DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
15 DE MARÇO DE 2015
Ateia, a presidente Dilma apelou à misericórdia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em audiência no Palácio do Planalto, contra o pedido de impeachment. Em diversos momentos da reunião com o cardeal de Aparecida (SP) Raymundo Damasceno de Assis e o arcebispo Dom Leonardo Ulrich Steiner, Dilma pediu que a igreja evite apoiar o impeachment, que causaria “instabilidade ao país”.
Dilma ficou preocupada, em especial, por causa do ato de sindicalistas ligados ao PT “em defesa da Petrobras”.
No fim da reunião, Dilma pediu aos representantes da CNBB que saíssem pelas portas do fundo do Planalto, sem falar com a imprensa.
Dilma queria apenas Deus como testemunha do seu encontro com a CNBB porque temia irritar os aliados evangélicos.
A ordem – inócua – para que ministros ficassem em Brasília no fim de semana é reveladora do temor que os protestos provocam no governo.
O Postalis, fundo de pensão dos Correios, criou taxa de 25,98% sobre benefícios dos associados. A notícia é muito ruim, pois esse desconto será feito pelos próximos 15 anos e 5 meses, mas ainda piora no caso dos aposentados: a nova taxa de 25,98% será somada à contribuição mensal atual de 9%. Com isso, o total da tunga imposta pelo fundo sem direito a contestação será de 34,98%. Durante longos 50 anos.
Funcionários da ECT que se aposentam aos 65 anos ainda acham graça: dizem que, morrendo antes dos 80, a dívida “fica pros netos”.
Empregados iam pedir ajuda do ministro Berzoini (Comunicações), mas lembraram o que ele fez com os idosos quando estava na Previdência.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, tem recomendado a criação de uma “pauta positiva”, para o Petrolão não monopolizar o noticiário. Mas o problema é encontrar assunto mais eletrizante, em Brasília.
O Palácio do Planalto precisará retribuir ao Congresso a manutenção do veto da presidente Dilma ao reajuste de 6,5% no Imposto de Renda. Os aliados mandaram o recado: querem a cabeça de Mercadante.
O PT lamenta que a presidente Dilma fique isolada em seu gabinete. De um deputado com influência no Palácio do Planalto: “Ou Dilma aprende a conversar com os parlamentares ou viverá em crise”.
A descoberta de que o PT pagou R$ 35 a cada manifestante pró-Dilma, ontem, não é novidade em Brasília, onde há empresas especializadas. Cobram por cabeça até R$ 70 (mais um sanduíche), para entidades interessadas em promover passeatas nas avenidas da capital.
Temerosos com o aumento de adesões ao impeachment, aliados de Dilma espalham e-mails alarmantes sobre risco de “instabilidade”. A mensagem é obra de militantes do PT aboletados no serviço público.
O gerente de imprensa da Petrobras, Lúcio Pimentel, até parece continuar na assessoria do ex-presidente Sérgio Gabrielli. Reapareceu na Câmara para acompanhar o depoimento do suspeito na CPI.
Camelôs faturam em Belém (PA) com a venda de uma espécie de “kit impeachment”: uma panela made in China acompanhada de uma colher. Tudo por apenas R$ 10. O grito “fora Dilma” não está incluído.

NO DIÁRIO DO PODER
ECONOMIA
CAIXA PREVÊ FORTE DESACELERAÇÃO DO CRÉDITO
A CRISE PARALISA OS NEGÓCIOS EM TODA A CADEIA DO SETOR.
Publicado: 14 de março de 2015 às 11:22
A desaceleração do crédito na Caixa deve ser ainda maior neste ano, como consequência da provável retração na economia. O Estado apurou que a área técnica do banco trabalha na revisão da projeção de crescimento dos empréstimos e financiamentos em 2015 para menos do que o intervalo de 14% a 18% previstos até agora.
Apesar de ainda ter o maior ritmo de crescimento do setor, o crédito na Caixa passa por brusca desaceleração: em 2014, a expansão foi de 22,4%, ritmo bem menor do que os 36,8% em 2013. Nos dois anos anteriores, o crescimento chegou a 42%.
Neste ano, a expectativa é de retração da economia de 0,66%, de acordo com previsões de analistas consultados pelo Banco Central. O crédito também sofre os impactos da Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobrás.
A crise paralisa os negócios em toda a cadeia do setor e emperra investimentos até em outras áreas. No banco estatal, já é certo que a retração será maior do que a prevista atualmente pelos analistas, com grande impacto nos desembolsos.
Sem novos aportes do Tesouro para 2015 e 2016, a Caixa não deve repetir a estratégia de 2008, quando aproveitou o vácuo deixado pelos bancos privados - que restringiram a oferta de empréstimos após a quebra do americano Lehman Brothers - para ampliar participação no mercado. A ideia do governo foi irrigar a economia usando o papel "estratégico" dos bancos oficiais em fomentar o desenvolvimento do País.
Alívio
Internamente, a retração da atividade econômica está sendo encarada até como "alívio" por favorecer a necessária desaceleração no ritmo de empréstimos e financiamentos enquanto não há sinal de novas capitalizações.
O freio na locomotiva do crédito da Caixa pode trazer como consequência perda de espaço em algumas linhas, como o consignado e o crédito imobiliário, este último carro-chefe da instituição. O ex-presidente Jorge Hereda disse na apresentação do resultado de 2014 que para alcançar 22% da fatia de mercado até 2022, objetivo do banco, é preciso manter um crescimento da carteira em torno de 17%.
Sem novos aportes do Tesouro, a direção da Caixa também espera que o governo cumpra a lei que libera a instituição de entregar todo o lucro ao Tesouro. O banco estatal repassou R$ 3,9 bilhões de dividendos ao governo em 2014, pouco mais da metade do lucro líquido do ano passado (R$ 7,1 bilhões).
O banco conseguiu vencer a queda de braço com o Tesouro para ficar com parte dos dividendos por ter bancado o programa Minha Casa Melhor, que financia móveis e eletrodomésticos para beneficiários do Minha Casa, Minha Vida. A retenção de até 75% do lucro pela Caixa foi a forma como o Tesouro cobriu o risco de crédito e operacional do programa, que tem inadimplência de 30%, bastante elevada. O Minha Casa Melhor foi suspenso não só por causa do alto número de calotes mas porque os recursos ao programa acabaram.
A decisão sobre quanto em dividendos a Caixa pode reter, no entanto, cabe ao ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Como a União é dona da Caixa, os lucros do banco são devolvidos ao Tesouro na forma de dividendos ou juros sobre capital próprio. Essas receitas ajudam o governo a compor o superávit primário - economia para pagar os juros da dívida. Na gestão do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, os dividendos das estatais foram muito importantes para aumentar o esforço fiscal do governo. Apesar disso, o governo está há três anos seguidos sem cumprir a meta.

PELEGADA CORRUPTA
SINDICALISTAS PAGARAM CACHÊ DE R$ 50 EM ATO PRÓ-DILMA
NO RIO, SINDICALISTAS DERAM DINHEIRO A QUEM FOI A MANIFESTAÇÃO
Publicado: 14 de março de 2015 às 08:34 - Atualizado às 08:58

NO ATO PRÓ-DILMA E CONTRA CORRUPÇÃO, PARTICIPANTES RECEBERAM DINHEIRO.

Manifestantes que participaram no Rio de Janeiro de ato organizado por sindicalistas ligados ao PT foram remuneradas com R$ 50. O ato foi promovido "em defesa da Petrobras", mas na verdade o objetivo foi demonstrar "apoio a presidente Dilma Rousseff".
Ao menos um homem ligado ao Sindipetro NF (Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense) foi flagrado em vídeo distribuindo notas de R$ 50, sem a preocupação de ser visto. Outro, mais discreto, entregava o dinheiro e pedia que as pessoas amassassem as notas para impedir que fossem vistas.
Um homem de 18 anos, Matheus Silva, um desempregado que também protestava "contra a corrupção", contou haver recebido R$ 50 para participar da manifestação. Também desempregada, Luciana e seu marido, Marco Aurélio, afirmaram ter recebido R$ 80 do sindicato para participar do ato no Rio. Luciana achava que o ato era em razão dos royalties "que estão querendo tirar do Estado do Rio”.

NO BLOG DO CORONEL
DOMINGO, 15 DE MARÇO DE 2015
Mocha Vaccari e Bob Esponja, a dupla que lavava a jato na Petrobras.

(Folha) Bob surgiu na Operação Lava Jato como personagem secundário, desses que mais atrapalham do que ajudam a entender o resto da trama. Mas Bob, apelido com o qual o doleiro Alberto Youssef chamava o ex-ministro José Dirceu ao registrá-lo em sua contabilidade, caminha para se tornar um dos principais alvos da apuração por conta de um conjunto de indícios e provas reunidos pela Polícia Federal e também por procuradores do caso. 
A apuração sobre Dirceu mudou de patamar por indícios que vão de consultorias de cerca de R$ 3,8 milhões pagas pelas empreiteiras investigadas pela Lava Jato, sem comprovação de prestação de serviços, segundo os procuradores, a acusações de Youssef de que um dos delatores estaria protegendo o ex-ministro. 
Há ainda menção a Dirceu por parte dos dois delatores da Camargo Corrêa, o presidente da empresa, João Auler, e o vice-presidente Eduardo Leite. Segundo a Folha apurou, eles não assumiram receber suborno, mas dizem que outros diretores da empreiteira podem ter feito isso. O ex-ministro foi condenado no mensalão a dez anos de prisão, cumpriu menos de um ano em regime fechado e agora está em prisão domiciliar. 
Uma das principais descobertas, na visão de dois investigadores, é o vínculo entre João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, com Dirceu. Para eles, já há elementos de que Vaccari agia a mando de Dirceu. Vaccari é apontado pelo doleiro como o encarregado pelo PT de arrecadar a propina que tinha origem nos desvios de obras da Petrobras. Youssef cita um caso de suborno pago ao PT em que "os indicados para o recebimento eram Vaccari e Dirceu". 
O doleiro também aponta que o empresário Julio Camargo omitiu Dirceu em sua delação premiada. Segundo Youssef, ele pagou R$ 27 milhões em propina entre 2005 e 2012 -- parte foi para Dirceu. Youssef relata ainda ter visto planilha com pagamentos a Bob quando checava contas com Franco Clemente Pinto, contador de Julio Camargo. O doleiro aponta que Camargo era ligado a Dirceu e ao ex-ministro Antonio Palocci, também investigado após o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa dizer que ele pedira R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2010. Palocci nega.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 08:12:00

Datafolha: 63% dos manifestantes do protesto da CUT dizem que Dilma sabia da roubalheira na Petrobras. E só 4% estavam lá em apoio a presidente.
O apoio a Dilma foi apenas um "contrabando" enfiado na manifestação da CUT, conforme pesquisa Datafolha. Ninguém estava ali para apoiar a presidente que está acabando com os direitos trabalhistas, com o FIES e promovendo a maior crise de desemprego dos últimos anos.
(Folha) No grupo dos cerca de 41 mil participantes do protesto liderado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) em São Paulo na sexta-feira (13), 63% acham que a presidente Dilma Rousseff sabia da corrupção na Petrobras. Para 36%, ela sabia, mas não poderia fazer nada. Para 27%, sabia e deixou que os malfeitos ocorressem. Outros 32% entendem que ela não tinha conhecimento de nada. 
As informações foram apuradas pelo Datafolha, que, durante as quatro horas do evento (das 14h às 18h), realizou 313 entrevistas junto aos participantes. A margem de erro é de seis pontos. O público participante era formado, predominantemente, por eleitores de Dilma: 71% afirmaram ter votado nela no segundo turno de 2014. De cada 10 participantes do ato, 4 afirmaram que têm o PT como partido de preferência. 
A razão mais citada para estar na rua foi protestar contra medidas recentes do governo que tiram direitos trabalhistas, motivo citado por 25%. Depois disso, 22% mencionaram necessidade de aumento salarial para os professores. No início da passeata, os participantes de uma assembleia da Apeoesp (sindicato de professores) engrossaram o ato da CUT. 
A reforma política foi lembrada por 19%. A defesa da Petrobras, por 18%. Em um questionário em que cada entrevistado poderia marcar mais de um motivo para estar protestando, só 4% mencionaram estar na rua em apoio à Dilma, que será alvo de protestos neste domingo. 
No universo dos participantes, 68% disseram ter ensino superior -- contra 28% dos moradores da cidade de São Paulo, segundo o Datafolha. Entre as ocupações, o grupo mais numeroso era formado por funcionários públicos, O ato teve apoio do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), da UNE (União Nacional dos Estudantes) e de outras entidades sindicais. A margem de erro para os dados do perfil é de seis pontos para mais ou para menos. O total de participantes do ato, cerca de 41 mil, também foi apurado pelo Datafolha.
POSTADO POR O EDITOR ÀS 07:36:00


NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
15/03/2015 às 3:11 \ Direto ao Ponto
Neste domingo (15), estarei no time do site de VEJA escalado para a cobertura das manifestações de rua que mostrarão, em quase todos os Estados e no exterior, a determinação do país decente e o vigor da resistência democrática. Ao lado da equipe da TVEJA, farei entrevistas e comentários na Avenida Paulista do começo ao fim da mobilização. Durante e depois da marcha, no estúdio da Editora Abril, colunistas, editores e repórteres prosseguirão o desfile de informações e análises.
Nada disso vai afetar o ritmo dos posts e da liberação de comentários da coluna. A propósito, convido os leitores a ampliar a abrangência da cobertura com o envio de informações sobre o que está acontecendo em sua cidade. Mais: mandem em comentários para este post imagens (são especialmente bem-vindos vídeos com menos de 2 minutos) que ratifiquem as dimensões nacionais do movimento.
Na sexta-feira, as manifestações dos celebrantes de missa negra resultaram em outro tiro na testa: os pelegos federais já não conseguem juntar devotos subsidiados em número suficiente para garantir o quórum de quermesse em louvor de santo padroeiro. Chova ou faça sol, vão aprender neste 15 de março que a rua que os renega acolhe e ecoa os brados dos indignados com a incompetência, a roubalheira e o primitivismo autoritário.
Hoje a festa é nossa. O choro é deles: começa neste domingo o velório da seita liberticida.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
15/03/2015 às 6:27
15.03 eu vou
Caros leitores,
Neste domingo, tudo indica, parcela expressiva da população brasileira vai às ruas em paz, em ordem, mas com muita convicção, reivindicar o combate à corrupção, o fim da roubalheira, o respeito às instituições. Têm razão todos aqueles que dizem que a questão é muito maior do que Dilma Rousseff. Ocorre que Dilma Rousseff é termo de uma equação que hoje é igual a recessão, juros pornográficos (e ainda vão crescer) e inflação alta. Poderíamos estar nessa pindaíba em razão de erros cometidos por uma elite dirigente atrapalhada, mas de boa-fé… Sim, não é algo que devamos reivindicar… O negócio é rimar sempre decência com competência. Mas insisto: não fosse um escândalo de proporções inéditas no mundo, o petrolão, é certo que a indignação seria menor. Hoje, a esmagadora maioria dos brasileiros sabe quem quebrou a Petrobras e por quê. A mulher eleita há quatro meses e meio — há apenas dois e meio de posse do segundo mandato — não é a mesma que governa. Ou melhor: é! Não existe é o país vendido pela candidata.
Inflação e recessão empobrecem as pessoas. No país da contabilidade política fantasiosa, em que bastam alguns minguados reais para um indivíduo se tornar “classe média”, é preciso refazer as contas. Pressão inflacionária e dólar a R$ 3,26 devolvem milhões para a pobreza num estalar de dedos. Dilma foi vaiada por operários no Anhembi, não pelos empresários. Como sabe que vêm dias e anos difíceis pela frente, poderia ter feito um mea-culpa, mas se deixou engravidar pelo ouvido por assessores equivocados, que lustram a sua teimosia: foi à TV no dia 8 falar de uma país que não existe. Armou o gatilho contra si mesma. O panelaço surpreendeu até quem bateu panelas.
Corrupção também empobrece o povo, como é sabido. E o petrolão, com seu desastroso efeito na Petrobras, com desdobramentos já dramáticos no (des)emprego, superou os largos limites de uma sociedade mais ou menos acostumada à bandalheira. Os ladrões perderam a modéstia. Os “donos do poder” perderam o senso de proporção. Dilma é hoje uma presidente sitiada em seu palácio, cercada de áulicos incapazes de dizer o que ela tem de ouvir.
Os donos do povo
Quando teve início o bochicho de uma grande manifestação, o Palácio deu de ombros, como sempre, certo de que o povo tem um dono: o PT. Líderes de ditos movimentos sociais, como este inefável João Pedro Stédile, saíram a falar como se o Brasil fosse um feudo dominado por senhores da guerra. Afinal, Lula o instigou a botar o seu “exército na rua”. Em vez de buscar baixar a temperatura da crise, ministros resolveram pôr lenha na fogueira, classificando de “golpe” a simples manifestação de descontentamento. Não há nada de ilegal, de ilegítimo, de antidemocrático ou de golpista em reivindicar o impeachment de Dilma. Se e quando acontecer, será por caminhos institucionalmente definidos.
Nas últimas horas, a própria presidente teve de mudar o discurso. “Manifestação sim, violência não”, diz ela. Ora, claro que não! A violência, hoje, só interessaria ao statu quo. Logo, se houver baderneiros na rua, terão de ser contidos pelas pessoas de bem e imediatamente entregues à polícia, que estará presente para proteger manifestantes pacíficos.
A guerra
Mas não pensem que eles se conformam. Os ratos dos blogs sujos, financiados por dinheiro estatal, estão assanhados. A ordem é atacar aqueles que são identificados como “inimigos” do governo. Chegaram ao cúmulo de requentar, cinco anos depois, como se fosse coisa nova, uma vagabundagem que tentaram armar contra mim em 2010, sobre a qual escrevi neste blog. Título do post: “NÃO TENTEM ME INTIMIDAR. NÃO FUNCIONOU ANTES; NÃO VAI FUNCIONAR AGORA! OU: OS TERRORISTAS ESCONDEM; EU MOSTRO!”.
Como sempre, a orientação que vem de cima é tentar intimidar a imprensa independente. No ano passado, a tática foi outra: o PT resolveu criar uma lista de jornalistas e comunicadores que, segundo os companheiros, fazem mal ao Brasil. É claro que estou lá (leiam post aqui). Deram-se mal comigo: conseguiram, na prática, fechar a minha revista em 2006. Como desdobramento daquele fato, ajudaram a multiplicar a minha voz. Hoje, chego a muito mais gente porque trabalho 18 horas por dia. Os financiados pelo poder têm tempo de se dedicar à mentira, à safadeza e à desqualificação. Afinal, este é um país em que membros de um Partido dos Trabalhadores fazem passeata numa sexta à tarde, e trabalhadores sem partido, no domingo… Entenderam a ironia da coisa?
Trabalho longo
Não pensem que o trabalho de despetização do Brasil será fácil. Está apenas no começo. Para que o país entre no eixo do desenvolvimento, da produtividade, da justiça social sustentável, da eficiência, da educação de qualidade, da saúde menos miserável… Isso tudo, meus caros, custará um trabalho de décadas, de gerações. Esse resultado desastroso da economia não foi fabricado em um dia. Não é fruto dos quatro anos passados de Dilma. Ou dos oito anteriores de Lula. É o conjunto da obra companheira que nos trouxe até aqui, com o agravante de que a corrupção assumiu proporções realmente inéditas.
Se a investigação se estender a todos os setores de infraestrutura, onde operam as mesmas empresas, com homens públicos do outro lado do balcão com igual moralidade, então ficará evidente que o Brasil institucional já não está no governo faz tempo. Somos comandados por uma máquina que tem seus próprios critérios, suas próprias necessidades, seus próprios valores. E não são os da democracia. E não há nada de teoria conspiratória aqui. O caso da Petrobras é um exemplo escancarado do que digo. Era no país que pensava a quadrilha que lá operava? E a quem ela prestava satisfação?
Os que, no subjornalismo de esgoto, estão a serviço desse poder recorrem a todos os expedientes para tentar transformar criminosos em virtuosos e virtuosos em criminosos. FAZ SENTIDO. ELES SE CONSTROEM NA INVERSÃO MORAL. Uma lista de pessoas que supostamente mantiveram ou mantêm contas no exterior — e que inclui comandantes de empresa de comunicação e jornalistas — é logo usada como a evidência de que existiria mesmo uma grande conspiração na “mídia” contra o PT. Ora, o que tem uma coisa a ver com outra? Digamos que fossem operações criminosas, o que não está evidenciado, e que todos confessassem as suas falhas: O GOVERNO DO PT SERIA MELHOR POR ISSO? A ROUBALHEIRA NA PETROBRAS NÃO TERIA OCORRIDO? OS SUPERFATURAMENTOS DOS QUAIS GOVERNISTAS SE APROVEITAVAM DESAPARECERIAM?
Aliás, o temor dessa escória é o PT perder um dia a eleição, e o capilé oficial ir para o ralo. Se bem que alguns “patriotas” ali não se acanhariam de eventualmente mudar de lado. Muitos não estão nessa por ideologia, mas por vocação para servir, desde que bem remunerados. E há outra coisa encantadora nesses bucéfalos. Eles se lambuzam acusando os adversários de “falsos moralistas”. Na base dessa acusação há um mecanismo curioso: não é que sejam contra a suposta falsidade do “moralista”. Essa, eles até compreenderiam. Eles rejeitam é a moral mesmo. Não adianta! É inútil! Se não conseguiram me intimidar quando eu só tinha um blog, que mal dava os primeiros passos, agora tampouco. Aliás, se Dilma se livrasse dessa gente abjeta, em vez de alimentá-la, estaria certamente em situação um pouco mais confortável. Presidente, seus homens de comunicação ainda não perceberam que esses paus mandados só servem para ampliar o campo dos seus adversários?
Chegou o dia
Chegou o 15 de março. O dia vai raiando tímido. O céu ainda está cinza, com um frio muito discreto. Talvez chova um pouco. Ninguém é de açúcar. Levem para as ruas o Artigo 5º da Constituição, seu direito de reivindicar, de protestar, de peticionar ao estado. Levem para as ruas a alegria, os votos de um país melhor, o desejo de mudança. Levem para as ruas a crença na competência, no trabalho, no esforço, na honestidade. Levem para as ruas a satisfação de saber que a democracia é a única garantia que temos contra larápios e tiranos.
As oposições estão apoiando o ato? Que bom! Mas são apenas isto: apoiadoras. E é bom que assim seja. Não estamos num confronto entre partidos, entre corporações, entre senhores da guerra. Isso é o que o PT queria. Isso é o que o PT quer. Mas não terá. Na sexta, 13, o que se diz “Partido dos Trabalhadores” tingiu algumas poucas ruas de vermelho. Neste domingo, 15, que elas sejam tingidas pelos trabalhadores sem partido, de verde e amarelo.
O que se quer é decência. Não é pedir muito. É pedir o mínimo. Quem sabe ainda ocupemos, um dia, as ruas para cobrar de governantes decentes a competência. Demora? A gente chega lá.
Tenham um domingo feliz, de muitos abraços!
Por Reinaldo Azevedo

15/03/2015 às 4:11
Reportagem de Leandro Colon, na Folha deste domingo (15) informa:
“Um documento entregue a investigadores holandeses fortalece o depoimento do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco de que a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 recebeu US$ 300 mil da empresa SBM Offshore, acusada de pagar propina para obter contratos no Brasil. No dia 7 de setembro de 2010, a menos de um mês do primeiro turno eleitoral, a SBM, com sede na Holanda, assinou um “adendo” de duas páginas ao contrato que mantinha desde 1999 com o brasileiro Júlio Faerman, então representante da firma no país. Ele é apontado como distribuidor de propinas em troca de vantagem na Petrobras.”
Pois é…
Vamos ver. Neste sábado (14), publiquei um post no blog informando que o PPS entrou com uma ação do Supremo (Agravo Regimental) pedindo que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e o relator do petrolão no tribunal, Teori Zavascki, revejam a decisão de não investigar Dilma. Com base em sólida jurisprudência, está claro que um presidente pode, sim, SER INVESTIGADO por atos anteriores ao exercício do mandato; só não pode é ser processado.
O que vai na Folha demonstra por que é melhor para as instituições que assim seja. Os US$ 300 mil a que se refere Barusco compõem apenas uma das menções a Dilma. Ora, se não houver a investigação, como saber?
A SBM
Esse caso da SBM tem uma trajetória curiosa. A VEJA publicou reportagem em fevereiro do ano passado informando que auditoria interna da empresa havia encontrado indícios de pagamento de propina a funcionários da Petrobras. E lá já se podia ler:
“O esquema de corrupção no Brasil, de acordo com a investigação interna, era comandado pelo empresário Julio Faerman, um dos mais influentes lobistas do setor e dono das empresas Faercom e Oildrive. Ele assinava contratos de consultoria com a SBM que serviam para repassar o dinheiro de propina para diretores da Petrobras. Essas consultorias previam o pagamento de uma “comissão” de 3% do valor dos contratos celebrados entre a SBM e a Petrobras – 1% era destinado a Faerman e 2% a diretores da petrolífera brasileira.”
Muito bem! Em março do ano passado, um mês depois da reportagem, a então presidente da Petrobras, Graça Foster, anunciou que uma auditoria interna não encontrara nada de errado. Nesse mês, foi deflagrada a Operação Lava Jato. No começo de novembro, o Ministério Público da Holanda anunciou que a SBM havia sido multada naquele país em US$ 240 milhões em razão de propinas pagas mundo afora, INCLUSIVE NA PETROBRAS.
Só no dia 17 de novembro Graça Foster veio a público para admitir que, de fato, havia indícios de corrupção. Segundo ela, estava com essa informação desde meados do ano…
De volta ao ponto
O documento que está com os holandeses, como se vê, parece, em princípio, combinar com o que disse Barusco. Que Zavascki pense bem quando for analisar o Agravo Regimental do PPS.
Por Reinaldo Azevedo


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