DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 21-10-2014

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Até recentemente o Brasil esquecia a cada 15 anos o que havia acontecido nos 15 anos anteriores. O intervalo entre os surtos de amnésia foi dramaticamente reduzido. No caso das pesquisas eleitorais, por exemplo, o país agora esquece a cada 15 dias o que aconteceu faz 15 dias. O afundamento do Datafolha e do Ibope consumado em 5 de outubro mal completou duas semanas. Mas parece mais antigo que o naufrágio do Titanic, informa a credulidade de incontáveis nativos reapresentados a levantamentos estatísticos que prenunciam a reprise do desastre.
A pesquisa divulgada pelo Datafolha nesta segunda-feira (20) é apenas outro chute de longa distância que vai mandar a bola às nuvens ou fazê-la roçar o pau de escanteio. Na sopa de algarismos servida pelo instituto na semana passada, Aécio Neves tinha 51% dos votos válidos e Dilma Rousseff, 49%. Nesta tarde (20), ela apareceu com 52% e ele com 48%. Quer dizer que a candidata à reeleição ultrapassou o adversário tucano e lidera a corrida? Não necessariamente, previne a margem de erro de 2% (para cima ou para baixo). O que há é um “empate técnico”, expressão que quer dizer “em cima do muro”. Tanto ela quanto ele podem ganhar, descobriram os videntes de acampamento cigano.
Em números absolutos, Dilma teria subido em quatro dias 4 milhões de votos. (Ou 2 milhões, murmura a margem de erro para baixo; ou 6 milhões, grita a margem de erro para cima). Sejam quais forem as reais dimensões da multidão, é gente que não acaba mais. De onde teria saído? Das grutas dos indecisos ou dos porões que abrigam os que pretendem votar em branco é que não foi: segundo o mesmo Datafolha, esse mundaréu de eleitores não aumentou nem encolheu.
Teriam legiões de aecistas resolvido mudar de lado? Pode ser que sim, avisa a margem de erro para cima. Pode ser que não, replica a margem de erro para baixo. A coisa fica mais confusa quando se fecha a lente sobre as quatro regiões em que se divide o mapa nacional. Os dois institutos enxergam Aécio na dianteira em três. Dilma só reina no Nordeste. Seria esse império eleitoral suficientemente poderoso para vencer o resto do Brasil? (“Nem que a vaca tussa”, diria a presidente cujo vocabulário anda tão refinado quanto o figurino).
Os horizontes se turvam de vez com a contemplação isolada das unidades da federação. Sempre segundo as usinas de porcentagens, Aécio já superou Dilma no Rio Grande do Sul, equilibrou a disputa no Rio, assumiu a liderança em Minas Gerais, cresceu extraordinariamente em Pernambuco. Cresceu em praticamente todos os Estados. Mas a soma dos levantamentos estaduais avisa que foi Dilma quem cresceu mais. As alquimias dos ibopes, decididamente, não são acessíveis a cérebros normais.
Para acabar com a lengalenga, e botar ordem no bordel das porcentagens, o DataNunes acaba de divulgar o terceiro boletim sobre o segundo turno. Como se sabe, é o único instituto que, em vez de pesquisas, faz constatações, com margem de erro abaixo de zero e índice de confiança acima de 100%. Como o crescimento de Dilma no Nordeste foi neutralizado pelo avanço de Aécio nas demais regiões, os índices não mudaram: com 55%, o senador do PSDB continua 10 pontos percentuais à frente de Dilma, estacionada em 45%.
A troca de acusações intensificada nos últimos dias nada mudou. Os simpatizantes do PT não ficaram chocados com as agressões verbais de Dilma, nem estranharam o vocabulário de cabaré vagabundo usado por Lula. Sempre foi assim. Os partidários de Aécio, exaustos do bom-mocismo que contribuiu para a derrota de Serra em 2002 e 2010 e para o insucesso de Alckmin em 2006 aplaudiram o desempenho do líder oposicionista. Graças à altivez e à bravura de Aécio, pela primeira vez os vilões do faroeste não conseguiram roubar até a estrela do xerife.
Enfim desafiados publicamente, os campeões da insolência piscaram primeiro. No debate da Record, Dilma escancarou já na entrada do saloon a decisão de fugir do tiroteio verbal que esquentou o confronto no SBT. Compreensivelmente, Aécio resolveu levar a mão ao coldre com menos frequência. Mas a sensatez recomenda que se mantenha na ofensiva. Ele conseguiu transformar-se no porta-voz dos muitos milhões de indignados. Hoje, Aécio Neves representa o Brasil que resiste há 12 anos a um bando para o qual os fins justificam os meios.
No domingo (26), o país não vai simplesmente optar entre Aécio Neves e Dilma Rousseff. A nação decidirá entre a decência e o crime, a honradez e a corrupção, o Estado de Direito e o autoritarismo bolivariano, os democratas e os liberticidas, a luz e a treva. Mais que o segundo turno da eleição presidencial, vem aí um plebiscito: o PT continua ou cai fora? A primeira opção mantém o país enfurnado na trilha do atraso. A segunda pavimenta a estrada que leva para longe do primitivismo e conduz ao mundo civilizado.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Consulta aos Acordos Coletivos de Trabalho revela que os salários dos empregados da Petrobras perderam 35% do poder de compra desde que o PT chegou ao poder. Remuneração do “nível 201” da estatal era R$ 341,49 em 2002 e equivalia a 1,4 salário mínimo da época (R$ 240), mas o acordo que vigorou até 31 de agosto de 2014 garantia só R$ 669,21 aos empregados, bem menos que o atual mínimo de R$ 724.
Empregados do “nível 774” recebiam R$ 4.603,52 ou 19,1 mínimos em 2002. Hoje, recebem R$ 9.021,50, equivalente a 12,4 salários mínimos.
Durante os 12 anos de PT, a Petrobras não conseguiu repor sequer as perdas com inflação. O salário subiu 96%, com inflação de 108,8%.
O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) acha que “é só o começo” a denúncia envolvendo a ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT) no Petrolão.
Dinheiro para o PT não é problema, como diriam Alberto Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o tesoureiro petista João Vaccari. O partido aumentou em R$ 40 milhões a previsão de gastos nos últimos 5 dias. No total, serão R$ 338 milhões. Isso no caixa 1.
A campanha do PSDB a presidente não fica muito atrás, em termos de gastos previstos. O partido informou ao TSE a previsão de gastos de até R$ 290 milhões para tentar eleger Aécio Neves presidente.
Os tucanos começaram a semana otimista: ontem, no começo da noite, Aécio liderava com 52 x 48% no tracking interno. Trata-se de medição diária de até 2 mil entrevistas, que apontaria a tendência do eleitorado.
A ministra da Economia do Japão renunciou após denúncia de uso abusivo de verbas para despesas pessoais. No Brasil, desde o governo Lula, cartões corporativos são usados para pagar tapioca, hotéis e restaurantes de luxo, salão de beleza, gasolina, reforma de casa…
A turma da teoria da conspiração está a mil. Surgiram boatos de internação hospitalar de Lula, para provocar comoção, e até mesmo da simulação de um atentado contra Dilma.
Apesar de liquidado em Pernambuco, sem eleger um único deputado federal, o PT tenta promover ato expressivo pró-Dilma no Recife, nesta terça (21), com o apoio do bloco carnavalesco “Eu acho é pouco”.

NO BLOG DO CORONEL
TRACKING DO NINHO
Ontem , 20 de outubro,o tracking do ninho continuou apontando 54% Aécio x 46% Dilma, com margem de erro de 3%. As oscilações são todas para cima. Não vamos parar de trabalhar. Vamos manter a mobilização até a vitória.

TSE aparelhado permitiu e assistiu de camarote o assassinato da reputação de Aécio pelo PT. Quando o tucano partiu para o ataque, o tribunal mudou as regras.
O ministro Admar Gonzaga fez sua carreira no PFL e Democratas. Depois, pulou para o PSD de Kassab, tendo sido o grande responsável pela aprovação do partido, que hoje é da base da Dilma. Ele foi nomeado para o TSE em junho do ano passado. Por Dilma.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a punir com a perda do tempo de televisão e rádio candidatos que usam o horário eleitoral para fazer ataques a outros candidatos, em vez de apresentarem propostas. Decisões do ministro Admar Gonzaga atingiram tanto a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, como seu adversário Aécio Neves (PSDB). A petista perdeu quatro minutos de suas inserções na TV e 72 segundos no programa de rádio. O tucano foi penalizado com a perda de dois minutos e meio de suas inserções na TV. As medidas valem até que o plenário tome uma decisão definitiva sobre o caso e seguem a nova orientação do TSE, iniciada na última quinta-feira.
No segundo turno, cada candidato dispõem de dois blocos de dez minutos no horário eleitoral, tanto no rádio (às 7h e às 12h) como na TV (às 13h e às 20h30). Além disso, para cada um dos dois meios, eles têm sete minutos e meio de inserções, que podem ser veiculadas ao longo do dia. 
No caso de Aécio, a punição foi provocada pela veiculação de uma propaganda na qual é dito que Dilma não fez nada contra a corrupção da Petrobras. A peça publicitária foi transmitida em cinco inserções na TV no último sábado. A campanha de Dilma alegava que a propaganda era de caráter difamatório e calunioso e continha afirmação ofensiva e sabidamente inverídica, atingindo sua honra e dignidade. Em sua decisão, Admar Gonzaga entendeu que "a propaganda impugnada ainda não se ajustou à nova linha estabelecida por este Tribunal, circunstância que conduz à concessão da liminar".
No caso de Dilma, ela foi punida por ter veiculado, no dia 19 de outubro, uma inserção no rádio com uma paródia da música "Oh, Minas Gerais". Na peça publicitária, a letra era adaptada para criticar o candidato tucano, que obteve menos votos que Dilma em Minas, estado onde ele foi governador entre 2003 e 2010. "Oh, Minas Gerias, oh, Minas Gerais, quem conhece Aécio não vota jamais", dizia a propaganda. Em decisão anterior, ele já havia determinado a suspensão da peça. "Ainda que a propaganda não utilize expressões grosseiras, foi elaborada num tom jocoso, com o claro propósito de enfuscar a imagem do primeiro representante (Aécio). Destoa ela, portanto, da novel orientação desta egrégia corte", disse Admar em sua decisão.
Na TV, Dilma foi punida por ter levado ao ar uma propaganda em que acusa Aécio de desrespeitar as mulheres, por ter chamado a própria Dilma e a candidata Luciana Genro (PSOL) de levianas em debates na TV. Nos quatro minutos a que Dilma não terá mais direito na TV, o ministro Admar Gonzaga determinou que deve ser exibida a informação de que a não veiculação da propaganda resulta de infração da lei eleitoral. A campanha de Aécio dizia que a propaganda de Dilma ofendia a honra do tucano e reproduzia trechos de debate fora de contexto, para passar a impressão de que ele seria agressivo com as duas candidatas.
Admar Gonzaga também determinou a suspensão de propaganda feita em outdoors eletrônicos contra Aécio em São Paulo. A campanha de Dilma projetou no prédio do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, sábado à noite, imagens de Aécio com as frases: "e advinha só quem é réu pelo desvio de 4,3 bilhões da Saúde de Minas Gerais?"; "do jeito que ele fala de Minas Gerais até parece que os mineiros lá gostam dele"; e "o dinheiro é público mas o aeroporto que eu fiz pro meu tio não é".
Segundo o ministro, a projeção de propagandas em tamanho superior a quatro metros quadrados, "além de aparentemente violar a legislação eleitoral, atenta contra o equilíbrio e a igualdade entre candidatos na disputa eleitoral". Ele destacou que a Lei das Eleições proíbe a veiculação de propaganda de qualquer natureza "nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder Público, ou que a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos". (O Globo)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
O PT está de volta à sua natureza: a pregação do ódio. E, se é de ódio que se trata, nada melhor do que uma plateia de ditos “artistas e intelectuais” para que tal sentimento possa aflorar com toda a sua boçalidade. É bom não esquecer: os maiores massacres perpetrados até hoje, com requintes de crueldade, não foram, obviamente, nem planejados nem executados pelo povo, mas por uma suposta elite de pensantes. Já chego lá. Antes, quero lembrar uma barbaridade dita por Dilma Rousseff, que é candidata, sim, mas que já — ou ainda — é presidente da República. Nesta segunda, em discurso na Zona Leste de São Paulo, mais uma vez, ela passou das medidas. Está esquecendo de que, se ganhar, vai ter de governar depois.
Os porta-vozes do PT na imprensa e na subimprensa resolveram inventar um Aécio Neves violento, que não respeitaria nem uma mulher. O mote foi dado por Lula. Resisti a pensar na hipótese de início, mas agora começo a me perguntar se o “mal-estar” de Dilma, ao fim do debate promovido por Jovem Pan, UOL e SBT não nasceu antes na cabeça do marqueteiro João Santana, razão por que foi ele a socorrê-la, não a médica. Verdadeiro ou mentiroso aquele delíquio, o que veio depois era marketing. Procurou-se criar a imagem da mulher já idosa, atacada por um homem jovem — como se um debate não fosse um confronto de palavras e como se ela não tivesse dado início aos ataques pessoais. Mas sabem como é: a Dilma Coração Valente, a ex-militante de três grupos terroristas que matavam inocentes, posou ali de “vovozinha frágil”. Funcionou? Sei lá eu.
No encontro, Luiz Inácio Lula da Silva, o Babalorixá de Banânia, falou, é claro! Vocês podem não acreditar, mas o ex-presidente disse o seguinte:
“Vejam que interessante. Vocês nunca viram eu fazer campanha agredindo o adversário. Nunca viram, porque eu sempre achei que a campanha política deve servir para elevar o nível de consciência da sociedade brasileira. Mas eles não pensam assim. Eu jamais imaginei que um pretenso candidato a presidente da República pudesse chamar a presidenta de mentirosa na frente das câmeras de televisão. Eu jamais imaginei que ele pudesse chamar a presidenta de leviana”.
Como é? Lula nunca agrediu adversários? O homem que inventou uma suposta e falsa “herança maldita” de seu antecessor, FHC; que acusa os adversários permanentemente de nada fazer pelos pobres — o que é sabidamente mentiroso — nunca agrediu adversários?
Dilma também falou. Referindo-se aos tucanos, afirmou: “Até nos programas sociais, eles fazem pra muito poucos, porque na origem, no meio e no fim. eles são elitistas. Eles são aqueles que não olham o povo, eles são aqueles que só olham para uma minoria”. Essa senhora estava falando do partido que criou o Plano Real, sem o qual Lula não teria conseguido governar. Esta senhora pertence ao partido que nomeou aquela quadrilha que estava na Petrobras. É asqueroso. Os monopolistas da Petrobras também se querem monopolistas do povo. Mas ainda não era a sua pior fala.
E Dilma justificou a truculência e o jogo sujo, que atingiu, nesta jornada, o paroxismo. Ao desqualificar as críticas dos adversários, afirmou: “Daí porque a conversa tem que baixar o nível; porque é o único nível que eles conseguem disputar de fato e de direito, o que eles condenam no Brasil é aquilo que fizemos no Brasil”. Não sei a que Dilma se refere. Eu, por exemplo, condeno no Brasil o mensalão e o petrolão. Sim, os companheiros fizeram isso. Mas não condeno o Bolsa Família, a menos que seja usado como instrumento de chantagem para o voto.
O sentido da fala é claro! Dilma admite, na prática, que baixou o nível contra Aécio, mas diz que a culpa é dele. Eu já escrevi que essa é a lógica essencial do terrorismo. Aqueles celerados do Estado Islâmico, que cortam cabeças, dizem que o responsável por seus atos é, para ficar nos termos de Dilma, o “baixo nível” dos países ocidentais.
E vocês podem esperar que eles tentarão promover a guerra de todos contra todos, inclusive contra o Congresso. Lula sugeriu que um eventual novo governo do PT pode querer enfrentar o Parlamento. Não se esqueçam de que Dilma já afirmou que pretende uma Constituinte exclusiva, com plebiscito, para fazer a reforma política. Disse o ex-presidente. “Você vai ver, presidenta, que o Congresso Nacional eleito agora é um pouco pior que o Congresso Nacional que termina o seu mandato. Pior do ponto de vista ideológico. Foram eleitos mais ruralistas, mais representantes dos empresários, menos gente de vocês”.
Intelectuais e artistas
Da Zona Leste, Dilma seguiu para o Tuca, o teatro da PUC, para um encontro com intelectuais e artistas do PT, onde o PSDB foi acusado de “neoliberal”, entre outras coisas. Santo Deus! Petistas de alto coturno estavam no palco, entre eles, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Ele explicou que o sorriso no rosto é porque os petistas apareciam na frente na pesquisa Datafolha, mas advertiu que os adversários não iriam jogar fácil a toalha. E terminou assim: “Não passarão!” Como se vê, o titular da Justiça no Brasil confunde uma disputa eleitoral com uma guerra.
E olhem que Dilma ainda não venceu a eleição. Se vencer, é bom não esquecer, vai ser preciso governar. Será a parte mais difícil.

NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
O texto que segue é de autoria do sociólogo e escritor César Benjamin (*) um ex-petista que hoje deve estar no PSOL. Foi publicado na Folha de S. Paulo na edição de 27 de novembro de 2009. O artigo tem por título Os Filhos do Brasil. 
Depois de ver o Lula deitando falação por aí, abrindo aquela sua boca podre de onde emergem perdigotos carregados de mentiras edulcorados pelo deletério odor fétido da cachaça, vale a pena reproduzir o artigo em pauta, pois seu autor, um dos fundadores do PT, é insuspeito. 
A partir desta revelação de César Benjamin, dá para ter uma ideia da estatura moral e ética de Lula e, de resto, de todos os petistas, haja vista que Lula é o líder máximo desse bando de psicopatas e histéricos que degradam o Brasil. Portanto, eles, e muito menos o Lula, não têm um pingo de moral para atacar o candidato Aécio Neves. Nem escovando os dentes. Leiam: 
O sociólogo César Benjamin e Lula

(...)
São Paulo, 1994. Eu estava na casa que servia para a produção dos programas de televisão da campanha de Lula. Com o Plano Real, Fernando Henrique passara à frente, dificultando e confundindo a nossa campanha.
Nesse contexto, deixei trabalho e família no Rio e me instalei na produtora de TV, dormindo em um sofá, para tentar ajudar. Lá pelas tantas, recebi um presente de grego: um grupo de apoiadores trouxe dos Estados Unidos um renomado marqueteiro, cujo nome esqueci. Lula gravava os programas, mais ou menos, duas vezes por semana, de modo que convivi com o americano durante alguns dias sem que ele houvesse ainda visto o candidato.
Dizia-me da importância do primeiro encontro, em que tentaria formatar a psicologia de Lula, saber o que lhe passava na alma, quem era ele, conhecer suas opiniões sobre o Brasil e o momento da campanha, para então propor uma estratégia. Para mim, nada disso fazia sentido, mas eu não queria tratá-lo mal. O primeiro encontro foi no refeitório, durante um almoço.
Na mesa, estávamos eu, o americano ao meu lado, Lula e o publicitário Paulo de Tarso em frente e, nas cabeceiras, Espinoza (segurança de Lula) e outro publicitário brasileiro que trabalhava conosco, cujo nome também esqueci. Lula puxou conversa: "Você esteve preso, não é Cesinha?" "Estive." "Quanto tempo?" "Alguns anos...", desconversei (raramente falo nesse assunto). Lula continuou: "Eu não aguentaria. Não vivo sem boceta".
Para comprovar essa afirmação, passou a narrar com fluência como havia tentado subjugar outro preso nos 30 dias em que ficara detido. Chamava-o de "menino do MEP", em referência a uma organização de esquerda que já deixou de existir. Ficara surpreso com a resistência do "menino", que frustrara a investida com cotoveladas e socos.
Foi um dos momentos mais kafkianos que vivi. Enquanto ouvia a narrativa do nosso candidato, eu relembrava as vezes em que poderia ter sido, digamos assim, o "menino do MEP" nas mãos de criminosos comuns considerados perigosos, condenados a penas longas, que, não obstante essas condições, sempre me respeitaram.
O marqueteiro americano me cutucava, impaciente, para que eu traduzisse o que Lula falava, dada a importância do primeiro encontro. Eu não sabia o que fazer. Não podia lhe dizer o que estava ouvindo. Depois do almoço, desconversei: Lula só havia dito generalidades sem importância. O americano achou que eu estava boicotando o seu trabalho. Ficou bravo e, felizmente, desapareceu.

NO O GLOBO
Vaccari foi nomeado por Dilma para conselho de Itaipu
Atual tesoureiro do PT ganhou cargo para compensar perda da presidência da Caixa
POR MARIA LIMA / DANILO FARIELLO / SÉRGIO ROXO
21/10/2014 6:00 / ATUALIZADO 21/10/2014 7:59
BRASÍLIA e SÃO PAULO - Citado na delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos operadores do esquema de distribuição de propinas na estatal, o secretário financeiro do PT, João Vaccari Neto, virou tema da campanha presidencial, quando Aécio Neves, no último debate, na TV Record, cobrou de Dilma Rousseff, candidata à reeleição, a demissão do correligionário do Conselho de Administração da usina Itaipu Binacional. Dilma silenciou ao ser perguntada por que não demite o petista. Pesquisa no Diário Oficial mostra que Vaccari chegou ao posto por nomeação da própria presidente, em 2003, quando era ministra das Minas e Energia. Com mandato de quatro anos, desde então vem sendo reconduzido ao cargo. A remuneração por participação nas reuniões do conselho de Itaipu é de R$ 20.804,13. O atual mandato de Vaccari vai até 16 de maio de 2016.
A nomeação foi uma espécie de prêmio de consolação dada a Vaccari, que foi preterido na disputa da presidência da Caixa Econômica Federal. No mesmo dia, foi nomeada para o cargo de diretora financeira executiva de Itaipu a atual senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
No último debate, Aécio disse que se sem cargo na Petrobras o petista era acusado de participar de um esquema de 3% de propinas nos contratos da empresa, a situação poderia ser mais grave em Itaipu onde tem crachá.
- A senhora confia nele? - questionou Aécio.
VEJA TAMBÉM
O jeton pago aos conselheiros de Itaipu é o mais elevado do executivo federal, e o governo vem rotineiramente indicando pessoas com ligação política para seus assentos. Em 22 de janeiro de 2003, quando assumiu o governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também assinou, com a então ministra de Mina e Energia, Dilma Rousseff, a nomeações de Luiz Pinguelli Rosa e Mauricio Tolmasquim, ainda hoje assessores do Executivo, para a área elétrica.
Apesar de suas sucessivas reconduções, Vaccari vem respondendo, desde 2010, à denúncia do Ministério Público por suposto desvio de recursos, da Bancoop, uma cooperativa habitacional. Vaccari é réu por estelionato, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. No início da gestão petista, Vaccari, que era presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e secretário de finanças da CUT, chegou a ser cotado para ocupar a presidência da Caixa Econômica Federal. Preterido, acabou nomeado para o conselho da hidrelétrica. A nomeação tinha o objetivo de complementar o mandato até 17 de maio de 2004. Depois, Vaccari foi reconduzido ao posto naquele ano e em 2008. Em 2012, quando ele já havia assumido a tesouraria do PT e Dilma já estava na presidência, houve uma nova recondução, com validade até 2016.
A assessoria de Itaipu informou que Vaccari, assim como os outros conselheiros, possui crachá para ter acesso ao Edifício de Produção, onde são realizadas as reuniões do Conselho de Administração. O conselho se reúne apenas seis vezes por ano, mas podem acontecer encontros extraordinários. De acordo com a assessoria de Itaipu, em quase 12 anos o tesoureiro do PT teve uma falta, que foi justificada.
Hoje, entre os sete conselheiros indicados pelo lado brasileiro para o conselho de Itaipu (são outros sete pelo lado paraguaio), estão o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil; Vaccari; Pinguelli; José Muniz Lopes, diretor da Eletrobras; o ex-governador do Rio Grande do Sul, Alceu Collares (PDT); e o filho de Orlando Pessuti (PMDB), ex-governador do Paraná, Orlando Moisés Pessuti. O sétimo nome é de Eduardo Santos, indicado pelo Itamaraty.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse na segunda-feira (20), por meio de nota, que a “valentia” do líder do Solidariedade na Câmara, deputado Fernando Francischini (PR), em querer convocá-la à CPI da Petrobras é “seletiva”. De acordo com denúncia do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Gleisi teria recebido R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado, em 2010.
Na nota, a senadora lembra que o deputado Luiz Argôlo (BA), envolvido na Operação Lava-Jato, é do mesmo partido de Francischini. “A valentia do ex-delegado é seletiva. Quando divulgaram o nome de dezenas de deputados que estariam envolvidos, inclusive um do partido dele e o próprio presidente da Câmara, ele não falou em convocar ninguém. Além disso, se apresenta como amigo do juiz do processo e detentor de informações privilegiadas, que ameaça divulgar. É bom divulgar logo tudo, para não parecer que quer achacar alguém”, diz a nota.




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