DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
O Tribunal Superior Eleitoral contabiliza R$ 253 milhões em doações do Grupo JBS/Friboi à campanha de 2014, considerando só o que foi registrado oficialmente. O operador do dinheiroduto e executivo do JBS, Ricardo Saud, ganhou apelidos como “Homem da Mala” ou “Homem do Rodízio”. Representando Joesley Batista, o “rei do gado”, que preside o JBS, ele adquiriu acesso à intimidade do poder, organizando churrascos na residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros.
Participam de churrascos na casa de Renan senadores como Eduardo Braga (AM), Vital do Rêgo (PB) e Romero Jucá (RR), todos do PMDB.
Deputados e senadores dizem que o JBS seguiu orientação da cúpula do PT, e Ricardo Saud – que ontem esteve em Alagoas – executava.
A ascensão do JBS coincide com a chegada do PT no poder. Na era Lula, o BNDES comprou 24,6% do JBS e injetou nele R$ 10,5 bilhões.
O Grupo JBS informou que Joesley Batista, o “rei do gado”, não falará sobre isso e negou enfaticamente “doações não contabilizadas”.
Admirado por sua integridade, o ex-presidente do Tribunal de Contas da União, Ubiratan Aguiar, hoje aposentado, chegou a ter uma conversa tensa com o colega Aroldo Cedraz sobre a presença ativa do seu filho, advogado Tiago Cedraz, naquele órgão. Na ocasião, o ministro Aroldo reagiu fortemente em defesa do filho e disse não acreditar na suspeita. Tiago admitiu há um ano que atua em pelo menos 150 casos no TCU.
Em 2011, Tiago Cedraz foi citado na operação Voucher, da PF, por favorecer acesso a informações privilegiadas de investigados no TCU.
Segundo a PF, Tiago foi contratado por uma ONG Ibrasi, da “máfia do Turismo”, investigada no TCU por irregularidades do ministério da área.
A presença ativa de Tiago Cedraz preocupa agora ainda mais os ministros, porque seu pai vai assumir a presidência do TCU no dia 19.
Derrotado na disputa para o governo do Rio Grande do Norte, o atual presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi sondado para o Ministério do Turismo. Recusou, ofendidíssimo.
Lula anda preocupado com a oposição mais “qualificada” que Dilma enfrentará no Congresso, a partir de 2015. A senadores do PT, ele disse que a presidenta precisa ouvi-los mais.
O uso da internet “mataria” metade das reuniões de autoridades no exterior, com passagens e diárias obesas, como a viagem de 7 dias à Suíça do secretário de Justiça, Paulo Abrão, para falar de refugiados.
As denúncias do Petrolão não param, tampouco a diretora da Agência Nacional do Petróleo, Magda Chambriard: ela pediu passaporte diplomático e viajou ontem (10) a Lisboa e Londres. Só volta no sábado (14).
O juiz Ademar Vasconcelos, quando era titular da Vara de Execuções Penais do DF, cansou de oferecer mil presos em regime semiaberto para limpar ruas, e mais 400 para limpar o estádio Mané Garrincha, todos ganhando salário mínimo, e sem vínculo. O governo do DF não quis.
Descarrilou o primeiro trem-bala da América Latina, no México: o governo cancelou após a descoberta de que a mulher do presidente Peña Neto “comprou” mansão de uma sócia do consórcio chinês.
Ilustrador cativo do Ministério da Educação, o cartunista Maurício de Sousa vai ganhar, sem licitação, R$ 470 mil do ministério da Defesa, para alertar crianças dos perigos de brincadeiras perto de aeroportos.
O PT tem bom motivo para criticar a auditoria das urnas eletrônicas: desde sua adoção, em 2000, nunca mais perdeu eleição presidencial.

NO BLOG DO CORONEL
O doleiro Alberto Youssef, alvo da Operação Lava Jato, confirmou ontem (10) à Justiça Federal o elo do mensalão do PT com o esquema de corrupção e propinas na Petrobrás. Ele disse que mantinha uma conta corrente conjunta com o ex-deputado José Janene (PP-PR) - morto em 2010 -, responsável pela indicação de Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera, em 2004.
Youssef declarou que, por orientação de Janene, repassava valores a "agentes públicos" e "agentes políticos" e usava para isso um segundo doleiro, Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torres, em Brasília, para entregar o dinheiro. Ele disse que parte da quantia vinha do caixa de construtoras.
O juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato, perguntou a ele qual a origem do dinheiro. "Comissionamento de empreiteiras", declarou Youssef. O juiz perguntou: "Decorrente de contratos com a administração pública, em geral propinas?" Youssef respondeu: "Sim senhor, Excelência.""Tudo o que o seu Janene precisava de recursos ele pedia a mim e eu disponibilizava", contou Youssef. 
"Às vezes essa conta ficava negativa, às vezes ficava positiva. Na verdade nessa conta também ia recurso para outras pessoas, não que eu administrasse os recursos dessas outras pessoas, mas eu via esse caixa como caixa do partido, o Partido Progressista." O doleiro não citou nome de nenhum agente público ou agente político. Tais nomes ele já citou em acordo de delação premiada que ainda terá de ser homologado pela Justiça. 
Youssef é réu em cinco ações penais da Lava Jato na Justiça Federal no Paraná. Em uma ação, ele é acusado de ter participado da lavagem de R$ 1,16 milhão do mensalão do PT através de investimentos em uma empresa de equipamentos industriais situada em Londrina (PR). A ação penal em que Youssef depôs ontem trata da ligação do doleiro com o ex-deputado Janene e com o doleiro Carlos Habib Chater.
Youssef afirmou que Janene investiu na empresa de Londrina por meio de outra companhia ligada a ele, a CSA Project. Essa firma foi usada para receber recursos do fundo de pensão da Petrobrás, a Petros, alvo da Lava Jato.(Estadão)

O procurador da República em Araçatuba, Paulo de Tarso Astolphi, que está sob escolta da Polícia Federal por ter sido ameaçado de morte, diz que pode pedir, na esfera cível, o depoimento da presidente Dilma Rousseff sobre a licitação de R$ 432,3 milhões da Transpetro para a compra de 100 embarcações destinadas ao transporte de etanol pela hidrovia Tietê-Paraná. 
O procurador, que pediu o bloqueio dos bens e o imediato afastamento do então presidente da Transpetro, Sérgio Machado, disse que a equipe de seis procuradores do Ministério Público Federal que apuram o caso deverão estudar se pedem para a presidente explicar as declarações que deu em Araçatuba (SP) durante discurso de abertura da licitação, em março de 2010.
Será a segunda tentativa do MPF de ouvir Dilma sobre o assunto. Na esfera criminal, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, rejeitou o pedido feito por Astolphi em setembro. Desde segunda-feira (10), mesmo dia do afastamento de Machado da presidência da Transpetro, Astolphi recebe escolta de dois agentes da Polícia Federal. Segundo ele, a ameaça de morte foi feita por telefonema a sua casa e está relacionada com o caso investigado por ele. Leia os principais trechos da entrevista:
Dilma com Sérgio Machado, o corrupto afastado da Transpetro, quando anunciavam o resultado de uma licitação cujo o edital estava sendo lançado, uma prova conclusiva de que o resultado, que gerou milhões para o Petrolão, já era conhecido.
Terra - Como foi que o senhor foi ameaçado?
Astolphi - A ameaça foi feita por meio de telefonema em minha casa. Não posso dizer o que falaram, mas o fato é que tinham o número do meu telefone, que nem está na lista. Não sei como conseguiram. Mas, antes mesmo disso, a assessoria de segurança da Procuradoria Geral da República já tinha manifestado preocupação com minha segurança, principalmente porque o grupo estava pedindo o bloqueio de bens e o afastamento dos suspeitos, afora o valor da ação. E depois da ameaça, então, ela não teve dúvida.
O senhor desconfia de alguém?
Não sei quem poderia ser.
O senhor acha que as ameaças estão ligadas com o caso da Transpetro?
As circunstâncias da ameaça deixam transparecer que ela tem a ver com a investigação das fraudes na Transpetro e a instalação do Estaleiro Rio Tietê em Araçatuba.
O que mudou na sua vida depois das ameaças?
Passei a tomar cuidados especiais e a me precaver, além de precaver meus familiares. E agora já temos escolta 24 horas por dia. Embora eu não acredite que algo vá me acontecer, eu tenho de tomar minhas precauções.
O senhor e seus colegas apontaram a presidente Dilma Rousseff como sendo uma das participantes, pois ela teria feito um discurso em Araçatuba, junto com Sérgio Machado, indicando que a cidade é a que seria escolhida na licitação, embora o processo nem tivesse sido iniciado.
Realmente, pedimos sim a investigação da presidente, mas o procurador-geral nos enviou resposta em setembro, dizendo basicamente que o discurso teve conotação política e não justificava a abertura de investigação criminal para apurar a participação da presidente. Mas ele deixou claro que, caso haja novos indícios, é para serem apresentados a ele.
E na esfera não criminal, teria investigação da presidente?
O grupo vai discutir como conduzir essa questão, prefiro não me antecipar, mas penso é preciso decidir a respeito de suas declarações, já na abertura da licitação, em 10 de março de 2010, de que o estaleiro seria em Araçatuba, quando o local de instalação do estaleiro, pela licitação, poderia ser em qualquer ponto do Brasil, a ser definido pelo vencedor da licitação, que só seria anunciado em 30 de agosto de 2010.
A Justiça ainda não acolheu os pedidos de bloqueios e afastamentos pedidos pelo senhor e seus colegas.
A decisão da juíza Rosa Maria Pedrassi de Souza, da 1.ª Vara Federal de Araçatuba, foi transferir o caso para o Rio de Janeiro. A juíza apontou o Fórum do Rio porque a fraude teria ocorrido naquela cidade, onde também está sediada a Transpetro. Inclusive, a Transpetro antecipou-se e pediu que o caso fosse transferido para lá. Não sei por que a Transpetro apresentou este pedido antes do momento adequado. Mas o fato é que recorremos com agravo de instrumento ao Tribunal Regional de São Paulo. E pedimos liminar ante a necessidade de decidir logo os bloqueios e os afastamentos, já que a lei presume a urgência dessa decisão. 
Quais argumentos usados pelo MPF para justificar a permanência do caso em Araçatuba?
O fato é que dos R$ 432,3 milhões da obra, a maior parte, R$ 371,3 milhões, saiu do Fundo da Marinha Mercante, que é da União, e está estabelecido em Brasília, e não da Transpetro. Também há o envolvimento da Caixa Econômica Federal (CEF), agente financeiro do Fundo, que também tem sede em Brasília, e que colocou seu patrimônio em risco com esse financiamento. Em âmbito local, há danos palpáveis para o município porque ele estava perdendo a área do estaleiro para particulares, no que houve participação de agentes públicos locais. Além disso, dos oito indícios da fraude, quatro ocorreram total ou parcialmente em Araçatuba, dois no Estado de São Paulo, um no Pará e somente um no Estado do Rio de Janeiro, mas mesmo este teve reflexo em Araçatuba. 
O inquérito civil ainda continua, mesmo após esta ação civil pública?
Sim, o inquérito vai continuar em andamento, mesmo porque há mais envolvidos que precisam ser inquiridos, e novos elementos podem surgir. 
E quem seriam os novos envolvidos? Paulo Roberto Costa estaria entre eles?
O grupo de trabalho vai decidir, mas, em princípio, sim, já que a ação faz referência a ele, inclusive por ser membro do Conselho de Administração da Transpetro e ter participado do anúncio da abertura da licitação. Além dele, os demais participantes da licitação, outros membros da Comissão de Licitação da Transpetro, e outros agentes ou ex-agentes públicos. 
Os integrantes do governo do Estado de São Paulo não foram incluídos. Por quê?
Eles não entraram porque não há provas de que eles participaram da fraude à licitação, mas alguns deles cometeram irregularidades posteriores à licitação, a serem esclarecidas, especialmente o Departamento Hidroviário, que deu licença para o estaleiro lançar efluentes no Tietê admitindo, depois, que não tinha competência para isso; a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), que nunca esclareceu qual a área que licenciou para o estaleiro; e a Cesp (Companhia Energética de SP), que constatou a ocupação de sua propriedade sem licença e ficou de ver o que fazer. (Portal Terra)


A dois meses do fim de 2014, os gastos secretos feitos com cartões corporativos da Presidência da República bateram o recorde do governo Dilma Rousseff. Levantamento da Folha mostra que as despesas sigilosas da presidência atingiram R$ 6,5 milhões até novembro deste ano. O montante superou em 9,2% os R$ 5,9 milhões registrados em todo o ano passado. Em 2012, as faturas dos gastos secretos somaram R$ 4,6 milhões e, em 2011, R$ 6,1 milhões, em valores já corrigidos pelo IPCA. 
Os cartões corporativos são usados no serviço público para despesas como compra de materiais, prestação de serviços e abastecimento de veículos oficiais, por exemplo. Esses gastos são públicos, disponíveis no Portal da Transparência. Os itens comprados sigilosamente, porém, não são discriminados. 
O termo confidencial embala despesas consideradas de segurança nacional, como parte dos gastos das viagens de Dilma, por exemplo. Dependendo da situação, podem ser consideradas secretas desde a alimentação da presidente até a locação de veículos. No caso da Presidência, as aquisições secretas são gerenciadas pela Secretaria de Administração, órgão que funciona como uma espécie de prefeitura do Planalto. 
Cada órgão tem os servidores responsáveis por usar os cartões. A Folha questionou o governo sobre quantos funcionários usam o cartão na presidência e se há limites de gastos, mas até a conclusão desta edição não houve resposta do Planalto.
Sócio do portal Contas Abertas, especializado em análise de orçamentos públicos, Gil Castelo Branco diz que certos dados são secretos muito mais para não expor hábitos de presidentes e ministros. Os números do Portal da Transparência revelam que o total gasto com cartão da Presidência até novembro chegou a R$ 7 milhões. O montante supera em 8,7% os R$ 6,5 milhões de 2013. Em 2012, foram R$ 5,1 milhões. Em 2011, R$ 6,2 milhões. 
A Folha não levou em consideração ministérios, secretarias, empresas públicas, agências e controladorias. Embora vinculados à presidência, esses órgãos possuem seus próprios cartões. Já as despesas dos cartões corporativos de todo o governo federal nos quatro anos de gestão Dilma vêm caindo. 
O uso dos cartões corporativos deu origem a uma série de denúncias (este blog foi quem denunciou em primeira mão) contra o primeiro escalão do governo Lula em 2008. A então ministra da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, chegou a deixar o cargo depois de revelado que ela gastou R$ 171 mil em 2007. Parte das despesas ocorreram quando ela estava de férias. As denúncias deram origem a uma CPI no Senado.(Folha de São Paulo)

Líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) acusou a presidente Dilma Rousseff de ser "mentirosa" e ter praticado "estelionato" durante a campanha eleitoral. O tucano, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Aécio Neves (PSDB), disse que Dilma mentiu quando acusou o tucano de planejar medidas, caso fosse eleito para a Presidência da República, que acabaram adotadas pela própria petista. 
Segundo Aloysio, Dilma "vendeu" ao país a imagem de que a economia estava sob controle, mas deu início a um "tarifaço" com o aumento nos preços da energia, da gasolina e da taxa básica de juros, a Selic. "A candidata Dilma mentiu sobre questões essenciais de seu governo, além de ter mentido sobre o nosso. Ela mentiu ao dizer que a inflação estava sob controle, mentiu ao dizer que a proposta da candidata Marina Silva [PSB] de conferir independência ao Banco Central iria tirar o prato de comida da mesa do trabalhador. Ela sabe que é mentira", disse. 
O Banco Central elevou a Selic a 11,25% na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada na semana seguinte à eleição. A alta do dólar e a piora nas contas públicas foram os motivos que levaram cinco dos oitos integrantes do Copom, incluindo o seu presidente Alexandre Tombini, a decidir elevar a chamada taxa Selic –três diretores votaram pela manutenção do juro. 
A inflação acumulada nos 12 meses encerrados em outubro ficou em 6,59%, acima do teto da meta do governo (6,5%). E na semana passada, após autorização dada pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), a Petrobras elevou em 3% o preço da gasolina
Ao também acusar a presidente de ter praticado estelionato, Aloysio disse que o crime se aplica àqueles que querem "obter para si vantagens com o prejuízo alheio ou induzem alguém ao erro mediante artifício ou ardil" — o que se aplicaria a Dilma com uma conotação política. 
"Não é exatamente assim que se pode classificar as mentiras da candidata. Mas no sentido político, no sentido moral, isso sim. Nós estaremos aqui, nesses quatro anos, fazendo permanentemente esse julgamento. Fiscalizando, cobrando, não dando um instante de trégua, porque esse é o papel da oposição."(Com informações da Folha de São Paulo)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Dia desses, quem deitava falação num grande veículo da imprensa brasileira? Ele: Henrique Pizzolato. Para quê? Ora, para sustentar que o mensalão não existiu. Condenado a 12 anos e sete meses por peculato, que é roubo de dinheiro público, corrupção passiva e lavagem de dinheiro; foragido da Justiça brasileira; processado por ter entrado na Itália com documentos falsos, a palavra lhe foi franqueada para que desancasse a Justiça brasileira e as oposições, para cantar as glórias de Lula e do petismo e para bater no peito e jurar inocência. Logo, daremos a Marcola, o chefão do PCC, o direito ao “outro lado”. E vamos dar a outra face ao capeta. Tenham paciência!
Por que essa introdução? Porque não é só Pizzolato que jura que o mensalão não existiu. Repetem essa mesma ladainha Lula, a cúpula do PT e alguns colunistas que só não estão de joelhos porque é uma posição desconfortável para lamber os sapatos do petismo. Pois bem: algo importante se deu na 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná nesta segunda (10). Alberto Youssef, o doleiro enroscado na operação Lava Jato, não apenas confirmou a existência do mensalão — ninguém precisava dele para isso; é claro que existiu! — como demonstrou os vasos comunicantes entre aquele escândalo e o petrolão.
Atenção! Youssef já aparecia no escândalo do mensalão. Isso não é o novo. O depoimento desta segunda, diga-se, prestado ao juiz Sérgio Moro e ao procurador da República, Roberson Pozzobon, é parte da ação penal em que o doleiro é acusado de ter lavado a origem ilícita de R$ 1,16 milhão recebido pelo então deputado José Janene (PP), já morto, no âmbito do mensalão.
O doleiro deixou claro que administrava com Janene uma espécie de conta conjunta. O dinheiro era distribuído, segundo ele, a “agentes públicos e políticos”, por orientação do deputado. Para tanto, usava um outro doleiro, Carlos Habib. Até aí muito bem. Prestem atenção agora ao ponto que interessa. O juiz Moro perguntou a Youssef qual era a origem do dinheiro. E ele respondeu: “Comissionamento de empreiteiras”. O juiz insistiu: “Decorrente de contratos com a administração pública em geral, propinas?”. E o homem confirmou: “Sim, senhor, excelência”.
Confirma-se, assim, aquilo de que sempre se suspeitou. Tudo o que ficamos sabendo do mensalão foi, para usar um clichê que eu detesto, mas que se faz inevitável, a ponta do iceberg; conhecemos, na verdade, apenas uma das cabeças da hidra. Como se percebe pelo depoimento de Youssef, o desvio do Fundo Visanet, do Banco do Brasil — da ordem R$ 76 milhões — não foi a única grana pública movimentada pelo mensalão.
Os dois esquemas de ladroagem tinham vasos comunicantes. O mais impressionante é que, enquanto uma das cabeças do monstro estava sob escrutínio, as outras operavam a todo vapor. Esse depoimento de Youssef é mais sério e importante do que parece. Sim, o mensalão existiu — e disso nós sabíamos. Existiu e movimentou mais dinheiro público do que estávamos informados. Espantoso é saber que a máfia não se intimidou nem com o processo que estava em curso no STF, tal era a certeza da impunidade.
E que se note, para arrematar: até agora, a gente não sabe quem era o “capo di tutti i capi”, o chefe dos chefes. Porque não se enganem: uma roubalheira dessa dimensão, com tantas frentes, que pode gerar desentendimentos entre os quadrilheiros, tem sempre alguém que bate na mesa para desempatar o jogo. Saberemos algum dia?

Há 12 anos o PT governa com o PMDB. A parceria pode chegar a 16. Pois bem: há 12 anos os petistas pautam a imprensa contra os peemedebistas. E também há 12 anos o jornalismo acaba sendo inocente útil do partido oficial. Vamos rasgar o verbo, não é? Noventa por cento das fontes que jogam peemedebistas na fogueira são, obviamente, petistas. Sim, sim! Se eu souber de alguma safadeza comprovada cometida por alguém do PMDB, noticio, ainda que ela me tenha sido soprada por petistas. E qualquer jornalista tem de fazer o mesmo. Mas isso não pode nos impedir de denunciar a natureza do jogo. Adiante.
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) certamente já se preparou para a chuva de canivetes. E também deve saber quem responde pelo adensamento das nuvens. Vem coisa feia pro lado dele. Ousou desafiar a máquina. Que se noticie tudo o que for procedente, é claro!
Mas cabe uma pergunta: é em nome da moral, dos bons costumes e da alta política que os petistas tentam evitar a todo custo que Cunha se torne presidente da Câmara? Ora, não me façam gargalhar! Quem mesmo os petistas indicaram para vice-presidente da Câmara na legislatura em curso? Lembro: André Vargas, o patriota que atuava como um dos braços do doleiro Alberto Youssef. Era figura em ascensão no PT. Foi seu secretário nacional de Comunicação.
Era dado como certo, vejam que coisa!, para a presidência da Casa no biênio 2015-2016. Não fosse aquela viagenzinha de avião financiada pelo doleiro — e a operação desencadeada pela Polícia Federal —, talvez não se falasse agora de Eduardo Cunha, e o país tivesse como terceiro homem na hierarquia da nação um tipo como André Vargas, que continua a ser protegido pelo PT.
Então vamos chamar as coisas pelo seu devido nome e dizer com clareza a natureza delas. Os petistas não querem Cunha por quê? É em nome da moral e dos bons costumes? Ou será que o deputado atrapalha suas pretensões hegemônicas?
Olhem aqui: uma coisa é o jornalismo noticiar o que sabe. É um dever. Outra, diferente, é servir de esbirro do projeto petista.

NO BLOG DO JOSIAS
Outrora valorizado, o instituto da CPI há muito caiu em descrédito. Vinha exibindo uma tendência suicida desde a CPI do Cachoeira. Nas duas CPIs da Petrobras, adotou um comportamento limite. Coisa de altíssimo risco. Com clara tendência à autodesmoralização. Os amigos da democracia devem alertar as CPIs sobre a gravidade da situação. Mas é preciso fazer isso com muito jeito.
Quanto mais criticam as Comissões Parlamentares de Inquérito, mais desmoralizadas elas ficam. Enfraquecidas, elas talvez não resistam aos instintos autodestrutivos. As petro-CPIs avacalharam-se. Mas isso só pode ser dito em voz muito baixa, quase sussurrada. Sob pena de o instituto da CPI se jogar do último andar do prédio de Niemeyer.
Inauguradas há seis meses, as CPIs deveriam apurar a roubalheira que transformou a Petrobras na maior produtora de lama do país. Em vez disso, seus integrantes chafurdaram na própria inoperância. Em maioria, os governistas avaliaram que uma CPI muito curiosa seria inconveniente para a reeleição. Duas CPIs sérias lançariam o Executivo na vala do descrédito na hora em que Dilma mais precisa de confiança.
A Petrobras é varejada em inquéritos, processos e delações que estão em andamento. Mas esses procedimentos correm longe das CPIs, que se limitam a fingir que investigam o já investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. As CPIs guerreiam pelos depoimentos prestados sob delação. E o STF: esqueçam! Só tomarão conhecimento depois que os ladrões forem denunciados.
Na semana passada, petistas e tucanos aproveitaram a ausência das delações para acertar o que não deveria ser investigado. Engavetaram-se requerimentos de convocação de políticos e operadores. A plateia concluiu que chamar de CPI uma comissão isenta de curiosidade seria o mesmo que chamar uma farsa de investigação.
Convertidas em alvos de si mesmas, as CPIs ganharam uma aparência de roleta russa. O que também é uma modalidade de suicídio, mesmo que na forma de um desafio à própria sorte. Após seis meses de teatro, as CPIs decidiram prorrogar suas atividades até 22 de dezembro. Para quê? Melhor não insistir na pergunta. Ninguém sabe como os suicidas podem reagir.
Nesta terça-feira (10), as duas CPIs voltam a se reunir. A do Senado, 100% governista, terá sessão pela manhã. Vão a voto meia dúzia de requerimentos irrelevantes. A última sessão do colegiado ocorrera em 16 de julho, há quase quatro meses. Nela, foi inquirido Glauco Colepicolo Legati, gerente-geral de Implementação de Empreendimentos da Petrobras.
Glauco Legati negara aos senadores que o entrevistaram a existência de superfaturamento nas obras da refinaria Abreu e Lima. Há quatro meses, quando soaram na CPI, suas palavras pareciam frágeis. Depois das delações, viraram pó. Pode-se dizer muita coisa sobre esse empreendimento, menos que nele não há superfaturamento.
A reunião da outra CPI da Petrobras, a mista, integrada por deputados e senadores, ocorrerá à tarde. A pauta inclui a votação dos requerimentos de convocação de Sérgio Machado e Renato Duque. O primeiro é presidente licenciado da Transpetro, a subsidiária naval da estatal. Indicou-o o todo-poderoso Renan Calheiros. O delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, disse ter recebido das mãos de dele R$ 500 mil em verbas sujas.
Duque, o segundo candidato a depoente, é ex-diretor de Serviços da Petrobras. Passou pelo cargo como afilhado do PT, para cujas arcas desviava parte da proprina amealhada junto a fornecedores da estatal, informaram os delatores Paulo Roberto e Alberto Youssef. Na noite passada, a bancada do governo, em maioria, cogitava negar quórum à reunião. Nessa hipótese, os requerimentos nem seriam apreciados. E a comissão continuaria girando em torno do nada.
Sempre que submetida a grandes assaltos, a plateia tende a concluir que até um simulacro de investigação parlamentar pode ser preferível a investigação nenhuma. Mas as duas CPIs da Petrobras parecem empenhadas em dar razão a todos os que olham para o Congresso e apostam no pior.
A essa altura, talvez seja tarde para tentar impedir que o instituto da CPI se mate. Convenhamos, o suicídio é uma coisa íntima. Melhor não se meter na vida —ou na morte— de ninguém. A essa altura, o melhor que poderia acontecer às CPIs da Petrobras seria mesmo o fim. Muitos se queixam das mortes prematuras. Mas ninguém reclama das mortes procrastinadas.

NO BLOG ALERTA TOTAL

Investigadores do Departamento de Justiça dos EUA, a partir de informações obtidas nos processos da Operação Lava Jato, já identificaram o centro bilionário de lavagem de dinheiro de corruptos políticos do Brasil. Incentivos fiscais do estado de Nevada foram usados por centenas de empresas abertas em nome de brasileiros para investir a grana obtida em negociatas com o setor público. A maior parte das operações do doleiro Alberto Youssef se direcionava para aquele estado norte-americano famoso pelos impostos baixíssimos.
Investigadores já descobriram que o principal sistema para lavagem de dinheiro era uma espécie de investimento em participações acionárias de hotéis. O esquema mafioso-contábil superfatura as tarifas, cobrando pelo teto de hospedagem, sem que tenha ocorrido ocupação de quartos. As notas fiscais são emitidas, recolhendo-se e os mínimos impostos cobrados em Nevada. Os resultados financeiros tornavam legalizado o dinheiro de brasileiros que doleiros "transportavam".
No submundo do Congresso Nacional, em Brasília, já se comentava ontem que os peritos norte-americanos já identificaram centenas de políticos com negócios apenas em Nevada. Eles foram descobertos pelo complicado cruzamento de dados de parentescos. A maioria das empresas é registrada em nome de laranjas. Os mais idiotas usaram parentes. Os mais espertos usaram "amigos" com maior dificuldade de rastreamento, mas que foram identificados por uma coincidência fatal. Todos usaram o doleiro Youssef como "Banco Central".
A novidade é que as falcatruas agora mapeadas já tinham sido usadas no velho escândalo do Mensalão - que agora é exemplo de impunidade. O maior prejudicado foi Joaquim Barbosa, pressionado a se aposentar, pelo rigor excessivo com que agiu no julgamento da Ação Penal 470. A maioria dos condenados já está tecnicamente solta, cumprindo regime de "prisão domiciliar", excetuando-se Marcos Valério Fernandes de Souza - que, uma hora, pode ficar pt da vida e partir para alguma delação premiada. Por enquanto, Valério mantém o silêncio obsequioso na cadeia, para alívio de muitos grandes investidores no ramo de hotelaria...
O pavor agora é com o Petrolão. O manjado esquema pode vir à tona por pressão de investidores norte-americanos injuriados com os prejuízos que tiveram na Petrobras, por causa das negociatas identificadas na Operação Lava Jato. Agora, a coisa pode ficar séria para os corruptos brasileiros porque o Departamento de Justiça dos EUA resolveu levar o caso aos tribunais. Uma ação criminal corre em sigilo judicial para apurar se a Petrobras ou seus funcionários, intermediários ou prestadores de serviço violaram o Foreign Corrupt Practices Act, uma lei contra a corrupção que torna ilegal subornar funcionários estrangeiros para ganhar ou manter negócios. Outra ação civil é movida pela Securities and Exchange Comission (SEC, órgão do governo norte-americano que regula o mercado de capitais), já que a Petrobras tem recibos de ações negociados na Bolsa de Nova York.
A coisa ficará mais preta que petróleo porque, como o Alerta Total antecipou, pelo menos três magistrados da Corte de Nova York já estariam dispostos a agir com total rigor contra diretores e ex-dirigentes da Petrobras, incluindo a ex-presidente do Conselho de Administração Dilma Rousseff, assim que chegarem aos tribunais os processos civis e criminais que apuram lesões contra investidores norte-americanos geradas por práticas de corrupção ou suborno.
O Brasil corre o sério risco de ter sua "Presidenta" processada nos EUA, com chance de ser condenada, no mínimo, a pagar multas milionárias. Nos States, o "Big Petroleum" (vulgo Petrolão) corre em sigilo judicial. Moralmente, o segundo mandato já termina sem sequer começar...
(...)

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