DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 19-8-2014

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
Lula ouve o aviso em forma de choro: até um bebê de colo acha que oportunismo tem limite

Os políticos presentes ao velório de Eduardo Campos cumprimentaram com sobriedade a viúva, sussurraram duas ou três palavras de consolo a algum parente que estivesse por perto e saíram do foco das câmeras. Os limites da circunspecção foram respeitados por todos ─ com uma única e previsível exceção. Lula, vaiado na chegada, não perdeu a chance de produzir uma imagem que sugerisse um alto grau de intimidade (que nunca existiu) com a família do morto.
Ao topar com Renata Campos, o palanque ambulante capturou o caçula Miguel, até então posto em sossego nos braços da mãe, e posou para os fotógrafos beijando a testa do garotinho de sete meses. O truque eleitoreiro resultaria numa cena e tanto se o pequeno coadjuvante não tivesse rasgado o roteiro: assim que foi levantado por Lula, Miguel caiu no choro. Até bebê de colo acha que oportunismo tem limite.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
Enquanto brasileiros reagiam indignados ao “financiamento público de campanha”, discretamente os políticos engordaram o “fundo partidário”, abastecido com recursos do Tesouro. Em 2004, ao ser instituído, o fundo tirou R$124,8 milhões do bolso do contribuinte. Isso foi aumentando até saltar de R$197 milhões, em 2010, para R$ 307,3 milhões em 2011. Em 2014, a previsão é que vai a R$ 364,3 milhões.
Do total, 5% do fundo é rateado entre todos os partidos registrados na Justiça Eleitoral, e 95% conforme a votação para deputado federal.
Vários partidos nanicos, sem qualquer expressão eleitoral, são mantidos pelos seus “donos”, interessados apenas no fundo partidário.
Até julho, os grandes partidos embolsaram a “parte do leão” do fundo: PT (R$ 29,4 milhões), PMDB (R$ 21 milhões) e PSDB (R$ 19,9 milhões).
Nanicos não têm votos, mas fazem festa com o fundo: PTC (R$ 1,3 milhão), PRTB (R$ 773 mil), PSDC (R$ 618 mil) e PEN (R$ 531 mil).
Informe de analistas do banco Credit Susse aponta Dilma como a favorita na disputa. Se escrevessem o contrário, seus patrões seriam pressionados a demiti-los, como aconteceu no banco Santander?
Alexandre Padilha (PT) sentiu-se “humilhado” com o critério da Globo de fazer cobertura diária de candidatos acima de 6% nas pesquisas. Padilha deveria se sentir diminuído com o próprio desempenho: ele não passa dos 5%. Mas foi à Justiça para obrigar a Globo a abrir espaço.

NO BLOG DO NOBLAT
O Globo
Em entrevista ao "Jornal Nacional", realizada na biblioteca do Palácio da Alvorada, a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, admitiu que a situação na área da Saúde "não é minimamente razoável", mas defendeu as ações do governo, como o programa Mais Médicos. Apesar da insistência, Dilma se recusou a responder sobre a atitude do PT diante do escândalo do mensalão, que tratou os condenados como heróis.
Por repetidas vezes, Dilma disse que não comenta decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) por ser presidente da República e respeitar a independência entre os Poderes. Em certos momentos, a presidente se mostrava tensa e incomodada em ser interrompida com novas perguntas. Ao final, Dilma disse que a economia vai melhorar no segundo semestre, rebateu o pessimismo e pediu votos aos eleitores.

Carolina Brígido, O Globo
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou a decisão tomada pelo ex-ministro Joaquim Barbosa que determinava o leilão dos bens bloqueados de Marcos Valério no processo do mensalão. Barroso argumentou que a medida deveria ter sido tomada pela Vara de Execuções Penais (VEP), e não pelo STF.
Também ficou anulada a ordem para leiloar bens da mulher de Valério, Renilda de Souza; dos sócios dele, Rogério Tolentino, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, e de cinco empresas do grupo.

Marcos Valério, algemado, saindo do IML, em Minas Gerais, e seguindo para a penitenciária - Foto: Ezequiel Fagundes / O Globo


Cristiane Bonfanti, O Globo
A criação de empregos formais somou 1,490 milhão em 2013, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) divulgados pelo Ministério do Trabalho. O resultado representa uma alta de 29,7% na comparação com o total de 1,148 milhão de postos de trabalhos criados em 2012.
No entanto, o resultado de 2013 é o segundo pior desde 2003, quando foram abertas 861 mil empregos. Além dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que englobam os trabalhadores com carteira assinada, os números da Rais consideram os servidores públicos federais, estaduais e municipais, além de trabalhadores temporários.


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Cuidado, Wikipédia! O Planalto pode tentar mudar a história da Controladoria-Geral da União e atribuir a paternidade a Lula. Seria mais uma batida na carteira do governo FHC. Afinal, como se sabe, o PT reivindica até mesmo ter debelado a inflação no país, não é? Daqui a pouco, vai dizer que foi o criador do Plano Real. Ao afirmar que os governos petistas combateram a corrupção como nenhum outro, Dilma saiu-se com a seguinte resposta:
“Bonner, (…) nós, justamente, fomos aquele governo que mais estruturou os mecanismos de combate à corrupção, à irregularidade e maus-feitos. Por exemplo, a Polícia Federal, no meu governo e no do presidente Lula, ganhou imensa autonomia. Para investigar, para descobrir, para prender. Além disso, nós tivemos uma relação muito respeitosa com o Ministério Público. Nenhum procurador-geral da República foi chamado, no meu governo ou no do presidente Lula, de engavetador-geral da República. Por quê? Porque também escolhemos, com absoluta isenção, os procuradores. Outra coisa: fomos nós que criamos a Controladoria-Geral da União, que se transformou num órgão forte e também que investigou e descobriu muitos casos. Terceiro, aliás, eu já estou no quarto. Nós criamos a Lei de Acesso à Informação. Criamos, no governo, um portal da transparência. (…)"
Bem, vamos ver. Quem apelidou o então procurador-geral da República de “engavetador-geral da República” foi o PT, que sempre é bom para dar apelidos que desmerecem os adversários, não é mesmo? De resto, o Ministério Público não tem hoje nem mais nem menos autonomia do que tinha no governo FHC. A acusação que Dilma faz, no fim das contas, não é dirigida nem contra Brindeiro nem contra o ex-presidente, mas atinge o próprio MP. Como esquecer que, quando o PT era oposição, uma ala de procuradores militantes passou a atuar de maneira escancaradamente política para produzir uma indústria de denúncias? Isso é apenas um fato.
Mas esse nem é o ponto principal. À diferença do que disse a presidente no Jornal Nacional, não foi o governo petista que criou a Controladoria-Geral da União. Foi o governo FHC, em 2001, por meio da Medida Provisória n° 2.143-31, de 02 de abril de 2001. O órgão se chamava, então, Corregedoria-Geral da União. Houve apenas uma mudança de nome, mas não de função: combater, no âmbito do Poder Executivo Federal, a fraude e a corrupção e promover a defesa do patrimônio público.
A ministra que primeiro assumiu a CGU foi Anadyr Mendonça, que prestou um relevante serviço na consolidação do órgão. Pois é… Lula já tomou para si o “Bolsa Família”, que é um ajuntamento de benefícios que já eram pagos no governo FHC. Agora, Dilma muda a história para afirmar que a CGU, criada na governo tucano, também é obra de seu partido.
É até desejável que governantes sejam criativos em matéria de futuro. Ser criativo com o passado costuma caracterizar fraude intelectual.

Dilma Rousseff foi a entrevistada de ontem do Jornal Nacional. Não vou analisar aqui a fala da candidata porque entendi, segundo seus próprios pressupostos, que quem concedeu a entrevista foi a presidente da República. Aliás, só isso explica o fato de que ela gozou de um privilégio que aos demais não foi concedido porque nem haveria como: falou na biblioteca do Palácio da Alvorada, não no estúdio do “Jornal Nacional”, a exemplo dos demais. Entendo que a Globo não deveria ter ou aceitado a exigência ou oferecido o benefício. Benefício? É claro que sim! À diferença de Aécio Neves e Eduardo Campos, Dilma estava em território conhecido; os outros não. Há mais: se era a candidata que falava, então havia o uso claro de um aparelho público em benefício da campanha.
Vimos imagens de bastidores, não é? Aécio e Campos foram recebidos por William Bonner em sua sala, na sede da TV Globo, no Rio. No Palácio, suponho, a dupla de jornalistas é que foi recebida por Dilma. Ser o anfitrião, nessas horas, faz diferença, sim — e fez (já chego lá). Não que a entrevista tenha sido chapa branca. Não foi, não! Houve honestidade jornalística. Mas, em certo momento, houve mais dureza do que objetividade. Nota à margem antes que continue: não me venham com a cascata de que o Alvorada é a casa de Dilma, e por isso a entrevista foi concedida lá. Por esse critério, Campos e Aécio deveriam ter recebido os jornalistas, então, em suas respectivas residências. Ou bem Dilma fala como candidata ou bem fala como presidente. Como um híbrido, é que não dá. Até a luz que se via ali era pública, ora. Sigamos.
O ponto da entrevista mais escandalosamente significativo foi aquele em que Dilma se negou a censurar o seu partido por ter defendido os mensaleiros. Mais do que isso: lendo a transcrição de sua fala, a gente percebe que ela não criticou nem mesmo os criminosos. Bonner foi incisivo:
“Então, me deixa agora perguntar à senhora. E em relação a seu partido? O seu partido teve um grupo de elite de pessoas corruptas, comprovadamente corruptas, eu digo isso porque foram julgadas, condenadas e mandadas para a prisão pela mais alta corte do Judiciário brasileiro. Eram corruptos. E o seu partido tratou esses condenados por corrupção como guerreiros, como vítimas, como pessoas que não mereciam esse tratamento, vítimas de injustiça. A pergunta que eu lhe faço: isso não é ser condescendente com a corrupção, candidata?”
Observem que Bonner a chamou por aquilo que ela era naquele momento: “candidata”. E o que ela respondeu? Isto (a gramática é miserável, mas o sentido é claro):
“Eu vou te falar uma coisa, Bonner. Eu sou presidente da República. Eu não faço nenhuma observação sobre julgamentos realizados pelo Supremo Tribunal, por um motivo muito simples: sabe por que, Bonner? Porque a Constituição, ela exige que o presidente da República, como exige dos demais chefes de Poder, que nós respeitemos e consideremos a importância da autonomia dos outros órgãos.”
Acontece que os jornalistas a indagavam sobre o comportamento do partido, não do Supremo. Bonner insistiu duas outras vezes que eles haviam feito uma indagação sobre o partido. Ela não mudou a resposta. Faltou ao editor-chefe do Jornal Nacional deixar claro que a pergunta era dirigida à candidata, não à presidente. Isso não foi dito. Convenham: afinal de contas, candidatos à Presidência não frequentam a biblioteca do Palácio da Alvorada. Na prática, entre os corruptos punidos e o Supremo que os puniu, Dilma preferiu decretar um empate, embora saibamos que ela não teria autonomia para criticar os criminosos ainda que quisesse.
A presidente se enrolou na pergunta sobre a saúde, mas não sei se o telespectador percebeu desse modo. Os entrevistadores fizeram uma síntese das calamidades da área e lembraram que o partido está há 12 anos no poder. A presidente, então, acionou a tecla do programa “Mais Médicos” para demonstrar como seu governo é operoso, embora tenha dito, num dado momento, que a saúde não é “minimamente razoável”. Pois é… Não é minimamente razoável depois de 12 anos de poder petista.
É nessa hora que faltou um tanto de objetividade, números mesmo: entre 2002 e 2013, houve uma redução de 15% na taxa de leitos hospitalares (públicos e privados) por mil habitantes. Entre 2005 e 2012, o SUS perdeu mais de 41 mil leitos. Isso quer dizer que os hospitais privados pediram seu descredenciamento porque não conseguem conviver com a tabela miserável paga pelo sistema. Atenção! Há apenas 0,15 leito psiquiátrico por mil habitantes no país. É a metade do que havia quando o PT chegou ao poder. E já era pouco. Nos países civilizados, a média é de um leito psiquiátrico por 1.000. Isso quer dizer que o Brasil tem menos de um sexto do necessário. Esses poucos leitos, de resto, estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste. Os médicos cubanos são a resposta para isso? É claro que não!
Mas ok. Hoje começa o horário eleitoral gratuito. Em razão de uma legislação indecente, que não vem de hoje — é evidente — Dilma terá mais de 11 minutos, quase o triplo de Aécio, que vem logo a seguir, com mais de quatro minutos. O PSB terá pouco mais de 2 minutos. Dilma poderá falar, então, à vontade, sem ser contraditada por ninguém. É nessas horas que dá o seu melhor.

NO BLOG DO CORONEL
Uma edição da Folha vergonhosamente petista.

A Folha de São Paulo dilmou de vez. No dia em que começa a propaganda eleitoral, a manchete de capa é esta aí que vocês estão vendo. Agora respondam: o que Lula tem a ver com a campanha eleitoral? De novo, é o jornal querendo assumir um protagonismo que não é seu. E trazendo Lula para a campanha até antes do PT. Mas não é só isso.
A análise de um repórter, internamente, é que Dilma foi muito bem no Jornal Nacional. Que ganhou na tática e na estratégia. O nome dele é Ricardo Mendonça e escreve asneiras como estas:
"Mas a principal vantagem de Dilma não foi pelo momento nem pelo local da entrevista, mas pelo comportamento.
Fora de seu habitat, Bonner parecia excessivamente preocupado em não deixar Dilma tomar as rédeas da conversa. Correto, mas seria melhor não deixar transparecer.
E, ao contrário do que foi visto nos "JNs" anteriores, quem parecia aflito com o cronômetro eram os apresentadores, não a entrevistada.
No início, a guerra de nervos foi parelha. Bonner fracassou na primeira tentativa de interromper Dilma, mas conseguiu logo em seguida.
A presidente ouviu muda e voltou mais Dilma do que nunca: "Então, continuando o que eu estava dizendo, Bonner (...)", retomando o raciocínio de antes da interrupção.
O que vale mais: um presidente que tenta parecer simpático ou um que demonstra saber usar a autoridade? Aí, Dilma ganhou na estratégia." 
A Folha vem perdendo completamente a independência na cobertura das eleições. Desde o episódio forçado do aeroporto em Minas, onde até mesmo pesquisa mandou o Datafolha fazer, culminando com a abominável "Datafolha Boca de Velório" que fez para colocar Marina Silva em empate técnico com Aécio Neves. Isto não está na cabeça de ninguém. Isto está na capa do jornal. Como hoje.

A voz do povo: pernambucanos culpam Dilma, Marina e a "máfia do PT" pelo "atentado" que matou Eduardo Campos.

A investigação sobre as causa do acidente que matou o ex-candidato do PSB à Presidência da República Eduardo Campos ainda não tem data para ser concluída. Mas, para grande parte da população pernambucana, a tragédia já tem uma explicação: trata-se de um “atentado”. Essa, pelo menos, é a versão que corre no cemitério onde o socialista foi enterrado, nas praias, nas esquinas, em escritórios do Recife. E não foi por outro motivo que a palavras mais repetida, aos gritos, por pessoas durante todas as cerimônias fúnebres do ex-governador foram: “Justiça, justiça!”.
O GLOBO ouviu 30 pessoas em quatro bairros da capital, e apenas duas não compartilham da mesma suspeita, que intriga os pernambucanos desde a última quarta-feira. A equipe ouviu conversas espontâneas no meio das ruas e abordou também pessoas de todas as classes sociais. Não há limite para procurar culpados. As pessoas apontadas como “responsáveis” vão da presidente Dilma Rousseff à “máfia do PT”. De alguém “muito invejoso” à ex-senadora Marina Silva, candidata a vice quando houve a tragédia. 
‘FOI A MÁFIA DO PT’
Ambulante na praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, onde vende cerveja e refrigerantes, Francisco Tenório gritava à beira mar, na segunda feira: —Vou dizer uma coisa a vocês. É muito estranha a morte de Eduardo Campos. Ele era um grande guerreiro. Quem matou foi Dilma, foi o PT. Nós somos fiéis a Eduardo. O avô dele, Miguel Arraes, era nosso amigo. Eu garanto, quem matou Eduardo foi a máfia do PT. Vamos escolher um novo presidente — dizia. 
Professora universitária aposentada, Maria Helena Cruz de Oliveira também já formou sua opinião. Ela só falava no assunto, ao chegar logo cedo em um salão de estética, no bairro do Rosarinho: — Eu acho que foi sabotagem. Esse negócio de caixa preta que só gravou as conversas de outro voo, para mim, não passa de enrolada. Pode ser até que o acidente tenha sido de verdade. Mas na minha mente, foi uma coisa programada mesmo. Claro que há muito interesse no desaparecimento de Eduardo, inclusive de partidos contrários a ele, como o PT — afirmou ela.
‘FOI ALGUM LOUCO’
Irmãs, Maria Cordeiro das Neves e Aládia Neves, que trabalham em um salão de beleza, informaram que a maior parte da clientela também acredita na hipótese de sabotagem. Da mesma ideia, compartilham as duas: — Acho que houve, sim, sabotagem. Algum louco. Não acredito que foi só um acidente e Deus permita que eu esteja enganada — suspeita Aládia. – Para mim, também houve alguma coisa estranha. A forma como descreveram o acidente... Parecia até um traque de massa estourando no ar — disse Maria, comparando o avião ao fogo junino.
‘FOI UM ASSASSINATO’
Eleitora do ex-presidente Lula por duas vezes e de Dilma Rousseff no último pleito presidencial, a dona de casa Maria do Carmo (ela não quis dizer o sobrenome) se preparava para votar em Eduardo para presidente em 2014. E não escondia a tristeza e a suspeita: — Foi uma perda que os brasileiros e pernambucanos só têm a lamentar. Para mim, foi um assassinato. Não quero culpar ninguém, mas o ser humano morre de inveja de quem tem sucesso. Eduardo Campos era uma estrela que ia subir muito. Na minha rua, na minha família, por onde ando, é unanimidade. Se você for conversar, vai dar 99,9% de pessoas que pensam que foi um atentado. Meu sonho agora é que se descubra quem fez isso — afirmou ela. Maria do Carmo esteve no domingo no cemitério de Santo Amaro, onde o socialista foi sepultado. 
‘OLHO GRANDE’ 
Ainda há pessoas que atribuem o acidente ao “olho grande”, como foi o caso da dona de casa Maria das Dores da Silva. Ela mora em uma comunidade que fica às margens do rio Capibaribe: — Mataram aquele homem. O avião não ia cair assim. Foi alguém com olho grande. Ele era humilde, falava com todo mundo, dizia que ia fazer mudanças, uma pessoa simples. Para mim, o acidente foi provocado — disse ela, enquanto sua fala era aprovada por duas outras vizinhas, no bairro de Dois Irmãos. 
Até mesmo o Arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, tocou no assunto, durante a homília da missa de corpo presente no velório, no Palácio do Campo das Princesas: — Como isto é algo que parece tão incompreensível para muitas pessoas, não só podemos como temos até que perguntar de que maneira tudo isto aconteceu — disse ele no domingo.
Dúvidas também circulam até no Palácio do Governo, onde os restos mortais de Eduardo foram velados: — - - Quando penso no que aconteceu, os indícios aparecem divididos na minha cabeça. 50%do que penso é que houve um acidente, mas os outros 50% me induzem à hipótese de atentado — disse Manoel Messias, assessor do governador João Lyra Neto (PSB).
‘QUEM TERIA O INTERESSE?’
Para o ex-secretário de Imprensa do então governador Eduardo Campos, Evaldo Costa, só resta às autoridades uma alternativa: — A Polícia Federal, o Governo Federal, a Aeronáutica não podem economizar nenhum esforço na investigação. Porque o que ocorreu envolve o sonho da população, a segurança da aviação. Quem, enfim, teria interesse em matar Eduardo Campos? Seja acidente ou atentado, o que não pode é que as autoridades brasileiras deixem que nos restem dúvidas sobre isso — disse. 
O aposentado Fernando Laime também desconfia: — Alguém cortou o seu sonho no meio do caminho. Ao meu ver, foi um atentado. Até porque é muito estranho o que ocorreu com a caixa-preta — disse.
‘NÃO FOI MARINA?’
Alguns, como uma faxineira, chegam a levantar hipóteses absurdas. — E não foi Marina? Ela era a mais interessada, porque agora a candidata vai ser ela.
A esteticista Ilusca Estefânia da Silva não acredita em atentado. — Pelo que o povo está pensando, as pessoas interessadas na morte dele seriam os candidatos Dilma e Aécio. Mas os dois só têm a perder com a morte de Eduardo. Porque Marina passa na frente de Aécio, e tem chance de chegar ao segundo turno. Logo, nem mesmo teoricamente, haveria interesse por parte dos dois outros candidatos na morte dele. Falam que era o tipo de combustível usado no avião. Realmente só as autoridades podem explicar o que aconteceu. (O Globo)



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