DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 14-8-2014

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
CARLOS BRICKMANN
Tira o sofá daí!
As modificações feitas com uso de computador do Planalto na Wikipédia não são novidade: só durante o mandato de Dilma, houve 170 intervenções na Wikipédia, para criticar adversários, elogiar aliados e dar mais visibilidade ao trabalho dos ministérios. Neste caso, as modificações classificam as análises econômicas de Míriam Leitão como desastrosas, acusam-na de ser ligada a banqueiros controvertidos; e atribuem a Sardenberg posição contrária ao corte nas taxas de juros (que foi feito na época e revertido a seguir, estando hoje no mesmo nível de antes do corte) para defender interesses de uma federação em que seu irmão é alto funcionário. A circunstância de que Beto Sardenberg tem mais de 40 anos de carreira jornalística, sempre como profissional de primeira linha, nos mais diversos veículos, das mais diversas tendências, é convenientemente omitida.
O mais curioso é a reação do Governo, diante dos fatos revelados por O Globo: proibiu o acesso dos computadores oficiais à Wikipédia. E, ao que se saiba, parou por aí. Procurar os responsáveis pela lambança é cansativo, difícil. E, eventualmente, pode ser danoso à carreira profissional de quem os descobrir.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
A morte de Eduardo Campos, que comove o País, e sua eventual substituição por Marina Silva na disputa presidencial, provocaram uma reunião informal da cúpula do PT, mostrando temor pela candidatura da ex-ministra. A avaliação inicial do PT aponta Marina como a principal beneficiária do legado de Campos, o que levaria risco real de derrota para Dilma, por isso a substituição dela por Lula voltou a ser cogitada.
Lulistas do PT avaliam que a comoção pela morte de Eduardo Campos colocaria Marina em condições até de vencer a eleição presidencial.
Lula confia tão pouco no “taco” de Dilma que viajou a Brasília, nesta terça, para orientar sua entrevista no Jornal Nacional, afinal cancelada.
Além de favorecer eventual candidatura de Marina Silva, a morte de Eduardo Campos deve refletir nas campanhas do PSB a governador.
Segundo a Lei Eleitoral (art. 13, parágrafo 1º), o partido tem prazo de 10 dias para indicar o candidato substituto, no caso de falecimento.
A morte do ex-governador Eduardo Campos cria um novo cenário para a eleição de 2014. Candidata a vice, Marina Silva tornou-se a principal herdeira e liderança do PSB e substituta natural de Campos na disputa pela Presidência. Membros da coligação já avaliam as opções para a nova chapa, e ganha força como candidato a vice o pernambucano Roberto Freire, deputado por São Paulo e presidente nacional do PPS.
O PPS foi o primeiro partido relevante a apoiar o projeto presidencial de Eduardo Campos, o que credencia Roberto Freire para ser o novo vice.
A eventual candidatura de Marina Silva (PSB) pode tornar irrelevante a pretendida criação do partido Rede. É mais provável que os “verdes”, com Marina à frente, herdem o comando da sigla de Eduardo Campos.

Tragédias em campanha favorecem substitutos. Em 1982, na Bahia, Clériston Andrade morreu em desastre aéreo dias antes da eleição. Escolhido por ACM, o desconhecido João Durval foi eleito governador.
Desastres aéreos já vitimaram outros políticos brasileiros, como os paulistas Ulysses Guimarães e Severo Gomes, ambos em outubro de 1992, e o pernambucano Marcos Freire, em setembro de 1987.
Sobre o calote do Brasil na ONU, o serpentário do Itamaraty acha que a prioridade da missão brasileira é pagar aluguéis dos apartamentos de luxo dos irmãos embaixadores Antonio e Guilherme Patriota, em Nova York. Um é subordinado do outro, mas o governo ignora o nepotismo.
Eduardo Campos era idealista, agradável, grande contador de histórias, e até se divertia fazendo política, embora a levasse a sério. Fará falta.

NO BLOG DO NOBLAT
Ângela Lacerda, Estadão
Conselheira, esteio e porto seguro do candidato à presidência da República, Eduardo Campos (PSB), Renata Campos se manteve serena junto aos cinco filhos durante esta quarta-feira (13), na sua casa, recebendo os amigos, familiares e políticos ligados ao marido, morto nesta manhã em um acidente de avião em Santos (SP).
"Não estava no script", comentava ela ao abraçar as pessoas que a visitavam, muitas vezes chorando. Com cada um ela conversava e compartilhava a alegria de Campos com a sua performance na entrevista da bancada do Jornal Nacional na noite desta terça-feira (12). "Fui lá e fiz um gol", disse ele à mulher, depois da sabatina.

João Domingos e Pedro Venceslau, Estadão
A ex-ministra Marina Silva é considerada a sucessora natural do ex-governador Eduardo Campos para disputar a Presidência da República pelo PSB por todos os integrantes do partido e da coligação, que conta também com PPS, PHS, PRP, PPL e PSL.
Embora as principais lideranças desses partidos estejam ainda muito emocionadas com a morte de Campos, provocada pela queda do jatinho que o transportava do Rio de Janeiro para Santos, ontem, a impressão geral é de que Marina, candidata a vice na chapa, não conseguirá resistir à pressão para que assuma o posto de presidenciável da coligação. O PSB tem prazo de dez dias para fazer a substituição.
 
Marina Silva é tratada como sucessora natural de Eduardo Campos - Foto: Ed Ferreira / Estadão

Carla Jiménez, El País
As olheiras pronunciadas de Marina Silva ao falar da morte do companheiro de chapa, Eduardo Campos, ontem, não deixavam espaço para dúvidas. A tristeza é genuína para uma política que se notabilizou por trilhar seu próprio caminho, com uma história de vida tão sui generis como a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Analfabeta até os 16 anos, Marina, que nasceu em Rio Branco (Acre), no norte do país, superou a pobreza e trilhou uma carreira política que a fez ser vista como uma alternativa para o “Fla Flu” eleitoral entre PT e PSDB em 2010. Levou 20 milhões de votos, um resultado inesperado para qualquer analista político na ocasião.
A partir de agora, a ambientalista, que fundou o grupo político Rede Sustentabilidade, terá todas as atenções nacionais voltadas para ela, depois de optar por manter a discrição do cargo de vice ao lado de Campos.

Vera Araújo, O Globo
Cinco dias antes da tragédia com o jato no qual viajava o presidenciável Eduardo Campos, um dos pilotos que morreu, Marcos Martins, disse no Facebook que não estava tendo tempo para descansar, devido às viagens que vinha fazendo acompanhando as campanhas eleitorais.
"Cansadaço, voar voar e voar . E amanhã tem mais. Recife", postou no dia 8 de agosto, pelo Facebook. Em outra postagem, ele conta: "Cada lugar. Parece que ainda estou na África. Fim de mundo isto é Nordeste", referindo-se ao Centro de Arapiraca.

Mariângela Galucci, Estadão
O ministro Ricardo Lewandowski foi eleito ontem presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele já está exercendo interinamente o cargo desde o início do mês, quando o então presidente Joaquim Barbosa aposentou-se. A eleição de Lewandowski é apenas protocolar.
Pelas regras internas do STF, o tribunal deve ser presidido pelo integrante mais antigo que ainda não ocupou o posto. Como vice, foi eleita a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha. A posse está prevista para setembro.

Veja
Das vinte maiores operadoras de saúde que atuam na cidade de São Paulo, ao menos cinco submetem idosos a uma consulta médica antes de aceitá-los como cliente. Além disso, apenas oito empresas comercializam planos individuais para indivíduos acima de 60 anos, segundo uma nova pesquisa do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
De acordo com o levantamento, as empresas que exigem essa avaliação prévia são Unimed Paulista, Greenline, Biovida, MediSanitas e Santamália. Esta última, além da consulta média, também exige exames.
 
Idosos: Ser aceito como cliente e preços elevados são algumas das dificuldades que pessoas acima de 60 anos têm com operadoras de saúde - Foto: Thinkstock

Fernanda Nunes, Estadão
A presidência da República poderá intervir na disputa pela água entre os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp. Essa seria uma solução à resistência da concessionária estatal paulista Cesp à ordem do operador do sistema de aumentar a vazão do reservatório da hidrelétrica Jaguari.
Também poderão intervir, segundo Chipp, os ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente. A Cesp argumenta que, em vez de priorizar a geração de energia, como pretende o operador do sistema, a água do Jaguari deve ser usada para o abastecimento humano. Como consequência, a geração de energia pela fluminense Light, no rio Paraíba do Sul, foi reduzida.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO
Autoritários de direita e de esquerda não conseguem conviver com o mais severo e perigoso de todos os deuses — o Imponderável. Se é fato, retomo expressão que empreguei ontem, que podemos cercar as margens de erro para obter os resultados ambicionados, não é menos verdade que mais movem a História as circunstâncias que não estão sob nosso controle do que aquelas que podemos escolher. Ainda que alguns sociopatas imaginem que podem determinar a forma do futuro, este se faz de um emaranhado de sistemas que nos escapam. O avião em que viajavam Eduardo Campos e outras seis pessoas foi planejado para não cair. Simulam-se situações de risco às quais a aeronave pode resistir. Mas fatores os mais diversos — naturais e humanos — podem se combinar e pronto! Nada mais será como se apostava antes.
Estamos a menos de dois meses do primeiro turno da eleição presidencial, e tudo pode acontecer, inclusive nada de novo no que diz respeito ao prognóstico. Ainda que a petista Dilma Rousseff venha a vencer a eleição — segundo apontava o retrato momentâneo até ontem —, será com outra narrativa, que não havia sido imaginada por nenhum roteirista, por mais criativo que fosse.
Parece-me difícil, apesar dos fatores contrários, que não são poucos, que Marina Silva, da Rede, não venha a ocupar o lugar de Eduardo Campos na cabeça da chapa da coligação “Unidos para o Brasil”. Ainda que as divergências sejam imensas, não se despreza, assim, com tanta ligeireza alguns milhões de votos — e ela os tem, isso é inegável.
Não que a presidente Dilma Rousseff, o PT e outros potentados não tenham se movido nos bastidores para tentar inviabilizar a sua candidatura e para criar dificuldades para a criação da Rede. Essas mesmas forças se mexeram, note-se, para facilitar a formação de legendas que hoje servem à base aliada. Os leitores sabem o que penso sobre Marina Silva. Tenho horror a seu pensamento — ou seja como se chame as coisas que ela diz. Mas as manobras de bastidores para barrar a sua postulação são bastante conhecidas e asquerosas.
Vale dizer: os que se querem donos da História e do futuro decidiram operar com determinação para eliminar os adversários — fez-se de tudo, não custa notar, para impedir a candidatura do próprio Eduardo Campos. Vejam que coisa: estivesse Marina com a sua “Rede”, teria um tempo ínfimo na televisão, e o PSB, a esta altura, ungiria um nome apenas para não ficar fora da disputa. Os feiticeiros devem olhar para a realidade agora cheios de perplexidade. É grande a chance de Marina ser candidata à Presidência com uma força que, sozinha, certamente não teria.
A ex-senadora, por sua vez, é sabido, é melhor de voto e de “mídia” do que de articulação política. Campos era o grande organizador do PSB e sua maior figura. De tal sorte seu comando era unipessoal que não deixa nem sequer um candidato a herdeiro. A aproximação de setores importantes do partido com a candidatura do tucano Aécio Neves é uma possibilidade mais do que evidente.
Os “engenheiros do futuro” do PT comemoravam as dificuldades eleitorais de Campos, que não eram pequenas, e contavam com o início do horário eleitoral gratuito para tentar liquidar a fatura ainda no primeiro turno. A possibilidade me parecia remota, mas os petistas estavam bastante confiantes. Se Marina for mesmo a candidata do PSB, o PT precisa ser muito otimista para apostar nessa possibilidade. Mais: Marina atrai com mais facilidade votos que, no que concerne aos valores ao menos, estão à esquerda e não se sentiam identificados com Aécio e com Campos. Acabariam, por inércia, caindo no colo de Dilma; agora, surge uma alternativa.
Pode haver um estresse também nas hostes tucanas? É claro que sim. Só disputa o segundo turno quem passa pelo primeiro, e é evidente que se justifica certo temor no PSDB de que Marina fique com a segunda vaga — e, nessa perspectiva, seu adversário imediato é Aécio. Vamos ver.
Mas o destino também colhe Marina de calças curtas. Como candidata a vice e representante da Rede na aliança, ela podia forçar a mão em favor do seus pontos de vista, contrastando com o PSB, na certeza de que Campos arbitraria o jogo. Esse árbitro, agora, desapareceu. Se for a candidata, passa a falar em nome da coligação, muito especialmente do partido ao qual está formalmente filiada. Vai se adaptar à nova realidade ou será aquela Marina de 2010, que se sentia mera hospedeira do PV?
Está tudo embaralhado. Os “engenheiros de gente” erraram mais uma.

Por Gabriel Castro e Marcela Mattos, na VEJA.com:
Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Meire Bonfim Poza confirmou nesta quarta-feira que políticos receberam dinheiro do doleiro Alberto Youssef, pivô de um esquema bilionário de lavagem de dinheiro no país. Contadora de Youssef, a quem classificou como “um banco”, ela disse que só apontaria inicialmente o nome do deputado Luiz Argôlo (SDD-BA), que responde a processo de cassação de mandato. A contadora foi chamada pelo colegiado para ser ouvida como testemunha do processo contra Argôlo.
“Alberto Youssef era um banco. Ele emprestava dinheiro, pagava contas e dava presentes”, disse ela aos deputados. Questionada pelo relator do caso, Marcos Rogério (PDT-RO), sobre os nomes dos políticos que participaram da trama criminosa de Youssef, ela respondeu: “Eu preferia me limitar a falar hoje do deputado Luiz Argôlo”.
Sobre o deputado baiano, a contadora afirmou taxativamente – mais de uma vez – que ele mantinha contato com empresas que destinaram dinheiro para o esquema de lavagem e pagamento de propina. “Ele chegou a receber, sim. Inclusive, da última vez em que esteve em São Paulo eu o encontrei. Ele foi buscar dinheiro e iria embora nesse mesmo dia. Não pôde ir embora porque o dinheiro não chegou e ele ficou em São Paulo até o dia seguinte, até depois que pegasse o dinheiro.”
Os pagamentos, segundo a contadora, eram feitos em dinheiro ao próprio deputado. Em outros casos, Youssef determinou que as transferências fossem feitas por meio de transferências bancárias – nesse caso, segundo ela, o parlamentar não foi beneficiado diretamente. Meire Poza citou duas pessoas cujas contas receberam dinheiro destinado ao parlamentar: Manoelito Argôlo, pai do deputado, e Élia da Hora.
A contadora disse ainda que o doleiro era sócio do deputado em duas empresas sediadas em Fortaleza: a M. Dias Branco e a Grande Moinho Cearense. Elas teriam recebido mais de 1 milhão de reais do esquema. Meire citou ainda a empresa Labogen, pivô das denúncias que recaíram sobre o ex-petista André Vargas. Disse que Leonardo Meirelles, sócio do doleiro, fazia entregas e buscas de dinheiro.
Meire Poza também confirmou que a empreiteira Mendes Júnior firmou contratos de fachada e fez pagamentos para a empresa GFD, de Youssef, que não exercia nenhuma atividade real além da emissão de notas frias. “A própria Mendes Júnior chegou a enviar os contratos prontos. E quem atuava era o Alberto. A operacionalização toda era feita pelo Alberto, pessoalmente”, afirmou a contadora. A suspeita é de que o esquema do doleiro era utilizado para lavar dinheiro desviado de contratos de estatais, inclusive a Petrobras.
Revelações
Meire Poza é considerada testemunha-chave da Operação Lava Jato da Polícia Federal, que levou Youssef à prisão em março. O convite para ouvir a contadora ocorreu depois da entrevista dela a VEJA, na qual contou um pouco do que presenciou durante os mais de três anos em que prestou serviços ao doleiro. Meire Poza era responsável por manusear notas fiscais frias, assinar contratos de serviços que jamais foram feitos e montar empresas de fachada destinadas à lavagem de dinheiro. Nesse período, ela viu malas de dinheiro saindo da sede de grandes empreiteiras e chegando às mãos de notórios políticos.
A VEJA, ela citou nomes de outros políticos: o ex-petista André Vargas (PR), que também responde a processo de cassação na Câmara, o senador Fernando Collor (PTB-AL), o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o ex-ministro e atual conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia Mário Negromonte, filiado ao PP.
Luiz Argôlo é alvo de dois processos disciplinares na Câmara depois de a Polícia Federal ter encontrado registros de repasses de recursos de Youssef a ele. Um dos depósitos, no valor de 120.000 reais, teria sido depositado na conta de Vanilton Bezerra, chefe do gabinete do deputado. Em depoimento ao colegiado na semana passada, Bezerra negou ter recebido qualquer valor do doleiro. Mas o comprovante de depósito no valor de 8.000 reais, ao qual o site de VEJA obteve cópia, desmente sua versão. Ainda recaem sobre Argôlo as suspeitas de que ele tenha recebido de Youssef dois caminhões de bezerros.

NO BLOG DO CORONEL
Para que Lula, Dilma e o PT não tentem se apropriar do legado de Eduardo Campos, é bom que a gente lembre, como este blog está fazendo, o seu pensamento e também o que o petismo pensava dele. Como o texto abaixo, publicado em 7 de janeiro passado, no facebook do Partido dos Trabalhadores.

A BALADA DE EDUARDO CAMPOS
Por um momento, desses que enchem os incautos de certezas, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, achou que era, enfim, o escolhido.
Beneficiário singular da boa vontade dos governos do PT, de quem se colocou, desde o governo Lula, como aliado preferencial, Campos transformou sua perspectiva de poder em desespero eleitoral, no fim do ano passado.
Estimulado pelos cães de guarda da mídia, decidiu que era hora de se apresentar como candidato a presidente da República – sem projeto, sem conteúdo e, agora se sabe, sem compostura política.
O velho Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos, faz bem em já não estar entre nós, porque, ainda estivesse, morreria de desgosto. E não se trata sequer da questão ideológica, já que a travessia da esquerda para a direita é uma espécie de doença infantil entre certa categoria de políticos brasileiros, um sarampo do oportunismo nacional. Não é isso.
Ao descartar a aliança com o PT e vender a alma à oposição em troca de uma probabilidade distante – a de ser presidente da República –, Campos rifou não apenas sua credibilidade política, mas se mostrou, antes de tudo, um tolo.
Acreditou na mesma mídia que, até então, o tratava como um playboy mimado pelo “lulo-petismo”, essa expressão também infantilóide criada sob encomenda nas redações da imprensa brasileira. Em meio ao entusiasmo, Campos foi levado a colocar dentro de seu ninho pernambucano o ovo da serpente chamado Marina Silva, este fenômeno da política nacional que, curiosamente, despreza a política fazendo o que de pior se faz em política: praticando o adesismo puro e simples.
Vaidosa e certa, como Campos, de que é a escolhida, Marina virou uma pedra no sapato do governador de Pernambuco, do PSB e da triste mídia reacionária que em torno da dupla pensou em montar uma cidadela.
Como até os tubarões de Boa Viagem sabem que o objetivo de Marina é se viabilizar como cabeça da chapa presidencial pretendia pelo PSB, é bem capaz que o governador esteja pensando com frequência na enrascada em que se meteu.
Eduardo Campos é o resultado de uma série de medidas que incluem a disposição de Lula em levar para Pernambuco a Refinaria Abreu e Lima, em parceria com a Venezuela, depois de uma luta de mais de 50 anos. Sem falar nas obras da transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina. Ou do Estaleiro Atlântico Sul, fonte de empregos e prestígio que Campos usou tão bem em suas estratégias eleitorais.
Pernambuco recebeu 30 bilhões de reais do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do qual a presidenta Dilma Rousseff foi a principal idealizadora e gestora. O estado também ganhou sete escolas técnicas federais, além de cinco campi da Universidade Federal Rural construídos para melhorar a vida do estudante do interior.
Eduardo Campos cresceu, politicamente, graças à expansão de programas como Projovem, Samu, Bolsa Família, Luz para Todos, Enem, ProUni e Sisu. Sem falar no Pronasci, que contribuiu para a diminuição da criminalidade no estado, por muito tempo um dos mais violentos do País. Campos poderia ser grato a tudo isso e, mais à frente, com maturidade e honestidade política, tornar-se o sucessor de um projeto político voltado para o coletivo, e não para o próprio umbigo.
Arrisca-se, agora, a ser lembrado por ter mantido entre seus quadros um secretário de Segurança Pública, Wilson Damázio, que defendeu estupradores com o argumento de que as meninas pobres do Recife, obrigadas a fazer sexo oral com marginais da Polícia Militar, assim agiam por não resistirem ao charme da farda.
“Quem conhece Damázio, sabe que ele não tem esses valores”, lamentou Eduardo Campos. Quem achava que conhecia o governador do PSB, ao que tudo indica, ainda vai ter muito o que lamentar. 
(PARTIDO DOS TRABALHADORES)

Ontem, o PT emitiu a seguinte nota oficial: 

13/08/2014 - 13h38 / Por Agência PT

"O Partido dos Trabalhadores está de luto. Lamentamos profundamente a trágica morte do ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, e dos outros ocupantes do avião que se acidentou, hoje, em Santos.
Campos, presidente do Partido Socialista Brasileiro, dedicou sua vida à política e à luta pelos menos favorecidos, em particular, pela população carente do Nordeste.
Campos deixa um grande vazio na política brasileira. Seu partido, o PSB, sempre foi um aliado do PT e, juntos, construímos um país melhor e socialmente mais justo. Eduardo Campos teve papel importantíssimo nas gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tendo sido ministro da Ciência e Tecnologia. 
Mesmo quando decidiu seguir um caminho diferente ao do PT, mantivemos com Eduardo Campos uma relação de profundo respeito e admiração. 
A trágica morte de Eduardo Campos deixa o Brasil triste. Nesse momento de profunda dor, estendemos nossas condolências à família desse grande brasileiro, seus amigos e seus correligionários.
Rui Falcão, presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores.”

O jogo sujo de Lula contra Campos.

Em março passado, num encontro com empresários do Paraná, Lula atacou Eduardo Campos com uma baixaria digna do seu mau-caratismo que sempre orienta os assassinatos de reputações cometidos pela militância petista. Lula, em certo momento, comparou o pré-candidato de oposição Eduardo Campos (PSB) ao ex-presidente Fernando Collor de Mello. Ao defender a necessidade de manter as políticas de governo por mais quatro anos, e sobre como seria ruim haver uma interrupção do governo Dilma, declarou: "A minha grande preocupação é repetir o que aconteceu em 1989: que venha um desconhecido, que se apresente muito bem, jovem e nós vimos o que deu". Os presentes ficaram chocados com a comparação rasteira entre Collor e Campos. Pela comparação e também pelo fato de que, hoje, o alagoano é um dos maiores aliados do governo no Senado. Ontem, Lula não quis gravar vídeo. Fez uma nota. Campos jamais deixou de reconhecer que devia muito ao petista. Lula, em nome do projeto de poder do PT, já trabalhava com todas as forças para desqualificar o jovem político, tragicamente falecido no dia de ontem (13-8-2014).


Datafolha faz pesquisa sensacionalista.









Poder fazer pesquisa, pode. Mas que não é ético, não é. Vejam acima as questões 2B e 3 que o Datafolha está aplicando a partir de hoje, em pesquisa eleitoral registrada ontem. O nome de Marina Silva já é testado na condição de candidata, sem nenhuma explicação ao entrevistado. Ela surge do nada como uma nova pretendente à presidência da República.

Agora vejam as questões acima que o Datafolha aplica depois, atenção!, depois de testar o nome de Marina Silva como candidata. O Datafolha pergunta o que o PSB deve fazer em função da morte de Eduardo Campos, como se os entrevistados soubessem quem é o PSB. E impõe Marina Silva como primeira opção. Há aí uma indução, sem dúvida alguma, que pode e deve ser questionada, tecnicamente. Além, é claro, da oportunidade ou não desta pesquisa em pleno clima de comoção pública em função da tragédia que se abateu sobre a corrida presidencial. O Datafolha, que é da Folha de São Paulo, que está pagando a pesquisa, quer fazer sensacionalismo, sem dúvida alguma. E assumir um protagonismo que não é seu.

DO BLOG ALERTA TOTAL
Decisão do STF sobre bloqueio de bens de ex-diretores da Petrobras indica que Graça cairá em desgraça

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Vida que segue, o Passadilma parece cada dia mais próximo. Não adianta a petralhada usar a trágica morte de Eduardo Campos e seu longo velório como motivo para tentar conter os efeitos midiáticos de escândalos capazes de abalar a República Sindicalista do Brazil. Tudo indica que a próxima grande vítima da conjuntura de falcatruas será Maria das Graças Foster. Assim que o Tribunal de Contas da União  confirmar o bloqueio de seus bens, ela terá de ser exonerada da presidência da Petrobras pela amiga Dilma Rousseff.

Ontem, no azarento dia em que Eduardo Campos morreu e o sortudo Ricardo Lewandowski foi eleito oficialmente presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes decidiu confirmar a decisão do TCU de bloquear os bens de ex-diretores da Petrobras envolvidos na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, EUA, em 2006. O péssimo negócio, referendado pelo Conselho de Administração da empresa, que era presidido por Dilma Rousseff, gerou um prejuízo de pelo menos US$ 792,3 milhões. Como Graça era diretora de óleo & gás na época do negócio, também vai entrar na dança e perder o emprego.
Gilmar Mendes destacou que as supostas irregularidades detectadas na operação são graves e justificam a medida tomada pelo TCU. “Não se está diante de caso corriqueiro, mas de situação excepcional, considerados não apenas os enormes prejuízos ao Erário, mas também a sucessão de graves irregularidades encontradas. Assim, a decretação cautelar da indisponibilidade dos bens dos administradores envolvidos, em análise inicial, típica de exame liminar, mostra-se cabível e até mesmo recomendável na hipótese em exame, ante o risco de frustração da utilidade do processo administrativo em curso na Corte de Contas”.

´Graça é cabra marcada para perder a presidência da Petrobras. Embora tenha recorrido previamente ao STF para não ter bens bloqueados, Graça tende a ser atingida pela decisão de Gilmar, que já deixou nas entrelinhas: “Quantos aos pedidos de ingresso na lide, na qualidade de litisconsortes ativos, feitos por Maria das Graças Silva Foster, Jorge Luiz Zelada, José Orlando Melo de Azevedo e Alberto da Fonseca Guimarães, consigno que os examinarei posteriormente, em momento oportuno, tendo em vista que a autoridade impetrada (TCU) ainda não se pronunciou sobre o assunto”.

Agosto ainda reserva muitos desgostos aos petistas. Quem viver verá...
(...)

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