DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Investigadores da Operação Lava Jato acreditam que as letras “SC”, ao lado do número “8140”, em um manuscrito apreendido na sede da empreiteira Queiroz Galvão, são as iniciais do ex-governador Sergio Cabral, que não disputou a eleição de 2014. Na lista, há vários políticos do Rio de Janeiro, como o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), mencionado como “Pé Grande”, e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).
Para a força-tarefa, o “Picciani” da lista do Petrolão seria o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), muito ligado a Sergio Cabral.
Além de Lindbergh Farias, aparecem na lista da Queiroz Galvão os petistas Maria do Rosário (RS), Jilmar Tato (SP) e Jorge Bittar (RJ).
Outros políticos do PMDB, além de Cabral, Pezão e Picciani, o senador Romero Jucá (RR) também é citado no manuscrito apreendido pela PF.
Militares ganham pouco, ralam muito, são maltratados, sobretudo quem serve no Grupo de Transportes Especiais (GTE), responsável pelos aviões utilizados pela Presidência da República, mas conseguem se divertir. Mostrando que esculacho não garante respeito, militares da FAB ridicularizam grosserias rotineiras de que são alvo chamando o jatão Airbus, que transporta Dilma Rousseff, de “Vassourão”.
Dilma está longe de ser uma Miss Simpatia a bordo dos aviões da FAB. A vingança veio a jato: passaram a se referir a ela como “Bruxa”.
Vice-presidente da Petra Energia, Pedro Mercadante Oliva, filho do ministro Aloízio Mercadante (Casa Civil), também é sócio da MPX de Eike Batista na obra de termoelétrica na Bacia do Parnaíba (MA).
A Presidência da República reservou – sabe-se lá por que – R$ 77,8 mil para comprar algodão, compressa, luva, máscara e curativos diversos. Deve ser para a luta pelo fatiamento do governo.

NO DIÁRIO DO PODER
YOUSSEF CONTA QUE LULA MANDOU PAGAR DÍVIDA USANDO DINHEIRO SUJO DO PETROLÃO
ELE MANDOU USAR DINHEIRO DAS EMPREITEIRAS PARA PAGAR DÍVIDA DE AGÊNCIA
Publicado: 13 de dezembro de 2014 às 17:31 - Atualizado às 1:23
Por: Redação
Curitiba e São Paulo - O ex-gerente de Marketing da Diretoria de Abastecimento da Petrobrás Geovanne de Morais, citado pela geóloga Venina Velosa da Fonseca como responsável pelos pagamentos de serviços não prestados, foi um dos contatos da agência de propaganda e marketing Muranno Brasil, investigada pela Operação Lava Jato. Ela foi paga em 2010 com dinheiro do esquema de cartel, corrupção e propina movimentando por Alberto Youssef. Em sua delação premiada, o doleiro disse que a ordem de pagamento foi dada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao então presidente da estatal petrolífera, José Sérgio Gabrielli.
O ex-presidente da estatal, indicado politicamente por Lula, é do PT da Bahia e próximo do ex-gerente de marketing Geovanne de Morais, que foi acusado pela ex-gerente da área de Abastecimento Venina Fonseca. Ela afirmou ao jornal Valor Econômico ter alertado a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, das irregularidades nos contratos de marketing da estatal, acusando pagamentos de serviços não prestados e excessos de gastos.
A Muranno Brasil é alvo de um inquérito aberto pela Polícia Federal, após seu nome aparecer nos pagamentos feitos por Youssef com recursos desviados da Petrobras via contratos da Camargo Corrêa – construtora acusada de cartel. Foram feitos pagamentos que totalizaram R$ 1,7 milhão entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011 para a Muranno.
Segundo Youssef afirmou em sua delação premiada, a agência de propaganda era contratada pela Petrobras com dinheiro não contabilizado e tinha dívidas a receber. Seu dono, o empresário argentino Ricardo Marcelo Villani, estaria pressionando o governo Lula para obter os valores atrasados. Ele teria ameaçado denunciar os esquemas de corrupção e propina na estatal, que virou alvo da Operação Lava Jato e era controlado pelo PT, PMDB e PP – mas que abasteceu também o PSDB e o PSB.
Youssef revelou que Lula soube da ameaça, na época, e determinou a Gabrielli que usasse o dinheiro “das empreiteiras” para resolver o assunto. “Lula ligou para o Gabrielli e falou para ele resolver essa merda”, contou Youssef. Gabrielli teria sido orientando a procurar Costa na área de Abastecimento para quitar a dívida.
Costa acionou o operador do esquema de propina e pediu que fosse acertada a dívida. Youssef confirmou que providenciou o pagamentos de R$ 1,7 milhão. Villani também disse que em 2010 foi procurado pelo doleiro, após os pedidos para receber os valores da estatal feitos ao ex-diretor de Abastecimento.
Confissão
Villani nega ter ameaçado denunciar o esquema alvo da Lava Jato, mas confirmou que prestava serviços para a Petrobras, por meio do ex-gerente de Comércio de Álcool e Oxigenados Sillas Oliva Filho e pelo ex-gerente de Marketing da Diretoria de Abastecimento, sem ter contrato. O serviço seria a divulgação da marca da estatal em eventos da Fórmula Indy, nos Estados Unidos, entre 2004 e 2008.
“Silas sugeriu que ele bolasse uma estratégia de marketing de relacionamento”, diz Villani, sobre a criação da Muranno para os serviços na Indy. “Que o declarante ‘bolou’ um projeto e fez um orçamento para a gerência de comunicação de Abastecimento da Petrobrás, cujo gerente era Geovanne.”

FILHO DE MERCADANTE NÃO É SÓCIO DA PETRA, AFIRMA COMPANHIA
FILHO DE MERCADANTE NÃO É SÓCIO DA PETRA, AFIRMA CEO DA COMPANHIA
Publicado: 13 de dezembro de 2014 às 21:19 - Atualizado às 1:46
De acordo com CEO da Petra, Winston Fritch, Pedro Barros deixou a empresa em 2012. (Foto: Rodrigo Zorzi)

A Petra Energia S/A negou que o filho do ministro Aloizio Mercadante, Pedro Barros Mercadante Oliva, seja sócio da empresa. Em nota assinada pelo CEO da Petra, Winston Fritsch, a empresa afirma que Pedro Barros deixou a vice-presidência e não tem mais responsabilidade executiva relacionada à companhia.
De acordo com a nota, o filho de Mercadante não teve participação nos contratos que liberaram crédito à Petra através da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Fritsch também descarta a participação de Pedro em qualquer contato com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) referente assuntos ligados à empresa. De acordo com o CEO, ele e seus subordinados diretos “iniciamos, conduzimos e concluímos todos os encaminhamentos dessa operação de crédito” e Pedro Barros Mercadante Oliva deixou a empresa em setembro de 2012.
A Petra Energia S/A ganhou do governo federal R$ 148,1 milhões entre 2013 e 2014 em operações de crédito. Segundo o Sistema Integrado de Informações Financeiras do Governo Federal (Siafi), a verba foi empenhada pelo Finep, empresa pública vinculada ao Ministério Ministério de Ciência e Tecnologia, que foi comandado em 2011-2012 por Aloizio Mercadante, que depois assumiu a pasta da Casa Civil.
Da verba empenhada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do ministério, R$ 47,1 milhões já foram pagos à Petra Energia. Em 2013, o ministério empenhou R$ 42,8 milhões para a Petra Energia em agosto, e mais R$ 47,6 milhões no mês seguinte, setembro. Fundada em 2008 para explorar petróleo e gás, a Petra virou a maior concessionária de blocos de terra do País.
Veja abaixo, na íntegra, os esclarecimentos do CEO da Petra Energia, Winston Fritsch:
1. O economista Pedro Barros Mercadante Oliva não foi e não é sócio da Petra Energia S/A; foi nosso executivo.
2. Desde o dia 1 de setembro de 2012, Pedro não é mais um dos Vice-Presidentes da Petra Energia S/A e não tem qualquer responsabilidade executiva relacionada à nossa companhia segundo a legislação vigente no País.
3. No período quando foi executivo da Petra Energia S/A, Pedro nunca teve qualquer contato, direto ou indireto, com a FINEP ou com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) referente a qualquer assunto ligado à nossa empresa.
4. Quando os procedimentos da operação de crédito com a FINEP foram iniciados e depois formalizados, Pedro sequer residia no Brasil.
5. Não houve nenhum tipo de favorecimento, como a matéria sugere, inclusive porque fui eu e meus subordinados diretos que iniciamos, conduzimos e concluímos todos os encaminhamentos dessa operação de crédito seguindo sempre todos os procedimentos normalmente adotados pela FINEP e jamais tivemos qualquer contato com o MCTI.
6. A empresa não obteve nenhum faturamento da FINEP ou do MCTI, pois se trata de uma operação de crédito que deverá ser paga no prazo e condições padrão para qualquer empresa mutuária.
7. A referida operação de crédito é um financiamento para projetos de inovação tecnológica que, no caso da Petra, gerou importante inovação em processos de pesquisa e exploração de hidrocarbonetos em bacias terrestres, tendo gerado a base para a obtenção de mais de duas dezenas de patentes.
8. A operação de crédito com a FINEP equivale a menos de 10% do total das operações que a empresa participou com instituições privadas nos últimos anos.

NO BLOG DO CORONEL
“Bem-vindos ao futuro’’ — anunciava a faixa amarrada ao casco rubro-negro do navio-plataforma da Petrobras. Flutuando a cem metros do cais, impressionava pelo tamanho, equivalente a um comboio de 26 ônibus, pela largura, similar a de um campo de futebol, e ainda pela altura, igual à de um prédio de trinta e cinco andares.
Suando dentro de um agasalho laranja, com capacete branco, Lula nem parecia se importar com o Sol em Angra dos Reis (RJ), naquela quinta-feira, 7 de outubro de 2010. Era um presidente à caça de votos para eleger sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff (PT). Apenas noventa e seis horas antes, no primeiro turno eleitoral, ela conquistara 47,6 milhões de votos, com 14,5 pontos à frente do adversário José Serra (PSDB).
Lula queria a Petrobras e o pré-sal na propaganda da candidata do PT. José Sérgio Gabrielli, presidente da estatal, atendeu: antecipou em dois meses o "batismo" da plataforma P-57 e marcou a festa para a semana entre os dois turnos eleitorais, quando a companhia completava 57 anos. O navio ganhou um nome, "Apolônio de Carvalho" — homenagem a um comunista sergipano, fundador do PT, cuja biografia foi marcada pela voluntária participação na Guerra Civil Espanhola e na Resistência Francesa contra o fascismo. 
Diante do colosso mecânico, projetado para extrair óleo e gás de 22 poços interligados a 1.300 metros no fundo do Mar, Lula fez o elogio da transparência nos negócios da estatal: — Já teve presidente que falava que a Petrobras era uma caixa preta, que ninguém sabia o que acontecia lá dentro — criticou. — No nosso governo ela é uma caixa branca, e transparente. Nem tão assim, mas é transparente. A gente sabe o que acontece lá dentro. E a gente decide muitas das coisas que ela vai fazer. 
UMA CAIXA PRETA
Cinquenta meses depois, sobram evidências de que era mesmo uma caixa preta de negócios com dinheiro público. Nela, a plataforma P-57 era simbólica: sua construtora, a holandesa SBM, pagou US$ 36,3 milhões em propinas para obter o contrato da Petrobras, de US$ 1,2 bilhão.
Os documentos da SBM enviados à procuradoria e ao fisco da Holanda detalham pagamentos de propinas a dirigentes da Petrobras, entre 2005 e 2011, por seu agente no Rio, Julio Faerman, o registro de US$ 36,3 milhões pela venda da plataforma P-57

Foi o maior valor que pagou no Brasil em casos de corrupção, admitiu a empresa num acordo com a promotoria da Holanda e o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Os inquéritos abrangiam despesas ilícitas da SBM no Brasil, Angola e Guiné Equatorial, disfarçadas de comissões de vendas. De cada dez dólares, sete foram direcionados ao Brasil.
"Esses pagamentos constituem crimes graves de corrupção nos setores público e privado", definiu o Ministério Público da Holanda ao anunciar um acordo de leniência com a SBM nos mês passado. A empresa vai pagar US$ 240 milhões em multas, até dezembro de 2016.
A Receita e o Ministério Público holandeses confirmaram pagamentos de propinas “a partir de empresas" do agente de vendas da SBM no Rio "para funcionários do governo brasileiro". As descobertas — ressalvaram —"resultaram de meios de investigação inacessíveis à SBM". Do lado brasileiro as investigações mal começaram.
Em 2012, auditores da empresa holandesa recomendaram interrogatórios do agente no Rio para elucidar a divisão das “comissões”, entre outros aspectos do caso, e sugeriram o fim das relações com Julio Faerman

A SBM confessou ter distribuído US$ 102,2 milhões em subornos a dirigentes da Petrobras, no período de 2005 e 2011. Em troca, obteve 13 contratos de fornecimento de sistemas e serviços — os mais relevantes no conjunto de US$ 26,7 bilhões em negócios realizados com a estatal durante os últimos cinco anos da administração Lula e no primeiro ano do governo Dilma.
Dias atrás, um diretor da empresa holandesa apresentou um resumo do caso em Brasília, na Controladoria Geral da União (CGU). Os pagamentos ilegais oscilavam, em geral, entre 3% e 5%, mas houve casos em que alcançaram 10% do valor total do contrato, como ocorreu, por exemplo, no contrato do projeto e suprimento do sistema de ancoragem (turret) da plataforma P-53 para a Bacia de Campos. 
O agente da SBM no Brasil era Julio Faerman. Carioca de 75 anos, ele entrou na Petrobras por concurso, com diploma de engenheiro eletricista. Mais tarde, com a efervescência na exploração da Bacia de Campos, trocou o emprego na estatal pela representação de marcas estrangeiras de equipamentos e serviços para o setor de óleo e gás — entre elas a SBM. Com escritório perto da sede da estatal, no Centro do Rio, ele desfrutava do trânsito livre e da intimidade de alguns dirigentes, que o tratavam por Julinho.
Afável e discreto, chamava a atenção de executivos estrangeiros pela longeva capacidade de influenciar o comando da Petrobras na escolha de empresas privadas para contratação direta, via carta-convite. Numa disputa entre as empresas americanas, Sofec e Imodoco, e a SBM, o representante da Sofec jogou a toalha e desabafou, depois de várias reuniões da comissão de licitação: — Disse estar impressionado com a parcialidade — contou uma testemunha, ressaltando: — Isso aconteceu 25 anos atrás. 
Faerman vislumbrou em 2004 uma chance para a SBM no Atlântico Sul, com a decisão do governo Lula de avançar no pré-sal. Dona de uma história de mais de três séculos na engenharia naval holandesa, ela se tornara uma das poucas companhias com capacidade para projetos de plataformas marítimas (do tipo FPSO, na sigla em inglês) que produzem, armazenam e transferem petróleo e gás a navios cargueiros. Era o veículo adequado para um trabalho inédito, a grande profundidade e a mais de 100 quilômetros de distância da costa, sem muitos recursos logísticos para escoamento da produção. Logo a Petrobras se tornou o principal cliente da SBM.
Seguiram-se seis anos lucrativos para a companhia e seu agente no Rio, com uma dezena de empreendimentos somando US$ 27,6 bilhões. Entre 2005 e 2011, ela passou a dominar 34% do total de contratos da Petrobras em plataformas. Há dois anos, quando a SBM se sentiu pressionada por um ex-executivo que ameaçava revelar a corrupção, Faerman foi morar em Londres.
São múltiplas as evidências de que a diretoria da SBM na época conhecia os motivos e o destino das propinas. As investigações mais recentes conduzidas na Holanda mostram um fluxo constante de pagamentos ilegais, a partir de 2005, por três empresas criadas por Faerman no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas (a Jandell Investiments Ltd., a Journey Advisors Co. Ltd. e a Bien Faire Inc.). Numa quarta, a Hades Production Inc., partilhava o controle com o sócio carioca Luis Eduardo Barbosa da Silva.
Na contabilidade oficial, a companhia holandesa remunerava duas empresas do Rio onde Faerman era sócio, a Faercom e a Oildrive , esta dividida com Barbosa da Silva. Na vida real, o dinheiro fluía do caixa de subsidiárias da SBM em Marly (Suíça), Mônaco, Houston (EUA) e Schiedam (Holanda) diretamente para contas da Jandell, Journey Advisors e Bien Faire em bancos no Brasil (HSBC) e na Suíça (Jacob Safra e Pictet and Cie.). A partir daí, Faerman se encarregava da distribuição. 
Na diretoria da SBM só não viu quem não quis. Auditorias internas demonstram que bandeiras vermelhas poderiam ter sido erguidas na companhia desde o primeiro pagamento, de US$ 8,1 milhões, feito em 2005 pela subsidiária de Mônaco.
PAGAMENTOS DISFARÇADOS
Entre outras razões, porque os contratos para representação no Brasil eram com a Faercom e a Oildrive, do Rio, mas quem recebia eram as empresas de Faerman em paraísos fiscais, que nunca tiveram participação nos acordos com a SBM. A remuneração ao agente no Rio variou entre 1% e 10% do valor dos contratos da SBM com a Petrobras, bem acima da média do mercado mundial de plataformas. Nesse setor, intermediários costumam receber 0,5%, excepcionalmente até 1% da venda ou aluguel. 
Alguns pagamentos foram crescentes, como no caso do aluguel do navio Capixaba, com capacidade para 100 mil barris diários, ancorado no Parque das Baleias, na Bacia de Campos. No outono de 2005, a Petrobras alugou o equipamento da SBM ao custo de US$ 1,8 bilhão, por 16 anos. Nos primeiros 63 meses desse contrato a companhia holandesa fez cinco “ajustes” na remuneração do agente no Rio, que passou de 3,5% para 4% em setembro de 2010. Houve pagamentos extraordinários, um deles de US$ 1 milhão, justificado na contabilidade de Amsterdã por uma palavra: "Reestruturação". 
O recorde em transferências de dinheiro da SBM para empresas de Faerman aconteceu na negociação para a venda da plataforma P-57. Na manhã de quarta-feira 7 de fevereiro de 2007, a empresa holandesa e seu agente carioca fizeram um acordo com previsão explícita de “uma taxa de 3%" a ser aplicada “a todos os pagamentos feitos pela Petrobras e recebidos pela SBM”, após o desconto de tributos e taxas. Isso ocorreu um ano antes da holandesa assinar o contrato de venda à Petrobras do projeto de engenharia, aquisição e construção da plataforma. 
Na tarde de quinta-feira 31 de janeiro de 2008, a diretoria-executiva da estatal brasileira referendou a compra da P-57. Na manhã seguinte, Faerman acompanhou a assinatura do contrato de US$ 1,2 bilhão. Depois, partiu para um fim de semana tranquilo. Garantira US$ 36,3 milhões na sua parceria com “funcionários do governo brasileiro", como constataram o Ministério Público e a Receita da Holanda. 
Negócio obscuro, na avaliação do Tribunal de Contas da União, que trinta e dois meses mais tarde o presidente Lula exaltaria em praça pública como exemplo da transparência na Petrobras. (O Globo)


Em 2013, foram gastos R$ 24,5 bilhões com a Bolsa Família. O valor perdido pela Petrobras pagaria 25 anos do benefício. 

Abalada pelas investigações de corrupção e, mais recentemente, pela queda da cotação do petróleo, a Petrobras não para de sofrer os efeitos no preço de suas ações. Sua cotação afundou tanto que na sexta-feira (12) passou a valer na Bolsa de Valores o mesmo que no primeiro ano do governo Lula, como se estivesse paralisada há 11 anos.
A estatal brasileira vale hoje menos do que antes do anúncio das descobertas do pré-sal. Para os investidores do mercado financeiro, é como se as reservas gigantes de petróleo, anunciadas em novembro de 2007, tivessem perdido todo o valor.
No auge da cotação da empresa, em 21 de maio de 2008, seu valor a preços de hoje, já considerando a inflação, era de R$ 737 bilhões. De lá para cá, queimou-se no mercado R$ 610 bilhões. Para se ter uma ideia da dinheirama, é como se a companhia tivesse perdido toda a produção anual de Portugal.Ou quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Uruguai. 
Em seu auge, em maio de 2008, a estatal chegou a ser cotada a R$ 737 bilhões, em valores corrigidos pela inflação, mas sofreu com a crise global, com a falta de reajuste da gasolina e com os escândalos de corrupção e hoje é avaliada em R$ 127 bilhões 

Toda essa perda não se deve apenas ao inferno astral do momento. As perdas começaram logo em 2008, por causa da crise financeira global. No ano passado, a Petrobras teve outra grande perda porque não pôde reajustar os preços da gasolina para não pressionar a inflação. Em 2014, a cotação estava começando a se recuperar, quando as notícias de corrupção atingiram a empresa. Foi assim que na sexta-feira a estatal passou a valer R$ 127 bilhões.
Os números já ajustados pela inflação foram compilados pela consultoria Economática, a pedido do Estado. Aplicar a inflação é importante porque traz o passado para os preços de hoje, como diz o gerente da consultoria, Einar Rivero. Dá o real poder de compra do dinheiro. “O dólar hoje está caro ou está barato? Eu digo que está barato porque vale R$ 2,60. Olhando o dólar de 2002 e aplicando a inflação do período eu teria de ter R$ 8,25 de hoje para comprar dólares. Está barato.”
No caso das ações da Petrobras, não há quem arrisque dizer se o papel está caro ou barato. São muitas as incertezas em relação à empresa, que ainda podem jogar os preços mais para baixo. Não se sabe, por exemplo, o impacto no balanço da companhia quando reconhecer – se reconhecer – as propinas pagas e denunciadas por ex-diretores. Nem sequer o balanço auditado do terceiro trimestre foi publicado e, se isso não for feito até 31 de janeiro, alguns bilhões em dívidas terão de ser pagos antecipadamente.
A empresa ainda enfrenta uma ação movida por acionistas minoritários que pedem indenizações milionárias na Justiça americana. Para complicar, os preços do petróleo estão em níveis que, no curto prazo, ajudam o caixa da companhia, mas se permanecerem por muito tempo na faixa dos US$ 60 podem inviabilizar investimentos – até mesmo no pré-sal. (Estadão)

Renato Duque, operador da roubalheira do PT na Petrobras, junto com Dilma, que mandou na empresa durante todo o período das falcatruas.

A força-tarefa do Ministério Público Federal avalia que já dispõe de elementos suficientes para afirmar que a Diretoria de Serviços da Petrobrás, na gestão do ex-diretor Renato Duque – nome indicado pelo PT -, captou cerca de R$ 650 milhões em propinas sobre contratos fechados de 2004 a 2012 com as seis empreiteiras que são alvo do primeiro pacote de denúncias criminais da Operação Lava Jato.
Segundo o executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, um dos delatores do esquema de corrupção na estatal, às vezes o dinheiro de propinas era tão volumoso que precisava ser transportado em carro-forte, por orientação de Duque. O ex-diretor chegou a ser preso pela Polícia Federal, mas foi solto por liminar do Supremo Tribunal Federal. Mendonça agia em nome da Setal Óleo e Gás, empreiteira do cartel que negocia acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão antitruste do governo federal.
No acordo que firmou com a Procuradoria da República, documento que compreende 19 anexos, o executivo dedicou um capítulo inteiro a Duque e ao “pagamento de propinas”. Nesse trecho, ele se compromete a revelar “todos os fatos relacionados aos acordos voltados à redução/supressão da competitividade, com prévio acerto do vencedor, de preços, condições, divisão de lotes nas licitações e contratações da Petrobrás”.
O acordo de colaboração é um contrato. Ao assinar o termo, em setembro, o executivo se dispôs a apontar as formas como se concretizava a entrega de propinas. Ele se compromete a devolver R$ 10 milhões a título de multa compensatória por danos causados contra a administração pública – a primeira parcela de R$ 2,5 milhões foi quitada em 10 de novembro. O restante será quitado em sete parcelas até 20 de julho de 2015.
Contato 
Segundo Mendonça, o então diretor de Serviços “orientava três coisas” – pagamentos em dinheiro, depósitos em contas no exterior e repasses para o PT. “O contato com o partido era o Vaccari”, diz o delator, em referência a João Vaccari, tesoureiro do PT. Para “mascarar” os desvios de parte dos contratos, Duque, segundo o delator, mandava fazer uso de notas frias de empresas de fachada ligadas ao Grupo Delta.

Após longa investigação, que reuniu documentos e outros depoimentos, os procuradores se convenceram do envolvimento direto de Duque e vão acusa-lo por corrupção passiva, organização criminosa e outros crimes. “Os corruptores que mantinham contratos com a estatal ofereceram e prometeram vantagens indevidas, notadamente aos então diretores de Abastecimento e de Serviços, Paulo Roberto Costa e Duque.”
O cálculo para chegar aos R$ 650 milhões destinados à diretoria de Duque foi feito a partir do montante global de propinas até aqui apurado, R$ 971 milhões – valor que se quer recuperar para os cofres públicos e relativo ao total desviado na área de Abastecimento em contratos das seis empreiteiras citadas nas primeiras denúncias.
Cerca de R$ 270 milhões ficaram com a diretoria de Costa. O restante foi canalizado para a Diretoria de Duque, que arrecadava 2% em contratos das demais áreas – Abastecimento (cota do PP), Internacional (do PMDB), Exploração e Produção; e Óleo e Gás, ambas da cota petista. “O valor de quase R$ 1 bilhão corresponde aos 3% de propina paga em função dos contratos da área de Abastecimento”, disse o procurador Deltan Dallagnol.
A Lava Jato apurou que as comissões pagas nessa área, sob controle do PP, alcançaram 3% sobre contratos com 16 empresas do cartel – 2% teriam sido destinados à Diretoria de Serviços, que cuida dos processos de contratação, concorrência e fiscalização, e 1% para Abastecimento. ( Estadão)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Money delivery: Acompanhado de seus advogados, Rafael Ângulo Lopez (à esq.) negocia um acordo de delação premiada com a Justiça. Durante anos, ele distribuiu dinheiro desviado da Petrobras a “clientes” famosos do esquema de corrupção(Jefferson Coppola/VEJA)

Por Robson Bonin e Hugo Marques
Depois de tantas revelações sobre engenharias corruptas complexas de sobrepreços, aditivos, aceleração de obras e manobras cambiais engenhosas, a Operação Lava-Jato produziu agora uma história simples e de fácil entendimento. Ela se refere ao que ocorre na etapa final do esquema de corrupção, quando dinheiro vivo é entregue em domicílio aos participantes. Durante quase uma década, Rafael Ângulo Lopez, esse senhor de cabelos grisalhos e aparência frágil da fotografia acima, executou esse trabalho. Ele era o distribuidor da propina que a quadrilha desviou dos cofres da Petrobras. Era o responsável pelo atendimento das demandas financeiras de clientes especiais, como deputados, senadores, governadores e ministros. Braço-direito do doleiro Alberto Youssef, o caixa da organização, Rafael era “o homem das boas notícias”. Ele passou os últimos anos cruzando o país de Norte a Sul em vôos comerciais com fortunas em cédulas amarradas ao próprio corpo sem nunca ter sido apanhado. Em cada cidade, um ou mais destinatários desse Papai Noel da corrupção o aguardavam ansiosamente.
Os vôos da alegria sempre começavam em São Paulo, onde funcionava o escritório central do grupo. As entregas de dinheiro em domicílio eram feitas em endereços elegantes de figurões de Brasília, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Maceió, São Luís. Eventualmente ele levava remessas para destinatários no Peru, na Bolívia e no Panamá. Discreto, falando só o estritamente necessário ao telefone, não deixou pistas de suas atividades em mensagens ou diálogos eletrônicos. Isso o manteve distante dos olhos e ouvidos da Polícia Federal nas primeiras etapas da operação Lava-Jato. Graças à dupla cidadania — espanhola e brasileira —, Rafael usava o passaporte europeu e ar naturalmente formal para transitar pelos aeroportos sem despertar suspeitas. Ele cumpria suas missões mais delicadas com praticamente todo o corpo coberto por camadas de notas fixadas com fita adesiva e filme plástico, daqueles usados para embalar alimentos. A muamba, segundo ele disse à polícia, era mais fácil e confortável de ser acomodada nas pernas. Quando os volumes eram muito altos, Rafael contava com a ajuda de dois ou três comparsas.
A rotina do trabalho permitiu que o entregador soubesse mais do que o recomendável sobre a vida paralela e criminosa de seus clientes famosos, o que pode ser prenúncio de um grande pesadelo. É que Rafael tinha uma outra característica que poucos sabiam: a organização. Ele anotava e guardava comprovantes de todas as suas operações clandestinas. É considerado, por isso, uma testemunha capaz de ajudar a fisgar em definitivo alguns figurões envolvidos no escândalo da Petrobras. VEJA apurou que o entregador já se ofereceu para fazer um acordo de delação premiada, a exemplo do seu ex-patrão.
Entre os políticos que recebiam a grana em mãos estão João Vaccari Neto, tesoureiro do PT; o senador Fernando Collor (PTB-AL); Roseana Sarney (PMDB), que acaba de renunciar ao governo do Maranhão; o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP); o deputado Luiz Argôlo (SD-BA); o deputado Nelson Meurer (PP-PR) e o deputado cassado André Vargas (PR), chefão do PT até outro dia.
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NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza14/12/2014 03:48

A dezoito dias do recomeço, o governo enfrenta um enorme problema. A encrenca tem nome e sobrenome. Muitos chamam de Graça Foster. Se estivessem corretos, a solução exigiria um simples movimento de mão. E custaria a tinta da esferográfica e a folha do ato de exoneração. Mas estão enganados. Chama-se Dilma Rousseff o problema do governo.
Acaba de ser reconduzida à poltrona de presidente da República como solução dos 54 milhões de brasileiros que a elegeram. Porém, quando se imaginava que fosse dirigir os rumos do país nesta ou naquela direção, a Dilma resoluta da campanha, 100% feita de João Santana, sumiu. Por pressão, não por opção, Graça logo passará. O problema, não.
No futuro, quando puder falar sobre os dias atuais sem uma camada de óleo a turvar-lhe a vista, a História dirá que o Brasil atravessou mais um desses momentos de transição que fazem a Nação evoluir, ainda que aos trancos. Pouca gente notou, mas estão em curso transformações profundas.
A Petrobras, como se sabe, afunda. E junto com ela podem ir a pique:
1. O presidencialismo de cooptação, que submete estatais e repartições públicas à pirataria partidária.
2. O modelo de contratação de serviços e obras públicas, baseado no critério único do ‘quanto eu levo nisso?’
3. As velhas desculpas esfarrapadas — como “eu não sabia”, “doa a quem doer” e “cortar na própria carne”.
Com dezenas de parlamentares imersos em óleo queimado, o Legislativo está prestes a virar delegacia de política. O Judiciário, já entupido de processos, se manterá ocupado tentando converter crimes em castigos. Se sua capacidade de liderança não fosse invisível a olho nu, Dilma poderia governar o processo de mudanças. Inerte, é desgovernada pelos acontecimentos.
Em 26 de outubro, depois de contados os votos do segundo turno, Dilma leu seu último discurso sob a supervisão de João Santana. “Algumas vezes na história, os resultados apertados produziram mudanças mais fortes e rápidas do que as vitórias amplas”, disse a reeleita. Hoje, Dilma conspira contra a mudança. Faz isso ao renegociar a partilha dos cofres do seu governo com os partidos de sempre. Que imaginam ser possível manter o melado escorrendo por mais quatro anos.
Aquela Dilma do dia da vitória também disse: “Essa presidente está disposta ao diálogo, e esse é meu primeiro compromisso no segundo mandato: o diálogo.” A Dilma de hoje não conversa nem com o espelho. Só fala com Lula, que já foi recebido no Alvorada três vezes em menos de dois meses. É muito mais do que os ministros, alguns há mais um ano sem uma audiência com a chefa.
“Quero ser uma presidenta muito melhor do que fui até agora”, declarou ainda a Dilma de 48 dias atrás. “Quero ser uma pessoa muito melhor. Esse sentimento de superação não deve apenas impulsionar o governo e a minha pessoa, mas toda a nação.” Na bica de tomar posse, a Dilma atual nunca foi tão Dilma. Foge da conjuntura à maneira do avestruz. Enfia a cabeça nos baixios de sua autoestima. E vira a página. Para trás.
A contragosto, Dilma cede nacos do seu poder declinante para Joaquim Levy. E reza para que a lama não impeça a ortodoxia do novo ministro da Fazenda de consertar os erros do primeiro mandato e recriar aquele ambiente de rigor fiscal de 2003, primeiro ano de Lula.
Em condições normais, o segundo reinado de Dilma seria duro. Sob atmosfera de derretimento moral, com os delatores suando o dedo; com jovens procuradores procurando; com o juiz Sérgio Moro julgando; com os aliados na fila do cadafalso; com tudo isso, Dilma Segunda tornou-se um caso único: reeleita, ficou menor do que era. Tão pequena que some no meio da crise.




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