DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
14 DE MARÇO DE 2015
O governo avalia um troca-troca de ministros que pode ser a solução dos seus problemas: Jaques Wagner seria deslocado para a chefia da Casa Civil e Aloizio Mercadante passaria para o Ministério da Defesa. Com isso, Dilma atenderia a Lula e ao PMDB, como forma de melhorar a qualidade do diálogo com o Congresso, e colocaria Mercadante, conhecido pela arrogância, num cargo que parece feito à sua medida.
Mercadante é filho do general Oswaldo Muniz Oliva, de “linha dura”, e tem um irmão coronel. Sentir-se-ia à vontade no Ministério da Defesa.
Dilma também cessaria o incômodo dos militares com os “selinhos” de Jaques Wagner e suas atitudes carnavalescas demais para o cargo.
Levantamento da empresa francesa de pesquisa Ipsos, realizado em São Paulo, Recife e Porto Alegre, entre 9 e 11 deste mês, revela dados alarmantes para o governo: 50% da população consideram a gestão de Dilma ruim ou péssima. A avaliação negativa de Dilma supera a positiva inclusive no Nordeste, onde ela teve grande votação. A pesquisa também aferiu o engajamento aos protestos de domingo (15).
O percentual de pessoas que souberam dos protestos do dia 15 disparou nos dois últimos dias da pesquisa, subiu de 70% para 82%.
A ladainha de que a crise atual se deve à crise econômica internacional não cola mais para 73% dos entrevistados.
Nas motivações para o protesto aparecem: Corrupção (67%), Inflação (52%) e Impeachment (32%).
Jornais divulgaram só ontem, como sempre sem citar a fonte, o que os leitores desta coluna sabem desde quinta: Dilma proibiu os ministros de sair de Brasília, temendo os atos pró-impeachment deste domingo (15).
O partido Solidariedade já consultou os juristas Ives Gandra, Cássio Mesquita Barros, Adilson Dallari, Modesto Carvalhosa e Sérgio Ferraz sobre a fundamentação do processo de impeachment contra Dilma.
Acusado de ser “cúmplice de um assalto de proporções gigantescas”, ao depor na CPI da Petrobras, Sergio Gabrielli tomou um banho de óleo de peroba e até discursou no ato “em defesa” da estatal roubada.
A piada de ontem em Brasília: a manifestação do PT foi marcada para sexta-feira e a da oposição para domingo porque a oposição trabalha.


NO DIÁRIO DO PODER
É RECORDISTA
DILMA JÁ SUPERA FHC EM PEDIDOS DE IMPEACHMENT, MAS SEGUE ATRÁS DE LULA
PRESIDENTE CONTA COM 19 PEDIDOS FORMAIS DE IMPEACHMENT
Publicado: 13 de março de 2015 às 19:23 - Atualizado às 19:25
Às vésperas das manifestações que prometem levar milhares às ruas do País para protestar contra o governo e pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), ela conta com 19 pedidos formais de impeachment protocolados junto à Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, considerando seu primeiro governo e o segundo mandato em andamento.
Apesar dos vários grupos que marcaram protestos para o domingo, 15, por meio das redes sociais, um processo de impeachment só pode ser instaurado pela legislação brasileira através do processo de abertura na Câmara dos Deputados. Dilma chegou à marca de 19 solicitações na última quinta-feira, 12, com o pedido protocolado pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
O número já é maior que o registrado nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, que ficou no poder de 1995 a 2002, e teve registrados contra ele 17 pedidos. Mas a petista está ainda bem atrás do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que com o boom de pedidos durante o período das denúncias do mensalão, chegou a 34 pedidos nos seus dois mandatos - de 2003 a 2010.
Todos os pedidos para Lula e FHC foram arquivados pela presidência da Câmara, ou seja, não chegaram a ser apreciados pelo Congresso Nacional. No caso de Dilma, segundo constam das informações fornecidas à reportagem pela Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, 17 foram arquivados e dois estão em processamento - são analisados atualmente pelo núcleo jurídico da presidência da Câmara.
O deputado Paulinho (SD-SP) promete levar o número de Dilma para 20, ao ter lançado também nesta última semana, uma campanha do Solidariedade para recolher 100 mil assinaturas em uma solicitação popular de impeachment da presidente. Tal feito seria inédito, já que todos os pedidos protocolados até hoje foram feitos por indivíduos, parlamentares ou grupos pequenos de pessoas.
Entre os pedidos feitos por políticos, Dilma teve esse último do Bolsonaro e um, feito em 2014, pelo então senador Mário Couto (PSDB-PA). Ela também foi alvo do pedido protocolado por Matheus Sathler, em 2014, que foi candidato a deputado federal pelo PSDB no Distrito Federal. Os demais pedidos são de "cidadãos". Um único cidadão, o advogado Luis Carlos Crema, é responsável por cinco pedidos contra Dilma. Dos 19 pedidos de impeachment contra a petista, cinco são deste segundo mandato e 14 registrados de 2012 a 2014.
A Era Lula
O presidente Lula registrou o dobro de pedidos de impeachment na Câmara que seu antecessor, chegando a 34 solicitações registradas. O número se deveu em grande parte à explosão de protocolos a partir de 2005, quando do escândalo do mensalão. Apenas um pedido foi registrado contra Lula no ano de 2003 e um em 2004. Já 2005 concentrou 13 pedidos e 2006 teve 12.
A partir de 2007, o petista viu os registros caírem, em um momento em que a economia estava em uma maré positiva e quando Lula recuperava estabilidade política no segundo mandato. No ano de 2007, a Câmara recebeu três registros de pedido de impeachment contra Lula, em 2008 não houve pedidos e em 2009 houve um. Em 2010, ano eleitoral, o número voltou a subir um pouco, e foram registrados três pedidos para que Lula fosse afastado da Presidência.
O mesmo cidadão, advogado Luis Carlos Crema, protocolou três pedidos de impeachment de Lula. A maioria dos demais pedidos registrados na Câmara são de "cidadãos", entre eles um do jornalista Diogo Mainardi - colunista da revista Veja. Apenas um pedido contra Lula foi feito por um parlamentar. Alberto Goldman, em 2005, à época deputado federal pelo PSDB em São Paulo, protocolou o pedido.
A Era FHC
O governo Fernando Henrique também viu uma calmaria de pedidos no início de seu primeiro mandato, ainda na fase de "lua de mel" com o eleitorado e com o impulso positivo do início do plano Real. Em 1995 e 1996, o então presidente não viu protocolado nenhum pedido de impeachment contra ele. Em 1997, houve um registro, do então deputado Nilson Gibson (PSB-PE) e em 1998 não houve protocolo contra FHC.
Em 1999, após a reeleição e em um momento econômico e político ruim a partir da adoção do câmbio flutuante, o tucano viu crescerem os processos registrados contra ele. Foram cinco em 1999, um em 2000, 8 em 2001 e dois em 2002. Na era FHC, ao contrário da era petista, a maioria dos protocolos de impeachment foram assinadas por deputados, o que evidencia uma maior atuação da oposição. Dos 17 pedidos, 11 foram feitos por deputados. Em 1999, um dos pedidos era assinado por um conjunto de políticos, entre eles os deputados à época José Genoino (PT-SP), Luiza Erundina (PSB-SP) e Miro Teixeira (PDT-RJ).(AE)

CARLOS CHAGAS
NAS RUAS O BRASIL REAL
Tem gente achando que amanhã (15) acontecerá a última volta do ponteiro. Se em todo o território nacional milhões forem às ruas para manifestar seu repúdio a Dilma, ao governo, ao PT e aos políticos, como imaginar os próximos quatro anos? A rejeição se transformará em ebulição. O país ficará ingovernável, com a presidente confinada em seus palácios, os ministros impossibilitados de administrar os setores a eles destinados e o Congresso legislando para o vazio. A população terá passado o atestado de óbito nas instituições, tornando-se fatal a necessidade de profunda reforma de homens e de objetivos.
Claro, essa é uma visão catastrófica. Pode não ser nada disso, caso o governo e o Congresso se conscientizem da necessidade de anunciar e de promover mudanças fundamentais, antes que as ruas o façam. O diabo é que a presidente Dilma, os deputados e os senadores, ao menos até agora, julgam-se estar cumprindo suas obrigações. Ignoram a distância que separa o Brasil real do Brasil formal. Não se trata, apenas, de acabar com a corrupção e a impunidade, mas de alterar as estruturas econômicas, sociais e políticas que sustentam a nação. Essa era a proposta do PT, quando fundado. Deixou de ser.
A VONTADE DE TODOS
Milton Campos era governador de Minas e o governo ia mal. Falta de recursos, greves, transportes públicos em crise, enchentes paralisando rodovias. Um auxiliar entrou em seu gabinete levando exemplares dos jornais do dia, que o criticavam acerbamente. Sugeria processar os diretores e suspender a publicidade oficial. O velho professor de democracia rejeitou e sentenciou: “Esse meu governo anda tão mal que até eu tenho vontade de escrever contra ele...”
Quem sabe a presidente Dilma se inspire para reconhecer as deficiências de sua administração e interrompa as tentativas de maquiá-las. Aliás, por falar em Milton Campos, mais uma lição para Madame: os ferroviários estavam em greve, num dos principais entroncamentos do estado e o comandante da Polícia Militar sugeriu enviar um trem cheio de soldados para preservar a ordem. Sabendo que a paralisação devia-se aos salários em atraso, o governador perguntou: “não seria melhor mandar um trem pagador?”
Vale o exemplo para a greve dos caminhoneiros. Não seria melhor cancelar o aumento do óleo diesel?
A CRISE DO OUTRO LADO DA RUA
Em sua defesa o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acusou o governo de agir para transferir a crise “do outro lado da rua para cá”. Não é que ele tem razão?

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
14/03/2015 às 5:52
Jungmann protocola no STF agravo regimental que demonstra que Dilma pode, sim, ser investigada (Foto: Diógenes Botelho)
Atenção, leitor, o tema pede que se preste atenção a algumas minudências jurídicas. Mas é importante o bastante para que nos dediquemos a ele. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu, como vocês sabem, NÃO PEDIR abertura de inquérito sobre a atuação da presidente Dilma Rousseff, com o que concordou o ministro do Supremo Teori Zavascki, relator do caso do petrolão no tribunal. O ministro, aliás, foi até um pouco mais entusiasmado do que o procurador-geral. Escreveu ele (em vermelho):
“Dessa narrativa fática, constata-se que o procedimento foi instaurado exclusivamente em relação a Antonio Palocci Filho, porquanto, em relação a “referência a envolvimento indireto” (fl. 68) da campanha da Presidente da República, o próprio Procurador-Geral da República já adiantava excluir, dos elementos à vista, conclusão que conduzisse a procedimento voltado à Chefe do Poder Executivo. Portanto, a rigor, nada há a arquivar em relação à Presidente da República. Aliás, ainda que assim não fosse, é certo que, nos termos da Constituição Federal, “o Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções” (CF, art. 86, § 4º). [...]”
Notei, desde o princípio, que há algo de estranho nessa decisão de Janot e Zavascki. Parte-se do princípio de que as questões que dizem respeito a Dilma nesse imbróglio se esgotam em 2010, quando ela ainda não era presidente. Mas não é disso que vou tratar agora. O PPS, por intermédio do deputado Raul Jungmann (PE), deu entrada no STF com um Agravo Regimental, ANCORADO EM SÓLIDA JURISPRUDÊNCIA, sustentando que A PRESIDENTE PODE, SIM, SER INVESTIGADA, na vigência de seu mandato, mesmo por atos anteriores à sua chegada à Presidência. ELA NÃO PODE É SER PROCESSADA POR ISSO(Íntegra do agravo aqui).
O que é um “Agravo Regimental”? É um pedido para que a corte reveja a sua própria decisão. Se for aceito como instrumento válido, o plenário do Supremo terá de se manifestar a respeito. Ocorre que Zavascki, ou a segunda turma, pode alegar, que o partido não é parte legítima para fazer essa solicitação. No Artigo 317 do Regimento Interno do Supremo está escrito:
“Ressalvadas as exceções previstas neste Regimento, caberá agravo regimental, no prazo de cinco dias de decisão do Presidente do Tribunal, de Presidente de Turma ou do Relator, que causar prejuízo ao direito da parte”
O PPS sustenta que é, sim, parte legítima, mas faz um segundo pedido caso o agravo não seja acolhido: que a questão seja examinada pelo pleno do Supremo como “questão de ordem”. Especifica o Artigo 21 do Regimento Interno da Corte:
Art. 21. São atribuições do Relator:
III – submeter ao Plenário, à Turma, ou aos Presidentes, conforme a competência, questões de ordem para o bom andamento dos processos;
E, aí, todos os ministros têm de se manifestar. A questão é pertinente, sim. Afirma Jungmann: “Investigar pode. O que não pode é processar. E é dever do Ministério Público investigar a presidente da República nesse caso de repercussão nacional. Dilma é citada 11 vezes na investigação da Operação Lava Jato, e é preciso que se apure isso, Até porque as denúncias remetem para o abastecimento de sua campanha com dinheiro desviado da Petrobras”.
Mas pode ou não pode?
Vamos ver o que disse o ministro Celso de Mello no Inquérito nº 672/6:
[...] De outro lado, impõe-se advertir que, mesmo na esfera penal, a imunidade constitucional em questão [aquela do Presidente da República] somente incide sobre os atos inerentes à persecutio criminis in judicio. Não impede, portanto, que, por iniciativa do Ministério Público, sejam ordenadas e praticadas, na fase pré-processual do procedimento investigatório, diligências de caráter instrutório destinadas a ensejar a informatio delicti e a viabilizar, no momento constitucionalmente oportuno, o ajuizamento da ação penal”
Não há, pois, nenhuma invenção. Cuida-se aqui da jurisprudência da Corte. Ora, até para que se saiba se Dilma será ou não processada depois que terminar o seu mandato, é preciso que se investigue, não é mesmo? A abertura de inquérito é, por isso, uma fase pré-processual.
Ora, se a ação de Dilma não for investigada, dada a acusação de que Antonio Palocci pediu R$ 2 milhões ao esquema corrupto da Petrobras para financiar a sua campanha, como saber se ela esteve pessoalmente envolvida na operação ou não? Como saber se práticas como aquela não se repetiram? Ricardo Pessoa, o dono da UTC, não custa lembrar, está disposto a contar em delação premiada que doou R$ 30 milhões, pelo caixa dois, ao PT em 2014 — R$ 10 milhões teriam ido para a campanha de… Dilma! Em um de seus depoimentos, Alberto Youssef expressa a convicção de que Lula e a agora presidente sempre souberam de tudo.
No agravo, o PPS nota algo importante: o procurador-geral da República não alegou que faltam provas para abrir uma investigação sobre a ação de Dilma, tanto que “agasalha sua omissão na imunidade”. O agravo é longo. Se e quando tiverem um tempinho, vale a pena ler. A questão resta mais do que demonstrada.
Assim, meus caros, com base na jurisprudência do Supremo, ainda que os eventuais delitos de Dilma tivessem sido cometidos até 2010, quando ainda não era presidente, Janot poderia, sim, ter pedido que ela fosse investigada. A Constituição só a torna imune, enquanto for presidente, ao processo. MAS ABERTURA DE INQUÉRITO É UMA FASE PRÉ-PROCESSUAL, LEMBRAM-SE?.
Vamos lá! Coragem, Janot! Coragem, Zavascki! Coragem, Supremo!
Por Reinaldo Azevedo

13/03/2015 às 21:34
João Pedro Stedile no “protesto a favor” do Rio: livre da maldição bíblica de suar o rosto para ganhar o pão, o burguês do capital alheio ri à-toa
Eita! Sob certo ponto de vista, deve ser bom ser João Pedro Stedile — eu, com meus três empregos, não suportaria… Mas ele, visivelmente, adora. Stedile pertence àquele seleto grupo de homens que se livraram a maldição bíblica, que está no Gênesis: “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar.”
Pois é… Um monte de gente não sua o rosto para comer o pão: os bandidos, os corruptos (que são bandidos), os preguiçosos (que ainda se tornarão bandidos) e os… militantes políticos de esquerda. Digam-me: qual é o trabalho de Stedile? Quando ele acorda, qual é a sua agenda? Quando ele vai dormir e faz o balanço do dia, o que produziu para o país? Que contabilidade ele faz? Quantas propriedades ele invadiu? A quantas pessoas ele causou prejuízo? Que atraso teve a Ciência naquele dia em razão da ação de seus seguidores?
Por que falo dele? O rapaz discursou no ato de “protesto a favor” no Rio, que reuniu, no máximo e com boa vontade, 1.500 pessoas. Ainda assim, uma boa parcela tinha vindo de outros Estados, trazidos em ônibus do MST. Em sua fala, esse gênio da raça afirmou o seguinte, segundo a Folha:
“Já chega de infiltração de capitalista no governo. Não aceitamos a infiltração de um tal de [Joaquim] Levy. Não podemos fazer ajuste às custas do trabalhador. A crise que o Brasil vive é culpa dos capitalistas. Não aceitamos a redução do direito da classe trabalhadora. Dilma, saia do palácio e venha para rua ouvir os trabalhadores”.
Alguém que fala em nome dos trabalhadores num protesto numa sexta à tarde é certamente um cínico. Alguém que é considerado um líder nacional sem que se conheça exatamente a sua atividade é um folgazão. Alguém que é tido como uma voz influente, cujos sequazes invadiram há dias um laboratório, destruindo anos de pesquisa científica, tem absoluta confiança na impunidade.
Como? Stedile é contra o capitalismo? O capitalismo que gera o dinheiro que irriga o MST? O capitalismo que gera as cestas básicas distribuídas ao MST? O capitalismo que permite que a este senhor transitar por aí, como líder do maior latifúndio improdutivo do mundo, que são as terras sob o controle direto ou indireto do MST?
Stedile é aquele que foi instado por Lula a botar seu “exército” na rua. Junto com a CUT, a UNE, uma penca de organizações de esquerda e movimentos sociais — todos vivendo, de algum modo, de dinheiro público, gerado por quem trabalha —, a gente viu do que são capazes. E são capazes de muito pouco. De resto, se Stedile acha mesmo que Levy é um infiltrado, e dada a centralidade do ministro no governo, qual seria a sua única atitude decente: romper com Dilma! Mas ele não vai fazer isso, é claro! Sem o capilé oficial, o MST não existe — já que, por óbvio, os sem-terra não existem. E não existem mais há muito tempo.
Para encerrar, noto: as esquerdas fizeram um belo trabalho de propaganda das manifestações de domingo.
Por Reinaldo Azevedo

NO O ANTAGONISTA
O exército de Stédile
Brasil 14.03.2015
O "exército de Stédile", para usar a expressão de Lula, pode ser empregado de diversas maneiras.
Em agosto do ano passado, um grupo de sem-terra invadiu a fazenda do senador Eunicio Oliveira. Ele foi acusado de manter trabalhadores em estado de escravidão e, por causa disso, foi derrotado pelo candidato do PT ao governo do Ceará.
A Veja conta que, duas semanas atrás, durante um jantar com Dilma, Michel Temer e o próprio Eunicio Oliveira reclamaram do MST. Dilma mandou Aloizio Mercadante resolver o caso. Ele repassou a ordem a Patrus Ananias. No dia seguinte, o MST saiu da fazenda, e o "impasse, que já se estendia por seis meses, não exigiu nem mesmo 24 horas" para ser solucionado.

JornalistaLeaks
Brasil 14.03.2015
O Globo, hoje, dá os nomes dos jornalistas e donos de jornais que tinham contas no HSBC de Genebra, em mais uma reportagem sobre o Swissleaks.
Octávio Frias, da Folha da S. Paulo, abriu uma conta no banco em 1990, durante o Plano Collor, mas a fechou em 1998, nove anos antes de morrer.
Ratinho e sua mulher tinham 12,5 milhões de dólares.
José Roberto Guzzo, da Veja, consta da lista. E Alberto Bloch. E Mona Dorf.
Quatro herdeiros da Bandeirantes tinham depósitos no HSBC, assim como quatro herdeiros de Alberto Dines, que publicou em seu Observatório da Imprensa, nesta semana, uma matéria intitulada “Por que o repórter não revela os nomes do Swissleks?”.
Bem, o repórter revelou.

Lula repete Lula
Brasil 14.03.2015
Lula prestou depoimento na PF em 9 de dezembro de 2014.
A Veja teve acesso ao documento.
Lula fez o papel de Lula.
Perguntado sobre mensalão, ele repetiu que não sabia de nada. E jogou toda a responsabilidade nas costas de Delúbio Soares e João Vaccari Neto.
Em seguida, perguntado sobre o assunto central do inquérito, o dinheiro dado ao PT pela Portugal Telecom, conforme a denúncia de Marcos Valério, Lula confirmou o encontro com o presidente da empresa. Os agentes da PF quiseram saber se nesse encontro foi discutido o repasse do dinheiro. Em vez de negar peremptoriamente, segundo a Veja, Lula “respondeu simplesmente que não confirmava o acerto”.
Depois de ouvirem Lula, os policiais federais decidiram pedir mais tempo para concluir o inquérito.

NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 14/03/2015 05:44
Dilma Rousseff dividiu o asfalto em duas faixas. Numa, promete desfilar neste domingo (15) a rapaziada da ala chapa quente. Noutra, trafegou nesta sexta-feira a pelegada do bloco chapa branca. É grande a diferença entre os dois grupos. Um é a sociedade civil. Outro, a sociedade organizada. Um é o público. Outro, a coisa pública. Um faz pressão popular. Outro, lobby. Um é grito. Outro, resmungo. Um é explosão. Outro, flatulência.
Custeada pelo déficit público e pelo imposto sindical, a infantaria desta sexta contou com uma rica intendência —balões e faixas profissionais, bandeiras e camisetas vermelhas, carros de som, ônibus, um kit-manifestação e até vale-protesto. Lideradas por entidades como CUT, MST e UNE, três aparelhos capturados pelo Estado petista, essas manifestações serviram para sinalizar que Dilma ainda encontra algum apoio nas ruas. Mesmo que tenha que procurar um pouco.
Dentro de poucas horas, descerá ao meio-fio a turma do ambiente virtual das redes sociais. Nas suas últimas aparições, essa gente fez roncar as praças em junho de 2013 e crispou o cenho defronte dos estádios durante a Copa. Ninguém espera para este domingo nada tão grandioso. Mas Dilma está apreensiva. Dependendo da temperatura do asfalto, o derretimento do que lhe resta de imagem será mais rápido.
Há dois anos, Dilma e Lula esgrimiram a tese segundo a qual a onda de protestos era consequência dos êxitos do poder petista. Nessa versão, as ruas exigiam mais do Estado porque os governos do PT produziram um Brasil inteiramente novo. Atendida nas suas necessidades fundamentais, a sociedade exigia mais.
Hoje, Dilma não tem o que dizer. Com o alarme da impopularidade a lhe soar nos ouvidos, tornou-se gestora de uma agenda de tópico único: consertar os erros do primeiro mandato. Dilma é movida pelo pior tipo de ilusão que pode acometer um presidente na sua situação. A ilusão de que preside. Resta-lhe rezar para que os protestos sejam mixurucas.

Josias de Souza - 14/03/2015 02:37
Se tudo continuar como está, a Petrobras vai acabar tendo que apelar para a competência. Na escala de decisões desastradas, a estatal já atingiu o ápice. A penúltima mandracaria foi desmontada pelo Conar, o Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária. A entidade mandou a Petrobras alterar o conteúdo de um comercial que vem sendo exibido na tevê desde o mês passado.
Na peça, a Petrobras se vangloria de ter superado vários obstáculos ao longo de sua história de 61 anos — desde a dúvida inicial quanto à existência de petróleo no Brasil até a descoberta do pré-sal. E iguala os seus feitos históricos ao esforço atual para apagar de sua logomarca a mancha da corrupção.
“Hoje os desafios são outros e, por isso, estamos aprimorando a governança e a conformidade na gestão”, diz o locutor do comercial a certa altura. “Seja qual for o desafio, nossa resposta será aquela que nos acompanha desde sempre: superação''. O deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA) achou que os idealizadores da mensagem exageraram na pantomima.
Para o deputado, a petrorroubalheira não é um desafio a ser superado, mas um crime a ser punido. “É criminoso fazer uma propaganda dessa. Em nada condiz com a verdade, ainda mais diante de um escândalo desses. É jogar dinheiro público fora'', disse Aleluia.
Em defesa da plateia, o deputado protocolou uma representação no Conselho de Ética do Conar para tirar a peça do ar. Aleluia escorou sua petição no artigo 23 do Código Brasileiro de Autorregulação Publicitária. Anota o seguinte: “Os anúncios devem ser realizados de forma a não abusar da confiança do consumidor, não explorar sua falta de experiência ou de conhecimento e não se beneficiar de sua credulidade.”
Por maioria de votos, os conselheiros do Conar entenderam que, de fato, a propaganda da Petrobras precisa ser modificada. Em decisão tomada na última quinta-feira (12), determinaram que a propaganda deixe de ser exibida até que seu conteúdo seja alterado. A Petrobras dispõe de dez dias para recorrer, se quiser. Mas o recurso não tem efeito suspensivo. A decisão precisa ser cumprida imediatamente.
Melhor assim. Quem assistia ao comercial ficava com a impressão de que o comando da Petrobras está dividido entre dois tipos de pessoas: os abertamente cínicos e os que não conseguem se conter.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
Sábado, março 14, 2015
REPORTAGEM-BOMBA DE 'VEJA' ANTEVÊ A FRITURA DA DILMA. DE QUEBRA, TRAZ COM EXCLUSIVIDADE O DEPOIMENTO DE LULA À POLÍCIA SOBRE CORRUPÇÃO.
A reportagem-bomba da revista Veja que chega às bancas neste sábado, véspera do mega protesto previsto para este domingo, 15 de Março de 2015, exibe na capa uma caricatura da Dilma que faz sentido. Dilma está mais perdida do que cachorro em tiroteio. Como afirmei há algum tempo aqui no blog, o PMDB que continua sendo o maior partido político brasileiro e que dispõem do maior número de assentos no parlamento, sentiu o cheiro de carne queimada antes mesmo da tal Lista de Janot. A articulação do PT em conluio com Kassab para descartar o PMDB velho de guerra, pode ter sido a gota d'água.
Longe de querer tocar fogo no bunker a Dilma, a reportagem de Veja procura analisar a profunda e perigosa crise política e econômica com um viés de sensatez. Por enquanto isso é possível, mas a sensatez não é um estado de espírito prevalecente num partido revolucionário comunista como é o PT. É necessária uma rápida digressão:
O tal "sindicalismo de resultados" foi o eufemismo formulado pela engenharia social neocomunista que protegeu o PT para mais adiante abrir o espaço para a fundação do Foro de São Paulo, pelo próprio Lula guiado por Fidel Castro. Esse Foro foi fundado oficialmente em São Paulo em 1990, para transformar a América Latina numa extensão de Cuba e que haveria de proteger e manter a ditadura de Fidel Castro, que com a queda da URSS perdera o subsídio da ex-potência comunista. Em troca, Castro forneceria o sistema operacional, com base em mais de meio século de experiência em matar ideologicamente a democracia e eliminar dissidentes, para corroer os já combalidos pilares das instituições democráticas que sobreviviam então a duras penas na América Latina ao longo do processo de redemocratização continental no final do século passado. Este é o esquema que levou o PT ao poder e seus similares latino-americanos.
Anota com razão a reportagem-bomba de Veja que Dilma se encontra encurralada pela crise política, a paralisia econômica e os cofres vazios, mas parece incapaz de enxergar a realidade. Veja também destaca nesta reportagem de capa os motivos da insatisfação popular com o governo e as saídas possíveis, de uma reforma ministerial que aplaque os ímpetos conspiratórios de aliados à destituição da presidente por um processo de impeachment.
Como se pode notar, os "ímpetos conspiratórios" passam longe das ruas. Afloram nos discretos e assépticos gabinetes com aquele indefectível odor das repartições públicas no coração do Congresso. Neste caso, as ruas podem balizar os próximos passos de um PMDB indignado com a "ingratidão". 
Embora a reportagem de Veja tenha em certa medida uma ponta de razão, isto é, quando postula equacionar a crise política e econômica sem o trauma de um impeachment, de forma apascentar o mercado com a construção de um ministério multipardidário, é também de difícil sustentação pois o PT idealiza obter o poder total, irrestrito e eterno. Lembrem-se que o PMDB pelas razões que todos conhecem não abrirá mão de seus objetivos. Assim, se estabelece um inevitável confronto.
Neste contexto sobra uma margem de manobra exígua e, dependendo das ruas, esse nó de indefinição poderá ser desatado. Se o PMDB abstrair-se da condição de fiador do poder petista, Dilma será simplesmente rifada sem maiores delongas.
O DEPOIMENTO DE LULA
Mas além da reportagem-bomba propriamente dita, o miolo de Veja desta semana está denso de informações exclusivas, como por exemplo a revelação do conteúdo do depoimento que Lula prestou à polícia sobre corrupção. 
E, para que não fique nada de fora, Veja vai fundo também no que tange aos grupelhos de agitação comandados pelo PT, com uma reportagem intitulada "O MST mostra que é mesmo o braço armado dos governistas".
E tem muito mais. Como sempre Veja se mantém oferecendo um jornalismo que reporta e analisa os fatos. O discurso ideológico fica por conta do grosso da grande imprensa brasileira que continua mentindo e confundindo os leitores numa permanente e solerte operação de engenharia social que turva o juízo correto do que está acontecendo de fato no Brasil neste momento.
Seja como for, o certo é que o Brasil a partir de tudo o que está ocorrendo, não será mais o Brasil de há pouco. Dependendo do desfecho dessa crise política e econômica que ameaça toda a Nação, o Brasil poderá se constituir no elemento que mudará o destino de todo o continente Sul Americano.
Por tudo isso a edição de Veja desta semana é imperdível.













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