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A DEGRADAÇÃO DO EXERCÍCIO DA POLÍTICA

Deixem só a Copa passar 
Por Ricardo Noblat
Aconselha-se aos eleitores mais exigentes, aqueles que cobram dos políticos coerência, fidelidade partidária e respeito a princípios elevados, que abdiquem temporariamente dos seus desejos para não cair na tentação de anular o voto.
Nada a ver com a eleição de outubro próximo. Mas sabe como é...
Curto e grosso: avança a degradação do exercício da política entre nós. E a vontade que dá... Esqueçam!
Até outro dia, Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, queria José Serra de vice de Aécio Neves, candidato do PSDB a presidente da República, e Gilberto Kassab (PSD), ex-prefeito de São Paulo, como candidato ao Senado em sua chapa.
Aécio preferia Serra como candidato ao Senado – afinal, dividir o poder com ele, caso se eleja, jamais; e Kassab como candidato a vice de Alckmin. Era o que Kassab também queria.
Candidata à reeleição, Dilma não queria que Kassab apoiasse Alckmin. Se não pudesse apoiar Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo, que apoiasse então Paulo Skaf, também candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB.
Logo quem... Skaf, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, que se nega a apoiar Dilma abertamente, mas que à sombra... Pois é.
Este ano, Padilha é o poste preferencial de Lula. Que vem de recentes sucessos ao eleger dois outros postes: Dilma em 2010 para sucedê-lo, e Haddad em 2012 para prefeito de São Paulo.
Dilma depende de Lula para ganhar um segundo mandato. Sozinha, não ganharia. Haddad vai mal. Sua aprovação é baixa. Quanto a Padilha, está quase só. Foi abandonado por Maluf. Poucos acreditam que Lula possa iluminá-lo.









Sim, faltou dizer o que aconteceu com Kassab. Depois de ouvir Serra lhe garantir que não disputaria o Senado, anunciou sua candidatura ao Senado – mas não na chapa de Alckmin como queria Alckmin. Na verdade, na chapa de Skaf.
Por último, Serra arrependeu-se do que dissera a Kassab e se lançou candidato ao Senado. Constrangido, Kassab enfrentará Serra, de quem já foi vice como prefeito de São Paulo.
Espera aí: sobrou a vaga de vice de Alckmin? Sobrou não. Foi preenchida por um deputado do PSB, partido de Eduardo Campos, candidato a presidente da República.
Embora apoie Aécio, Alckmin dará uma força a Campos em troca da força que o PSB lhe dá. Talvez arranje empresários que ajudem Campos a pagar despesas de campanha. E poderá recepcioná-lo em seu palanque. Para desgosto de Aécio, é claro.
Para desgosto de Dilma, que sem um candidato forte ao governo de São Paulo se enfraquece no maior colégio eleitoral do país, o PT do Rio fechou um acordo com Campos.
O ex-jogador e deputado federal Romário, do PSB, será candidato ao Senado na chapa de Lindinho. Quero dizer: do senador Lindberg Farias, candidato do PT ao governo. Lindberg apoia Dilma. Mas Campos estará no palanque dele.
Tem nada não. Há uma inflação de palanques para Dilma no Rio. Fora o de Lindberg, ela dividirá com Aécio o palanque de Pezão, atual governador do Estado pelo PMDB, adepto da política “muito dinâmica”. Tanto que no último fim de semana ele substituiu seu vice do PDT por um vice do PP.
Pezão compreende que Dilma frequente mais dois palanques de adversários seus: Marcelo Crivella (PRB) e Anthony Garotinho (PR).
A seis dias do final da Copa das copas só nos resta torcer pelo hexa. Fica o convite para em seguida acertarmos as contas com os que degeneram a política. Porque fora dela, de fato, não há salvação.

Do Blog do Noblat de 07-7-14.

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