DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Estranhou-se que a cúpula da Odebrecht não tenha sido presa na Operação Lava Jato, mas isso não significa que tenha escapado. Seu papel privilegiado na era Lula-Dilma fez por merecer uma investigação praticamente exclusiva, dizem fontes ligadas à apuração. A empreiteira foi alvo de acusação grave: o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa confessou haver recebido, na Suíça, propina de R$ 59,8 milhões.
A propina na Suíça foi para Paulo Roberto não atrapalhar a Odebrecht, em consórcio com a OAS, obter um contrato de R$1,5 bilhão.
Na sexta (14), a Polícia Federal vasculhou a sede da Odebrecht e as casas de três executivos, suspeitos de envolvimento na gatunagem.
Agressivo nos negócios, Marcelo Odebrecht preside a empreiteira que mais faturou na era Lula-Dilma: cerca de 53% dos R$71 bilhões gastos.
Preso na 7ª fase da Lava Jato, o presidente da Engevix, Cristiano Kok, está na mira da Polícia Federal desde 2007 quando o lobista Sérgio Sá, contratado da empreiteira, foi preso na operação Navalha. Na época, Kok admitiu que o lobista era um “auxiliar” e disse que seu erro foi escolher o “consultor errado”. Em 2010, a Engevix virou alvo de CPI por negociatas em programa de energia em Goiás.
A empresa mudou de nível se unindo ao magnata argentino Eduardo Eurnekian, que administra 53 no Brasil, América Latina e Europa.
A Engevix é dona de 50% da Inframérica que pagou R$ 4,5 bilhões pelo aeroporto de Brasília, e mais R$ 170 milhões pelo de Natal.
O prefeito de São Bernardo (SP), Luiz Marinho (PT), se esforça para ajudar uma agência amiga, a Sotaque, a vencer outra licitação na região do ABC. A Sotaque é velha conhecida do prefeito: ganhou mais de R$ 62 milhões do Ministério da Previdência quando ele era ministro.
A delação do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco repercutiu entre os enrolados no Petrolão: ligado do ex-diretor da estatal Renato Duque, que foi preso na última fase da Lava Jato, ambos foram indicados pelo ex-ministro José Dirceu. Barusco prometeu devolver US$ 100 milhões.
O governador do Ceará, Cid Gomes (PROS-CE), foi incentivado pelo Planalto tentar organizar uma frente com PCdoB e o PDT, para contrapor Eduardo Cunha (PMDB), candidato a presidente da Câmara.
Responsável por indicar cargos importantes na Petrobras, a bancada do PMDB-MG está em pânico com a expedição do mandado de prisão do lobista Fernando Soares, o Baiano, apontado o operador do partido.
O PSDB começa em São Paulo, semana que vem, a auditoria dos votos de Aécio Neves, autorizada pelo TSE. A equipe de oito pessoas, com técnicos em informática, prevê um mês de trabalho.

NO BLOG DO CORONEL
Auditoria culpa Gabrielli, Cerveró e Costa por prejuízo de U$ 792 milhões na compra de Pasadena. Resultado será encaminhado ao MP e a PF para providências legais.





A auditoria interna da Petrobrás reconheceu a responsabilidade do ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, e dos ex-diretores Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró nas irregularidades relacionadas à compra da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Também foram responsabilizados outros dez ex-funcionários da estatal e mais dois executivos estrangeiros, vinculados à empresa belga Astra Oil, ex-sócia da Petrobrás na refinaria de Pasadena.
Os executivos foram citados em uma relação de funcionários e ex-funcionários envolvidos com as denúncias de corrupção investigadas pela auditoria da estatal. O relatório foi apresentado aos integrantes do Conselho de Administração da estatal na última sexta-feira, após oito meses de apurações. 
A compra da refinaria de Pasadena foi finalizada em 2012. O negócio começou a ser investigado em 2013 pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) com base em reportagem do Estado que revelou a discrepância entre o valor pago pela empresa belga Astra pela refinaria, em 2005, e o desembolso total efetuado pela Petrobrás pelo empreendimento. Em julho deste ano, o TCU apontou que a negociação causou prejuízo de US$ 792 milhões à estatal.
Também foram apresentados relatórios de duas outras auditorias internas, referentes às obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Nessas obras, gerentes e executivos de subsidiárias da Petrobrás teriam participado de irregularidades apontadas pelas auditorias. 
Ao menos oito funcionários que ainda trabalham na estatal foram relacionados em uma lista de responsáveis que serão alvo de processo administrativo da companhia, conforme apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, com fontes próximas ao conselho da Petrobrás. "Foi apresentado uma relação de nomes de envolvidos. Tem muita gente da ativa envolvida, gerentes, executivos de subsidiárias", informou a fonte, que pediu anonimato. 
A partir de agora eles serão alvo de processo punitivo e poderão ser exonerados dos cargos executivos. Os relatórios produzidos pela companhia serão encaminhados à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, e poderão embasar ações judiciais contra os executivos e ex-funcionários.
A companhia definiu que irá buscar o ressarcimento dos prejuízos causados pelos desvios e atos de corrupção de seus funcionários e ex-funcionários. Entretanto, até o momento, não há qualquer processo aberto ou decisão pela abertura de ações contra os executivos citados nos relatórios. 
O ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli e o ex-diretor Internacional da empresa Nestor Cerveró ainda não foram informados sobre o relatório das auditorias em que são responsabilizados, juntamente com outros 13 funcionários, por prejuízos com a compra de Pasadena. "A Petrobrás não me comunicou nada. Geralmente, as decisões do conselho são publicadas em fato relevante. Essa não foi. Não sei o que foi decidido, então não posso comentar", disse Gabrielli ao Broadcast. 
Já o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, atribui qualquer responsabilidade por prejuízos com Pasadena ao conselho de administração da empresa, que, na época da compra da refinaria texana era presidido pela presidente da República, Dilma Rousseff. "Essa decisão interna segue a mesma linha que a do Tribunal de Contas da União, que responsabilizou a diretoria e não o conselho, como prevê o estatuto social da empresa. Estão rasgando o estatuto", afirmou Ribeiro. (Estadão)

Usando uma filigrana jurídica, o Ministério Público Eleitoral, aquele mesmo que ofendeu o PSDB quando este pediu a auditoria externa na eleição de 2014, quer cassar o direito de Gilmar Mendes julgar as contas da campanha de Dilma e do diretório do PT.

O Ministério Público Eleitoral entrou com recurso nesta segunda-feira (17) no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra a decisão da corte de redistribuir a prestação de contas da campanha de Dilma Rousseff para o ministro Gilmar Mendes. O pedido trata também da relatoria de Mendes nas contas da direção nacional do PT e do comitê financeiro para a presidente da República. Cabe ao TSE analisar o agravo regimental, assinado pelo vice-procurador-geral eleitoral Eugênio Aragão. 
O processo, que estava com o ministro Henrique Neves, cujo mandato expirou na quinta-feira (13), foi redistribuído na sexta-feira (14) e caiu com Mendes. O vice-procurador cita regimento interno do TSE para justificar a sua decisão. Segundo o artigo 16 , em caso de vacância de uma cadeira de ministro, seus processos devem ser redistribuídos para outro da mesma "classe" -no caso de Neves, teria de ser um jurista. Mendes, que integra o tribunal como oriundo do STF (Supremo Tribunal Federal), não poderia, segundo essa regra, ser relator do caso. 
"O Ministério Público Eleitoral requer que seja reconsiderada a decisão impugnada, a fim de que se proceda à redistribuição do processo, com o seu encaminhamento ao ministro substituto da classe a que pertencia o relator original", diz trecho do documento. 
Na decisão, Aragão afirma que a relatoria de Mendes fere o princípio do juiz natural de cada processo. Isto porque, caso Neves seja reconduzido, o caso teria dois relatores de classes diferentes. Nos últimos anos, o ministro do STF colecionou casos de controvérsia com o PT e de críticas aos métodos do partido e do governo Dilma. (Folha de São Paulo)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
É… Quando Dilma Rousseff vai demitir Graça Foster? Ou quando Graça Foster vai se demitir? Quando essa gente vai ter um pouco de bom senso? Por que escrevo essas coisas?
Em fevereiro, a VEJA denunciou que a empresa holandesa SBM havia pagado propina para funcionários e intermediários da Petrobras. A revista, claro!, apanhou da canalhada. No fim de março, Graça anunciou com solenidade que a empresa havia feito uma investigação interna e não havia encontrado nada de errado.
Na semana passada, o Ministério Público da Holanda aplicou uma multa de US$ 240 milhões à SBM por propinas pagas mundo afora, inclusive… no Brasil, em negócios com a Petrobras!
E eis que acontecem, então, milagres. O ministro Jorge Hage, da Corregedoria-Geral da União, revela que há, sim, uma investigação em curso. É mesmo? E, mais surpreendente, Graça Foster revela hoje (17) que a Petrobras, de fato, tinha conhecimento do pagamento de propina desde meados do ano.
É? Alguém foi punido? Algum funcionário foi preventivamente afastado? Providências foram tomadas? É razoável que a confirmação oficial da roubalheira parta do Ministério Público da Holanda? Disse:
“Passadas algumas semanas, alguns meses [da investigação interna da Petrobras], eu fui informada de que havia, sim, pagamentos de propina para empregado ou ex-empregado de Petrobras. Imediatamente, e imediatamente é “imediatamente”, é que informamos a SBM de que ela não participaria de licitação conosco enquanto não fosse identificada a origem, o nome de pessoas que estão se deixando subornar na Petrobras. E é isso que aconteceu, tivemos uma licitação recente, para plataformas nos campos de Libra e Tartaruga Verde, e a SBM não participou.”
É pouco e errado, minha senhora! Quem estava informado sobre tudo isso? A Petrobras não é patrimônio seu, mas do povo brasileiro.
Esta senhora falou ainda outra coisa estranha. Disse não haver nenhuma “informação avassaladora” que justifique rompimento de contrato com empreiteiras. Epa! Eu também me oponho a que se paralisem todas as obras ou a que se rompam todos os contratos. Mas daí a dizer que não existem “informações avassaladoras” vai uma distância imensa.
Graça não considera “avassalador” que um mero estafeta do PT, como Pedro Barusco, aceite devolver R$ 252 milhões? Ela não considera “avassalador” que uma única empresa, a Toyo Setal, confesse ter pagado pelo menos R$ 154 milhões a dois diretores?
Graça, ouça um bom conselho, eu lhe dou de graça, como dizia Chico Buarque: vá para casa, peça demissão, facilite a vida da presidente. Seu tempo acabou.

Na VEJA.com:
Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef acusaram o atual diretor de Abastecimento da estatal, José Carlos Cosenza, de participação no esquema de cobrança de propinas a fornecedores da petrolífera. As acusações serviram de base às perguntas feitas durante os interrogatórios dos diretores presos das empreiteiras suspeitas de participar do petrolão, como ficou conhecido o esquema de desvio de recursos dos cofres da estatal para o bolso de políticos e partidos. Os depoimentos vieram a público nesta segunda-feira.
“Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef mencionaram a existência de pagamento de comissões pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras, tendo como beneficiários além deles próprios, os diretores Duque, Cerveró e Cosenza, bem como alguns agentes políticos. Tem conhecimento destes pagamentos e de quem eram seus beneficiários?”, perguntou o delegado Agnaldo Mendonça Alves aos executivos interrogados no fim de semana.
Othon Zanoide de Moraes Filho e Ildefonso Colares Filho, diretores da Queiroz Galvão, e Newton Prado Júnior e Carlos Eduardo Strauch Aubero, diretores da Engevix, negaram o pagamento de propina a qualquer pessoa ou a participação em cartel para fraudar licitações e combinar propostas à estatal. Eles responderam às perguntas da Polícia Federal de forma evasiva, confirmaram que mantinham contatos com Youssef, mas não explicaram repasses feitos pelas empresas às firmas do doleiro. Prado Júnior chegou a afirmar que os contratos com o doleiro foram firmados pelos sócios da Engevix: “Foi um contrato que foi orientado pelos sócios. O objeto do contrato é consultoria em nível estratégico e empresarial que foi prestada no nível dos sócios, ou seja, seria prestada diretamente aos sócios”.
Interrogados nesta segunda-feira (17), José Adelmário Pinheiro Filho, Mateus Coutinho de Sá Oliveira, José Ricardo Nogueira Breghirolli, Alexandre Portela Barbosa e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretores da OAS, preferiram ficar em silêncio. Os executivos serão ouvidos até terça-feira, quando vencem os prazos de prisão de 17 presos.

O tempo passa, e as coisas só pioram na Petrobras e no Brasil. A presidente Dilma se comporta como o último imperador romano, que, no fim da linha, preferia cuidar de galinhas. Ocorre que esta senhora, que encerra melancolicamente o seu mandato, terá mais quatro anos — caso cumpra o calendário e não seja atropelada pela lei. A entrevista concedida nesta segunda por Graça Foster, presidente da estatal, evidencia que o governo perdeu o pé da situação. Raramente se viu soma tão robusta de sandices. Para piorar, as denúncias chegam à atual diretoria da empresa: segundo Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, José Carlos Cosenza, atual diretor de Abastecimento e substituto do próprio Costa, também recebeu propina. Ele nega. E tudo pode sempre piorar: surgiram sinais de que o esquema criminoso pode ter atuado também na Eletrobras, cujas ações despencaram nesta segunda.
Obviamente, não vou eu aqui afirmar a culpa de Cosenza. Denúncias precisam ser provadas para que possam ter consequência penal. Ocorre que esse caso tem mais do que a esfera puramente criminal. Será que a Petrobras aguenta ter um alto membro da atual diretoria sob suspeita? Não é o mais recomendável para uma empresa que não consegue divulgar números de seu balanço trimestral e que já enfrenta sinais de que terá dificuldades para se financiar no mercado externo em razão da falta de credibilidade.
Cosenza estava ontem no evento-entrevista que Graça organizou, compondo a mesa da diretoria da Petrobras. Que a roubalheira comeu solta na empresa — seja ou não para financiar partidos —, isso já está comprovado. Um único gerente, Pedro Barusco, fez acordo de delação premiada e aceitou devolver US$ 97 milhões — o correspondente a R$ 252 milhões. Seu chefe, no entanto, Renato Duque, homem de José Dirceu na empresa e ex-diretor da cota do PT, afirma não saber de nada e se nega a colaborar com as investigações. Assim, se formos nos fiar nas palavras de Duque, devemos acreditar que seu subordinado conseguiu a proeza de amealhar R$ 252 milhões fazendo falcatruas às escondidas do chefe.
O processo será longo. Estamos só no começo. Pensem, por exemplo, que o caso vai mesmo esquentar quando aparecerem os nomes dos políticos, que estão se acumulando lá no STF. Aí é que vocês verão a barafunda.
Desde o começo da crise, tenho chamado atenção para o óbvio: por que a prática seria diferente nas demais estatais se os atores são os mesmos, se a política é a mesma, se os critérios são os mesmos? Surgiu o primeiro elemento que pode indicar que os criminosos atuaram também na Eletrobras — e sabe-se lá onde mais. A presidente brinca com o perigo.
Para começo de conversa, deveria intervir já — e não mais tarde — na Petrobras. Está na cara que Graça Foster perdeu a condição de presidir a empresa. Cosenza tem de ser afastado não porque esteja comprovada a sua culpa, mas porque a estatal não pode conviver com desconfiança. Evidenciada a sua inocência, que volte.
Um mês
Vejam vocês: hoje, 18 de novembro, faz exatamente um mês que Dilma admitiu pela primeira vez a possibilidade de haver desvios na Petrobras. E ainda o fez daquele modo rebarbativo. Disse então: “Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve, não; houve, viu?”. Até o dia anterior, ela atribuía as críticas aos desmandos na empresa à pressão dos que quereriam privatizá-la.
Dilma terá dias bem difíceis pela frente. O show de horrores está só no começo. Imaginem quando começarem a sair do armário os esqueletos das contas secretas no exterior, onde foi depositada parte da propina. Uma única conta de Barusco da Suíça teve bloqueados US$ 20 milhões. Na delação premiada, Youssef se prontificou a ajudar a PF a chegar inclusive a contas que pertenceriam ao PT. Se elas existem ou existiram, a cobra vai piar.

Por Robson Bonin, na VEJA.com:
A sétima etapa da Operação Lava Jato, que levou à prisão alguns dos maiores empreiteiros do país, confirma a existência de um lado ainda mais obscuro da quadrilha que atuava na Petrobras. Além de subornar políticos e corromper funcionários públicos para desviar bilhões da estatal, o cartel de empreiteiras, denunciado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, estava ameaçando testemunhas do caso em uma tentativa flagrante de atrapalhar as investigações da polícia. Foi esse, aliás, um dos motivos que levaram o juiz Sérgio Moro a decretar a prisão dos empresários na sexta-feira passada. Em setembro, VEJA revelou que a contadora Meire Poza, uma das principais colaboradoras da investigação policial, havia sofrido ameaças diretas de emissários das empreiteiras. A ação, típica das organizações mafiosas, está registrada no despacho assinado por Moro.
Num encontro ocorrido em julho deste ano na praça de alimentação de um shopping em São Paulo, um homem identificado como Edson tentou convencer Meire Poza a aceitar os serviços de um escritório de advocacia contratado pelas empreiteiras envolvidas no escândalo de desvio de dinheiro de obras da Petrobras. A gravação da conversa não deixa dúvidas sobre as más intenções do grupo, claramente incomodado com o avanço das investigações da polícia, e muito preocupado com a colaboração de Meire. A intenção era intimidá-la. Edson, um suposto advogado, se dizia representante das empreiteiras Camargo Corrêa, OAS, UTC e Constran, justamente os alvos principais das prisões realizadas pela PF na sexta-feira passada. A conversa começa descontraída, amigável, e vai evoluindo para a ameaça. Prestativo, ele se põe à disposição para ajudar, dar apoio jurídico, mas a oferta é recusada. Em um tom de voz linear, o emissário passa a revelar os verdadeiros propósitos do encontro: “Sabemos que tem uma filha, que são somente vocês duas”, diz. No mesmo tom linear, lembra que Meire pertence a um “grupo fechado” e que, como pessoa de confiança de Alberto Youssef, não pode sair desse grupo ou recusar a ajuda de seus clientes. E vai ao ponto central do problema: “Dona Meire, o importante é não falar demais! De repente, uma palavra mal colocada pode ser perigoso, pode ser prejudicial”. Meire tenta se esquivar das ameaças, diz que está começando a não gostar do rumo da conversa, mas o advogado é ainda mais direto: “A senhora pode, sem querer, ir contra grandes empresas, políticos, construtoras. As maiores do país, a senhora entendeu?”.
O despacho das prisões, assinado pelo juiz Sérgio Moro, revela a íntegra da gravação e mostra que a intenção de ameaçar a contadora era clara. “O interlocutor prossegue ainda tentando convencer Meire a aceitar a ‘ajuda’ do grupo, mencionando que a mesma faria parte de um grupo fechado de pessoas que se ajudam, indicando claramente as técnicas de persuasão para que a mesma pudesse ser ‘controlada’ pela organização criminosa”, registra o despacho. Percebendo um sinal de nervosismo na contadora, ele avança, pergunta se Meire acha que ainda tem alguma coisa a acrescentar para a polícia e que tipo de acordo ela pretende fazer. Ela diz que não sabe como procederá. E o advogado vai direto ao ponto mais uma vez: “A gente não pode deixar que a senhora não aceite essa ajuda”. Diante da pressão, Meire finalmente reage. Afirma que se sente ameaçada, que não quer ajuda das empreiteiras e encerra a conversa com um recado: “O senhor provavelmente vai estar lá com os seus clientes, com a Camargo (Corrêa), com a UTC, com a Constran, com a OAS… Manda todo mundo ir tomar…”.
Entre os alvos do “juízo final”, como a ação foi batizada, está o advogado Carlos Alberto da Costa e Silva, que foi preso temporariamente e ainda teve seu escritório vasculhado pelos agentes. Meire Poza disse aos policiais que conheceu o porta-voz das ameaças no escritório do advogado Costa Silva, segundo ela o responsável por coordenar uma equipe de advogados contratados pelas empreiteiras. Procurado por VEJA em setembro, Costa Silva admitiu ter conversado com Meire, mas negou qualquer relação com as empreiteiras. Em nota encaminhada a VEJA, a UTC, que também controla a Constran, confirmou que o escritório de Costa Silva atuava no seu quadro jurídico. Costa Silva foi preso na Operação Anaconda, em 2003, acusado de participar de um esquema de venda de sentenças judiciais em São Paulo. E o tal Edson? “Não conheço, nunca ouvi falar.” A memória, ao que parece, não é o ponto forte do advogado.

NO BLOG DO JOSIAS
Afundada em corrupção, a Petrobras acredita ter encontrado uma saída para a mais grave crise de toda a sua história. A companhia estuda criar uma nova diretoria. Vem aí a diretoria de governança. Terá a missão de zelar pelo “cumprimento de leis e regulamentos”, informou Graça Foster. Vendida como “a mais importante das ações” da estatal para superar a crise, a provável criação do novo cargo se assemelha à ordem do maestro do Titanic para que a orquestra continuasse tocando enquanto o transatlântico afundava.
Graça Foster comunicou a novidade aos jornalistas do lado de diretores da Petrobras. Entre eles o atual titular da área de Abastecimento, José Carlos Cosenza. Que foi denunciado pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef como beneficiário de propinas de empreiteiras. “Entendemos que [a nova diretoria de governança] é algo importante e até certo ponto urgente para a companhia'', disse Graça. Por mal dos pecados, documento da PF relacionaindícios de que a água invade os trombones dos músicos que deslizam pelo salão da maior estatal brasileira.
No dizer da PF, o esquema de propinas “apresenta continuidade mesmo após a demissão do então diretor Paulo Roberto Costa”, hoje um corrupto confesso e delator premiado. Os investigadores varejam pagamentos feitos em 2014. A caminho do fundo, Graça Foster finge não notar que o desnível acentuado do chão do navio não decorre da qualidade do champanhe.
Os repórteres perguntaram a Graça Foster sobre o destino de Sérgio Machado. Apadrinhado de Renan Calheiros, ele teve de se licenciar da presidência da Transpetro por exigência de uma empresa de auditoria externa. A licença expira em 4 de dezembro. Vai voltar? Segundo Graça, a decisão é do próprio Machado. Hummmm!
Mais um pouco e os partidos do conglomerado governista serão convidados a indicar um apaniguado para o comando da futura diretoria de governança da Petrobras. E Graça, com óleo queimado na altura do nariz: “Toque glub-glub-glub…”

Ex-rivais de Dilma Rousseff na campanha presidencial, Marina Silva e Aécio Neves utilizaram uma entrevista da presidente sobre a corrupção na Petrobras como matéria-prima para suas ironias. Em textos veiculados na internet, ambos realçaram a ausência de autocrítica na manifestação da presidente.
Para Marina, Dilma não tirou os pés do palanque. “…Continua a fazer exaltações a seu governo em manifestações descoladas da realidade.” Ela reproduziu três comentários da presidente: 1) o caso do petrolão é “o primeiro da nossa história investigado”; 2) “isso pode, de fato, mudar o país para sempre”; 3) a investigação “não é algo engavetável”.
Na sequência, Marina espetou: “Dilma gosta de falar das ‘gavetas’ de governos anteriores, mas seria positivo para a sociedade brasileira que ela esvaziasse as próprias. Em vigor desde 29 de janeiro, a Lei Anticorrupção (12.846/13) ainda não está sendo aplicada, segundo estudiosos do Direito, porque não foi regulamentada pelo Palácio do Planalto. […] O Brasil aguarda ansiosamente que a presidente Dilma retire das gavetas do palácio o decreto que ajudará a combater a ação dos corruptores no país.”
Aécio escreveu que Dilma reage ao noticiário “como se fosse apenas uma espectadora, uma cidadã indignada, como se o seu governo não tivesse nenhuma responsabilidade com o que ocorreu na empresa nos últimos anos. Como se não tivesse sido ela a presidente do Conselho de Administração da Petrobras, responsável pela aprovação de inúmeros negócios, hoje sob investigação.”
Para o ex-presidenciável tucano, Dilma “zomba da inteligência dos brasileiros” ao “agir como se a Petrobras não fizesse parte do seu governo.” Aécio lembrou que, nos debates eleitorais, convidou Dilma a “pedir desculpas ao Brasil pelo que acontecia na empresa.” Reiterou a provocação: “Presidente, a senhora não acha que está na hora de pedir desculpas ao país pelo que o seu governo permitiu que ocorresse com a Petrobras?”
Auxiliares de Dilma e líderes do PT acusam a oposição de tentar criar no país uma atmosfera de “terceiro turno''. Comportam-se mais ou menos como um oficial alemão que foi visitar o estúdio de Picasso durante a ocupação de Paris. Ele viu na parede uma reprodução de Guernica, o quadro que mostra a destruição da cidade espanhola na guerra civil. “Foi o senhor que fez isso?”, perguntou o oficial. E Picasso: “Não, foram os senhores”.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
O venezuelano Elias Jaua, titular do Ministério das Comunas, da ditadura de Nicolás Maduro, em sua recente incursão pelo Brasil para recrutar crianças e adolescentes para serem doutrinados e treinados no comunismo bolivariano na Venezuela.

O Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) instaurou inquérito civil para apurar um suposto recrutamento ilegal de crianças e adolescentes brasileiros pelo governo da Venezuela. Segundo o órgão, eles seriam levados para serem doutrinados a atuar na chamada "revolução bolivariana".
A ação contra a União é assinada pelo procurador da República Ailton Benedito. Ele diz que tomou a medida baseando em notícias veiculadas pela imprensa brasileira de que o vice-presidente setorial do Desenvolvimento do Socialismo Territorial da Venezuela e titular do Ministério das Comunas, Elías Jaua, leva adolescentes brasileiros para o país desde 2011.
No inquérito, consta ainda uma notícia veiculada no site do governo venezuelano de que 26 crianças e adolescentes participaram do treinamento no estado de Sucre das chamadas “Brigadas Populares de Comunicação”, com o intuito de moldá-los como "futuros jornalistas para servir o país".
"Temos que saber em que condições, quem levou e quem autorizou a ida dessas pessoas até a Venezuela. Abrimos o inquérito justamente para apurar em que circunstâncias isso ocorreu, qual a idade dos envolvidos, de onde são e qual a real quantidade deles", disse Benedito ao G1.
O procurador adiantou e que vai encaminhar ainda nesta segunda-feira (17) ofício ao Ministério das Relações Exteriores para saber quais as providências estão sendo tomadas nesse sentido. Segundo Benedito, esse é o órgão do governo federal que, neste caso, tem competência para estabelecer a relação com os outros países e esclarecer a questão. Depois de notificado, o ministério tem até dez dias para se manifestar.
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. Do site G1
Facisímile da cabeça da reportagem do jornal norte-americano em espanhol El Nuevo Herald

JORNAL NORTE-AMERICANO TAMBÉM PUBLICA A MESMA INFORMAÇÃO
O jornal El Nuevo Herald, que integra a cadeia de jornais Miami Herald, de Miami (EUA), também traz em seu site reportagem sobre a atuação do ministro venezuelano Elias Jaua no Brasil. Aliás, a descoberta de Jaua em território brasileiro deu-se, nos dias que antecederam o segundo turno eleitoral, porque a Polícia Federal flagrou a babá dos filhos do venezuelano quando desembarcou no Brasil levando uma pistola 38 em sua bagagem de mão. Este assunto relatei aqui no blog.
Segundo reportagem do site de Veja, venezuelano Elías Jaua é um especialista em atividades clandestinas. Em 1992, ele estava entre os mais de 1.000 conspiradores envolvidos na sangrenta tentativa de golpe de Estado que deu fama ao coronel Hugo Chávez. Depois que Chávez chegou à Presidência, em 1999, Jaua passou a fazer parte da cúpula do novo governo, ocupando cargos variados, mas sempre com a responsabilidade de cooptar, articular e treinar movimentos sociais e milícias armadas com o propósito de implantar o “socialismo do século XXI” na Venezuela e de exportar esse modelo para os países vizinhos. Apropriadamente, Jaua comanda há dois meses o Ministério do Poder Popular para os Movimentos Sociais.
Como Jaua esteve no Brasil no período final da campanha do segundo turno o assunto praticamente foi escondido pela grande imprensa brasileira que, com exceção da revista Veja, opera o esquema de mídia do Foro de São Paulo. Por isso é que essas reportagens são minimizadas e o enfoque no caso de Jaua, explorou apenas o aspecto policial da prisão da babá de seus filhos. Afinal, a coisa não pode ser simplesmente varrida do noticiário. Neste caso, os jornais, em sua maioria controlados por editores comunistas, tratam de diminuir a importância desses eventos, embora como se nota agora, fatos como esse são de extrema gravidade e revelam a que ponto alcançou a atuação do Foro de São Paulo em território brasileiro, impulsionada pelo PT em conluio com Cuba e Venezuela. O objetivo é o golpe comunista bolivariano que tem mira, adiante, a aprovação pelo Congresso Nacional de um tal “plebiscito da Constituinte” objetivando uma reforma política que não passa de um golpe de estado como aqueles ocorridos na Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua e Argentina. O golpe de estado neo-comunista se utiliza dos mecanismos democráticos para ao final destruir a democracia e as liberdades civis. Aliás, tem sido um assunto recorrente aqui no blog, embora a totalidade dos veículos de mídia brasileiros estejam escamoteando essas informações já que estão acumpliciados com o PT.
Transcrevo a reportagem do El Nuevo Herald no original em espanhol: 
El Ministerio Público Federal (fiscalía) de Brasil pidió explicaciones al gobierno sobre la supuesta participación de niños y adolescentes brasileños en brigadas de comunicación de Venezuela, informaron fuentes oficiales.
Según la Fiscalía, que cita documentos del gobierno de Venezuela, 26 menores brasileños participan en las brigadas de comunicación en el estado venezolano de Sucre, donde fueron llevados “con el objetivo de ser adoctrinados en la revolución bolivariana”, según un comunicado.
El fiscal Ailton Benedito, de la oficina del estado de Goiás del Ministerio Público, consideró que el envío de esos menores a Venezuela puede incurrir en una “violación a los derechos humanos”, según la nota.
El comunicado cita una noticia de prensa según la cual el ministro venezolano de Comunas y Movimientos Sociales, Elías Jaua, “recluta” a niños brasileños desde el 2011 con el fin de que participen en las brigadas de comunicación.
La fiscalía dio un plazo de 10 días para que la cancillería de Brasil ofrezca informaciones sobre las condiciones de los menores brasileños que han sido llevados a Venezuela y si estos han participado en actividades de “adoctrinamiento”.
Jaua realizó una visita a Brasil el mes pasado, sin aviso previo al gobierno brasileño, para firmar un acuerdo de colaboración con el Movimiento de los Trabajadores Sin Tierra (MST), una importante asociación campesina de izquierdas.
El canciller brasileño, Luiz Alberto Figueiredo, manifestó su malestar al gobierno de Venezuela por el viaje sin aviso de Jaua y por la firma de los acuerdos que pudieran constituir una “injerencia en asuntos internos”.
Tanto la oposición brasileña como la venezolana han exigido explicaciones a sus respectivos gobiernos para conocer las actividades de Jaua en Brasil.Do site do jornal El Nuevo Herald



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