DA MÍDIA EM MORDAÇA - 25-10-2014

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
VLADY OLIVER
Enquanto o candidato Aécio Neves mostrava preparo, elegância e determinação para vencer e convencer no debate realizado pela Globo, uma foto postada no Coturno do Coronel simboliza o retrato acabado do que é o PT e sua corja de vagabundos. É uma foto do prédio do Grupo Abril, escandalosamente vandalizado por criminosos acobertados nas milícias porcas financiadas e apoiadas por esta quadrilha que insiste em querer nos desgovernar por mais quatro insuportáveis anos totalitários e fundamentalistas.
Atacam o mensageiro pela gravidade da mensagem. Querem esconder do povo brasileiro o tamanho de suas maracutaias. A VEJA não é governo, meus caros. Não é órgão público. É uma empresa privada, como a sua casa e a minha, caro eleitor indeciso. Dá pra entender o tamanho da afronta e a virulência dos ataques que fazem às nossas liberdades?


PUBLICADO NA EDIÇÃO IMPRESSA DE VEJA
J.R. GUZZO
Diante das versões francamente incompreensíveis que o governo vem apresentando a respeito dos atos de corrupção praticados na Petrobras ao longo dos últimos anos, talvez seja útil para o leitor ter na ponta da língua os fatos registrados a seguir. Versões são mercadoria barata. Fatos, porém, são o corpo e a alma da realidade. Podem ser ignorados por quem não gosta deles, mas não mudam, e não vão embora. No caso da Petrobras, aqui estão:
Paulo Roberto Costa, chamado de “Paulinho” pelo ex-presidente Lula e um dos convidados ao casamento da filha da presidente Dilma Rousseff, Paula, em abril de 2008, foi um dos mais altos diretores da Petrobras entre 2004 e 2012. Em março deste ano “Paulinho” foi preso pela Polícia Federal, acusado de praticar atos de corrupção nas operações da estatal, e algum tempo atrás resolveu confessar seus crimes, por livre e espontânea vontade, dentro das condições legais que permitem redução de pena para réus que colaboram com a Justiça. Seu companheiro de delitos, o doleiro Alberto Youssef, ou “Beto”, fez o mesmo. A partir daí ficou provado, acima de qualquer dúvida, que houve corrupção na maior empresa estatal do Brasil; é um fato que não pode mais ser apagado. Feita dentro das exigências da lei, a confissão é a “rainha das provas” – não pode ser suplantada por nenhuma outra, e é a única que garante consciência tranquila ao juiz que assina uma sentença de condenação.


NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Petição de impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) acumulava no começo da noite desta sexta-feira (24) mais de meio milhão de assinaturas (exatas 575 mil). À 01h58 deste sábado (25), esse número já chegava a 636.598. A petição, no site Avaaz, ganhou fôlego após revelação do doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal de que Dilma e Lula sabiam do roubo na Petrobras. A PF suspeita que Youssef “lavou” R$ 10 bilhões.
Em sua propaganda eleitoral na tevê, Dilma optou por desqualificar a revista Veja, que publicou a notícia, ameaçando-a de processo.
Ao afirmar que Veja “não tem credibilidade”, Dilma deveria explicar por que seu governo acredita na revista: é um dos principais anunciantes.
Joaquim Barbosa abandonou o Supremo Tribunal Federal quando mais ele era necessário, para alegria dos mensaleiros – que já voltam para casa. Prometeu um livro revelador, e recuou. Jurou protagonismo na campanha, e se omitiu. De forma vexatória, o “juiz do Brasil” saiu do País pela porta dos fundos para estar no exterior no dia da eleição, sem assumir lado nem sob proteção da cabine indevassável da urna.
Deve ser julgado na Justiça italiana, terça (28), o pedido de extradição do pilantra Henrique Pizzolato, o mensaleiro fugitivo. O ex-diretor do Banco do Brasil está condenado a 12 anos e 7 meses de prisão.
O PT cearense anda indignado com Lula, que gravou vídeo de apoio a Robinson Faria (PSD) no Rio Grande do Norte, mas não pôs os pés no Ceará para ajudar o candidato petista Camilo Santana.
No Recife, ontem, e em várias cidades, falsários engravatados dizendo-se “funcionários do TRE”, recolheram exemplares de Veja nas bancas. Mas, apesar da tentativa do PT, a Justiça não impediu sua circulação.
O PT intensificou o terrorismo nas redes sociais e no WhatsApp afirmando que Aécio Neves “vai acabar com Bolsa Família”, uma mentira cujo desmentido é ignorado pelos governistas.

NO BLOG DO CORONEL
TRACKING DO NINHO
O tracking tucano fechou DIA DE HOJE (24) ESTABILIZADO em 53% Aécio x 47% Dilma. NÃO CONFIE EM INSTITUTOS DE PESQUISA. ELES SÓ ERRAM CONTRA AÉCIO.

MERCADO AVISOU QUE AÉCIO NEVES SUBIU! Divulgue este banner com os resultados dos principais trackings. Estamos na frente, rumo à vitória, com Aécio Presidente.
Os trackings, pesquisas diárias feitas em série, por telefone, acertaram no primeiro turno. Os institutos erraram feio. Não vamos deixar que pesquisas manipuladas desestimulem a nossa militância. A verdade está nos trackings. E os trackings mandaram avisar: é Aécio Presidente!

Ministro Admar Gonzaga do TSE parece continuar advogando para Dilma.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu liminar na noite desta sexta-feira, 24, que proíbe a editora Abril, responsável por publicar a revista Veja, de fazer propaganda em qualquer meio de comunicação da reportagem de capa segundo a qual a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teriam conhecimento do esquema de corrupção da Petrobrás. A reportagem diz se basear em depoimento prestado na última terça-feira, 21, pelo doleiro Alberto Youssef no processo de delação premiada a que ele se submete para ter direito à redução de pena.
O pedido para impedir a publicidade da matéria foi apresentado pela campanha de Dilma na tarde desta sexta-feira. A defesa da petista requereu ao tribunal que a revista se abstivesse fazer propaganda de sua capa, que tem, na opinião dos advogados de Dilma, conteúdo ofensivo à candidata à reeleição. Para a campanha petista, uma eventual publicidade do caso tem por objetivo único beneficiar a candidatura do tucano Aécio Neves.
Em sua decisão, o ministro Admar Gonzaga, relator do processo, afirmou que há elementos para acatar o pedido liminar, suspendendo, até o julgamento do mérito, qualquer publicidade da editora sobre o assunto. Segundo ele, cabe ao TSE “velar pela preservação da isonomia entre os candidatos que disputam o pleito”. “Desse modo, ainda que a divulgação da revista Veja apresente nítidos propósitos comerciais, os contornos de propaganda eleitoral, a meu ver, atraem a incidência da legislação eleitoral, por consubstanciar interferência indevida e grave em detrimento de uma das candidaturas”, afirmou o ministro.
Admar Gonzaga disse ainda que a antecipação em dois dias da divulgação da revista “poderá transformar a veiculação em verdadeiro panfletário de campanha, o que, a toda evidência, desborda do direito/dever de informação e da liberdade de expressão”.
“No caso, muito embora o periódico possa cuidar - em suas páginas - desse tema sensível, confirmando sua linha editorial de maior simpatia a uma das candidaturas postas, entendo que a transmissão dessa publicidade por meio de rádio, ou seja, de um serviço que é objeto de concessão pelo Poder Público e de grande penetração, desborda do seu elevado mister de informar, com liberdade, para convolar-se em publicidade eleitoral em favor de uma candidatura em detrimento de outra”, afirmou o ministro, em decisão divulgada às 23h36 desta sexta-feira, 24. (Estadão)

Doleiro incrimina Lula no Petrolão.
O doleiro Alberto Youssef afirmou nos termos de sua delação premiada que o então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva teria dado uma ordem em 2010 ao então presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, para que ele resolvesse uma pendência com uma agência de publicidade suspeita de integrar o esquema de corrupção na Petrobrás.
“O Lula ligou para o Gabrielli e falou que tinha que resolver essa merda”, revelou o doleiro em um dos seus vários depoimentos que vem prestando à Justiça a fim de tentar reduzir sua pena ao colaborar com as investigações da Operação Lava Jato. Youssef, que está preso sob acusação de integrar um megaesquema de lavagem de dinheiro que envolvia contratos milionários da Petrobrás, não deu detalhes sobre como ficou sabendo desse suposto telefonema.
No depoimento, Youssef afirmou que, depois da suposta ordem, Gabrielli teria acionado o então diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, outro personagem central do caso, e pedido para que ele usasse “o dinheiro das empreiteiras e passasse para a agência”.
Empreiteiras são suspeitas de pagar pedágio ao esquema com o objetivo de obter contratos da Petrobrás. Esse pedágio seria usado para abastecer partidos da base do governo Lula e do governo da presidente Dilma Rousseff, segundo disseram o doleiro e o ex-diretor da Petrobrás em suas delações premiadas. A dupla implicou o PT, o PMDB e o PP. Costa ainda afirmou que o PSDB, da oposição, recebeu dinheiro para ajudar abafar uma CPI sobre a Petrobrás em 2009. 
Repasses 
A agência de publicidade que teria recebido o repasse de empreiteiras, ainda segundo disse Youssef, é a Muranno Marketing/Brasil. Trata-se de uma ainda segundo disse Youssef, é a Muranno Marketing/Brasil. Trata-se de uma empresa suspeita de integrar o esquema de propinas. Segundo o doleiro, a agência tinha valores a receber e, em razão disso, ameaçava tornar pública a corrupção na Petrobrás.
Youssef não cita datas nem como foi feito o pagamento à agência. A Polícia Federal, porém, identificou dois repasses, num total de R$ 1,7 milhão, à agência via MO Consultoria, empresa do doleiro. O repasse é datado de 22 de dezembro de 2010. Houve ainda outros três depósitos à agência, num total de R$ 509 mil, nos dias 12 e 13 de janeiro de 2011, feitos pela empresa Sanko Sider, também investigada pela Lava Jato.
Ouviu dizer 
Além do suposto telefonema entre Lula e Gabrielli, o doleiro fez outras referências a Lula e à suposta ciência do Palácio do Planalto em relação ao esquema: “Todas as pessoas com quem eu trabalhava diziam o seguinte: ‘todo mundo sabia lá em cima, que tinha aval para operar. Não tinha como operar um tamanho esquema desse se não houvesse o aval do Executivo. Não era possível que funcionasse se alguém de cima não soubesse, as peças não se moviam”.
O doleiro também disse no depoimento da delação: “Era impossível o Lula governar se não tivesse esse esquema. O Lula era refém desse esquema”, afirmou. Como exemplo, citou o episódio da disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados em 2005. Na ocasião o PT queria no cargo o então deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), mas teve que se curvar à exigência de José Janene (PP-PR), que morreu em 2010 e é apontado como a ponte entre o esquema e o Congresso. Na época, Janene teria imposto o nome de Severino Cavalcanti (PP-PE) para o comando da Câmara. Cavalcanti acabou eleito.
Youssef é apontado como sócio de Janene e suposto criador do esquema de propina na Petrobrás comandado pelo PP. O doleiro, que ainda não teve a delação homologada pela Justiça, diz que ainda apresentará provas sobre suas declarações. O esquema teria atuado entre 2004 e 2012, período em que Costa esteve na diretoria de Abastecimento da Petrobrás.
COM A PALAVRA, A DEFESA
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que “não comenta vazamentos parciais de delação premiada, nem depoimentos aos quais sequer teve acesso”.
O ex-presidente da Petrobrás (2005-2012), hoje secretário de Estado de Planejamento da Bahia, José Sergio Gabrielli, rechaçou com veemência as informações do doleiro Alberto Youssef em sua delação. Por meio de sua assessoria, Gabrielli assegura que jamais tratou de eventuais problemas de pagamentos a agências de publicidade com o doleiro, alvo da Operação Lava Jato, “ou com qualquer outra pessoa”. 
Gabrielli esclareceu, ainda, taxativamente, que “não conhece o senhor Alberto Youssef e nunca teve qualquer tipo de contato presencial ou telefônico com ele ou com pessoas ligadas às suas empresas”. Para o ex-presidente da Petrobrás, “as falsas informações atribuídas à delação premiada do doleiro são uma tentativa desesperada de interferir no 2.º turno das eleições”. “Os advogados do ex-presidente já analisam medidas judiciais cabíveis para reparar as acusações infundadas divulgadas”, destacou a assessoria. 
A Muranno Marketing foi procurada nos contatos disponíveis e ninguém foi localizado. O criminalista Antonio Figueiredo Basto, que comanda o núcleo de defesa de Youssef, argumentou que não pode comentar o depoimento de seu cliente no âmbito da delação premiada porque ela é protegida pelo sigilo. Ele afirmou que Youssef nunca citou a ele os nomes da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. “O Beto (Youssef) me disse apenas que tudo ‘vinha lá de cima’, Lamento que esse clima de eleição está gerando loucura no Brasil, muita especulação.” 
Basto diz suspeitar que o vazamento da delação “é obra de algum grupo econômico que quer ‘melar’ a delação”. “Eu não posso desmentir nem confirmar (os dados da delação) porque a defesa não ficou de posse dos depoimentos.” (Estadão)

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Nunca antes na história desta eleição o tucano Aécio Neves tinha se saído tão bem num debate, e a petista Dilma Rousseff, tão mal. Ele é, nem petista pode negar, um debatedor mais competente do que ela, mas a desproporção jamais havia sido tão gritante. No encontro da Globo, Aécio foi melhor do que a média de Aécio, e Dilma, pior do que a média de Dilma. A presidente-candidata estava com o raciocínio confuso, mais do que de hábito, o discurso lhe saía truncado, as ideias, aos borbotões, sem um eixo organizador. Se é assim que ela pensa no dia a dia da administração, muita coisa se explica.
Dilma, a rigor, levou um direto no queixo logo no primeiro embate, ficou atordoada e não conseguiu mais se recuperar. O tucano abordou a reportagem publicada por VEJA, segundo a qual o doleiro Alberto Yussef confessou à Polícia Federal e ao Ministério Público que ela e Lula sabiam das lambanças ocorridas na Petrobras. O candidato do PSDB disse que daria a Dilma a chance de se explicar e perguntou: “A senhora sabia?” Dilma resolveu atacar a revista VEJA e anunciou que tomará decisões na Justiça. Na réplica, Aécio lamentou a resposta, criticou a sordidez dos ataques de que foi vítima e indagou se a adversária se orgulhava da campanha que fez. Dilma não respondeu; tartamudeou. O massacre se anunciava. Não vai aqui, acreditem, torcida ou juízo ditado por afinidades eletivas. Revejam o confronto. Dilma não conseguiu vencer um único embate.
Sobre a “questão VEJA”, uma nota rápida: neste sábado, outros grandes veículos de comunicação fazem relatos parecidos, alguns até com detalhes novos. A exemplo do que faz a revista, atribuem as informações a Alberto Youssef, fornecidas no curso da delação premiada. Dilma pretende processar todos eles ou tem especial predileção por VEJA?
Notem: acho que os petistas podem destacar aspectos virtuosos de sua gestão ao longo de 12 anos. Não estão no terceiro mandato, com chances reais de conquistar o quarto, porque só cometam equívocos. Por que, então, precisam apelar com tanta determinação ao que não aconteceu, atribuindo aos adversários o que não fizeram? Resposta: porque esse é e sempre foi o jogo de Lula; o jeito que ele tem de fazer política.
Dilma disse que FHC deixou como herança uma inflação maior do que a que herdou — é falso! Que o governo (de novo!) tucano proibiu a construção de escolas técnicas. É falso. Atribuiu ao PSDB a responsabilidade por Minas ser a segunda unidade da Federação mais endividada do país. É falso. A dívida é a segunda, mas a gestão do partido, que pegou o Estado quebrado, reduziu o endividamento em 37%. A presidente-candidata disse ainda que os tucanos não têm apreço pelo salário mínimo. É falso. Nas gestões FHC, o aumento real passou de 85%. Segundo Dilma, seus adversários são contra o Enem. Ocorre que ele foi criado na gestão Paulo Renato — ministro de Educação de FHC. A petista voltou a chamar as ETECs de São Paulo, nas quais se inspira o Pronatec, de escolas experimentais. Falso! São 217 escolas, com 221 mil alunos.
Dilma levou algumas invertidas inesperadas porque o adversário já conhecia a resposta e tinha planejado o contra-ataque. Aécio perguntou se ela continuava a achar José Dirceu um herói ou se considerava justa a punição que lhe foi aplicada. A presidente-candidata fez o que dela se esperava: devolveu com o que chama de “mensalão mineiro”. Coube ao tucano o arremate: um dos coordenadores da campanha da petista em Minas é Walfrido dos Mares Guia, peça-chave do que ela chama mensalão mineiro. Então Dilma acredita que esse tal crime aconteceu, mas chama seu principal organizador para a coordenação de sua candidatura em Minas?
O momento emblemático se deu no confronto sobre a corrupção. Um dos indecisos quis saber o que era preciso fazer para combatê-la. Cada candidato elencou as suas medidas e coisa e tal, mas Aécio partiu para a política: a mais eficaz das medidas, disse ele, é mesmo tirar o PT do poder.
Dilma perdeu feio até quando parecia que poderia ganhar. Quando se debate a questão das aposentadorias, Aécio afirmou que pretende criar um meio de acabar com o fator previdenciário. Mais uma vez, convidou Dilma para o corpo a corpo, e ela foi, afoita: afirmou que o dito-cujo foi criado no governo FHC. É verdade. E Aécio concordou. Só que ele lembrou que o Congresso aprovou o fim do fator, mas que Lula vetou. Xeque-mate.
Quantos votos o bom desempenho num debate muda ou conquista? Ninguém sabe. O fato é que Aécio está no segundo turno, contra a previsão de todos os institutos de pesquisa. E foi, sem dúvida, o melhor debatedor da jornada. Venceu o embate. Vamos ver agora o que acontece nas urnas. Para encerrar: o debate da Globo teve quase audiência de novela: 30 pontos. Foi um banquete para os indecisos.
Caso os principais institutos de pesquisa voltem a cometer erros gritantes, já dispõem de uma boa desculpa: foi o debate da Globo que mudou tudo!

Neste sábado, tanto o Estadão como a Folha (em manchete) trazem reportagens com as informações publicadas por VEJA na edição que começou a circular nesta sexta, a saber: Alberto Youssef afirmou à Polícia Federal e ao Ministério Púbico que Dilma e Lula sabiam dos malfeitos na Petrobras. A revista informou, por exemplo, que, segundo o doleiro, José Sérgio Gabrielli, então presidente da estatal, ordenou que o esquema pagasse R$ 1 milhão a uma agência de publicidade que ameaçava denunciar o esquema. Segundo apurou o Estadão, Youssef afirmou que foi Lula quem mandou Gabrielli agir. Pois é…
No horário eleitoral do PT, Dilma atacou a revista VEJA e anunciou que pretende processá-la. Repetiu a ladainha no debate da Globo. Isso é com a governanta. Qualquer um que tenha acompanhado a fala da candidata sabe que VEJA é que tem motivos para processá-la. Mas isso também não é comigo. Meu ponto aqui é outro. Pergunto: a petista pretende ir à Justiça também contra a Folha e o Estadão, porque trazem as mesmas notícias, ou tão notável privilégio só é concedido à VEJA?
Indaguei aqui e já tenho a resposta: que veículo de comunicação sério deixaria de publicar a informação que VEJA publicou? Notem que os dois jornais não se limitaram a reproduzir o que disse a revista. Eles também foram apurar. E chegaram praticamente às mesmas informações.
Uma dezena de celerados fascistoides, estimulados pela fala irresponsável de Dilma, foram fazer bagunça ontem na portaria da Abril. Largaram lá um monte de papel picado e picharam algumas placas. Essa gente expressa o que entende por democracia. Mas é importante notar: o estímulo veio de cima. Não tem jeito, isto não varia, igual em toda parte e em qualquer tempo: os principais inimigos dos autoritários é a imprensa livre. Vejam o que se deu na Venezuela. E vejam como está a Venezuela. Vejam o que se deu na Argentina. E vejam como está a Argentina.
Folha e Estadão fizeram, insisto, suas próprias e respectivas apurações e chegaram ao lugar a que havia chegado VEJA. Também eles não esperaram para publicar a informação depois do segundo turno. Pergunto outra vez: quantos veículos mais Dilma pretende processar?

NO BLOG DO JOSIAS
O ponto alto do debate da Globo foi a participação dos eleitores indecisos. Sem ambições políticas ou artísticas, os indecisos esfregaram na cara dos candidatos perguntas feitas de lugares-comuns, iguais aos lugares onde eles vivem. Injetaram na ficção dos estúdios iluminados a realidade opaca de seus universos sem luz. Suas luzes apagadas expuseram a cegueira do marketing das campanhas.
Selecionados pelo Ibope, os indecisos revelaram que o inferno que habitam fica muito distante do paraíso do horário eleitoral. Nele, tem gente madura “sem empregabilidade”, tem jovem que morre por causa de “uma dívida de dogras de apenas R$ 50”, tem aluno que “deixou a escola para ser chefe do tráfico”, tem bandido que mandou uma família “sair de casa sem poder levar nada”, tem “esgoto a céu aberto”, tem bairro em que “as pessoas perdem o pouco que puderam conquistar” quando chove forte e tem “aluguel que triplicou”.
Os eleitores indecisos “escreveram perguntas sobre 14 temas de interesse geral”, informou William Bonnner na abertura do debate. “Foram selecionadas as 12 questões mais representativas. E aqui, ao vivo, eu vou sortear oito delas.” Bonner explicou que o próprio autor leria a respectiva indagação. Sem improvisos ou acréscimos, sob pena de ter o microfone cortado e ser substituído por outro indeciso que não quebrasse a confiança da Globo.
Os indecisos são seres implacáveis. Inquiridos por eles, Dilma e Aécio ofereceram missangas retóricas, sorrisos e um certo ar de respeito humanista. E os indecisos, proibidos de replicar, olharam para os candidatos com suas feridas expostas e semblantes crispados. Indecisos não têm tempo para cultivar desejos abstratos. Seus objetivos são concretos.
“Meu nome é Elizabeth da Silva Gomes Andrade. Tenho 48 anos e sou dona de casa. A maioria dos bairros próximos de onde eu moro têm esgoto a céu aberto, quando chove, as pessoas perdem um pouco do que puderam conquistar. O que impede, de verdade, os governos resolverem esse problema?”
Com seu rebolado de general de cavalaria, Dilma aproximou-se da eleitora sem candidato. “Elizabeth, uma boa pergunta”, ela disse. Para a Dilma, todas as interrogações de indecisos são boas perguntas. “Eu tenho um compromisso com o futuro, Elizabeth. É acelerar essa questão do tratamento e da coleta de esgoto. Nós estamos colocando, hoje, R$ 76 bilhões em parceria com Estados e municípios.”
Na sucessão de 2010, a Globo já havia incluído os indecisos na coreografia do último debate. Nessa ocasião, coube a Melissa Bonavita, uma operadora de telemarketing do Rio, inquirir Dilma sobre saneamento: “Moro num bairro onde, nas proximidades, tem um valão imenso. Algumas vezes, em épocas de chuva, o valão transborda, provocando doença nas pessoas. O que será feito para melhorar o saneamento no país?”
Eis o que respondera a Dilma de quatro anos atrás: “Melissa, essa é uma das mais importantes questões. Queria te dizer que eu tenho um compromisso, que é resolver de uma vez por todas uma das questões mais graves do Brasil, que é a questão das enchentes, principalmente nas regiões metropolitanas. [...] Vou triplicar os valores investidos em saneamento —tratamento de esgoto e tratamento de água. [...] Vou investir em saneamento porque o Brasil tem de zerar o déficit em saneamento.”
Ou seja, no futuro da presidente sempre cabem todos e cabe tudo, pois o futuro não pode ser apalpado. O tucano José Serra, adversário dela na corrida presidencial de 2010, estava nos estúdios da Globo na noite passada. Deve ter gargalhado em silêncio. Ele criticara Dilma por não eliminar os impostos cobrados das companhias estaduais de saneamento. “O governo federal duplicou os impostos sobre saneamento”, afirmara Serra em 2010. “Isso tira R$ 2 bilhões das companhias estaduais por ano. E diminui os investimentos no setor.”
Aécio Neves, defensor da mesma providência, ecoou Serra na resposta à indecisa. “Elizabeth, eu não vou terceirizar responsabilidades. Presidente, vou cumprir o meu papel. O primeiro deles é desonerar as empresas de saneamento do PIS. A candidata prometeu. E não cumpriu.” Não é difícil perceber por que Elizabeth é uma eleitora indecisa.
Os indecisos não cultivam projetos abstratos. Só concretos. Por exemplo: o projeto de Vera Lúcia Azevedo Simões, 45, professora em Salvador, é obter segurança. “A droga tem dizimado parte dos jovens”, ela disse a Dilma e Aécio. “Muitos morrem antes de completar maioridade. Conheci um jovem do meu bairro que foi morto devido a uma dívida de drogas de apenas R$ 50. Tive um aluno que deixou a escola para ser chefe do tráfico. A caneta como arma, o caderno por lápide. Qual a proposta para melhorar essa realidade?”
Aécio respondeu que fechará as fronteiras do país, para impedir a entrada de drogas e armas. E reiterou a promessa de conceder um estímulo monetário aos jovens que se dispuserem a concluir os estudos. “Eu quero criar o Poupança Jovem, um recurso que é depositado na conta dos alunos do ensino médio que só pode ser sacado ao final do curso para que tenha um estímulo a mais para concluir sua formação. Quanto? O candidato não especificou. Mas, para concorrer com o recrutamento do tráfico, há de ser um bom dinheiro.
Quanto a Dilma, ela disse que, dentro de quatro anos, a indecisa Vera Lúcia será outra pessoa: “Eu vi numa reportagem da Globo News. Dizia que todas as pessoas que participaram do debate de 2010 disseram que melhoraram de vida. Eu quero que também com vocês aqui, com os eleitores indecisos ocorra a mesma coisa. Que vocês, no fim de 2018 cheguem aqui, digam que melhoraram de vida se eu for eleita, ficarei muito feliz.” Há 12 anos no poder, quatro os quais como presidente, Dilma oferece aos indecisos, de novo, um futuro radiante. Mal sabe ela que os indecisoas detestam futuros. Pragmáticos, querem ser convencidos no presente.
Os indecisos se comportam mal, desvirtuam a programação da marquetagem. Num debate em que Dilma jactou-se de presidir um país sob pleno emprego, a cearense Elizabeth Maria Costa Timbó apresentou-se como um ponto for a da curva: “Tenho 55 anos e sou economista. Sou uma pessoa qualificada profissionalmente, mas pelo fato de estar com 55 anos, atualmente me encontro fora do mercado de trabalho formal. Qual a sua proposta para que pessoas maduras tenham sua experiência de trabalho valorizada e possam manter sua empregabilidade?”
Aécio tropeçou no óbvio ao dar uma resposta a Elizabeth: “O país tem que voltar a crescer, nós não temos alternativa, a nossa taxa de investimentos hoje é de 16,5% do PIB, a menor da última década. E eu tenho absoluta convicção: com clareza das propostas, com respeito às regras, respeito às agências reguladoras, com uma política fiscal transparente vamos gerar novos empregos para gente qualificada como você, Elizabeth.” Quer dizer: mandou a indecisa entrar na fila.
“Muito boa a sua pergunta”, interveio Dilma. “Eu não acho que o Brasil não está gerando emprego. O que eu acho, Elizabeth, é que seria interessante que você olhasse entre os vários cursos que têm sido oferecidos, inclusive pelo Senai, que são cursos para pessoas que têm a possibilidade de conseguir um salário e um emprego melhor, se você não acha colocação.” Ou seja: para Dilma, o problema não está no mercado, mas em Elizabeth, que ainda não descobriu as maravilhas de uma reciclagem no Senai.
Pressionando aqui, você chega à integra da transcrição do debate. A conversa com os indecisos vale o desperdício de um pedaço do final de semana. Eles falaram no segundo e no quarto blocos. Na prática, os indecisos transformaram o último debate da temporada eleitoral numa espécie de centro terapêutico para tratar candidatos à Presidência de suas loucuras. Neste domingo, um deles terá alta.




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