DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 28-10-2014

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Há 14 pedidos de impeachment da presidenta Dilma protocolados na Câmara dos Deputados, dois deles provocados pelo recente escândalo do Petrolão. Além disso, a revelação de que ela, como Lula, sabia de tudo, segundo o doleiro Alberto Youssef contou à Justiça Federal na semana passada, fez acelerar um abaixo-assinado no site Avaaz: ontem, no começo da noite, já havia mais de 1,1 milhão de adesões.
“Aquecidos” pela eleição de domingo, os pedidos de impeachment dificilmente vão prosperar: a maioria governista na Câmara os arquiva.
Os dois pedidos de impeachment de Dilma foram protocolados na Câmara pelos advogados Luis Carlos Crema e Matheus Sathler.
Onze pedidos de impeachment já foram arquivados pelos presidentes da Câmara da era Dilma, Henrique Alves (PMDB) e Marco Maia (PT).
O setor energético tem bons motivos para demonstrar otimismo após a reeleição da presidenta Dilma Rousseff. Já foram autorizados aporte de R$ 12 bilhões e reajuste, que chega aos consumidores até o fim do ano.
Perguntado sobre irregularidades no empréstimo de R$ 2,7 milhões no BNDES, via BB, “customizado” para contornar impeditivos da perua Val Marchiori, o Banco Central “não comenta atividades de fiscalização”.

NO BLOG DO CORONEL
Reeleita para mais quatro anos de mandato, Dilma Rousseff indicará os substitutos do ministro Joaquim Barbosa, que se aposentou em julho, e de ao menos outros cinco ministros do Supremo Tribunal Federal que completarão 70 anos entre novembro de 2015 e outubro de 2018 e terão de se aposentar compulsoriamente.
No período do próximo mandato, deverão deixar a corte Celso de Mello (que completa 70 anos e se aposenta em novembro de 2015), Marco Aurélio Mello (em julho de 2016), Ricardo Lewandowski (maio de 2018), Teori Zavascki (agosto de 2018) e Rosa Weber (outubro de 2018). Dos atuais 10 ministros, 4 foram indicados por Dilma e 3 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até o final de 2018, serão 10 ministros indicados por presidentes do PT; daqueles nomeados em governos anteriores, sobrará apenas um, Gilmar Mendes, indicado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB). 
Quem lembra do julgamento do Mensalão pode fazer a mesma projeção para o julgamento do Petrolão, em termos de tempo: entre quatro e sete anos. Pelo número de envolvidos e pelo número de parlamentares envolvidos (com imunidade parlamentar) é fácil projetar que o julgamento se dará no mínimo ao final do mandato de Dilma, já com um STF totalmente indicado pelo PT, à exceção de Gilmar Mendes. 
Não se surpreendam se lá estiverem Tarso Genro, José Eduardo Cardozo e Luiz Adams para absolver Dilma. A não ser que as denúncias sejam tão graves e contundentes que o impeachment chegue antes do julgamento.

Ontem Dilma disse que quer fazer o plebiscito sobre reforma política porque recebeu milhões de assinaturas de entidades e movimentos sociais. Entre os quais a CNBB que manda índio invadir fazenda produtiva incentivando conflitos; o MST que invade terras tituladas e destrói plantações;a OAB que nega registro de advogado para Joaquim Barbosa: a UJS que invade de depreda a sede da Veja; e por aí vão os apoios que se completam nos blogs sujos, nas mídias ninjas e nos coletivos de vagabundos que sugam os cofres públicos.
Qualquer plebiscito de Dilma e do PT será semelhante ao que se viu na campanha eleitoral que reelegeu a presidente tendo como base a mentira, a calúnia, o ataque à honra de gente decente e, especialmente, o uso do medo como estratégia para escravizar o voto dos humildes e dos que dependem dos programas sociais do governo. Qualquer plebiscito de Dilma e do PT terá uma única pergunta: "você apoia a nossa proposta ou quer perder a Bolsa Família?". Foi assim que eles venceram as eleições, é assim que eles querem derrotar a democracia representativa e destruir o Congresso Nacional.

Causou espanto nas redes a tentativa de Dilma construir o trocadilho acima. Estas coisas são para quem tem um mínimo domínio da língua, algo que deveria ser uma exigência para o exercício da Presidência. Acima, o registro no twitter, ontem à noite. Abaixo, o registro de O Globo.
Expressão usada na mesma frase pela presidente Dilma Rousseff, “diuturna e noturnamente” não existe na Língua Portuguesa. É o que afirma o professor Sérgio Nogueira. Nesta segunda-feira, a petista utilizou o termo pelo menos duas vezes durante as entrevistas concedidas à Rede Globo e à Rede Record após ser reeleita no último domingo.
— Se fosse com qualquer um, quero dizer com o governo da situação, nós seríamos criticados diuturna e noturnamente — disse a presidente, referindo-se à falta d'água em São Paulo.Sérgio Nogueira explica que, no dicionário, a palavra “diuturna” significa “que tem longa duração” ou “que vive muito tempo”: 
— Na verdade, ela quis dizer “dia e noite”, atravessar o tempo. Só que “diuturna e noturnamente” não tem este sentido. Não é correto. Nunca ouvi a expressão e em nenhum lugar. Nem no dicionário.Em 2010, quando ainda era candidata ao primeiro mandato, Dilma Rousseff já ilustrava seus discursos com o termo.
— Fizemos uma tentativa diuturna e noturnamente nos últimos meses antes de iniciar a pré-campanha. A gente sempre preferiu um palanque só. Não foi isso que aconteceu, então eu vou agora lidar com esse fato — declarou ela em uma agenda, em Salvador, sobre estar nos palanques do PT e do PMDB.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Por Mário Cesar Carvalho, na Folha:
Um executivo investigado sob suspeita de ter pago propina para obter contratos na Petrobras decidiu fazer um acordo de delação premiada com os procuradores que atuam na Operação Lava Jato, segundo três pessoas que atuam na investigação ouvidas pela Folha. É Júlio Camargo, executivo da Toyo-Setal, empresa que tem contratos de cerca de R$ 4 bilhões com a estatal. Ele é o primeiro dos executivos das grandes empresas a assinar um acordo de delação e deve revelar detalhes sobre como funcionava o esquema de divisão de obras da Petrobras entre as empreiteiras. Camargo fechou o acordo na última semana, para tentar obter uma pena menor. O executivo teria ficado assustado com os detalhes revelados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em sua delação premiada. A advogada de Camargo, Beatriz Catta Preta, já havia atuado na delação premiada de Costa e é considerada uma especialista nesse tipo de acordo.
O nome de Camargo foi citado pelo ex-diretor da Petrobras em um documento apreendido pela Polícia Federal na casa dele, no qual ele enumera o nome de executivos de fornecedores da Petrobras e a disposição de cada um para contribuir para uma campanha política. Após o nome de Camargo, Costa anotou: “Começa [a] ajudar a partir de março”. A campanha política, segundo a Folha revelou no último dia 11, era a do candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PT, Lindbergh Farias, que acabou derrotado. Aparecem também no documento os nomes de Mendes Junior, Engevix e UTC Constran. As empresas negam que tenham feito contribuições ilegais para as campanhas.

NO BLOG DO JOSIAS
Alguém precisa levar para Dilma Rousseff uma cópia do último depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa à Justiça Federal. Ocorreu em 8 de outubro, em Curitiba. Coisa pública. Nada a ver com a delação premiada feita em segredo. Presidiu a audiência o juiz Sérgio Moro. Antes de encerrar o interrogatório, ele perguntou a Paulo Roberto se desejava dizer algo.
E o interrogado: “Queria dizer só uma coisa, Excelência. Eu trabalhei na Petrobras 35 anos. Vinte e sete anos do meu trabalho foram trabalhos técnicos, gerenciais. E eu não tive nenhuma mácula nesses 27 anos.”
Paulo Roberto emendou: “Se houve erro —e houve, não é?— foi a partir da entrada minha na diretoria por envolvimento com grupos políticos, que usam a oração de São Francisco, que é dando que se recebe. Eles dizem muito isso. Então, esse envolvimento político que tem, que tinha, depois que eu saí não posso mais falar, mas que tinha em todas as diretorias da Petrobras, é uma mácula dentro da companhia…”
Nesta segunda-feira (27), já reeleita para um novo mandato de quatro anos, Dilma falou ao Jornal Nacional. Questionada sobre o escândalo da Petrobras, sucedâneo do mensalão, a presidente respondeu que espera justiça, “doa a querm doer”. Disse que fará “o possível para colocar às claras o que aconteceu.”
Dilma vociferou: “Não vou deixar pedra sobre pedra. Vou investigar. [...] Eu vou fazer questão que a sociedade brasileira saiba de tudo. Eu não concordo que isso leva à crise. Acho que o que leva à crise no Brasil é as suposições, as ilações e as insinuações.”
Pois bem, para evitar suposições, ilações e insinuações sobre sua dificuldade de entender o sentimento de mudança que quase a arrancou do Planalto, Dilma deveria convocar os jornalistas para repassar-lhes três declarações:
1. 'Lula errou ao entregar diretorias de estatais como a Petrobras a prepostos de partidos políticos'.
2. 'Eu errei duas vezes: como presidente do Conselho de Administração da Petrobras, por silenciar ante a chegada da ilicitocracia à estatal. Como presidente da República, ao manter o doutor Paulo Roberto no comando da diretoria de Abastecimento da Petrobras entre janeiro de 2011 e abril de 2012'.
3. 'No meu segundo mandato, diretores de empresas públicas serão escolhidos pela presidenta da República, não por aliados políticos de baixa qualificação moral'.
Enquanto Dilma não pronunciar essas três frases, o lero-lero do “doa a quem doer” e a conversa mole do “não deixarei pedra sobre pedra” serão palavras ocas. O repórter acredita que a encrenca funciona como o futebol. Ou o vôlei. O sujeito pode ser supertalentoso, mas não faz gol, não faz o ponto sozinho.
Tem toda uma engrenagem por trás do lance: a agremiação, o preparador físico, o massagista, o técnico e, mais importante, o time em ação, armando toda a jogada que resultará no chute ou na cortada indefensáveis.
Na corrupção é igualzinho. O governo se autodefine como “de coalizão”, leva as diretorias da Petrobras ao balcão, esquece o recato, confunde a atividade pública com a privada… Enfim, arma toda a jogada. O corrupto apenas pratica a corrupção.


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