DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 08-9-2014

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Sempre que Aécio Neves (PSDB) critica Marina Silva, o comitê de Dilma (PT) celebra. E não é porque ajuda a “desconstruir” a candidata do PSB, mas porque torna mais distante a possibilidade de um acordo que tira o sono da cúpula do PT: Aécio desistindo da candidatura, ainda no primeiro turno, para apoiar Marina. Projeções do PT indicam que o impacto dessa aliança poderia levar Marina a vencer no primeiro turno.
PT e PSDB se uniram na pancadaria contra Marina, na tentativa de estancar seu crescimento. O excesso poderá “vitimizar” a candidata.
Político experiente e avesso a baixarias, o vice-presidente Michel Temer diverge da estratégia da porrada: “Não vejo necessidade disso”.
Entre os documentos apreendidos pela Polícia Federal no escritório da Arbor, de Meire Pozza, a contadora, há dezenas de contratos do mega-doleiro e lobista Alberto Youssef com empresas das áreas imobiliária e hoteleira. Chama atenção a “consultoria” contratada pelo Moinho Cearense, no valor de R$ 1 milhão. A certa altura, o Moinho desiste da pretensão (obter mudanças na tributação do trigo) e comunica que não vai pagar os mais de R$ 600 mil restantes ao lobista.
Ao romper seu contrato com Youssef, a Moinho alega que, primeiro, nada conseguiu e depois porque não tinha mais interesse no assunto.
A Lava Jato investiga quais benesses os dezenas de contratantes de Alberto Youssef conseguiram junto ao governo e ao Congresso.
Diante do volume de documentos, de revelações e de dinheiro “lavado”, não resta dúvida: vêm aí as operações Lava Jato II, III, IV, V…
Há momentos curiosos, nas escutas da Operação Lava Jato. Como o dia em que um integrante da quadrilha não conseguia encontrar um endereço no Exterior, onde pegaria dinheiro sujo, sem entender o idioma local. Desesperado, entupiu o SMS de Youssef de mensagens.
Apesar dos supostos “compromissos com a educação”, os estados governados pelo PT não atingiram a meta fixada pelo Ministério da Educação. À exceção do DF, declarado território livre do analfabetismo.
Projeto secreto da estatal EBC, ex-Radiobrás, pretende implementar uma ideia de jerico: a “Voz do Brasil” na TV. Não seria rede obrigatória. O programa ficará restrito à TV Brasil. A emissora parece não se contentar com audiência zero; agora busca audiência negativa.
Entre as mais irremovíveis malquerências de Dilma, uma atende pelo nome de Rui Falcão, presidente do PT. Lula também não dá a ele qualquer importância, mas se diverte utilizando-o como uma espécie de bobo da corte, para atormentar a presidenta, brincando com sua repulsa.

NO BLOG DO NOBLAT
Carla Jiménez, El País
As denúncias de corrupção na Petrobras vão testar o seu alcance para a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff nesta semana, depois que o ex-diretor de abastecimento da companhia, Paulo Roberto Costa, fez um acordo de delação premiada comprometendo dezenas de políticos ligados principalmente ao PT e PMDB.
Embora os detalhes das informações prestadas à Polícia Federal não sejam conhecidos, o vazamento de dados, que insinuam a ligação de nomes graúdos dos dois partidos com eventual esquema de propinas da estatal, reforça o manto da desconfiança sobre a gestão da Petrobras. Os adversários da presidenta procuram capitalizar o assunto para mostrar a ineficiência da gestão do governo Rousseff sobre a estatal.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Sempre que Gilberto Carvalho fala, o mundo, o Brasil em particular e, muito especialmente, a política se tornam menos pudorosos, menos decentes, menos inteligentes e inteligíveis, menos sensatos, menos honrados. É impressionante a capacidade que este senhor, que é secretário-geral da Presidência, tem de penetrar no terreno do grotesco, do absurdo e do asqueroso. Neste domingo, algum figurão do Planalto tinha de vir a público para tentar dar uma resposta às graves acusações que Paulo Roberto Costa, o engenheiro da Petrobras que está preso, fez em depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. Ora, para tarefa tão espinhosa, só mesmo alguém da, digamos, estatura de Carvalho.
Segundo Paulo Roberto, as empreiteiras que faziam negócios com a Petrobras pagavam uma comissão a um grupo de políticos que incluía três governadores de Estado, seis senadores, um ministro, um ex-ministro, 25 deputados e o tesoureiro de um partido. É o petrolão. O esquema fraudulento funcionou nos oito anos do governo Lula — que, afirma Paulo Roberto, sempre soube de tudo — e estava a pleno vapor na gestão Dilma, até ser desbaratado pela Polícia Federal. A denúncia atinge em cheio três partidos: PP, PMDB e, muito especialmente, o PT.
A candidata Dilma Rousseff falou sobre o assunto — o que deixo para outro post. Carvalho se manifestou, reitero, como a voz do governo. E não viu mal nenhum em falar uma penca de barbaridades, que indicam o buraco no qual o país pode estar a se meter caso Dilma Rousseff seja reeleita.
Gilberto Carvalho, acreditem, para escândalo da lógica, do bom senso e da vergonha na cara disse o seguinte: “Enquanto houver financiamento empresarial de campanha, e as campanhas tornarem-se o momento de muita gente ganhar dinheiro e de se mobilizarem muitos recursos, eu quero dizer: não há quem controle a corrupção enquanto houver esse sistema eleitoral. Isso é com todos os partidos. Não há, infelizmente, nenhuma exceção”. O que Carvalho está dizendo é o seguinte: “Nós, do PT, somos corruptos, sim, mas todos são”.
Ora, o que o financiamento privado de campanha tem a ver com o antro em que se transformou a Petrobras? Digamos que o dinheiro do estado financiasse os partidos. Será que a empresa estaria protegida contra larápios? A resposta, obviamente, é “não”. Ao contrário: no dia em que o financiamento privado for proibido, aumentará o volume de caixa dois nas campanhas, e as estatais estarão ainda mais sujeitas ao assalto.
Para lembrar: a lista dos que receberiam propina do Petrolão inclui, entre outros, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (PMDB). Paulo Roberto acusa ainda Edison Lobão, atual ministro das Minas e Energia, e atinge o coração do Congresso: estão no rol o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). PT, PMDB e PP seriam os três beneficiários do esquema, que teria também como contemplados os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Romero Jucá (PMDB-RR), e os deputados petistas João Pizzolatti (SC) e Candido Vaccarezza (SP), além de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.
Carvalho tentou, adicionalmente, desqualificar a acusação, como se tudo não passasse de uma tramoia da oposição. Até parece que Paulo Roberto Costa procurou a sede do PSDB para fazer sua denúncia. Errado! Ele já gravou 42 horas de depoimentos à Polícia Federal e ao Ministério Público.
Um dos principais ministros de Dilma, vejam vocês, quer aproveitar mais um escândalo que pega em cheio o PT como pretexto para fazer uma reforma política que privilegiaria o seu partido e ainda elevaria exponencialmente o volume de caixa dois nas campanhas, o que deixaria as estatais ainda mais sujeitas à sanha dos companheiros.

A candidata Dilma Rousseff falou neste domingo sobre o petrolão, o mensalão da Petrobras, e, como de hábito, disse coisas um tanto confusas, meio incompreensíveis. Afirmou que, por enquanto, não pode fazer nada porque ainda não conhece direito as denúncias e não sabe o grau de comprometimento de cada acusado, se tudo é mesmo verdade, etc. Até aí, vá lá, tudo bem. Mas exagerou: segundo a presidente-candidata, o imbróglio não envolve o seu governo. Epa! Como assim, governanta? Um dos acusados é seu atual ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, pasta à qual está afeita a Petrobras. Outro que está na lista é Mário Negromonte, seu ex-ministro das Cidades. Mas isso ainda é pouco, né? A dinheirama, segundo o denunciante, serve para manter abastecida a base aliada — sim, base aliada do governo Dilma. E um dos peixes graúdos do esquema, segundo Paulo Roberto Costa, é João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, partido ao qual pertence a digníssima e pelo qual disputa a reeleição.
Dá para ir adiante: o esquema vigorou, segundo a acusação, durante todo o governo Lula. Podemos apimentar a narrativa: a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, teria alimentado o esquema criminoso. A presidente do conselho, no período, era uma certa… Dilma Rousseff, que, já instalada no Palácio do Planalto, garantiu a Nestor Cerveró, o principal executivo da compra da refinaria, o cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora. Como não atinge o seu governo, presidente? A senhora até pode pedir prudência, mas a história de que sua gestão não tem nada com isso é bobagem.
A reação do PSB foi, digamos, calculadamente ambígua. Marina Silva, a candidata a presidente, e Beto Albuquerque, a vice, concederam uma entrevista coletiva nesta domingo. Marina atacou os desmandos na Petrobras; afirmou que a empresa precisa ter um comando técnico e respondeu a ataques dos petistas: “Sou caluniada e acusada de ser contra esse patrimônio do Brasil. Enquanto essa mentira é alardeada, a Petrobras é destruída pelo uso político, a apadrinhamento e a corrupção”.
Pois é… Na hora, no entanto, de comentar o fato de que Eduardo Campos compõe a lista de políticos que teriam recebido propina, Marina se calou e passou a bola para Albuquerque, que, curiosamente, não deu uma resposta muito diferente da oferecida pelos petistas: haveria motivação eleitoral na denúncia. O candidato a vice de Marina disse estranhar o fato de que Paulo Roberto já tivesse, antes, indicado Campos como uma de suas testemunhas.
É mesmo? Eu estranho é o seu estranhamento. Está na cara que o engenheiro mandava um recado ao ex-governador de Pernambuco. Parecia dizer: “Você me conhece; fale sobre mim para a polícia…” Não custa lembrar que os três governadores ou ex citados como beneficiários de propinas — além de Campos, Roseana Sarney (PMDB-MA) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) — pertencem a estados onde há grandes empreendimentos da Petrobras. PT e PSB cobram acesso aos depoimentos. OK. Que o façam! Mas é preciso ter um pouco mais de pudor com as respostas ridículas.
O tucano Aécio Neves fez o esperado — afinal, queriam o quê? Cobrou investigação e advertiu que já ninguém aguenta essa história do “eu não sabia”. Em entrevista à VEJA, afirmou: “As denúncias do senhor Paulo Roberto mostram que a Petrobras vem sendo assaltada ao longo dos últimos anos por um grupo político, comandado pelo PT, com o objetivo de perpetuar-se no poder. Quando nós apresentamos a proposta da criação da CPMI da Petrobras, os líderes do governo diziam que isso era uma jogada eleitoral da oposição apenas para prejudicar o governo nas eleições. A presidente da República chegou a dizer que nós estávamos, com os ataques que fazíamos a Petrobras, depondo contra a imagem da nossa principal empresa. Quem desmoralizou a nossa principal empresa foi esse governo comandado pela atual presidente da República.”
Alguém tem de cobrar a investigação e alertar o país para a gravidade do assunto. Dadas as falas, tudo indica que Dilma e Marina, apesar da retórica, preferem que não se vá até o fim nessa história. Convenham: tramoia será fugir da verdade só porque há eleições. A ser assim, “estepaiz”, como diz aquele, só prende vagabundos que roubam o dinheiro público em ano ímpar, não é mesmo?

NO BLOG DO CORONEL
Abaixo, editorial do Estadão de hoje (07), intitulado "As coisas podem não ser o que parecem".
É cada vez menor o número dos que duvidam hoje da derrota de Dilma Rousseff nas urnas de outubro. Mas a probabilidade da vitória de Marina Silva poderá resultar em enorme decepção para quem acredita que o voto na ex-senadora é o melhor caminho para livrar o País do lulopetismo. Esta é a conclusão a que têm chegado, nos círculos políticos de Brasília, petistas e não petistas com algum acesso a Lula, a partir da análise de seu comportamento diante de um quadro eleitoral que era impensável pouco tempo atrás.
Não é de hoje, garantem seus seguidores mais chegados, que Lula perdeu a paciência com a campanha da reeleição de Dilma. E não se trata nem de discordar da estratégia, se é que se pode chamar assim, que a presidente e seu círculo de assessores diretos impuseram à disputa. Aos mais íntimos o ex-presidente se tem permitido expressar irritada decepção com a falta de competência política e de carisma de sua criatura. Afirma mesmo, como se não tivesse nada a ver com isso, que ela "não é do ramo".
Diante do provável revés, Lula se esforça para disfarçar o mau humor com um comportamento discreto que o tem levado, para usar uma expressão futebolística tão a seu gosto, a simplesmente "cumprir tabela" na campanha. Mesmo porque uma omissão ostensiva seria inadmissível e a estridência crítica seria contraproducente.
Lula, portanto, parou para pensar em si mesmo, entregar os anéis para salvar os dedos e se concentrar em 2018, quando ele próprio poderá tentar, com o prestígio popular que lhe tiver restado, uma volta triunfal ao Palácio do Planalto. E, pelo que dizem ser seus cálculos, a eleição de Marina Silva agora pode ser mais útil a esse objetivo do que a reeleição de Dilma.
Dilma Rousseff entregará a seu sucessor um país em situação muito pior do que aquele que recebeu de Lula há quatro anos. Os indicadores econômicos, financeiros e sociais revelam essa lamentável realidade. O próximo ocupante da cadeira presidencial receberá uma verdadeira herança maldita. Reeleita, Dilma terá de mostrar uma competência que já provou não ter para evitar que a inflação estoure, a recessão econômica se instale, os programas sociais definhem e a companheirada em desespero piore as coisas tentando "salvar o seu". E aí provavelmente nem mesmo Lula seria capaz de operar o milagre de manter o PT no poder em 2018.
Já Marina Silva na Presidência, com um programa repleto de boas intenções, mas sem nenhuma perspectiva concreta de apoio parlamentar para aprová-lo e de uma ampla e competente equipe técnica para realizá-lo, seria presa fácil de um PT que, na oposição, estaria à vontade para fazer aquilo em que é especialista: atacar, destruir. E depois de devidamente demolida a imagem de Marina, Lula poderia surgir, mais uma vez, como salvador da pátria. 
Mas haveria ainda, segundo essas maquinações, uma segunda hipótese: governar com o PT. Marina não ignora as dificuldades que terá pela frente e tentará garantir o apoio de forças políticas que possam fazer diferença em seu governo. Petistas ou tucanos dariam a Marina apoio decisivo semelhante àquele que o PMDB oferece hoje a Dilma. Mas PT e PSDB dificilmente comporiam juntos uma base de apoio confiável. E, mesmo que os tucanos venham a apoiar Marina num eventual segundo turno contra Dilma, toda a história política da ex-senadora dentro do PT e a aversão aos tucanos que ela não se preocupa em disfarçar indicam que seus parceiros preferenciais seriam os petistas.
Reforçaria essa hipótese o fato de que Marina tem feito acenos de boa vontade a Lula, como a reiterada manifestação de que não seria candidata à reeleição em 2018 e de que estaria disposta a não desalojar completamente o PT de seu governo, promessa implícita na garantia de que pretende governar "com todos os partidos".
Seja como for, Lula parece estar assimilando bem - e talvez até desejando - uma vitória de Marina Silva, que trabalharia para caracterizar como uma derrota de Dilma e não do PT. E o PT estaria, tanto quanto seu líder máximo, preservado do inevitável desgaste de mais quatro anos de barbeiragens políticas e administrativas.
A ser isso verdade, votar em Marina com a intenção de cravar uma bala de prata no coração do lulopetismo seria comprar gato por lebre.

NO BLOG DO JOSIAS
Dilma Rousseff acredita que a delação do ex-diretor preso da Petrobras Paulo Roberto Costa não abala a sua administração. “Eu acho que não lança suspeita nenhuma sobre o governo, na medida em que ninguém do governo foi oficialmente acusado”, disse ela, em timbre enfático. Perdidos em meio às perversões que o aparelhamento do Estado produz, a presidente e seu governo inocente lembram muito as virgens de Sodoma e Gomorra.
“O governo tem tido em relação a essa questão uma posição extremamente clara”, Dilma prosseguiu. Muito clara, de fato. Tão clara quanto a gema. “Foram órgãos do governo que levaram a essa investigação. Foi a Polícia Federal, não caiu do céu. Foi uma iniciativa da PF e também de outros órgãos, como Ministério Público e Judiciário. O governo está investigando esta questão.” Isso é que é governo eficiente. Ele mesmo desvia, ele mesmo investiga. E a presidente se autoabsolve.
Recordou-se a Dilma que o nome de um de seus ministros, Edison Lobão, consta da lista de supostos recebedores de propinas prospectadas na Petrobras. E ela: “Eu preciso dos dados que digam respeito, ou que tenham alguma interferência no meu governo. Enquanto não me derem os dados oficialmente, não tenho como tomar uma providência. Ao ter os dados, eu tomarei todas as providências cabíveis, inclusive se tiver de tomar medidas mais fortes.”
Pode-se acusar Dilma de muita coisa, menos de incoerência. Xerife do setor energético desde o primeiro reinado de Lula, ela sempre foi 100% fiel aos interesses de José Sarney. Em 2004, ainda ministra de Minas e Energia, levou ao microondas um respeitado presidente da Eletrobras, Luis Pinguelli Rosa, para acomodar no lugar dele Silas Rondeau, afilhado político de Sarney.
Em 2005, alçada à Casa Civil pela queda do companheiro José Dirceu, Dilma cacifou o nome de Rondeau para substituí-la no comando da pasta de Minas e Energia. Com isso, forneceu matéria-prima para que a Polícia Federal comprovasse sua eficiência. Decorridos dois anos, o ministro de Sarney foi pilhado pela PF na Operação Gautama.
Acusado de apalpar um envelope contendo propina de R$ 100 mil, Rondeau deixou o cargo para se defender. E foi substituído, com o aval de Dilma, por Edison Lobão, outro ministro da cota de Sarney. Eleita presidente, em 2010, Dilma manteve Lobão na Esplanada. Demitindo-o agora, cutucaria o morubixaba maranhense. Algo que nem Lula jamais ousou fazer. Melhor negociar.
No início do ano, quando Dilma promoveu sua última reforma ministerial, eufemismo para troca de cúmplices, o PMDB guerreava por um sexto ministério. E o presidente do PT federal, Rui Falcão, tratou de acomodar as coisas em pratos pouco asseados: “Não vamos ceder um novo ministério para o PMDB. Agora, concessão para discutir projeto de lei, espaço em estatal, para isso estamos abertos à negociação.”
O delator Paulo Roberto Costa é resultado desse tipo de arranjo que levou os governos do PT a abrigar as “indicações partidárias'' nos “espaços” de empresas estatais. Paulinho, como Lula o chamava, foi indicado em 2004 pelo PP do mensaleiro morto José Janene. Nomeado diretor de Abastecimento, passou a servir a uma joint-venture partidária que reunia, além do PP: PT, PMDB e alas do PTB. Deixou a Petrobras em 2012, já sob Dilma. Era um escândalo esperando para acontecer.
Ao dizer que a delação de Paulinho “não lança suspeita nenhuma sobre o governo”, Dilma fica desobrigada de fazer sentido. Candidata à reeleição, ela enfrenta a crise ética que engolfa alguns dos principais acionistas do conglomerado governista à maneira do avestruz. Foge da realidade enfiando a cabeça na ilógica: “Ninguém do governo foi oficialmente acusado.” Então, tá! Ficamos assim. Não se fala mais nisso.
NO BLOG DO ALUIZIO AMORIM
Os próximos dias serão cruciais para definir a eleição presidencial. Nos bastidores uma luta surda. Até que ponto avançará a delação premiada de Paulo Roberto Costa? Lula realmente estaria blindado?
Há menos de um mês atrás, a dúvida que acompanhava a corrida presidencial era se Dilma Rousseff venceria no primeiro turno ou se ela enfrentaria o tucano Aécio Neves (PSDB) na segunda etapa das eleições. Mas o acidente que matou Eduardo Campos alterou a disputa e, em poucos dias, Marina Silva (PSB) passou a ser a candidata com melhor percentual nas pesquisas de intenção de voto no segundo turno – que se tornou inevitável.O mais recente episódio que pode chacoalhar o cenário eleitoral envolveu o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e suas delações. Conforme revelou VEJA nesta semana, ele citou os políticos beneficiados pelo esquema de corrupção na estatal em depoimento à Polícia Federal. A investigação sobre o escândalo da Petrobras pode alterar o panorama justamente quando a campanha entrava no momento de consolidação dos votos.
Evidentemente, os políticos citados nominalmente por Costa como beneficiários do esquema devem ser os mais afetados: isso inclui o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), que disputa o governo do Rio Grande do Norte. Mas a crise se coloca, sobretudo, no caminho da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Paulo Roberto Costa foi nomeado para o cargo na Petrobras por Lula, em 2004, e ficou no cargo até 2012 – já no governo atual, portanto. Além disso, o tesoureiro do PT, João Vaccari, é citado pelo ex-diretor como uma das pessoas que captaram dinheiro no esquema. Praticamente todos os citados no escândalo são aliados da presidente.
Como Paulo Roberto Costa também mencionou o nome de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato à presidência morto em 13 de agosto, entre os envolvidos no esquema, a campanha de Marina Silva pode ser afetada. No mínimo, a candidata do PSB deve ficar impossibilitada de explorar o caso eleitoralmente. Ao candidato do PSDB Aécio Neves, o episódio se desenha como uma oportunidade – talvez a última – de reagir nas pesquisas de intenção de voto. É nisso que os tucanos apostam agora.
AS PESQUISAS
Faltam 28 dias para o primeiro turno das eleições e a disputa entra agora na etapa em que as decisões se tornam ainda mais calculada. O enredo se repete: quem está à frente tenta manter o jogo inalterado, enquanto os candidatos em desvantagem arriscam mais porque já não têm muito o que perder. É uma etapa decisiva, onde os erros podem ser incorrigíveis – o tempo é escasso. As pesquisas mostram um equilíbrio entre Dilma e Marina no primeiro turno, e uma vantagem da candidata do PSB na rodada final. A folga, entretanto, já foi maior. E a máquina petista, muito mais poderosa, não pode ser desprezada. 
Por outro lado, Aécio Neves tem currículo e suporte partidário para conquistar uma fatia considerável do eleitorado. Falta-lhe, até aqui, o poder de reação. E, a cada dia em que ele continua no terceiro lugar das pesquisas, torna-se mais patente o dilema envolvendo a campanha tucana: aumentar a agressividade ou poupar-se para o futuro? O manual do marketing político consolidou a tese de que o ataque não funciona. A regra, entretanto, costuma ser respeitada apenas até o momento em que não há alternativa: "A última instância é a desconstrução da imagem do seu adversário", diz Carlos Manhanelli, que tem quatro décadas de experiência em marketing eleitoral. Com cerca de 15% das intenções de voto, o tucano precisaria de um fato novo no cenário para chegar ao segundo turno. Com pouco a perder, ele poderia intensificar os ataques a Marina Silva, com quem disputa o eleitorado oposicionista. Mas isso não só aumentaria o risco de um efeito reverso como destruiria a possibilidade de uma aproximação dos dois no segundo turno – e em um eventual governo de Marina. Leia MAIS

NO BLOG ALERTA TOTAL
Paulo Roberto Costa decidiu partir para delação premiada depois do “acidente” de Eduardo Campos
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Eduardo Campos vinha recebendo ameaças veladas de membros da cúpula petista sobre o alto risco de seu nome ser envolvido, de forma comprometedora, nas investigações da Operação Lava Jato, principalmente nos negócios superfaturados envolvendo a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A queda do avião que matou o presidenciável socialista foi a gota d'água para Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, decidir contar tudo que sabe na delação premiada aos investigadores da Operação Lava Jato.
Também ameaçados, Paulo Roberto e seus familiares temiam o mesmo destino fatal de Campos. Preso desde março na Polícia Federal no Paraná, Paulo Roberto soube de uma informação assustadora sobre o “acidente”. Um dia antes da queda mortal em Santos, dois homens fizeram uma “manutenção” na aeronave. O fato gravíssimo é que a Aeronáutica e a segurança da Infraero no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, não têm a identificação dos dois “técnicos”.
Ao saber que a estranha ocorrência era investigada pela FAB, indicando que a morte de Eduardo Campos pudesse não ser tão acidental quanto parecia, Paulo Roberto resolveu mudar sua estratégia de defesa e contou tudo que sabia ao Ministério Público Federal e ao juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba. O nome de Eduardo Campos, inclusive, foi um dos citados nos problemas ligados à refinaria Abreu e Lima. Como bem reclamou a alarmada candidata Marina Silva, Paulo Roberto causou uma “segunda morte” de Eduardo Campos.
O domingão foi de pânico por causa da delação premiada de Paulo Roberto Costa. O ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou ontem de manhã à Brasília para uma “reunião de emergência”. Lula se deslocou no jatinho da empreiteira Andrade Gutierrez que costuma usar em seus deslocamentos. O fato coincide com o momento fatal em que a Lava Jato, a partir do que Paulo Roberto delatou, começa a centrar fogo nos negócios das grandes empreiteiras – principalmente com a Petrobras. As grandes construtoras, inclusive, passaram o recibo de montar um inédito “pool” para a uma estratégia comum de defesa – já que teriam sido formalmente denunciadas, com provas, sobre pagamentos de propinas milionárias. As construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e Mendes Júnior, entre outras menos votadas e tradicionais doadoras de campanhas eleitorais, estão na mira do Ministério Público Federal e da Justiça.
O 7 de setembro foi um dia terrível para quem já sabe ter sido dedurado pelo arquivo-vivo Paulo Roberto Costa. Embora não se saiba que tenha sido formalmente citado pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Lula ficou tão preocupado quanto irritado, e já deu ordens para o governo adotar uma linha ofensiva de discurso. A missão é quase impossível para Dilma Rousseff que ontem estava abatida porque sabe não ter mais condições políticas de manter sua amiga Maria das Graças Foster na presidência da Petrobras. Dilma deve receber de Graça, o mais urgente possível, o “pedido para sair”, provavelmente junto com toda a diretoria da estatal de economia mista.
A turma do Palácio do Planalto, que só sabe de tudo quando convém, foi informada de que Paulo Roberto não poupou ninguém. Tanto que sua delação premiada, respaldada na Lei 9.807, de 1999, agora considerada mais uma herança maldita da Era FHC, pode render a Paulo Roberto até um inesperado “perdão judicial”. Se suas informações realmente permitirem a identificação dos membros da organização criminosa e facilitarem a recuperação total ou parcial dos milhões ou bilhões de reais desviados pelo esquema da Lava Jato, Paulo Roberto pode entrar no programa de proteção a testemunhas. Assim, legalmente, mudaria de nome e sairia do Brasil.
O acordo de delação premiada firmado por Paulo Roberto Costa com a Justiça terá de ser homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que cuida já de três ações ligadas à Lava Jato que envolvem políticos e autoridades com direito a foro privilegiado. A tendência de Zavaskci, sem muita alternativa, é pela ratificação do acordo. Em maio, o ministro chegou a conceder um habeas corpus libertando 12 presos na Lava Jato, inclusive Paulo Roberto. Mas foi obrigado a voltar atrás, sob o argumento de que os suspeitos poderiam fugir. Como os investigadores encontraram uma conta corrente de Paulo Roberto na Suíça, o juiz Sérgio Moro teve um argumento legal para fazê-lo retornar à cadeia.
Paulo Roberto Costa afundou o PTitanic. Agora, como diz um amigo, restam duas classes no Brasil, que aguardam os próximos acontecimentos: as armadas e as alarmadas...
Lula a Jato
No aeroporto JK, em Brasília, lobistas clicam o avião usado ontem por Lula da Silva rumo à reunião de emergência: pertence à empreiteira Andrade Gutierrez, mas Lula sempre viaja nele...

Prova de Superação

Ex-Mulher Bomba
Aguarda-se para os próximos dias um depoimento bomba de Rosane Collor de Mello.
Circula nos informes de lobistas a informação de que a ex-mulher do ex-presidente e atual senador alagoano Fernando Collor de Mello revelaria um escândalo que abalaria a República.
Resta aguardar para ver se Rosane consegue ser mais bombástica que Paulo Roberto Costa – que já derrubou o desgoverno petralha...
Ou, então, o que o petista renegado e ilustre maçom André Vargas vai falar na hora em que for apertado...
Escolinha do Requião
Paranaenses lembram que, nos tempos do governo Lula, o então diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, deu uma empolgada palestra na Escola de Governo de Roberto Requião sobre investimentos da estatal no estado.
Também recordam que, desde 2009, as obras da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, são investigadas pelo Tribunal de Contas da União por suspeitas de superfaturamento.
Em outubro de 2011, a revista Época chegou a informar que a obra de R$ 7,5 bilhões – firmada com um sete consórcios de empreiteiras, estaria R$ 1,4 bilhão acima do valor normal de mercado...
Vão pegar o poderoso chefão?
O Alerta Total insiste na tese de que nem o mais justo e perfeito idiota consegue acreditar que Paulo Roberto Costa e a turma de doleiros conectada por Alberto Youssef sejam os líderes máximos de um esquema que lavava mais de R$ 10 bilhões em negociatas com empresas estatais (principalmente a Petrobras) e empreiteiras, envolvendo poderosos políticos, artistas famosos e até craques e dirigentes de futebol.
Só uma coisa está clara e objetiva: a delação premiada de Paulo Roberto Costa derrubou, na prática, o desgoverno do PT.
O voo reeleitoral de Dilma Rousseff foi abatido pelo aliado que contou tudo que sabe aos investigadores da Operação Lava Jato.

Tudo sabido

Uso indevido do nome e do currículo
O Coronel José Ori Dolvin Dantas entrou em contato com a redação do Alerta Total para advertir e garantir que não foi escrito por ele um texto com ilações sobre o acidente fatal com Eduardo Campos.
O Coronel promete descobrir quem usou seu nome e seu currículo, indevidamente, para espalhar o texto pela internet:
“Quero me dirigir ao Alerta Total e os demais leitores que estou sendo vítima de uma publicação perniciosa. Usaram meu currículo para divulgar uma suposição que não é minha. Vou tomar todas as providências cabíveis para achar o responsável”.
Força dos argumentos
Embora não seja do coronel Dantas, o artigo lança dúvidas bem plausíveis sobre o “acidente” que se torna ainda mais misterioso, agora que se sabe que Paulo Roberto Costa resolveu apelar para a delação premiada para não ter destino idêntico ao presidenciável socialista.
Reveja os argumentos do artigo “Suspeitas no acidente e morte de Eduardo Campos”, com 13 ponderações sobre o “acidente”.
O Alerta Total pede desculpas ao Coronel e aos leitores e justifica que só publicou o texto em 5 de setembro de 2014 porque o recebeu de uma fonte militar, de alta patente, altamente confiável, que acreditou ter sido produzido pelo especialista citado.
(...)

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