LEIA HOJE NA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
12 DE SETEMBRO DE 2015
Se a Lava Jato tem atormentado a presidente Dilma Rousseff desde a sua deflagração, em março de 2014, agora representa sua esperança de escapar do impeachment. Ela recebeu garantias, que fontes de sua assessoria dizem não identificar, de que as principais ameaças ao seu mandato, do vice-presidente Michel Temer ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, dificilmente escaparão da mão pesada da Lava Jato.
Informada também que está fora da Lava Jato, Dilma fixou a meta de “entrar para a História” como aquela que “varreu a corrupção do Brasil”.
Assessores de Dilma também espalham que, além de Eduardo Cunha, o presidente do Senado, Renan Calheiros, enfrentará maus bocados.
Assessores mais próximos contam que Dilma não está nem aí com o envolvimento de aliados e até de ministros na Lava Jato.
Dilma sente pesar com o envolvimento cada vez mais claro de Lula na Lava Jato, mas, dizem assessores, não perde noite de sono com isso.
Quem interpreta sinais do poder, em Brasília, viu significado na escolha de um pequeno helicóptero para levar Dilma do Alvorada à Base Aérea, ontem (11), de onde ela voaria para o Nordeste. Em lugar de possantes e confortáveis VH-36 Caracal, comprados à França para transportar a presidente, a FAB fez o traslado num modesto Esquilo, o “kinder ovo”. Isso ocorre dias depois da retirada de poder de comandantes militares. Mesmo restabelecidas as prerrogativas deles, o mal-estar permanece.
No embarque, não havia autoridades, assessores, só militares da FAB. Até a unidade dos Bombeiros só apareceu após o “kinder ovo” decolar.
Com histórico de ação política, de Getúlio a JK, a FAB aprecia se impor a autoridades. Fez isso ao ex-presidente Fernando Collor, em 1992.
Collor revelou que sua “ficha caiu” quando, já afastado, o piloto da FAB negou a ele um curto sobrevoo de despedida no lago Paranoá.
Dilma censurou a acidez do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) ao falar de Joaquim Levy (Fazenda). Apenas em público, claro. Dentro do PT a rusga continua. E se soma a Aloizio o senador Lindbergh Farias.
Na terça-feira (15) a oposição entrega aditamento ao pedido de impeachment de Dilma protocolado por Hélio Bicudo, histórico fundador do PT. A papelada deve ser rejeitada por Eduardo Cunha, presidente da Câmara. A ideia é fazer do impeachment um “projeto do plenário”.
A Universidade Federal do Paraná abriu vagas para “todos os beneficiários do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária” se inscreverem a uma das 60 vagas para o curso de Direito.
Se sobra dinheiro para financiamento de estudo dos sem-terra, falta para o Ministério da Educação. Com a crise financeira, o governo cortou R$ 1 bilhão no orçamento do seu ministério “mais importante”.
O muro construído no desfile de 7 de Setembro, que separava a presidente Dilma da população, custou R$ 161,6 mil. No ano passado, o valor das placas metálicas e grades custaram R$ 150,8 mil.
O PTB na Câmara olha com desconfiança o repentino “governismo” de Jovair Arantes (PTB-GO), destoando do sentimento da bancada. Dizem que o motivo seria uma indicação para a Caixa Econômica Federal.
Em encontro com Cristina Kirchner, o ex-presidente Lula se ofereceu para subir no palanque do candidato governista à presidência argentina, Daniel Scioli. Desmoralizado no Brasil, Lula foi atendido.
Quem passar pelo Congresso já pode ver alguns senadores desfilando com os novos carrões. Os outros modelos, com apenas dois anos de uso, serão substituídos. O contrato pelo mimo já custou R$ 2,3 milhões.
… o rebaixamento do Brasil, de estados e empresas brasileiras pelas agências de risco provocou até saudades do FMI no Congresso.

NO ANTAGONISTA
Brasil 12.09.15 05:52 Comentários (78)
Hélio Bicudo é estupendo. O Brasil só vai conseguir se livrar de Dilma Rousseff e do PT por causa de sua coragem, de sua integridade, de sua transparência. Veja o que ele disse ontem à noite:
"Lula é um homem ultramilionário"
"Lula é o grande responsável - um dos grandes responsáveis - pela Dilma e pela corrupção no Brasil"...
Brasil 12.09.15 06:11 Comentários (30)
“Dilma, nós estamos f…”.
Quem disse isso foi Lula, em sua última conversa particular com Dilma Rousseff, segundo Lauro Jardim.
Além de reclamar muito de Aloizio Mercadante, José Eduardo Cardozo e Joaquim Levy, Lula "falou da possibilidade real de impeachment e de que as investigações da Lava Jato cheguem nele".
Brasil 12.09.15 05:44 Comentários (3)
O pedido de impeachment de Dilma Rousseff, protocolado por Helio Bicudo, já tem 587 mil assinaturas.
Não perca essa chance. Assine clicando aqui: pedido de impeachment.
Brasil 12.09.15 05:42 Comentários (12)
Lula ganhou 4 milhões de reais pelo contrato de Pasadena.
A propina para a campanha presidencial de 2006 foi denunciada por Nestor Cerveró à Lava Jato.
Ele contou que tudo foi acertado durante um encontro num restaurante do Rio de Janeiro. Além dele, participaram do encontro Renato Duque, Paulo Roberto Costa e dois executivos da Odebrecht, Márcio Faria e Rogério Araújo, ambos presos em Curitiba...
Brasil 12.09.15 05:33 Comentários (12)
Nestor Cerveró disse aos procuradores da Lava Jato que a campanha de Lula embolsou 4 milhões de reais em propinas de Pasadena.
Ele citou também o nome de Michel Temer...
Economia 12.09.15 05:32 Comentários (17)
Fernando Rodrigues disse que Joaquim Levy soube do rebaixamento da nota do Brasil às duas da tarde, mas se recusou a informar Dilma Rousseff antes do fechamento dos mercados.
Uma pergunta singela:
Joaquim Levy conversou com alguém sobre o assunto?...
Brasil 12.09.15 05:28 Comentários (8)
O TSE tem de abrir urgentemente um processo para cassar o registro do PT.
O Jornal Nacional, ontem à noite, mostrou um dos depoimentos de Ricardo Pessoa sobre a propina paga ao partido: “Pessoa afirmou que começou a pagar propina ao PT em 2004. E que só em 2008 funcionários da Petrobras passaram também a cobrar valores. O dono da UTC fez um balanço da propina paga ao Partido dos Trabalhadores de 2004 até o ano passado...
Economia 12.09.15 05:23 Comentários (6)
O valor de mercado da Petrobras caiu quase 90% desde a posse de Dilma Rousseff. Pelos cálculos da Economática, a estatal valia 228 bilhões de dólares em 31 de dezembro de 2010. Ontem, ela valia 28 bilhões de dólares.
Esse é verdadeiro valor do roubo petista na Petrobras: 200 bilhões de dólares.
Economia 12.09.15 05:19 Comentários (4)
Em agosto, segundo a Folha de S. Paulo, a arrecadação de tributos teve uma queda de quase 10% em termos reais.
E ficou 4 bilhões de reais abaixo da estimativa – bastante modesta - dos auditores da Receita Federal...
Brasil 11.09.15 22:40 Comentários (5)
Apesar da insistência de Lula para que Dilma demita Aloizio Mercadante, O Antagonista é contra esse tipo de manipulação política. Lula age nos bastidores para encontrar um bode expiatório...
Brasil 11.09.15 22:07 Comentários (43)
Na delação, Ricardo Pessoa falou muito de João Vaccari Neto, a quem descreveu como um "soldado do partido" dedicado a manter o PT no poder. O empreiteiro disse que o ex-tesoureiro sempre ia conversar com ele já sabendo do andamento das obras da UTC com a Petrobras e cobrava a "propina devida".
Esses pedidos de propina cresciam sempre quando se chegava próximo ao período de campanhas, disse Pessoa...
Brasil 11.09.15 21:50 Comentários (7)
O JN obteve trechos inéditos da delação de Ricardo Pessoa. O empreiteiro revelou ao MPF que sua relação com o PT remonta ao ano de 1992, quando a UTC ainda era controlada pela OAS. Segundo ele, o pagamento de propinas começou em 2004 e se intensificou em 2008...
Economia 11.09.15 21:38
A presidente Dilma Rousseff afirmou, recentemente, que demorou para perceber a gravidade da crise. Mas, a julgar por um número embutido na proposta orçamentária de 2016, ela ainda não se deu conta de como anda o país. O projeto baseia-se num crescimento de 0,2% do PIB. Seria só mais uma amostra da miopia palaciana, não fossem seus efeitos práticos: 70% da arrecadação acompanha a variação do PIB. Com a economia ribanceira abaixo, sair de um rombo de 0,5% para um superávit de 0,7% vai custar muito mais a Dilma.
Brasil 11.09.15 21:13 Comentários (51)
A revista Época traz reportagem de capa com informação sobre a delação de Nestor Cerveró. O ex-diretor disse ao MPF que combinou com a Odebrecht uma propina de R$ 4 milhões para a campanha de Lula em 2006 em troca do contrato na refinaria.
Cerveró começa a entregar
Brasil 11.09.15 20:56 Comentários (24)
Dilma voltou a apelar para o discurso fácil. Eis o que ela disse hoje num encontro com líderes de movimentos sociais patrocinado pelo governo: "Temos que repudiar aqueles que querem sempre a catástrofe, o desastre"...
Brasil 11.09.15 20:33 Comentários (78)
A defesa de Dilma no TCU é risível. Luis Inácio Adams é risível. Ele alega o mesmo que a petista alegou na entrevista com jornalistas amigos semanas atrás, quando disse que foi pega de surpresa pela crise econômica...
Sideshow Bob 12 horas atrás:
"Se os economistas do governo lessem o boletim do Empiricus saberiam de tudo isto desde abril de 2014".
Brasil 11.09.15 20:21 Comentários (24)
Enquanto Teori Zavascki não dá publicidade à delação de Ricardo Pessoa, o empreiteiro vai revelando o que sabe em depoimentos, como testemunha, à Justiça Federal em Curitiba...
Brasil 11.09.15 19:17 Comentários (136)
Fernando Rodrigues informa que Joaquim Levy soube do rebaixamento da nota soberana do Brasil às 14h da quarta-feira 9. Em vez de falar com Dilma, enclausurou-se em seu gabinete no Ministério da Fazenda...
Brasil 11.09.15 19:00 Comentários (57)
O Ministério Público de São Paulo abriu investigação sobre os repasses da campanha de Dilma à empresa Ângela Maria do Nascimento Sorocaba - ME, que está em nome de uma doméstica...
Brasil 11.09.15 18:51 Comentários (47)
No relatório de rebaixamento das notas dos estados, a S&P alerta que o cenário de contração econômica indica que "os níveis de emprego e as receitas desses governos locais e regionais sofrerão no restante de 2015 e 2016".
"Além disso, eles têm habilidade muito limitada para cortar custos, tendo em vista os altos e estruturalmente rígidos gastos operacionais e necessidades urgentes de infraestrutura", diz a agência...
Brasil 11.09.15 18:41 Comentários (29)
Se Dilma Rousseff quiser ajudar a Petrobras a sair do fundo do poço precisa arrumar um substituto para Aldemir Bendine, que conseguiu vincular seu nome a dois rebaixamentos da Standard & Poor's: o da própria Petrobras e o do BB. Ambos perderam o grau de investimento...
Brasil 11.09.15 18:41 Comentários (37)
Quem acompanha O Antagonista no Twitter (@o_antagonista) pôde ver nossa contagem regressiva.
Agora, fazemos um post: mais de 500 000 cidadãos já assinaram a petição que pede o impeachment de Dilma Rousseff.
Assine você também:
Brasil 11.09.15 18:38 Comentários (113)
O Estadão informa que o Santander foi condenado a pagar 450 000 reais em danos morais a Sinara Polycarpo, a ex-analista do banco que fez previsões pessimistas - agora comprovadamente realistas - sobre o efeito da reeleição de Dilma Rousseff na economia...
Brasil 11.09.15 18:33 Comentários (24)
É o País todo, viu? O efeito cascata do rebaixamento da nota soberana do Brasil, que atingiu bancos e empresas, chega agora nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina...
Brasil 11.09.15 18:32 Comentários (34)
"Há elementos que apontam que José Sérgio Gabrielli não apenas tinha conhecimento da rede de corrupção presente na Petrobras, mas que também fez uso da mesma diretamente, em benefício do Partido dos Trabalhadores", afirma o delegado Josélio Azevedo Sousa, em relatório enviado ao STF.
Demorou.
Economia 11.09.15 18:26
O ex-presidente Lula menosprezou o rebaixamento do Brasil para o grau especulativo, dizendo que não é “nada”. Só falta combinar com sua criação, Dilma Rousseff, que conta com a abertura de capital da BR Distribuidora, Caixa Seguridade e IRB para ajudar a cobrir o rombo de R$ 30 bilhões previsto no orçamento de 2016. Agora, os investidores estrangeiros pensarão duas vezes para aplicar recursos nas empresas tupiniquins. Os IPOs ainda podem sair, mas com as ações sendo vendidas a preço de banana – e gerando bem menos dinheiro para Dilma. Mas não é nada não, né, Lula?
O lado bom das crises é que os absurdos afloram. Soubemos hoje que a USP deixou de pagar, pelo segundo ano consecutivo, o prêmio por "excelência acadêmica" aos seus professores e funcionários. Em 2013, o benefício custou 45 milhões de reais.
O Antagonista sugere que a USP pague prêmio de "excelência acadêmica" apenas aos quadros que vierem a ganhar o Nobel.
Brasil 11.09.15 18:18 Comentários (25)
Depois que Joaquim Levy fez novos anúncios para conter a crise, o líder da oposição no Congresso, Pauderney Avelino, declarou que a "Câmara não está interessada em votar aumento de impostos para ajudar um governo leniente com a corrupção".
Para ele, o parlamento ajudará no crescimento do país, mas sem a presença de Dilma Rousseff no poder.
Economia 11.09.15 18:16 Comentários (6)
Dólar a 3,87? Até que fechou baixo. Vai aumentar.
Brasil 11.09.15 18:07 Comentários (24)
A desimportância do Brasil é tamanha que a Economist, na sua edição que chegou às bancas hoje, não dedica uma linha sequer à perda do grau de investimento do país.
A única reportagem sobre o Brasil fala de como o traficante Nem tomou a favela da Rocinha, tema do livro "Nemesis: one man and the battle of Rio", de Misha Glenny.
Voltamos ao nosso devido lugar.
Brasil: de novo na favela
Mundo 11.09.15 17:52 Comentários (29)
A queda de um guindaste na Grande Mesquita de Meca, justamente no dia 11 de setembro, é uma daquelas ironias que lembram a frase de Hamlet: "Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que o sonhado na sua filosofia".
Brasil 11.09.15 17:14 Comentários (140)
Não poderíamos deixar de registrar. Além de apoiar a permanência de Dilma Rousseff na Presidência, o tucano Geraldo Alckmin adotou as imagens afásicas da petista. Ontem, em São Paulo, para fazer um agrado em Aécio Neves e fingir que está do lado do mineiro, Geraldo Alckmin afirmou:
"Eu disse que o PT havia chegado ao fundo do poço, mas parece que para eles o poço é móvel, sempre pode piorar."
Brasil 11.09.15 16:44 Comentários (47)
O governo acaba de entregar ao TCU a última parte da sua defesa no processo das pedaladas. Tem 1 000 páginas.
"Crime e Castigo" tem 450 páginas, a trama é bem urdida e os personagens, mais profundos.
O Antagonista condena a atormentadora Dilma Rousseff e absolve o atormentado Raskólnikov.
Brasil 11.09.15 16:37 Comentários (74)
Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, leu uma mensagem enviada por ele na Praça José Martí, em Caracas, há pouco. O líder da oposição, condenado por Nicolás Maduro a quase 14 anos de prisão, convocou os venezuelanos às ruas no dia 19 de setembro...
Lilian Tintori lê carta de Leopoldo López na praça José Martí, em Caracas:
"No espero que mis cadenas sean removidas por la dictadura"
Volta a velha história: Dilma quer insistir na proposta para minar a dedutibilidade dos juros sobre capital próprio.
E quer por que quer criar um tributo temporário sobre intermediação financeira (só não pode chamar de CPMF).
O Governo quer muitas coisas, mas pode poucas coisas.
Isso significa que chegamos a um limite do tamanho do Estado na economia brasileira.
Nosso limite era muito maior que o dos outros, mas ele existe.
Brasil 11.09.15 15:50 Comentários (26)
O mesmo Estadão publicou que PMDB e PT consideram Aloizio Mercadante "desagregador".
Qual é a novidade? Aloizio Mercadante é desagregador até em trem de subúrbio na hora do rush.
Cadê o Mercadante, para desagregar um pouco?
Brasil 11.09.15 15:41 Comentários (45)
Como antecipamos, Lula já começou a "dizer a amigos", a fim de afastar-se do desastre dilmesco.
Sobre o tira-não-tira Aloizio Mercadante do governo, o Estadão publicou que...
De acordo com o New York Times, as autoridades de Saúde dos Estados Unidos decidiram adiantar em um ano a divulgação de um grande estudo sobre pressão alta, porque a conclusão já é suficiente para salvar vidas...
Como eu faço para controlar o PT, doutor?


NO BLOG DO CORONEL
SÁBADO, 12 DE SETEMBRO DE 2015
(Revista Época) À mesa de um restaurante decorado com lustres de cristal, obras de arte contemporânea e castiçais dourados, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro, três diretores da Petrobras e dois executivos do grupo Odebrecht almoçavam reservadamente às vésperas das eleições de 2006. Era um encontro de homens de negócios. Do lado da petroleira, estavam lá os diretores Nestor Cerveró, Paulo Roberto Costa e Renato Duque; do lado da maior construtora do país, Márcio Faria e Rogério Araújo. Os cinco não falavam apenas de negócios. Falavam também de política. Nos tempos de petrolão, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, falar de negócios na Petrobras exigia falar de política: contratos com a estatal, conforme demonstram as provas da Lava Jato, eram frequentemente fechados somente mediante pagamento de propina a políticos do PT, do PMDB e do PP, a depender da diretoria. Hoje, a maioria dos cinco comensais está presa em Curitiba, acusada de participação destacada no petrolão.
Nos idos de 2006, quando transcorreu o almoço, os cinco, seja por dentro, seja por fora, mandavam muito na Petrobras. Renato Duque, diretor de Serviços, era homem do PT. Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento, do PP. E Nestor Cerveró, Diretor Internacional, do PT e do PMDB. Naquele almoço, Cerveró era o homem de negócios mais importante. Discutiam-se as obras para modernizar a refinaria de Pasadena, no Texas, Estados Unidos, cuja metade das ações fora comprada pela Petrobras meses antes. No jargão do mundo do petróleo, essas obras são conhecidas como “revamp”.
E que revamp. No almoço, estimou-­se que ele custaria até R$ 4 bilhões. A refinaria de Pasadena, cuja operação de compra era conhecida dentro da Petrobras pelo codinome projeto Mangueira, não tinha o apelido de “ruivinha” fortuitamente. Era um novelo de dutos enferrujados, de aparência avermelhada provocada pela oxidação dos metais. Se a Petrobras fizera um péssimo negócio ao comprar Pasadena, como veio a se confirmar nos anos seguintes, a Odebrecht estava prestes a faturar mais um formidável contrato. Decidia-se ali, no restaurante na Praia do Flamengo, que a construtora ganharia o contrato de R$ 4 bilhões. Em troca, os executivos da Odebrecht se comprometiam a pagar propina adiantada de R$ 4 milhões à campanha à reeleição de Lula – o mesmo Lula que, conforme revelou ÉPOCA em seu site na sexta-feira, dia 11, passou a ser considerado pela Polícia Federal oficialmente suspeito no petrolão. O mensalão nem esfriara, e o PT, liderando o consórcio de partidos, já encontrava no petrolão um substituto mais lucrativo para os negócios da alta política brasileira. 
A reunião no Rio e o acerto dos R$ 4 milhões foram revelados oficialmente à força-tarefa da Lava Jato pelo protagonista dessa operação: Nestor Cerveró. As informações estão registradas na mais recente proposta de delação premiada de Cerveró, em posse dos procuradores da Lava Jato e obtida por ÉPOCA. Trata-se de relatos pormenorizados de Cerveró sobre os negócios corruptos que tocaram primeiro na Diretoria Internacional da Petrobras, sob ordens do PT e do PMDB, e, a partir de 2008, na Diretoria Financeira da BR Distribuidora, sob ordens do PT e do senador Fernando Collor, do PTB (leia os resumos dos relatos abaixo). Neles, Cerveró afirma que a compra de Pasadena rendeu US$ 15 milhões em propina. E envolve no esquema a área internacional, além de outros funcionários da Petrobras, senadores como Delcídio Amaral, do PT, líder do governo no Senado, o presidente da Casa,Renan Calheiros, e Jader Barbalho, ambos do PMDB.
Para enviar os relatos aos procuradores, Cerveró trabalhou durante quatro dias. Reuniu histórias, resgatou datas de reuniões e valores das operações registradas em documentos e anotações que guarda em sua cela. Para corroborar as acusações, a família de Cerveró pretende recorrer a uma pilha de agendas de suas viagens e reuniões realizadas entre 2003 e 2008, período em que ocupou o cargo de diretor internacional da petroleira. Esses documentos estão guardados num cofre, à espera de uma resposta positiva dos procuradores da Lava Jato. “Do jeito que Cerveró está desesperado, ele entrega até a própria mulher”, diz um agente da Polícia Federal em Curitiba que tem contato com Cerveró.
Condenado a 17 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, preso há dez meses, Cerveró tenta a delação desde julho. É uma negociação difícil e lenta. Envolve os procuradores da força-tarefa em Curitiba e da equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Como Cerveró pode entregar políticos com foro no Supremo Tribunal Federal, caso de Delcídio, Renan e Jader, as duas frentes de investigação – Curitiba e Brasília – precisam se convencer daconveniência da delação do ex-diretor. Há hesitação em ambas. Apesar dos relatos agora revelados por ÉPOCA, osprocuradores esperam – exigem – mais de Cerveró. “Ele (Cerveró) continua oferecendo muito pouco perto da gravidade dos crimes que cometeu”, diz um dos investigadores de Curitiba. “A delação de Cerveró, para valer a pena, precisa de tempo. Ele ainda promete menos do que sabe”, afirma um procurador da equipe de Janot.
A situação de Cerveró ficou ainda mais difícil depois de a PGR fechar, na semana passada, o esperado acordo de delação com o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, operador das bancadas do PMDB no Senado e, em menor grau, na Câmara. O operador do PMDB, condenado a 15 anos de prisão, deve entregar as contas que foram irrigadas com pixulecos de Pasadena e das sondas contratadas pela área internacional da Petrobras, sob a responsabilidade de Cerveró. Eles atuavam juntos. Segundo Cerveró relatou aos procuradores, Baiano representou a bancada do PMDB no Senado no reparte da propina na Diretoria Internacional da Petrobras – e o dinheiro, ao menos US$ 2 milhões, foi parar nas mãos de Renan e de Jader Barbalho em 2006. Baiano já admitiu aos procuradores que intermediou propina para os senadores do PMDB em contratos na área internacional – a área do parceiro Cerveró. A delação de Baiano, que prometeu entregar comprovantes bancários das propinas, exigirá ainda mais de Cerveró. Ele fechará a delação somente se falar muito.
Nos relatos aos procuradores, porém, Cerveró já indicou o caminho da propina ao PMDB. Segundo ele, o dinheiro foi repassado a Baiano, que, por sua vez, intermediou pagamentos a outro lobista ligado ao PMDB. Esse lobista, de acordo com Cerveró, Baiano e um operador do PMDB, ouvido por ÉPOCA, repassou a propina a Renan e a Jader. Surpresa: esse lobista, cujo nome ainda não pode ser revelado por razões de segurança, também passou a negociar uma delação com os procuradores. A questão na Lava Jato parece ser: quem sobrará para fazer delação?
Outro lado
O senador Jader Barbalho nega que tenha recebido propinas de contratos para a Petrobras. “Nunca nem ouvi falar (sobre os navios-sondas)”, diz ele. O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, afirma que jamais fez reunião com diretores da Petrobras junto com o empresário Ricardo Pessôa, da UTC, e nega que recebeu propinas da Petrobras.
A Odebrecht diz que “de fato foi consultada, formalmente e não em nenhum tipo de evento social, sobre a possibilidade de formar consórcio com outras construtoras brasileiras para disputar contrato para eventual modernização da refinaria de Pasadena”. ‎A companhia diz que tais obras, porém, nunca foram realizadas. “Tal convite, por parte da Petrobras, não tem qualquer relação com doações eleitorais que a empresa faz”, diz a nota. A companhia ainda esclarece que o contrato assinado em 2010 sofreu alteração no valor “em função única e exclusivamente da alienação, por parte da Petrobras”. A empresa diz que todos os questionamentos feitos sobre esse acordo foram esclarecidos. Também procurado por ÉPOCA,
Lula não retornou as ligações.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 08:44:00

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
11/09/2015 às 21:46\Opinião
Publicado na versão impressa de VEJA
J.R. GUZZO
Este país, a cada dia que passa, vai se tornando um competidor favorito na disputa do Campeonato Mundial das Discussões sem Pé nem Cabeça. A contribuição mais recente das nossas altas autoridades para esse novo título nacional é o palavrório enfezado, tolo e pretensioso que se armou em torno da seguinte questão: a campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff foi feita dentro ou fora da lei? A resposta, pelo jeito que tomaram as coisas até agora, é que não pode haver resposta, pois não vale fazer a pergunta.


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
11/09/2015 às 19:43
Quando nada mais há a dizer, qualquer coisa serve. É o que orienta a última parte da defesa que o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, faz da presidente Dilma Rousseff, enviada ao Tribunal de Contas da União. A penúria intelectual do governo chega a ser, por si, escandalosa.
Sabem com que Adams justificou os procedimentos contábeis heterodoxos e ilegais feitos pelo governo, apelidados de “pedaladas fiscais”? Segundo o advogado-geral, elas se deveram à “evolução imprevisível” da economia no fim de 2014.
Reitero: se não fosse absoluta falta do que dizer, eu iria inferir que o homem está a escarnecer da gente, a nos tratar como idiotas, como cretinos.
Escreve ele:
“A realidade econômica evoluiu de maneira imprevisível para todos os analistas. Quem projetava um impacto de redução de commodities, aumento do dólar, de mudança do quadro econômico do jeito que aconteceu no final de 2014? Essa realidade é que gerou a necessidade de mudança de meta que foi acatada pelo Congresso e em 31 de dezembro o governo atendeu à lei”.
É incrível! Estava tudo mais do que escrito nas estrelas. A desvalorização das commodities mostrou que viria para ficar já em meados de 2012, quando Dilma estava com um ano e meio de seu primeiro mandato. A partir dali, analistas já começavam a alertar para as dificuldades futuras.
Mas calma aí! Adams se esquece de que o país passou por eleições no ano passado. E isso significa que a oposição também apresentou seu diagnóstico, apontando, diga-se, a quase totalidade dos problemas que estão por aí. Onde está a surpresa?
Sobre gastos feitos sem a autorização do Congresso, o advogado-geral insiste na desculpa petista de sempre, o famoso “FHC também fez” — o que, dizem ministros do TCU, não confere com a realidade, não na dimensão ou na escala do governo Dilma.
A defesa de Adams também politiza o caso de maneira desastrada. Sabe que a recomendação para que as contas sejam rejeitadas servirá de forte argumento da oposição para acusar Dilma de crime de responsabilidade. Aludindo ao que parece ser um eventual pedido de impeachment, Adams considera: “O fundamental é que temos que mostrar nossa força institucional. O Brasil conquistou uma estabilidade institucional e econômica. Nosso esforço é estabelecer isso como padrão para o mundo”.
Sim, claro! E em que um julgamento realmente autônomo do TCU e uma decisão idem da Câmara ameaçariam a força institucional? Ao contrário! Esta só sairia fortalecida.

12/09/2015 às 7:30
Se a presidente Dilma Rousseff não sabe, informo. O clima é de desembarque. Não importa para onde se olhe. Recente nota-manifesto assinada pela Fiesp e pela Firjan traduziu o que anda pensando o empresariado. Lideranças de outros setores da economia já buscam interlocuções de olho no pós-impeachment. Se a situação já era muito difícil antes de a Standard & Poor’s pôr o guizo no pescoço do gato, piorou bastante agora. Ninguém vê saída para a presidente — e isso inclui os petistas.
Não sei se notam, mas o próprio Lula começa a buscar um lugarzinho no pós-Dilma. É ele, não outro, quem está por trás de uma tal Frente Brasil Popular, que busca resistir ao governo pela esquerda.
Por enquanto, somos governados pela paralisia. O Planalto ainda não fez anúncio de corte nenhum nem deixou claro quem pretende tungar para aumentar a receita. Seus cinco milhões de coordenadores políticos anunciaram para esta sexta (11) um esboço ao menos de resposta para a crise terminal, mas não veio nada. Estamos falando de uma gente que se especializou em dar tiro no próprio pé. Em vez disso, o dia foi tomado pela negativa enfática de que Aloizio Mercadante vá deixar a Casa Civil, embora Dilma busque alguém para a… Casa Civil.
Conforme o esperado, conforme o sabido, conforme o óbvio, o PT não quer entregar a pasta. Ficará feliz se ela sair das mãos de Mercadante, que é, primeiro, mercadantista e, secundariamente, petista. O partido insiste em manter o ministério que, em tese, ao menos, faz a coordenação geral do governo. Estamos diante de uma natureza. Ainda que sob o risco de perder tudo, a legenda não aceita abrir mão de um pedaço. E, assim, Dilma vai caminhando para o abismo.
Não sei se há tempo, a esta altura, de fazer alguma coisa. A presidente conta em seus quadros com políticos com mais trânsito do que as pastas às quais estão confinados. Há Gilberto Kassab (Cidades), do PSD, um bom articulador. O problema, nesse caso, são as resistências que enfrentaria em alas do PMDB.
Há Kátia Abreu (Agricultura), peemedebista ainda recente, é verdade, mas com abrangência suprapartidária em razão de ser também uma liderança do único setor da economia que não está no vermelho — o agronegócio. Até Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), do PCdoB, seria uma alternativa para tentar ampliar o diálogo. E, quando escrevo, “até”, refiro-me ao fato de que seu partido é pequeno. Sua interlocução no Congresso, no entanto, é bem maior. Afinal, já presidiu a Câmara.
Mas não tem jeito. O PT insiste em ter o controle da máquina — máquina sabidamente desgovernada, que atira para todo lado. O petista Jaques Wagner (Defesa), em razão de sua fala fácil, aparecia como cotado para a função, mas se desmoralizou com o episódio do decreto que tentou destituir os comandantes militares de atribuições… militares! A porcaria foi redigida por sua secretária-executiva sem que ele soubesse. A tal continua no cargo. Não me parece que isso o credencie para a Casa Civil.
O governo chegou a emitir nesta sexta uma nota negando que Mercadante vá deixar o cargo, destacando, adicionalmente, seus relevantes serviços ao governo. Soou como piada nos meios políticos porque se sabe que não há serviço relevante nenhum.
Encerro com um trecho da minha coluna de ontem na Folha:
“Algum entendimento terá de ser feito para convencer a sociedade de sacrifícios adicionais, além daqueles que já estão em curso. Ou é isso, ou vem por aí uma espiral negativa de longuíssima duração. E a arena desse pensamento não é o Ministério da Fazenda. A Joaquim Levy, ou a outro, entregar-se-á uma máquina de calcular números. A realidade exige alguém que seja bom no cálculo político.
Ocorre que isso não se faz sem uma relação de confiança, que não existe mais. É preciso saber identificar o momento em que todos os bares se fecham e as virtudes se negam. Tá bom, presidente! Eu a deixo com o seu Riobaldo. Mas com um outro –aquele que cobra da senhora é coragem.”
Por Reinaldo Azevedo


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