DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
As espantosas revelações do executivo Júlio Camargo foram decisivas na formatação da sétima fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (14) por ordem do juiz federal Sergio Moro. Representante da japonesa Toyo-Setal, Camargo atuava como um “coordenador” do esquema de empreiteiras que fraudava licitações e dividia os contratos bilionários da Petrobras, e pagava propina a políticos e a funcionários.
Com sua delação premiada, Júlio Camargo abriu a “porta do inferno” para empreiteiras corruptoras e políticos e governantes corruptos.
Júlio Camargo é considerado pelos investigadores como o “coração do esquema” do Petrolão. Seus depoimentos foram nitroglicerina pura.
Se as delações de Paulo Roberto Costa e de Youssef são padrão “master”, a do ex-diretor da Petrobras, Roberto Duque, será “premium”.
São consideradas históricas imagens da prisão de poderosos como o dono da empreiteira UTC, empresário Ricardo Pessoa, ontem.
Apanhada na Operação Lava Jato, Marice Correa de Lima, cunhada do tesoureiro do PT João Vaccari Neto, envolvido no Petrolão, levou R$1 milhão cash para pagar camisetas à Coteminas, do então vice-presidente José Alencar, como apurou a CPI dos Correios, em 2005. Militante petista de carteirinha, ela foi coordenadora do partido em São Paulo e era braço direito do cunhado nas safadezas do Petrolão.
Marice Lima, a cunhada dos milhões de Vaccari, também atuava numa Confederação Sindical das Américas (CSA), com sede no Panamá.
O noticiário policial varrendo figurões enrolados no Petrolão lembra a velha piada judaica: e quem vai ficar tomando conta da Petrobras?
Bem a calhar a piada correndo no Twitter: “Prenderam o Duque (ex-diretor da Petrobras). Agora falta o Rei”.
A sétima fase da Lava Jato aconteceu um dia após o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) ameaçar sindicância contra delegados, que, espantados com o Petrolão que investigam, criticaram Dilma nas redes.
Durante ato do PT no Rio, em setembro, o militante José Maria Rangel, da Federação dos Petroleiros, disse que Lula e Dilma geraram renda e empregos para os brasileiros, na Petrobras. O jornalista Sylvio Guedes concordou, no Facebook: “Alguns deles estão sendo presos hoje…”
Advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto foi contratado pela Costa & Silva Advocacia para também atuar em defesa de um executivo ligado à Petrobras, preso ontem. E pode?
O presidente da empreiteira Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, preso ontem, foi acusado pelo delator Paulo Roberto Costa de pagar R$ 10 milhões, através de Alberto Youssef, ao falecido senador Sérgio Guerra (PSDB).
A ligação de Henrique Meirelles ao Banco Original, do Grupo JBS/Friboi, virou um complicador a mais para seu retorno ao Banco Central ou para substituir Guido Mantega no Ministério da Fazenda.
O Brasil vende o iPhone 6 mais caro do mundo porque o governo, insaciável, toma grande parte em impostos. No modelo pelo qual o consumidor paga R$ 3.500, somente R$ 1.500 são de impostos.
Jogando em casa, a seleção alemã não conseguiu passar de modestos 4×0 contra Gibraltar, lugarejo de 30 mil habitantes. Na casa do adversário, dia desses, a mesma Alemanha meteu 7×1 no time de Felipão.
Os venezuelanos não sabem como serão as aulas dos 119 estudantes de medicina palestinos da bolsa Yasser Arafat 2014. Desconfiam que também serão obrigados a pagar os tradutores e depois virar cobaias.
…com a economia em parafuso e a lama jorrando nas altas esferas da Petrobras, Dilma nem deveria voltar da Austrália.

NO BLOG DO CORONEL
CHEFE – Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, preso na sexta-feira passada: o "capo" do cartel da Petrobras gostava de repetir que tinha um único amigo no governo – "o Lula" (Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo) 

Em um país de instituições mais frágeis, a prisão por suspeita de corrupção de altos executivos das maio­­res empresas nacionais não se efetivaria nunca ou produziria uma crise institucional profunda. Antes, portanto, de entrarmos nos detalhes dessa pescaria da Polícia Federal em águas sujas da elite empresarial, celebremos a maturidade institucional do Brasil — a mesma que foi posta à prova e passou com louvor quando o Supremo Tribunal Federal (STF) mandou para a penitenciária a cúpula do partido no poder responsável pelo escândalo do mensalão.
Esse senhor pesadão, bem vestido, puxando uma maleta com algumas mudas de roupa e itens de higiene pessoal, não está se dirigindo a um hangar de jatos executivos para mais uma viagem de negócios. Ele está sendo conduzido por policiais para uma temporada na cadeia. A foto ao lado mostra o engenheiro Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, apontado por investigações da Operação Lava-Jato como o “chefe do clube”. 
Um clube muito exclusivo, diga-se. Dele só podiam fazer parte grandes empresas que aceitassem as regras do jogo de corrupção na Petrobras. Por mais de uma década, os membros desse clube se associaram secretamente a diretores da estatal e a políticos da base aliada do governo para operar um dos maiores esquemas de corrupção já desvendados no Brasil — e, por sua duração, volume de dinheiro e penetração na mais alta hierarquia política do país, talvez um dos maiores do mundo.
Dono de uma holding que controla investimentos bilionários nas áreas industrial, imobiliária, de infraestrutura e de óleo e gás, Pessoa foi trancafiado numa cela da carceragem da Polícia Federal. Ele e outros representantes de grandes empreiteiras que se juntaram para saquear a maior estatal brasileira e, com o dinheiro, sustentar uma milionária rede de propinas que abasteceu a campanha de deputados, senadores e governadores — e, mais grave ainda, segundo declaração do doleiro Alberto Youssef à Justiça, tudo isso teria se passado sob o olhar complacente do ex-presidente Lula e de sua sucessora reeleita, Dilma Rousseff.
Na ação policial de sexta-feira (14) foram presos dirigentes de empresas que formam entre as maiores e politicamente mais influentes do Brasil: OAS, Camargo Corrêa, Mendes Júnior, Queiroz Galvão, UTC, Engevix, Iesa e Galvão Engenharia. Essas companhias são responsáveis por quase todas as grandes obras do país. Os policiais federais vasculharam as salas das empresas ocupadas pelos suspeitos presos e também suas casas. 
Embora tendo executivos seus citados por Youssef e Paulo Roberto Costa, o e­­x-diretor da Petrobras preso em março, que está contribuindo nas investigações, não foram alvos das investidas policiais da sexta-feira passada dirigentes de outros dois gigantes do ramo: a Odebrecht e a Andrade Gutierrez. O juiz Sergio Moro recebeu pedido dos procuradores para emitir ordem de prisão contra dois altos executivos da Odebrecht. Negou os dois, mas autorizou uma incursão na sede da empresa em busca de provas.
O ELO – Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, que cobrava 3% de propina para o PT: preso depois que a Polícia Federal descobriu que ele tinha contas secretas no exterior

“Hoje é um dia republicano. Não há rosto e bolso na República”, declarou o procurador Carlos Fernando Lima, integrante da força-tarefa encarregada da Lava-Jato, a origem da investigação.
No rol dos empreiteiros caçados pela polícia estavam megaempresários, como Sérgio Mendes, da Mendes Júnior, João Auler e Eduardo Hermelino Leite, da Camargo Corrêa, Ildefonso Colares Filho e Othon Zanoide, da Queiroz Galvão, Léo Pinheiro, da OAS, e Gerson Almada, da Engevix. 
Uma parte dos alvos não havia sido localizada pela polícia até o fim da tarde de sexta. Alguns estavam em viagem no exterior e foram incluídos na lista de procurados da Interpol. O juiz Moro bloqueou 720 milhões de reais em bens dos investigados.
O papel central de Ricardo Pessoa, da UTC, no esquema foi detectado logo no princípio das investigações. Não demorou muito para que os policiais e procuradores não tivessem mais dúvida. Aos curiosos com sua prosperidade crescente nos últimos anos, Ricardo Pessoa dava uma explicação que, até o estouro do escândalo, parecia apenas garganta: “Só tenho um amigo no governo: o Lula”. Pessoa coordenava o cartel, do qual participavam treze empreiteiras. 
Esse grupo de privilegiados se encontrava para decidir o preço das obras na Petrobras, dividir as responsabilidades pela execução de cada uma delas — e, o principal, o valor da propina que deveria sobrar para abastecer os escalões políticos. Tecnicamente, esse era o grupo dos corruptores. Os diretores da Petrobras participantes do esquema eram os corruptos. De cada contrato firmado com a Petrobras, os empresários recolhiam 3% do valor, que se destinava a um caixa clandestino. O pagamento era feito de diversas maneiras: em dinheiro vivo e em depósitos no exterior ou no Brasil mesmo, em operações maquiadas como prestação de serviços, principalmente de consultoria — um termo vazio de significado, mas que transmite um certo ar de austeridade e necessidade.
As empreiteiras do esquema firmavam contratos de consultoria com empresas de fachada que embolsavam o dinheiro e davam notas fiscais para “limpar” as operações, que pareciam protegidas por uma inexpugnável confraria de amigos posicionados nos lugares certos em Brasília e na Petrobras. Os recursos desviados abasteciam o PT, o PMDB e o PP, os três principais partidos da base de apoio do governo federal. A investigação mapeou o caminho da propina paga por várias das integrantes do clube. Entre 2005 e 2014, o grupo OAS, por exemplo, repassou pelo menos 17 milhões em propinas apenas por meio do doleiro Alberto Youssef.
Além dos empreiteiros e de seus principais executivos, também foi preso o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, apontado como o homem que, no fatiamento da propina, cuidava da parte que cabia ao PT. Esse elo que a polícia começa a fechar entre o diretor corrupto e a empresa corruptora tem atormentado deputados, senadores petistas e altos dirigentes do governo. 
Funcionário de carreira, Duque entrou na Petrobras em 1978 — um ano depois de Paulo Roberto Costa — por concurso. Galgou alguns postos ao longo de sua trajetória, mas sua nomeação como diretor, em 2003, surpreendeu a todos. Duque era, então, chefe de setor, alguns níveis hierárquicos abaixo da diretoria. Nunca antes na história da Petrobras um chefe de setor havia ascendido sem escalas à cúpula. A explicação logo se tornou pública. Duque era o escolhido de José Dirceu, com quem tinha um relacionamento antigo. Discreto e de temperamento afável, Duque procurava não ostentar. Entre 2003 e 2012, ele reinou absoluto na diretoria de Serviços. Paulo Roberto Costa revelou à Justiça que, por lá, 3% do valor dos contratos era repassado exclusivamente ao PT.
EXPLOSÃO – Fernando Baiano: o lobista, que está foragido, ameaça contar o que sabe e elaborou uma lista com beneficiários de propina ligados ao PMDB

A polícia já descobriu onde estão as contas bancárias que receberam parte desses recursos. Elas foram identificadas por Julio Camargo, dirigente da Toyo, outra empreiteira envolvida no escândalo, que também fez acordo com a Justiça para contar o que sabe. E ele sabe muito, principalmente sobre a distribuição de dinheiro ao partido que está no governo há doze anos e a alguns de seus altos dirigentes. Foi com base no depoimento de Julio que a polícia decidiu pedir a prisão temporária de Duque e colocar outro funcionário da Petrobras no radar: Pedro José Barusco, que atuou como gerente de engenharia. Barusco só não foi preso porque propôs um acordo de delação premiada. 
Os policiais também chegaram a uma personagem que leva o escândalo ao coração do PT: Marice Correa de Lima, cunhada de João Vaccari, tesoureiro do partido, outro investigado. Marice lidava com o que o doleiro Youssef chama de “reais vivos”. Em dezembro do ano passado, a cunhada do tesoureiro do PT recebeu no apartamento onde mora, em São Paulo, 110 000 reais. Origem das cédulas: a construtora OAS. Marice é também mais um elo a ligar o petrolão ao mensalão. A petista apareceu nas investigações do grande escândalo do governo Lula como encarregada de pagamentos.
Outro alvo da operação de sexta feira, o lobista Fernando Soares, o Baiano, é apontado como o arrecadador do PMDB na Petrobras. Baiano estava foragido. Sua prisão vai ajudar a esclarecer outras frentes de corrupção na estatal — entre elas, a rede de propinodutos instalada no negócio da compra da refinaria de Pasadena, no Texas. E os resultados da Operação Lava-Jato estão apenas começando a aparecer. (Da Veja)

Houve uma renovação de 43,5% na Câmara dos Deputados. Entre deputados federais que voltam e que foram eleitos pela primeira vez serão 223 parlamentares que não tem um só compromisso que não seja com os seus eleitores. Da mesma forma, o Senado Federal terá uma renovação de 27%, pois apenas 5 senadores obtiveram reeleição e chegarão à Casa 22 novos senadores, alguns que já cumpriram mandatos em legislaturas anteriores. 
Estes novos congressistas assumirão os seus cargos em um momento decisivo para a vida do país. Ao que tudo indica, velhos parlamentares corruptos estarão com os seus mandados em xeque, em função da roubalheira sem limites descoberta na Petrobras, pela Operação Lava Jato. Muitos destes velhos parlamentares, que são quem detém o poder no Congresso, tentarão cooptar os votos dos novos parlamentares. O farão para abafar, obstruir e construir blindagens para que os seus crimes não sejam punidos. 
Não caiam nesta armadilha, novos parlamentares. Vocês estão chegando ao Congresso Nacional para limpar os seus partidos e a própria política brasileira. Não sujem os seus nomes! Não há fidelidade partidária neste momento da vida nacional. Lembrem que vocês só tem compromisso com os eleitores que os elegeram. E eles não fizeram isso para transformá-los em cúmplices do esquema criminoso que o PT montou neste país para torná-los meros joguetes, meros fantoches, meros fantasmas dentro do Parlamento. 
É hora de mudar a política no país. Os novos deputados e senadores poderão ser os grandes avalistas desta mudança. Honrem os votos recebidos. Honrem os seus eleitores. Honrem as suas biografias. Tudo isso está muito acima dos partidos que os elegeram. Ainda mais se vocês forem de um destes ditos partidos da "base do governo" mais corrupto da história deste país.

Ao que tudo indica, em breve estarão unidos para sempre por um par de algemas.

O único petista que falou sobre a prisão do operador do PT dentro da Petrobras foi o deputado Vicentinho, aquele que tem a língua presa. Muito simbólico. O que ele disse? "Não indicamos para cometer crimes." Ai, ai! Não falou o presidente do partido Rui Falcão, não falou o sempre tão falante senador Humberto Costa, não falou o também sempre mordaz deputado gaúcho Henrique Fontana, nem mesmo a senadora da língua "quente", que defende a "presidenta" com unhas e "dentes", Gleisi Hoffmann, derrotada ao governo do mesmo Paraná para onde um avião cheio de corruptos está sendo levado pela Polícia Federal. O Jornal Nacional mostrou o delator Paulo Roberto Costa dizendo que o diretor Roberto Duque, que roubou a Petrobras de 2003 a 2012, foi indicado por José Dirceu. A assessoria do corrupto mensaleiro informou que ele nega com veemência a acusação. José Dirceu é o único bandido presidiário ladrão que tem "assessoria". Não duvidem. Deve ser paga com dinheiro do Petrolão. Que o deputado fique esperto. Língua presa é indício de outras prisões. Especialmente para outro petista que sofre do mesmo mal e para a sua "chefa", a Rainha da Petrobras.

Desde o Mensalão que a cunhada do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, Marice Corrêa Lima, era parte ativa do esquema de corrupção do partido. Hoje, finalmente, ela foi levada à PF para prestar esclarecimento. Tomara que no Petrolão ela pague pelos seus crimes no Mensalão.
Recordar é prender!
Em 7 de dezembro de 2005, quando o Mensalão estava sendo investigado, a Folha de São Paulo publicou a seguinte matéria:
Apontada como a portadora de R$ 1 milhão do PT à Coteminas (Companhia de Tecido Norte de Minas), a coordenadora administrativa do partido, Marice Corrêa Lima, confirmou a petistas ter levado o dinheiro à empresa em maio deste ano. Ela também assinou um recibo em que consta o valor entregue. Mas, pelo fato de os recursos não estarem contabilizados -e para não admitir uma ilegalidade-, o PT continuava ontem agindo como se a operação não tivesse existido.
"Não tem como [o PT] assumir esse pagamento. Claro que não. Como a instituição vai assumir algo que não houve?", disse o atual tesoureiro do partido, Paulo Ferreira. A declaração foi dada antes da divulgação da nota do antecessor de Ferreira no cargo, Delúbio Soares, na qual o pagamento foi justificado com recursos que tiveram origem "nos empréstimos feitos por Marcos Valério".
Já o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, disse ontem que não tem como "provar que não ocorreu" o pagamento de R$ 1 milhão. "O Josué [Gomes, filho de Alencar] diz que ocorreu. O Delúbio [Soares, ex-tesoureiro] diz que ocorreu. Se ambos dizem que ocorreu, quem sou eu para dizer que não ocorreu?"
Sobre a participação da coordenadora administrativa no episódio, Paulo Ferreira disse que ela "cumpriu ordens, nem sabia o que estava levando". "Pode não ter sabido, entendeu?", corrigiu-se. "O responsável era o dirigente", disse, numa alusão a Delúbio.
A coordenadora Marice aparece como signatária de um recibo emitido pela Coteminas, no valor de R$ 1 milhão. O documento, de 17 de maio de 2005, atesta o "pagamento parcial referente a fornecimento de camisetas para o Partido dos Trabalhadores". No papel consta um "de acordo", acompanhado da assinatura da funcionária petista.
Empresa do vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, a Coteminas afirmou que o pagamento é referente a uma parcela de uma dívida de R$ 11,031 milhões -atualizados em R$ 12.279.036,31-, relativa ao fornecimento de camisetas na campanha eleitoral de 2004. Documentos da Coteminas mostram que Josué Gomes trocou correspondência com três presidentes do PT para cobrar a dívida: José Genoino, Tarso Genro e Ricardo Berzoini.
Tarso chegou a apresentar uma proposta de pagamento em 48 meses. Em resposta por escrito, Gomes alegou que, "em função da perversa combinação das políticas monetária e cambial", não poderia aceitar o acordo. Ele propôs pagamento em 12 meses.
No dia 11 de outubro, Tarso reiterou a proposta de parcelamento em 48 meses. No dia 25 de outubro, Josué Gomes endereçou nova carta ao atual presidente, Ricardo Berzoini. Nem Tarso nem Genoino quiseram falar sobre a negociação. Procurada pela Folha, Marice disse que não tem autorização para falar sobre o assunto. "Se ele [Ferreira] me autorizar, eu falo. Agora, eu não tenho autorização nem autoridade para fazer isso."

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Diga-se pela enésima vez: o PT não inventou a corrupção. É claro que não! O que o partido fez foi transformá-la num sistema e alçá-la à categoria de uma ética de resistência. Nesse particular, sem dúvida, inovou. Se, antes, a roubalheira generalizada era atributo de larápios, de ladrões, de safados propriamente, ela se tornou, com a chegada dos companheiros ao poder, uma espécie de imperativo do “sistema”. Recorrer às práticas mais asquerosas, contra as quais o partido definiu o seu emblema na década de 80 — “Ética na política” —, passou a ser chamado de “pragmatismo”.
Observem que o partido não se tornou “pragmático” apenas nessas zonas em que a ação pública se transforma em questão de polícia. Também a sua política de alianças passou a ter um único critério de exclusão: “Está do nosso lado ou não?”. Se estiver, pouco importa a qualidade do aliado. Inimigos juramentados de antes passaram à condição de fieis aliados. O símbolo dessa postura, por óbvio, é José Sarney. No ano 2000, Lula demonizava Roseana nos palanques; em 2003, os petistas celebraram com a família uma aliança de ferro.
Os demônios que vão saindo das profundezas da Petrobras são estarrecedores. Não se trata, como todos podemos perceber, de desvios aqui e ali, como se fossem exceções a regras ancoradas no rigor técnico. Não! A corrupção era, tudo indica, sistêmica; não se tratava de um corpo estranho; era ela o organismo. E, convenham, parece que não havia valhacouto mais acolhedor e seguro do que a estatal. A Petrobras, com a devida vênia, nunca foi exatamente um exemplo de transparência, já antes de Roberto Campos ter-lhe pespegado a pecha de “Petrossauro”.
Em nome do nacionalismo mais tosco — antes, meio direitoso, com cheiro de complexo burocrático-militar; depois, com o viés esquerdoso, tão bocó como o outro, só que ainda mais falsificado —, há muitos anos a empresa se impõe ao país, não o contrário. Não foram poucas as vezes em que mais a Petrobras governou o Brasil do que o Brasil, a Petrobras. Com a chegada do PT ao poder, o que já era nefasto ganhou ares de desastre.
A empresa passou a ser o “bode exultório” — que é o oposto do “bode expiatório” — da esquerdofrenia petista. E porque o partido é esquerdofrênico? Porque o estatismo advogado pelos “companheiros” só pode ser exercido, como é óbvio, com o concurso do capital privado, com o auxílio de alguns potentados da economia, com o amparo de quem reúne a expertise para tocar a infraestrutura. E o resultado é o que se tem aí.
Não vou livrar a cara das empreiteiras, não. Quem não quer não corrompe nem se corrompe. Mas não dá para esquecer o depoimento de Alberto Youssef ao juiz Sérgio Moro, em que sobressaem duas informações importantes:
1) o doleiro afirmou que era pegar ou largar; ou as empreiteiras aceitavam pagar o preço — ou melhor, incluir a propina no preço —, ou estavam fora do jogo; e boa parte preferiu jogar;
2) indagado por Moro se as empreiteiras costumavam cumprir a sua parte no acordo, Youssef disse que sim. E explicou os motivos: ela tinham muitos interesses em outras áreas do governo, não apenas na Petrobras. Afinal, também constroem hidrelétricas, estradas, infraestrutura de telecomunicações etc.
Assim, duas conclusões se fazem inevitáveis:
1) as empreiteiras, tudo indica, atuaram como corruptoras, sim, mas é razoável supor que falavam a linguagem que o outro lado queria ouvir;
2) não há por que o padrão de governança das demais estatais e órgãos públicos federais ser diferente. Como já afirmei neste blog muitas vezes, estamos diante de um método, não de um surto ou de um lapso da razão.
Governo em parafuso
Já está mais do que evidente, a esta altura, que Lula e Dilma foram suficientemente advertidos para parte ao menos dos descalabros. Os que se lançaram a tal empreitada, talvez ingenuamente, imaginavam que a dupla não sabia de nada. A questão, meus caros, desde sempre, é outra: havia como não saber? Tendo a achar que não. O TCU alerta, por exemplo, para os desvios da refinaria de Abreu e Lima desde 2008.
Recorram aos arquivos. A partir de 2010, o então presidente Lula começou a atacar os órgãos de fiscalização e controle, muito especialmente o TCU. No dia 12 de março daquele ano, foi ao Paraná inaugurar a primeira etapa das obras de modernização e ampliação Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na região metropolitana de Curitiba. O Tribunal de Contas havia recomendado a suspensão de verbas para a Repar justamente por suspeita de fraude e superfaturamento. Lula não deu pelota e ainda atacou o TCU. Leiam:
“Sou favorável a toda e qualquer fiscalização que façam, até 24 horas, via satélite. Acontece que as coisas são complicadas. Muitas vezes, as pessoas levantam suspeitas de uma obra, paralisam a obra e, só depois da obra paralisada, chegam à conclusão de que está correta. Quem paga o prejuízo da obra paralisada? Não aparece. O povo brasileiro paga porque não tem obra”.
Pois é… Vejam quanto “o povo brasileiro” está pagando pelo método Lula de fazer política.
O terremoto que está em curso abalou as empreiteiras, aquelas que ou pagavam a propina ou ficavam fora do negócio.. Pesos pesados do setor estão na cadeia, alguns em prisão preventiva, e outros, em prisão provisória. Mas estamos bem longe do topo na escala. Estima-se que o esquema possa enredar nada menos de 70 políticos, muitos deles com mandato. A delação premiada pode devastar parte considerável da classe política brasileira. E, aí sim, talvez saibamos o que é a terra a tremer.
E a gente se espanta ao constatar que o segundo mandato de Dilma ainda não começou. Talvez só em janeiro muita gente se dê conta de que pode haver mais quatro anos de mais do mesmo, só que num cenário à beira do abismo.
Policiais Federais chamaram esta sexta de “Dia do Juízo Final”, que é apenas uma passagem do Apocalipse!

Na VEJA.com:
A Justiça Federal de Curitiba identificou pagamentos de 90 milhões de reais das empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato às empresas controladas por Alberto Youssef. O doleiro é apontado como o responsável por repassar os recursos desviados da Petrobras a partidos políticos, empresários e outros beneficiados do esquema de corrupção. Os pagamentos às empresas do pivô da Lava Jato eram justificados como quitação de serviços terceirizados de consultoria financeira e técnica mas, de acordo com as investigações, as empresas controladas por Youssef não exerciam qualquer atividade econômica e funcionavam apenas como fachada para a lavagem do dinheiro.
Entre as movimentações suspeitas aparecem depósitos de 4,8 milhões de dólares feitos pela OAS African Investments Limited em três parcelas entre maio e agosto de 2013. Os recursos foram depositados em uma conta em agência do PBK Bank, na Suíça, em nome da empresa de serviços off-shore Santa Thereza Services, que também seria controlada pelo próprio Alberto Youssef. Além do depósito, foram localizadas transferências de 5,5 milhões de reais feitas por consórcios liderados pela Mendes Junior, que teve o vice-presidente preso durante as operações da PF desta sexta-feira. Também há depósitos da Investminas (4,3 milhões de reais), da construtora OAS (1,6 milhão de reais) e Engevix (3,2 milhões de reais), entre outros.
De acordo com o relatório, que embasou as prisões e investigações deflagradas pela Polícia Federal nesta sexta-feira (14), as investigações indicaram que “as maiores empreiteiras do país formariam uma espécie de cartel, definindo previamente as vencedoras das licitações da Petrobras, o que lhes permitia cobrar o preço máximo da empresa estatal, e que pagavam um porcentual, de 3% ou 2%, sobre o valor dos contratos a agentes públicos”.
O documento relata que os valores desviados da estatal eram repassados pelos consórcios de empreiteiras a empresas terceirizadas e fornecedoras de equipamentos. Estas, então, repassavam os valores a empresas controladas por Alberto Youssef, como a MO Consultoria e a GDF Investimentos, simulando a execução de serviços de consultoria.
Contas
Somente o Grupo Sanko teria movimentado mais de 33 milhões de reais para as contas do doleiro. O grupo possui contratos de mais de 3 bilhões de reais para fornecimento de tubulações para obras da estatal. Um dos executivos do grupo, Márcio Bonilho, em depoimento prestado na Justiça Federal, confirmou o relacionamento e os repasses ao doleiro. O relatório apresenta trechos do depoimento em que descreve Youssef como alguém de “credibilidade boa”, que “abria portas” e andava com pessoas “tomadoras de decisão” em relação aos contratos.
“Saímos tentando vender esse projeto, eu conheci o Alberto Youssef, se eu não me engano uns quatro ou cinco. (…) Ele era uma pessoa que gozava de uma credibilidade boa nesse setor e ele andava com pessoas tomadoras de decisão (…). Eu coloquei a possibilidade, ele falou de uma possibilidade de pagar comissões para ele, eu fechei o negócio e aconteceram as comissões”, diz o trecho. Em outra passagem, Bonilho afirmou que o doleiro tinha relações com diretores das empreiteiras e marcava reuniões com o executivo.
“Ele apresentava, marcava uma reunião, eu era recebido, fazia a apresentação técnica e nós tentávamos fazer a venda. Eu fechei negócios com o CNCC, fechei negócios com o Conest, fechei negócios com a UTC, fechei negócios com Engevix, com o Estaleiro, fechei… Não recordo todos, mas fechei meia dúzia de negócios, assim, com 10 empresas distintas”, completou o trecho.
Assinatura
O relatório é assinado pelo juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná, responsável pelo caso. O documento apresenta uma planilha resultado de perícia elaborada no decorrer das investigações a partir de informações obtidas com a quebra do sigilo fiscal e bancário das empresas. Também foram investigadas “planilhas de contabilidade informal” do doleiro citando “comissões e repasses”, mas sem identificar beneficiários. Os depósitos teriam ocorrido entre 2009 e 2013, período em que foram identificadas as irregularidades na Petrobrás.
Os depoimentos de funcionários das empresas do doleiro Alberto Youssef também indicaram que os contratos não eram efetivamente cumpridos e que as empresas apenas forneciam notas fiscais. “Não foi colhida qualquer prova de que as referidas empresas MO Consultoria, GDF Investimentos, Empreiteira Rigidez e RCI Software prestassem, de fato, alguma espécie de serviço de consultoria ou mesmo que tivessem quadro especializado de empregados ou terceirizados aptos a atender consultorias técnicas para as maiores empreiteiras de obras do Brasil”, completa o juiz Sérgio Moro.

Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
Os executivos Júlio Camargo e Augusto Mendonça Neto, delatores do núcleo empresarial investigado na Operação Lava Jato, relataram em depoimentos que pagaram mais de 30 milhões de reais ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso nesta sexta-feira, e a um subordinado dele, Pedro Barusco, que era gerente de serviços. Os pagamentos de propina eram exigidos como condição para que a estatal assinasse contratos com empreiteiras do cartel investigado na operação, de acordo com os delatores. Foram denunciadas propinas em contratos da Refinaria de Paulínea (Replan), do Gasoduto Urucu-Manaus, do Terminal Cabiúnas 3, da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) no Paraná, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e no Projeto Cabiúnas 2.
Camargo e Mendonça Neto chegaram a indicar os bancos no exterior em que os pagamentos eram feitos. De acordo com eles, havia pagamentos nos bancos Cramer e Credit Suisse, na Suíça, e no banco Winterbothan, no Uruguai. O Ministério Público Federal já requisitou em pedidos de cooperação internacional que os países confirmem a circulação de dinheiro de Duque e do subordinado no país. Em relatório, o Ministério Público Federal destaca ainda que Barusco teve recentemente 20 milhões de dólares apreendidos administrativamente na Suíça.
O caminho do pagamento de propinas, providenciado pelos delatores na maioria das vezes, foi descrito em diferentes projetos da Petrobras. Em contratos da Repar, por exemplo, o consórcio Interpar contratou a empresa Auguri Empreendimentos, uma das firmas mantidas por Camargo, e o dinheiro seguiu para contas do exterior de Duque e Barusco. O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa também utilizava contas na Suíça para receber propina no exterior. Mas, em função do acordo de delação premiada, pelo qual prestou depoimentos com o objetivo de elucidar crimes em troca de penas mais brandas, teve de abrir mão do dinheiro. Agora, uma série de políticos teme eventual delação premiada de Duque, indicado unicamente pelo PT – mais precisamente pelo ex-ministro José Dirceu.

NO BLOG DO JOSIAS
Rui Falcão, o presidente do PT federal, disse que o partido expulsará dos seus quadros os filiados enroscados na Petrobras. “Eu já fui ao STF e à Procuradoria-Geal da República pedir acesso ao que possa existir sobre o PT nessas delações da Lava Jato. Se tiver qualquer filiado do PT envolvido em corrupção, malfeitos, apropriação de recurso público e em aproveitamento de propina, nós vamos aplicar o estatuto e vamos expulsá-los do partido”, disse, em entrevista a Mario Sergio Conti.
Vamos e venhamos: como dar crédito ao companheiro se nenhum dos petistas condenados no STF foi convidado a se retirar a legenda? José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares até já migraram do regime semiaberto para a prisão domiciliar. E nada de o PT expurgá-los. Por que a legenda agiria de outro com gente como o tesoureiro petista João Vaccari Neto?

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