DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
As empreiteiras enroladas no escândalo de corrupção da Petrobras já enfrentam graves problemas financeiros, inclusive em razão da escassez de crédito. Até os bancos privados cortaram operações de financiamento para OAS, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão e Mendes Junior, entre outras, após o BNDES, em geral tão generoso com essas grandes empresas, decidir restringir-lhes o crédito.
Para emprestar dinheiro a grandes clientes, bancos privados precisam do “ok” do BNDES, do qual tomam o mesmo dinheiro a juros menores.
O Planalto teme a paralisação de obras, mas, em vez de substituir as empresas enroladas em corrupção, estuda um plano para “salvá-las”.
A crise de várias empreiteiras já é considerada dramática: a Mendes Junior, por exemplo, já dispensou 8 mil funcionários em todo o País.
Na Mendes Junior em Brasília, sobrava só a secretária de Sergio Mendes, executivo preso. Foi demitida após três meses sem salários.
Até novembro de 2014, a conta dos cartões corporativos de pagamento do governo Dilma ultrapassou os R$ 65,2 milhões. Até setembro a conta era de R$ 46,2 milhões. Só Presidência da República gastou mais de R$ 21,2 milhões. Destes, 20,6 milhões são escondidos sob a alegação de “sigilo” por razões de segurança. O Ministério da Justiça, através da Polícia Federal, já torrou quase R$ 13,8 milhões.
Desde janeiro de 2002, quando foi criado, até novembro de 2014, foram gastos R$ 603 milhões com cartões de pagamento do governo.
O ano em que mais se gastou com cartões corporativos foi em 2010, quando os gastos atingiram mais de R$ 80 milhões.
Em 2002, quando o cartão foi criado, o governo gastou cerca de R$ 62 milhões a menos que em 2014.
O brasileiro pagou no ano passado mais de R$ 1,8 trilhão em impostos. Se a fortuna fosse investida no programa Bolsa Família, seria possível bancar mais de 12,8 bilhões de famílias; o dobro da população mundial.
O BNDES fez investimentos de cerca de US$ 10 milhões nas Ilhas Cayman e Bahamas, paraísos fiscais mundialmente conhecidos, durante os dois primeiros anos de governo do ex-presidente Lula.
A Ilhas Cayman receberam atenção muito maior do BNDES durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e abocanharam investimentos de US$ 233,7 milhões entre os anos de 1998 e 2002.
…com um cortejo de escândalos de escandalizar Al Capone, Dilma deveria proibir a exibição de sua posse na TV para menores de 18 anos.

NO BLOG DO NOBLAT
POLÍTICA
Os problemas que ameaçam arrastar ladeira a baixo o governo Dilma 2
01/01/2015 04:04
Ricardo Noblat
2015 chegou com pelo menos três graves problemas a serem enfrentados pelo governo Dilma 2. Um deles deverá nos atingir diretamente no bolso. Portanto, comecemos por esse.
A política econômica do governo Dilma1 foi um desastre para o país – e uma maravilha para reeleger Dilma.
Em 2014, a presidente passou batida pela maioria das medidas que, uma vez tomadas, talvez lhe custasse o segundo mandato. 
A política econômica do governo Dilma 2 está destinada a pôr ordem nas contas públicas – e a desarranjar as contas particulares de muita gente.
Domar a inflação e fazer o país voltar a crescer de forma sustentável – eis o complicado desafio a ser vencido ou não pelo governo Dilma 2.
Faça-se o mal de início e com todo o vigor para ao cabo se fazer o bem aos poucos. A receita servirá para pavimentar o caminho de retorno de Lula em 2018.
Os outros dois problemas graves que o novo governo Dilma terá pela frente: o que fazer para recuperar a Petrobras? Como lidar com os políticos citados no escândalo da roubalheira na Petrobras?
A Petrobras perdeu em 2014 40% do seu valor. A empresa com mais de 80 mil funcionários deixou de ser o orgulho dos brasileiros.
Não seria tão complicado assim reabilitá-la. Primeiro, Dilma deveria substituir toda a sua diretoria – da presidente Graça Foster até o mais desimportante dos gerentes.
Segundo, anunciar o fim do loteamento político dos cargos da empresa. Terceiro, escalar para comandar a empresa uma equipe de técnicos reconhecidamente capazes.
O que impede que Dilma proceda assim? Ela mesma e sua fidelidade eterna à amiga Graça.
O último dos três mais graves problemas a marcarem o início do Dilma2: os políticos que se beneficiaram da corrupção na Petrobras. Como o governo deverá agir em relação a eles?
Dê-se de barato que a quase totalidade desses políticos faz parte da base de apoio do governo dentro do Congresso e fora dele. Eles esperam que Dilma seja capaz de socorrê-los, mantida a devida discrição.
Aqui mora o perigo: se o distinto público se convencer da cumplicidade do governo com esses políticos em apuros, o Dilma 2 correrá o perigo de ser arrastado pelo escândalo ladeira a baixo. E aí adeus ao Lula 3.

ECONOMIA
Um desastre de Lula/Dilma
Não ouviram o sábio ensinamento do xeque Yamani, inventor da Opep: a Idade da Pedra não terminou por falta de pedra
01/01/2015 - 04h20
Carlos Alberto Sardenberg (*), O Globo
O preço do petróleo tem ciclos e pelo menos parte da história funciona assim. O mundo entra em um período de crescimento — e aí falta o combustível, cuja produção estava ajustada à demanda anterior, de baixa expansão econômica. Sobe o preço do petróleo e isso viabiliza mais investimentos na exploração e produção de óleo, especialmente quando se supõe que o crescimento global é duradouro.
E as pessoas têm uma tendência irresistível de achar que agora vai, e vai por muito tempo. Daí, podem acontecer duas coisas: o ciclo de expansão é longo ou curto. Neste último caso, o preço do petróleo cai e volta logo ao patamar anterior, pois a oferta fica maior que a demanda, diminuída com a redução do crescimento do PIB mundial.
Procurar, explorar e produzir petróleo novo não é atividade trivial. Requer muita tecnologia e investimentos pesados. Se o ciclo de expansão global for muito curto, às vezes nem dá tempo de se iniciar a busca. Investimentos são paralisados ainda na fase de planejamento.
Mas se o período de crescimento for longo o suficiente, os novos investimentos vão a campo, viabilizados pela contínua alta da demanda. Foi o que aconteceu nos anos 90 e no início deste século 21, até a grande crise de 2008/09. O consumo mundial de óleo subiu o tempo todo e chegou aos 93 milhões de barris/dia.
Preços foram para a Lua e viabilizaram mesmo a produção do petróleo caro — e caro, nesta história, é sempre em relação à mixaria que se gasta na Arábia Saudita para tirar um barril de óleo bom: menos de US$5. Para comparar: nosso petróleo mais barato, o da Bacia de Campos, sai por algo como US$ 15 o barril.
Já o óleo novo, do pré-sal, varia de US$ 30 a US$ 70. No seu programa de investimentos até 2018, a Petrobras fez todas as contas considerando o barril a US$ 100 na média do período.
Pois o preço está abaixo dos US$ 60.
Ficando assim, inviabiliza alguns campos e reduz as margens de lucro de todos os outros. Quer dizer, o investimento fica proporcionalmente mais caro.
Quando se olha para a economia mundial, o que se vê hoje? Entre os desenvolvidos, só os EUA vão bem. A recuperação ainda é moderada, diz o Federal Reserve, Fed, o banco central deles. Mas é muito melhor do que ocorre no Japão e na Europa, onde só a Inglaterra tem dados animadores.
A China, motor emergente, está em clara desaceleração. Em consequência, o resto do mundo necessariamente cresce menos. E não dá alimento para novas altas do petróleo.
Para alguns economistas, o Capitalismo já era, de modo que, no máximo, teremos ciclos muito curtos de crescimento modesto. O que vem depois? Não dizem. Não sabem.
Mas se aceitarmos que o Capitalismo é o melhor sistema que a Humanidade conseguiu criar, a melhor ideia disponível, então certamente teremos novos longos ciclos de crescimento.
Portanto, para os países que têm boas reservas de petróleo, é só ter calma, moderar os investimentos atuais (fatal), mas ficar preparado para um novo ciclo de crescimento global. Certo?
Mais ou menos. É verdade que o óleo negro é a mais eficiente fonte de energia jamais descoberta.
Mas é poluente. Isso não era importante quando se iniciou a era do petróleo, mas agora, obviamente, é.
Além disso, acontece que boa parte da Humanidade, a maior parte, está farta dessa dependência do petróleo. Primeiro, porque dá excessivo poder político aos donos do óleo. Segundo, porque transfere muita riqueza a esses donos. Depois, porque picos e vales dos preços desarrumam a economia global, ora gerando inflação, ora deflação.
Resultado, está todo mundo procurando e desenvolvendo outras fontes de energia que, a cada dia, tornam-se mais viáveis, econômica e tecnicamente. Aqui cabem desde as novas formas de se obter óleo e gás, como a extração do xisto, até as outras fontes, etanol, palha de cana, vento, sol, e um mundo de alternativas nas quais trabalham centros de tecnologia pelo mundo afora.
Tudo considerado, fica evidente que o Brasil, nos governos Lula e Dilma, perdeu uma imensa oportunidade. Cinco anos sem leilão para a exploração de novas áreas, enquanto se discutia e se tentava aprovar a nova forma de dividir o dinheiro do óleo, deixaram um enorme prejuízo. Perdeu-se um momento de preço alto, que certamente atrairia investimentos, nacionais e estrangeiros, ávidos pelos novos campos.
Quando se juntam a cobiça e a miopia política, histórica e econômica, o resultado só pode ser um imenso desastre. Lula e Dilma anunciaram a autossuficiência em petróleo e a devolução da Petrobras ao povo brasileiro, para terminar importando combustível caro e jogando a Petrobras no mar da corrupção e do atraso. Sem contar a quase destruição do etanol. Pode haver desastre maior que esse?
Não ouviram o sábio ensinamento do xeque Yamani, inventor da Opep: a Idade da Pedra não terminou por falta de pedra.
A presidente Dilma Rousseff conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Fernando Bizerra Jr. / EFE)A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Imagem: Fernando Bizerra Jr. / EFE)

(*) Carlos Alberto Sardenberg é jornalista


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