos-vivos o que importa é a luta diária e imediata pela sobrevivência. Nestes dois extremos, fica inviável esperar que se torne viável qualquer proposta de mudança estrutural. As coisas (não) se resolvem no imediatismo. As soluções parecem distantes, quando não inimagináveis. Uma falsa fé em um futuro incerto, porque não se trabalha o presente com conceitos corretos, é a tônica brasileira?
Não deveria ser... Mas essa é a nossa desgraça. Estamos sempre perdendo o bonde da História. Preferimos adiar a viagem, preferencialmente de graça, sem saber onde, como e por que queremos chegar. Tal mentalidade não se altera - e ainda se torna enraizada - na maioria das pessoas contaminadas pela "visão rentista" baseada na Lei de Gérson ("Gosto de levar vantagem em tudo, certo?"). Talvez seja por isso que o brasileiro tem dificuldade em compreende que precisa estudar muito, para evoluir culturalmente, a fim de conquistar a efetiva melhora de vida.
Não estaria passando da hora de matar aquele zumbi que existe em cada um de nós - ou na maioria dos brasileiros? A resposta, claro, é "SIM". Mas, infelizmente, em vez de cada um assumir sua responsabilidade individual para servir de exemplo para o coletivo, adota-se a postura mais cômoda. As costumeiras opções são lamentáveis. Arranjamos um culpado para tudo. Ou esperamos que alguém nos salve de maneira messiânica. É rara a atitude pró-ativa para a mudança planejada cuidadosamente, após esgotar uma ampla discussão baseada na realidade. 
Nosso padrão zumbi viabiliza a manutenção do crime organizado no poder. Se o zumbi não for exterminado, o padrão criminoso sobreviverá. Não será fácil acabar com o zumbi neste ambiente com hegemonia da ignorância e dos conceitos errados que alimentam a violência, o ódio e o ritmo de vale-tudo, impedindo a coesão necessária para que cada um melhore e consiga se juntar aos outros para fazer coisas boas.
Neste feriado de Finados, não adianta bater em cachorro morto (ou que parece morto). É preciso que cada um lembre que a morte existe, mas que a vida deve continuar da melhor (e não da pior) forma. 
Releia o artigo de domingo: Quem tem poder para acabar com Lula?
Discurso de ódio
Perigo
Do amigo e irmão Marcelo Mahler, um conselho útil para a petelândia desvairada:
"Não cutuquem a vara com a onça curta".
Mais vivo que nunca

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