DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 04-5-14

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES DE 03-5-14
Nesta sexta-feira, 2 de maio, o senador tucano Aécio Neves esteve em Uberaba para visitar a Expozebu. Ouviu reivindicações dos empresários, confraternizou com a multidão, reiterou que é o candidato do agronegócio à Presidência da República, respondeu a todas as perguntas dos jornalistas. Disse, por exemplo, o que pretende fazer com o Bolsa Família, ou o que achou do discurso de Dilma Rousseff na véspera do Dia do Trabalho.
Neste sábado, 3 de maio, a presidente em busca da reeleição pousou em Uberaba para estrelar a abertura oficial da Expozebu. Descobriu que, se não convocar plateias amestradas, terá de conviver com o som do descontentamento em todas as aparições públicas. Desta vez, as vaias se distribuíram por três momentos. Começaram quando a visitante recebeu a medalha que celebra os 80 anos da Expozebu. Ressurgiram no início do discurso. E tornaram quase inaudível o fecho do falatório.
Dilma se negou a comentar com jornalistas a recepção constrangedora. Vai esperar o próximo pronunciamento em rede nacional de rádio e TV para jurar que, de novo, foi hostilizada pelos algozes de sempre: “essa gente que torce pelo quanto pior, melhor”. Um dia talvez descubra que a candidata é vaiada pelo que fez e faz a presidente.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO DE 04-5-14
Criminosos que se intitulam “revolucionários black blocs”, distribuem cartilha com táticas de guerrilha para membros da facção. A estratégia inclui assaltos, emboscadas, execuções, uso de coquetéis molotov e até explosão do Senado, segundo exemplar obtido pela coluna. Barricadas e placas como “fogo na PM” aparecem no material. Para os policiais descobertos infiltrados, o grupo é taxativo: morte.
Na cartilha, os black bloc se definem como “revolucionários”. Para o bando, o nome adotado deve ser “grupo de intimidade”.
Entre os deveres dos black blocs, o material impõe o “revide não-pacífico” às forças policiais do Estado. Ou seja, bala na polícia.
O guia ensina como fabricar explosivos, alguns deles podendo chegar a 2.000 ºC. Tem de tudo, até bomba a partir de um desodorante.
Os “justiceiros” divulgam uma lista com alguns dos inimigos que devem ser “combatidos da forma como merecem”: Polícia, Exército e Políticos.
Fontes da Federação Nacional dos Policiais Federais garantem que ao menos 30 celulares de sindicalistas são monitorados pelo governo Dilma. A entidade atribui ao ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) atuação nos bastidores, com auxílio do Ministério Público Federal, para enquadrar os policiais na mesma legislação usada para prender o vereador Marco Prisco, líder grevista na Polícia Militar da Bahia.
Dirigentes da federação da Polícia Federal reclamam que virou rotina a troca de chips de celulares visados, inclusive de familiares próximos.
Só na federação, uma central telefônica (PABX) chegou a estragar por conta do superaquecimento causado pelo monitoramento do governo.
Enquanto deputados gastam a torto e a direito, funcionários da Câmara reclamam que até o cafezinho sofre racionamento nos anexos da Casa.
Experiente na arte da política, o ex-senador Heráclito Fortes (PSB-PI) observa que se o PT não estava preparado para o poder, após a vitória de Lula em 2002, hoje não parece estar preparado para deixá-lo.
Síntese no Twitter da fala de Dilma na TV: “ Falar em Bolsa Família no Dia do Trabalho é igual a cantar Parabéns em velório.”

NO BLOG DO NOBLAT DE 04-5-14
Merval Pereira, O Globo
Essa não é uma boa perspectiva para quem se coloca como a melhor opção para presidir o país. Quando Lula começou a aparecer como o franco favorito nas pesquisas em 2002, os especuladores financeiros reagiram ao perigo potencial que ele representava, levando o dólar até a R$ 4,00 e elevando o risco Brasil.
Agora, a cena se repete invertida, mas pelas mesmas razões: o mercado financeiro oscila para cima com a possibilidade de derrota de Dilma, o que significa que a direção econômica do país mudará de rumo.
A convenção do PT, que reafirmou a candidatura de Dilma, tentando soterrar a campanha pela volta de Lula, teve um tom agressivo que denota todo o ressentimento pela crescente rejeição ao governo petista refletida nas pesquisas eleitorais e nas vaias que seus principais líderes estão recebendo pelo país.
Ontem mesmo foi a vez de a presidente ser vaiada mais uma vez, agora em uma tradicional exposição de gado zebu em Uberaba, em Minas, a terra de Aécio Neves que Dilma também reivindica para si, pois nasceu no estado. Mas, assim como historicamente não está ligada ao PT, e sim ao PDT, o Rio Grande do Sul tem mais a ver com sua vida política.
A radicalização da campanha petista, com críticas à elite e à grande imprensa, mais uma vez acusada por Lula como a grande opositora, pode levar, no entanto, a resultado contrário ao desejado pelos apoiadores de Dilma. As pesquisas indicam que ela está caindo pelas tabelas em direção à votação tradicional do PT, que gira em torno de 30% do eleitorado.
Leia a íntegra em Critérios e tendências

Jailton de Carvalho, O Globo
As investigações da Operação Lava-Jato já resultaram na abertura de oito processos contra 42 pessoas, abalaram o mandato do deputado André Vargas (sem partido-PR) e podem ainda trazer complicações para várias pessoas e empresas que fizeram negócios com o doleiro Alberto Youssef e com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Na próxima semana, a força-tarefa do Ministério Público encarregada do caso deve apresentar mais quatro denúncias.
Dois novos inquéritos já foram abertos pela PF depois da análise do primeiro lote de documentos apreendidos, e outros podem ser instaurados a partir da conclusão de novos laudos sobre o farto material recolhido no primeiro dia da operação. Investigadores estão de olho sobretudo na análise das mensagens trocadas a partir dos 34 celulares apreendidos com Youssef.
A PF e o Ministério Público Federal devem pedir ainda a quebra do sigilo de, pelo menos, mais 60 contas bancárias.

Felipe Vanini e Frederico Rosas, El País
Foi dada a largada para o segundo turno das eleições brasileiras. De um lado, a ainda favorita Dilma Rousseff. De outro, a união de seus dois opositores, Eduardo Campos e Aécio Neves, que não escondem publicamente a sintonia em torno do mesmo objetivo: arrastar a disputa para a segunda rodada, quando um ou outro estarão em condições isonômicas à da atual presidenta. Neste momento, há uma torcida para que Neves cumpra essa missão.
Uma pesquisa divulgada neste sábado, elaborada pelo instituto Sensus, em parceria com a revista Istoé, mostra que o candidato mineiro tem 23,7% das preferências, enquanto a mandatária está com 35%. Campos, por sua vez, tem 11%. Na última terça-feira, o instituto MDA também apontou um resultado favorável para Neves, que teria 21,6% das preferências, contra 37% de Rousseff.
Na última sexta-feira, o candidato do PSDB fez declarações favoráveis a Campos, dizendo inclusive que gostaria que estivessem juntos em 2015. “Eu não consigo vê-lo como adversário”, disse Neves, durante um fórum empresarial em que ambos estavam presentes.
Esse pacto silencioso pode mudar, à medida que a campanha eleitoral avança. Mas, a expectativa de mudança de poder contagia o mercado financeiro.

Denise Chrispim Marin e Márcia De Chiara, O Estado de S. Paulo
Se a primeira década do século favoreceu o crescimento econômico e promoveu as lideranças políticas da América Latina, o cenário de curto prazo para a região não será dos mais fáceis. A queda dos preços internacionais das commodities e a mudança da política monetária americana empurram países latino-americanos a uma encruzilhada.
Mesmo com a atividade mais acelerada no México e nos Andes, a América Latina já não vive mais um "superciclo" favorável. Nenhum de seus países vai dispor da mesma margem de manobra macroeconômica que teve para enfrentar a crise financeira de 2008.
Nos cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI), a atividade da região deve crescer apenas 2,5% neste ano, principalmente por causa da desaceleração no Cone Sul. Se confirmado, esse será o pior desempenho econômico da região nos últimos 11 anos.

Janaína Figueiredo e Bruno Villas Bôas, O Globo
A dívida do governo venezuelano com companhias aéreas que operam no país - estimada em US$ 3,9 bilhões – é apenas uma pequena parcela de um débito muito maior, de cerca de US$ 50 bilhões com fornecedores. Além de companhias aéreas, como TAM e Gol, a crise da Venezuela já afeta empresas brasileiras de outros segmentos.
A fabricante de móveis Saccaro congelou suas exportações para o país neste ano. Sediada em Caxias do Sul, a empresa recebeu há 40 dias um comunicado da franquia em Caracas suspendendo pedidos pelos 90 dias seguintes. Os motivos eram a cotação da moeda e a dificuldade de conseguir dólares e euros para realizar pagamentos.

Fabio Leite, O Estado de S. Paulo
É preciso sair da rodovia e dirigir por 2,3 quilômetros em uma estradinha de terra batida, no limite entre as cidades de Piracaia e Joanópolis, a cerca de 100 quilômetros da capital paulista, para encontrar os litros de água que restam nas represas Jaguari-Jacareí.
É no local, que virou um enorme vale por causa da pior estiagem dos últimos 84 anos, que cerca de 25 operários trabalham a toque de caixa para finalizar as obras de captação de uma reserva profunda até agora intocável, o chamado “volume morto” do Sistema Cantareira.
Inédita e polêmica, a retirada da água represada abaixo do nível mínimo de captação começa no próximo dia 15 de maio nos reservatórios que representam 80% da capacidade total do manancial, mas que estão com menos de 3% do volume armazenado.
A escassez hídrica impressiona quem passa pelos 13 quilômetros da Rodovia José Augusto Freire (SP-36) entre as duas cidades do interior. Onde antes era possível encontrar jovens saltando da ponte sobre a água, agora moradores estacionam no acostamento para fotografar a mata que restou no solo.

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO DE 03-5-14
Leiam o que vai na VEJA.com. Volto ao assunto mais tarde.
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Por Daniel Haidar, na VEJA.com:
Ao mapear o caminho percorrido pelos mais de 10 bilhões de reais lavados pelo grupo comandado pelo doleiro Alberto Youssef, a operação Lava Jato, da Polícia Federal, encontrou um duto que abastecia diretamente políticos, partidos e campanhas eleitorais. Policiais e procuradores de Justiça já sabem que, para manter a influência e garantir contratos para “amigos”, o doleiro e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, destinavam grandes somas de dinheiro a autoridades. Um levantamento feito pelo site de VEJA, a partir dos registros oficiais de doações de campanha, revela que, de 2006 a 2012, as empresas e seus diretores agora investigados por participação no esquema destinaram pelo menos 856 milhões de reais para financiar candidaturas. O PT lidera com ampla vantagem o ranking de doações do grupo, com 266,4 milhões de reais recebidos. Em seguida, estão PSDB (158,1 milhões), PMDB (149,8 milhões), PSB (70,7 milhões), DEM (43,9 milhões) e PP (34,2 milhões).
A investigação começou a cruzar empresas, siglas, candidatos beneficiados e contratos com a estatal. Um dos negócios esmiuçados pela investigação é a construção da refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca, Pernambuco. Costa e Youssef já viraram réus em processo por desvio de verbas da refinaria. Dados bancários e fiscais obtidos pela polícia revelaram que o Consórcio Nacional Camargo Corrêa (CNCC), responsável pela construção do empreendimento, pagou comissões para a subcontratada Sanko Sider. Parte do dinheiro, no entanto, foi parar na MO Consultoria – uma das empresas de fachada do doleiro. Pelo menos 26 milhões de reais foram desviados entre 2009 e 2013 para a firma de Youssef. A Sanko Sider, que forneceria tubos para a obra, fez doações para o PT pelo menos em 2006 – ano em que doou 6.000 reais para a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição. Esta foi a única doação oficial registrada pela empresa desde então.
Já se sabe também que outros doadores de campanhas, como OAS, Galvão Engenharia, Jaraguá Equipamentos e Arcoenge depositaram recursos diretamente em contas da MO Consultoria. Só a OAS repassou 1,6 milhão de reais para a empresa de fachada, bem menos, no entanto, do que efetivamente registrou em doações legais a campanhas políticas desde 2006 (131,3 milhão de reais).
Entre as empresas que Costa anotou como alvo de cobranças de doações, a Andrade Gutierrez foi a que mais fez contribuições oficiais. De 2006 a 2012, o conglomerado distribuiu 189,5 milhões de reais a políticos e partidos. Nesse período, PT, PMDB e PP ficaram com 53% do total doado. Na gestão dele, um único contrato rendeu 958 milhões de reais para a construtora Andrade Gutierrez, depois de prorrogações e aumentos de gastos com 45 aditivos.
O segundo maior doador oficial foi a Camargo Corrêa, que já tem conexão identificada com o esquema de Youssef. O conglomerado doou 176,9 milhões de reais para campanhas desde 2006. Só em 2010 foram distribuídos 56 milhões de reais – dos quais metade ficou com PT, PMDB e PP. No total, em 2010, o grupo financiou oficialmente 83 candidatos a deputado estadual, 70 candidaturas a deputado federal, 16 campanhas a governador e 25 candidatos a senador. O deputado federal Eduardo Cunha, líder do PMDB e comandante dos rebeldes na base do governo, levou sozinho 500.000 reais para sua candidatura naquele ano.
A Polícia Federal suspeita que o ex-diretor da Petrobras agia para abastecer o caixa de políticos mesmo após deixar o cargo na estatal, que ocupou de 2004 a 2012. Em um caderno, ele tinha anotado nomes de sócios e executivos de fornecedores da estatal e a situação de cada cobrança. Aparecem nessa lista empresas como a Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, UTC Engenharia, Engevix, Iesa, Hope e Toyo Setal. Em 2010, Paulo Roberto Costa fez, como pessoa física, uma doação de 10.000 reais ao Comitê Financeiro Único do PT no Rio de Janeiro.
Caixa dois
Investigadores desconfiam que os recursos angariados pelo doleiro e pelo ex-diretor da Petrobras tenham sido destinados ao caixa dois de partidos. Pelo endereço de email paulogoia@hotmail.com, Youssef indicou em 17 de agosto de 2010 uma conta bancária para que Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor da construtora Queiroz Galvão, depositasse uma série de valores para políticos e diretórios. Uma parte da lista bate com os registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Youssef cobrou 500.000 reais para o PP da Bahia; 250.000 reais para o deputado federal Roberto Teixeira (PP); 500.000 reais para o deputado federal Nelson Meurer (PP); 100.000 reais para o deputado federal Roberto Britto (PP); e 100.000 para o ex-deputado federal Pedro Henry (PP), um dos condenados no escândalo do mensalão. Na Justiça Eleitoral, estes são exatamente os valores doados pelo grupo Queiroz Galvão.
Há outras cobranças, no entanto, com valores divergentes entre o que foi proposto pelo doleiro e efetivamente registrado – o que reforça a tese de que havia também um esquema de caixa dois operado por Youssef. No caso do diretório Nacional do PP, a cobrança era de 2.540.000 reais, mas foram registrados 2.740.000. Há outros valores que, nos registros do TSE, são superiores aos do email enviado pelo doleiro, como o pedido de 250.000 reais para a deputada federal Aline Corrêa (PP), que recebeu oficialmente da empresa 350.000. Já para o PP de Pernambuco, a cobrança era de 100.000, mas foram doados formalmente 1.640.000.
Youssef também fez contato com Cristian Silva da Jaraguá Equipamentos para cobrar dados e emitir recibos de doações. De acordo com os registros do TSE, a Jaraguá doou 250.000 reais para o deputado federal Roberto Teixeira (PP), 250.000 reais para a deputada federal Aline Corrêa (PP), 100.000 reais para o deputado federal Pedro Henry (PP) e 50.000 reais para o deputado federal Roberto Britto (PP). Mas a operação Lava Jato constatou, com base em dados bancários e fiscais oficiais, que a Jaraguá fez depósitos em contas da MO Consultoria, de Youssef. A empresa pagou 1,94 milhão de reais. A polícia desconfia que esse valor foi distribuído como propina para o esquema de Youssef e Costa.
Até o momento, apenas o deputado federal André Vargas (ex-PT), amigo de Youssef, foi diretamente atingido pelas revelações da operação Lava Jato. A Polícia Federal suspeita que o doleiro e o deputado eram sócios em operações, mas o retorno financeiro auferido pelo parlamentar ainda é desconhecido. O Comitê Financeiro Único do PT no Paraná recebeu, na campanha de 2010, pelo menos 1,6 milhão de reais de fornecedores da estatal que aparecem entre os contatos do esquema. Essas empresas garantiram mais da metade da arrecadação do comitê paranaense petista e esse órgão partidário injetou cerca de 20 mil reais na campanha de Vargas. O deputado teve de renunciar à vice-presidência da Câmara e se desfiliar ao PT para minimizar os danos ao partido. Pode também ter o mandato cassado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, porque há indícios de que ele ajudou a Labogen, um laboratório de fachada de Youssef, na assinatura de um contrato milionário com o governo federal. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai decidir se o envolvimento de Vargas com o doleiro deve ser investigado no âmbito criminal.
A atuação de Vargas para favorecer o doleiro no Ministério da Saúde respingou no ex-ministro Alexandre Padilha, pré-candidato petista ao governo de São Paulo. Subordinados de Padilha assinaram o convênio que permitiria ao laboratório de Youssef faturar até 31 milhões de reais. A operação Lava Jato revelou também que Vargas recebeu a indicação de um ex-assessor de Padilha para ser contratado como lobista da Labogen em Brasília. Em conversa com o doleiro, o deputado federal diz que a indicação para o posto partiu do ex-ministro da Saúde. E Youssef falava a interlocutores como se tivesse capacidade de influenciar a nomeação de cargos em eventual governo de Padilha, como revelou o site de VEJA.
Nos palanques de candidaturas a governos estaduais, os estragos da Lava Jato trazem mais riscos ao PT. Também no Paraná os nervos dos petistas estão à flor da pele. Vargas era cotado para chefiar a campanha da senadora Gleisi Hoffman ao governo paranaense. Ela também faz parte da bancada que recebeu recursos de fornecedores suspeitos de contribuir em doações intermediadas por Costa e Youssef. Oficialmente, Gleisi foi a candidata ao Senado que mais recebeu recursos da Camargo Corrêa, com 1 milhão de reais embolsados na última eleição. Conseguiu ainda doações de outras empreiteiras na lista de Costa. A UTC Engenharia deu 250.000 reais para a campanha da senadora e a OAS repassou 780.000 reais. Angariou ainda 100.000 reais da Contax, uma coligada da Andrade Gutierrez, para sua candidatura.
A cartilha petista, as vigarices e mais uma vaia para Dilma. Está difícil para a soberana deixar o castelo e andar entre os súditos
Dilma: vaias depois do pronunciamento e da oficialização da candidatura. Vai mal!
Dilma: vaias depois do pronunciamento e da oficialização da candidatura. Vai mal!
O PT decidiu fazer uma espécie de cartilha (leia post anterior) para enfrentar o embate eleitoral. Não deixa de ser curioso. A tônica do panfleto é a seguinte: os candidatos de oposição não teriam “propostas” para o país. Digamos que assim fosse. Não perca seu tempo, no entanto, tentando saber, então, quais são as ditas “propostas” do PT. Não existem. Até porque me parece evidente que aquele que governa já reúne as condições para fazer o que tem de ser feito, não é mesmo? Mais do que propor, precisa é agir.
- Se Dilma sabe como devolver a inflação para o centro da meta, por exemplo, por que ela não devolve, então, a inflação para o centro da meta?
- Se Dilma sabe como acabar com a roubalheira da Petrobras, por que, então, ela não acaba com a roubalheira da Petrobras?
- Se Dilma sabe como responder aos graves entraves existentes na infraestrutura, por que, então, ela não responde aos graves entraves existentes na infraestrutura?
- Se Dilma sabe como reverter, ou minimizar ao menos, o rombo histórico que haverá nas contas externas, por que, então, ela não o reverte ou minimiza?
- Se Dilma sabe como resolver o estado de miséria da segurança pública, por que, então, ela não resolve o estado de miséria da segurança pública?
A resposta é simples: ela não faz nada disso ou porque não sabe ou porque o arco de alianças que a sustenta no poder não permite. Dilma tem uma base de apoio gigantesca. Ainda que ela venha a vencer a disputa, terá certamente menos apoio no Congresso do que tem hoje. Querem um exemplo? Um eventual governo Aécio Neves contará com um PMDB mais unido na base de apoio do que um eventual novo governo Dilma, embora esse partido vá para a disputa tendo garantida a posição de vice na chapa encabeçada pela petista.
Restou ao PT, então, lançar uma cartilha em defesa da presidente dizendo por que os outros não podem ser eleitos, não por que ela deve ser reeleita. E aí sobram as picaretagens e as mistificações de sempre, que alguns vigaristas intelectuais já estão tentando transformar em teoria política.
A defesa da independência do Banco Central — ou de um Banco Central independente das injunções políticas, que é o mínimo que se pode esperar da autoridade monetária — foi transformada, na cartilha petista, numa suposta ação “antipovo”. A afirmação de que um presidente da República não pode ser refém da popularidade é lida como a defensa de “medidas amargas” contra os pobres.
Assim, pergunta-se: qual é a proposta do PT? Mais uma vez, investir na falsa polarização entre “nós” e “eles”; entre os supostos defensores do povo e seus algozes. Não sei, não… Tenho a impressão de que esse discurso já não cola mais com tanta facilidade. Ou vamos ver.
Vaia
Neste sábado, a presidente Dilma foi à abertura da 80ª edição da Expozebu, em Uberaba, Minas Gerais. Quando seu nome foi anunciado, explodiu uma sonora vaia. Aqui e ali, leio que se trata, afinal, de um “reduto” do senador Aécio Neves (PSDB), candidato do PSDB à Presidência. É, não deixa de ser.
Mas e a vaia havida na festa promovida pela CUT, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo? Não se pode chamar, creio, de “reduto tucano” um evento patrocinado pela central que atua como um dos tentáculos do PT. E, no entanto, os petistas não conseguiram fazer um miserável discurso. A chuva de garrafas, latas e bolas de papel não permitiu. A cada vez que alguém pronunciava o nome de Dilma, era vaia na certa. O mesmo se deu na manifestação organizada pela Força Sindical.
Então vamos ver: Dilma vai ao ar em rede nacional de rádio e TV na quarta, anuncia bondades, e é sonoramente vaiada na quinta. O PT praticamente a oficializa como candidata na sexta, e tome mais vaia no sábado.
A máquina de difamação do petismo sempre foi muito poderosa — não é de hoje. Vem lá dos tempos em que era um pequeno partido de oposição. A Internet multiplicou muito o seu poder. Mas me parece que, desta feita, as pessoas já estão um tanto mais precavidas.
A imprensa e o “Paradigma Louis Renault”
O PT parece andar sem ideias. Em sua cartilha, a imprensa apanha mais uma vez, tratada como o verdadeiro partido de oposição do Brasil. Os petistas consideram que noticiar as lambanças na Petrobras ou os vínculos de André Vargas e Alexandre Padilha com o doleiro Alberto Youssef é “coisa de oposição”? Não! É coisa do inquérito da Polícia Federal.
Mas sabem como é a boca torta. Lembram-se de Louis Renault, o capitão de polícia corrupto do filme “Casablanca”? Ao dar uma ordem a seus subordinados para apurar os responsáveis por um assassinato — e com o intuito de proteger Rick, seu amigo —, dispara uma frase que ficou famosa: “Round up the usual suspects”“prenda os suspeitos de sempre”.
O jornalismo independente está entre os “suspeitos de sempre” do petismo. O paradigma de honestidade do partido é aquela gente que vive pendurada nas tetas das estatais e da verba oficial de publicidade. Os petistas parecem acreditar apenas na “honestidade intelectual” que tem um preço.

NO BLOG DO CORONEL DE 04-5-14
A troca feita pela presidente Dilma Rousseff no comando da Petrobras no início de 2012 mudou o rumo de um negócio bilionário que a estatal analisava, a venda de seus poços de petróleo na África. O negócio, que estava nas mãos de um diretor indicado pelo PMDB, passou a ser tocado por um subordinado da nova presidente da estatal, Graça Foster, depois da troca.
No ano seguinte, o banco BTG Pactual pagou US$ 1,5 bilhão para ficar com metade das operações africanas da Petrobras e se tornar sócio da estatal. O valor obtido pela venda despertou desconfianças, porque a gestão anterior calculava que os ativos valiam quase quatro vezes mais. Os funcionários que participaram do início do processo foram afastados depois que Jorge Zelada, o afilhado do PMDB que dirigia a área internacional da Petrobras, deixou o cargo e Graça Foster repassou a tarefa a outra equipe, de sua confiança.
Mudanças de rota como essa ajudam a entender como o loteamento político da maior empresa do país tem afetado a maneira como ela toma decisões, gerando confusão sobre o que se passa lá dentro. Em março de 2012, pouco depois da posse de Graça Foster, executivos que estudavam a venda dos poços da empresa na África avaliaram uma proposta que projetava captar no mercado US$ 3,5 bilhões com a venda de 25% dos ativos, de acordo com um documento obtido pela Folha. Se o plano fosse adiante, e dependendo das condições do mercado, eles achavam que metade dos poços da Nigéria, Tanzânia, Angola, Benin, Gabão e Namíbia poderia valer US$ 7 bilhões.
O projeto, apresentado pelo banco sul-africano Standard Bank e discutido com a diretoria internacional, previa a criação de uma nova empresa para reunir todas as operações da África, que teria o capital aberto na bolsa. Os executivos estudavam alternativas para cumprir a decisão de Graça Foster, que assumiu com a missão de vender operações da empresa para levantar dinheiro.
A vantagem de abrir o capital da nova empresa, a Petrobras Africa, seria separar poços promissores do resto da estatal, cujas ações se desvalorizaram 35% no governo Dilma. Os investidores têm mantido distância da Petrobras por causa das perdas que a ingerência política do governo impôs à companhia.
Os executivos da estatal e do Standard Bank achavam que, por causa da crise da empresa, os poços africanos estavam com valores muito depreciados quando comparados aos de concorrentes que também atuavam na África. De acordo com os cálculos do banco, baseados em premissas otimistas para os campos, o valor da Petrobras Africa na bolsa poderia alcançar algo entre US$ 11 bilhões e US$ 17 bilhões. A ideia era vender 25% da nova empresa.
Esse plano nunca chegou a ser testado. Segundo a Folha apurou, o diretor financeiro, Almir Barbassa, foi contra, argumentando que a companhia prometera aos investidores em 2010 que não abriria o capital de suas subsidiárias separadamente, para não desvalorizar a empresa. Nesse momento, os responsáveis pela transação foram afastados, e seus substitutos contrataram o banco inglês Standard Chartered para organizar um leilão internacional. Os sul-africanos do Standard Bank ficaram fora.
Foram convidados 14 potenciais interessados, mas apenas nove apareceram. Quase todos recuaram depois que a estatal desistiu de vender a totalidade dos ativos e passou a procurar um sócio. Apenas o BTG e a espanhola Cepsa prosseguiram --a oferta dos espanhóis foi inferior. Os ativos foram avaliados em cerca de US$ 4,5 bilhões. Mas dúvidas sobre uma possível mudança na legislação da Nigéria, que poderia diminuir a rentabilidade das petroleiras, diminuiu a avaliação para US$ 3,16 bilhões.
O BTG acabou levando metade por US$ 1,5 bilhão, mas a mudança nas leis nigerianas até agora não saiu. Para o banco, o negócio foi tão bom que, em menos de oito meses, começou a recuperar o capital investido e tirou de lá US$ 150 milhões na forma de dividendos. Procurados pela Folha, a Petrobras, o BTG e os outros bancos envolvidos com a transação não quiseram dar entrevistas sobre o assunto.(Folha de São Paulo)

Nesta capa, Veja exaltou as "virtudes" de Dilma na gestão da Petrobras.

Quem lê Veja, deve ter notado que a revista, no que se refere à Petrobras, tem tido uma posição muito estranha de colocar todos os partidos no mesmo saco, ao mesmo tempo em que tenta livrar a gestão de Dilma no Conselho de Administração da Petrobras, como se tudo fosse culpa da Turma do Lula. Como se Dilma não fosse o mais importante membro do grupo, tanto que virou a sucessora. Explica-se: o atual presidente da Editora Abril, dona da Veja, é Fábio Barbosa, ex-conselheiro da Petrobras na gestão de Dilma, inclusive durante o episódio da compra e venda da refinaria de Pasadena. Vejam, abaixo,trecho de matéria que está no site da revista:
No texto, a revista está misturando doações de empreiteiras, que possuem milhares de obras em estados e municípios, com doações provenientes do propinoduto da Petrobras. Má fé ou tentativa de mostrar uma isenção despropositada? O fato é que a matéria sugere que o PSDB e o DEM também foram beneficiários do esquema de corrupção dentro da estatal, quando todos sabem que estes partidos não têm a mínima ingerência na sua gestão. E que estão, neste momento, empenhados em fazer uma CPI que pode, sim, vir a responsabilizar o senhor Fabio Barbosa, presidente da Editora Abril, por alguns dos maus negócios da estatal. Que demitam o presidente, mas que não acabem com a credibilidade da melhor revista de informação do Brasil.

O encolhimento da indústria brasileira virou arma comum nas campanhas de Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Os dois pré-candidatos da oposição ao Planalto passaram a repetir, nas últimas semanas, que o país passa por um processo grave de desindustrialização e "voltou aos anos 50" no setor.
Eles dizem que o peso da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) recuou ao menor patamar desde o salto iniciado em 1955, quando o presidente Juscelino Kubitschek tomou posse. "O Brasil vive um processo grave de desindustrialização. Voltamos a ser aquilo que éramos na década de 1950", disse Aécio em visita à Firjan (federação das indústrias do Rio) no último dia 14.
No dia seguinte, e na mesma cidade, Campos bateu na mesma tecla em visita a uma universidade particular. "A indústria brasileira de transformação chegou em 2013 ao mesmo patamar que ela tinha no PIB antes do governo JK, em 1955. Nós não podemos imaginar que o país pode se segurar só no setor primário ou no setor de serviços", afirmou.
Em palestras a empresários e estudantes, Campos tem exibido um gráfico com os números que mostram a curva da desindustrialização. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria, o peso do setor no PIB caiu para 24,9% no ano passado, o pior resultado desde o início da série histórica, em 1947. A fatia da indústria de transformação também bateu recorde negativo de 13%, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
CONTESTAÇÃO
O Ministério do Desenvolvimento, responsável pela política industrial do governo, não quis comentar as críticas dos pré-candidatos. O ex-ministro Fernando Pimentel (PT), que deixou o cargo para disputar o governo de Minas, disse não haver desindustrialização no país. "Só posso atribuir as críticas à disputa eleitoral, já que elas não têm relação com a realidade", disse, em nota.
Representantes do setor produtivo pensam o contrário. A CNI se diz preocupada com a queda da participação da indústria na economia. A entidade afirma que houve mudança no perfil da demanda, com o crescimento do setor de serviços, mas reclama de falta de eficiência e perda de competitividade.
"Vivemos num cenário hostil ao ambiente de negócios. O investimento em infraestrutura e logística cresce em ritmo muito inferior ao necessário", disse o diretor de políticas e estratégia da CNI, José Augusto Fernandes. "O governo atual relutou muito em assumir a importância das concessões de rodovias, por exemplo. Queremos que os candidatos se comprometam com a reforma tributária e com uma agenda de competitividade", afirmou.
A queda da participação da indústria na economia já foi tema da eleição de 2010, quando José Serra (PSDB) acusava o governo Lula de fazer uma "política de desindustrialização". Ele foi derrotado por Dilma no 2º turno.(Folha de São Paulo)

Da direita para a esquerda, Fernando Pimentel, Marcelo Odebrecht (presidente do grupo), Dilma Rousseff e Graça Foster. Não é um saco de dinheiro que ela está assinando. Mas é como se fosse.

Um contrato entre a Petrobras e a construtora Odebrecht, firmado em outubro de 2010, período eleitoral, teria sido aprovado após acerto de uma doação equivalente a US$ 8 milhões (R$ 17,7 milhões) para a campanha de Dilma Rousseff, segundo reportagem da revista “Época”, publicada neste sábado. O contrato, no valor de US$ 826 milhões ( R$ 1,8 bilhão), previa serviços de segurança, meio ambiente e saúde em unidades da Petrobras no Brasil e no exterior. O contrato é investigado pela PF e pelo MPF. E a Petrobras está na iminência de uma CPI.
Segundo a publicação, o lobista João Augusto Henriques afirmou que montara a operação e que a ideia de que a Odebrecht fosse a construtora do projeto era dele. A doação foi acertada com o tesoureiro informal do PT, João Vaccari. Segundo João Augusto, as negociações tiveram início em 2009, época em que funcionava no Senado a CPI da Petrobras. De acordo com a revista “Época”, pelo acordo, o PMDB ajudaria a enterrar a CPI, relatada pelo senador Romero Jucá. Em troca, a direção da Petrobras, então comandada por José Sérgio Gabrielli, assinaria embaixo do projeto Odebrecht. E o contrato foi fechado.
Pouco mais de um ano, em janeiro de 2012, antes da posse de Graça Foster, auditores encontraram irregularidades graves no contrato. No relatório, os auditores diziam que o contrato deveria ser rescindido. Os auditores entenderam que a contratação fora equivocada, por causa do perfil das empresas convidadas e pelo prazo reduzido para apresentação de propostas. De acordo com auditores, o processo de contratação sequer tinha edital de convocação em língua estrangeira.
A auditoria preliminar apontava que a Petrobras determinara que os serviços relativos às refinarias de Pasadena, nos Estados Unidos, Bahía Blanca, na Argentina, e Okinawa, no Japão, deveriam ser submetidos a autorização específica antes de ser feitos. No caso de Pasadena, isso significou um aditivo de US$ 20,3 milhões ao contrato. Para os auditores, a regra não foi respeita e concluíram que a Odebrecht atribuiu preços elevados a serviços que serão feitos em maior quantidade durante a execução do contrato. A prática é conhecida como “jogo de planilha”, onde a empresa contratada lucra mais e a contratante costuma ficar no prejuízo.
Por causa do relatório, a presidente da Petrobras, Graça Foster, e sua equipe pretendiam anular o contrato. Ao saber disso, João Augusto e o PMDB reagiram. De acordo com a “Época”, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, procurou Graça Foster para impedir a anulação do contrato e chegou a mencionar as “contribuições políticas” decorrentes do contrato.
Depois disso, outra versão de auditora foi apresentada, a qual não recomendava a anulação do contrato. Em janeiro de 2013, a Petrobras anunciou a redução do contrato: de US$ 826 milhões, para US$ 480 milhões. (O Globo)

NO BLOG DO JOSIAS DE 04-5-14
Diz o brocardo que errar é humano. Porém, no caso dos refugiados haitianos, o governo federal fez uma opção preferencial pelo erro. Sob Dilma Rousseff, a União se esforça há mais de três anos para demonstrar que, entre o certo e o errado, há sempre espaço para mais erros. O penúltimo equívoco foi cometido há quatro dias, numa reunião coordenada pelo ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).
Haitianos imigram para o Brasil em busca de melhores condições de vida 48 fotos45 / 48

30.abr.2014 - O imigrante Auguste Lubain, 28, posa após tirar carteira de trabalho, nesta quarta-feira (30), durante mutirão realizado pelo Ministério do Trabalho, em um posto da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego. Auguste fala espanhol, idioma que aprendeu durante os dez anos em que morou na República Dominicana, onde trabalhava como vendedor em uma loja de roupas. Ele veio para o Brasil em busca de um emprego que lhe dê melhores condições de sustentar a mulher e seus dois filhos, de três e seis anos, que ficaram no Haiti Rodrigo Capote/UOL
Num instante em que o país não sabe o que fazer com os cerca 1.200 haitianos que cruzam ilegalmente todos os meses a fronteira do Peru com o Estado do Acre, o governo decidiu realizar no Haiti uma campanha de estímulo à imigração legal. A pretexto de inibir a ação dos ‘coiotes’, o Brasil vai oferecer vantagens aos haitianos que, antes de viajar para o Brasil, pedirem visto no Haiti ou nos países que estão na rota da imigração, como Equador e Peru, por exemplo.
Com essa providência, Brasília escancara uma porta que já está arrombada sem levar em conta o fato de que os haitianos já não são o único problema. Neste sábado (3), havia no Acre 541 imigrantes. O grosso entrou no país ilegalmente. Recém-chegados, 70 ainda estavam na cidade de Brasiléia. Outros 471 já haviam sido transferidos para um abrigo na capital, Rio Branco.
Desses, 351 ainda aguardavam pela emissão do documento da Polícia Federal que lhes garantirá a permanência no Brasil por pelo menos cinco anos. Na fila, havia apenas 4 refugiados do Haiti. A maioria, 345 (98,2%), veio do Senegal. De resto, há no abrigo acriano gente procedente da República Dominicana, da Nigéria, da Gâmbia e até um colombiano. Passam regularmente por ali cidadãos vindos de Serra Leoa, Marrocos, Bangladesh e Camarões.
Os ônibus que provocaram uma troca de insultos entre os governadores Tião Viana, do Acre, e Geraldo Alckmin, de São Paulo, continuam partindo de Rio Branco em ritmo diário. Na quinta-feira, ganharam a estrada dois ônibus, com cerca de 80 pessoas. Na sexta, mais um ônibus, com 44 passageiros. Outros dois comboios estavam programados para o sábado.
Estiveram com Mercadante na reunião em que se decidiu estimular a obtenção de vistos no Haiti os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores). Dessa vez, Brasília não teve nem mesmo a preocupação de inovar. O governo reincide num erro que já havia cometido em janeiro de 2012.
Naquela época, os haitianos que haviam começado a chegar ao Brasil em dezembro de 2010 eram contabilizados em 4 mil. Impressionado, com as dimensões da encrenca, o governo decidira condicionar a entrada à obtenção de vistos em Porto Príncipe. Instituiu-se uma cota de 1.200 permissões por ano. Ou 100 por mês. Fora disso, avisava o doutor Cardozo em 2012, os haitianos “estarão em situação irregular e, como qualquer outro estrangeiro nessa situação, serão notificados e extraditados.”
Decorridos dois anos, não há notícia de um mísero caso de extradição. Como consequência, intensificou-se a ação dos ‘coiotes’, como são chamados os traficantes de pessoas que cobram mais de US$ 3 mil para atravessar imigrantes ilegais na floresta amazônica, rumo ao Acre.
Em abril de 2013, o governo revogou o teto anual de 1.200 vistos. A alegação era a de que o teto mensal de 100 autorizações jogava os haitianos que ultrapassavam a cota no colo dos ‘coiotes’. Resultado: hoje, chegam ao Acre 1.200 refugiados por mês, não por ano. A maioria sem o visto. A soma total de refugiados acolhidos nessas condições em três anos quatro meses já ultrapassa a casa dos 25 mil.
É nesse contexto que Mercadante, Cardozo e o chanceler Figueiredo concluíram que o melhor a fazer é convidar mais haitianos a imigrarem para o Brasil com os vistos. Dessa vez sem limites quantitativos. “Vamos fazer, sob coordenação do Itamaraty, uma campanha de esclarecimento das vantagens, dos benefícios que tem o haitiano ao vir para o Brasil regularmente”, disse Cardozo (veja no vídeo abaixo).
Na prática, o anúncio feito por Cardozo é inepto e temerário. É inepto porque promete aos haitianos que chegarem com o visto prioridade em benefícios educacionais, trabalhistas e sociais que o governo não consegue prover decentemente nem aos brasileiros. É temerário porque potencializa uma rota de imigração ilegal cujas facilidades já foram farejadas na África. Se ouvisse a Polícia Federal, subordinada à sua pasta, o ministro da Justiça seria informado de que a situação fugiu ao controle. Os ‘coiotes’ faturam impunemente.
Com mais de três anos e 25 mil refugiados de atraso, o governo informa que promoverá “um diálogo” com os Estados para criar “receptivos”, seja lá o que isso signifique, de modo a acolher os haitianos adequadamente. Beleza. O problema é que, ao fazer pose de nação humanitária sem adotar providências que moralizem suas fronteiras, o Brasil torna-se uma oportunidade que os ‘coiotes’ aproveitam.
Noutros países, os traficantes de seres humanos orientam os miseráveis sujeitos à sua exploração a fugirem das autoridades. No Brasil, o esconde-esconde só dura até o vizinho Peru. Depois de cruzar a fronteira, o traficado é orientado a procurar o Estado. Que premiará a ilegalidade com abrigo, três refeições diárias, assistência emergencial de saúde, visto de permanência, carteira de trabalho e passagem rodoviária até São Paulo e os Estados “ricos” do Sul. Além de não assegurar a todos os refugiados uma vida menos miserável do que a que eles tinham em seus países de origem, o governo brasileiro subverte o brocardo. Prova que é errando que se aprende… a errar.

NO BLOG ALERTA TOTAL DE 04-5-14
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

A cega paixão futebolística prepara sua maior traição contra nós. Os brasileiros já entraram no campo da ilusão marketeira da Copa do Mundo - como otários, é claro! A bola vai rolar, em breve, para o maior espetáculo ludopédico da Terra. Sem condições de entrar no jogo, que vai custar caro direta ou indiretamente, a grande maioria será chutada para escanteio para o negócio privado do futebol, que interessa aos governantes, dar o lucro programado aos acionistas da transnacional Federação Internacional de Futebol Association.
Dá nojo ver o craque da demagogia Luiz Inácio Lula da Silva, Presidentro da Dilma, propagandear as vantagens de um negócio que ele trouxe para cá nos tempos em que vendia o Brasil de forma explícita aos estrangeiros. Lula tem repetido a exaustão: “A gente não faz uma copa do mundo pensando em dinheiro. É um encontro de civilizações, feita através do esporte. A Copa do Mundo é a oportunidade que o Brasil tem demonstrar sua cara, o jeito que o Brasil é, com tudo que ele tem, mas com sua pobreza e também com sua beleza. È hora de colocar os pés no chão. E a gente ainda pode ganhar a copa...”.
Ele já ganhou... A tal “Copa das Copas”, exaltada na marketagem de Lula e Dilma como maravilhosa para os brasileiros, promete muitos problemas. Imagina o que pode acontecer nas tais “Fan Fests” (eventos públicos, mas um grande negócio privado, no qual dezenas de milhares de torcedores pagam ingresso, para assistir aos jogos e a vários shows, com direito a bebida e comida à vontade)? Tente pensar no que vai rolar em uma festinha dessas para 50 mil pessoas, por exemplo, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo? E se algo não sair como o esperado, com bebedeiras, brigas e incontroláveis protestos no entorno da festança?
O Governo está mobilizando contingentes das Forças Armadas, recorrendo até a militares de países estrangeiros, para garantir a segurança do evento futebolístico privado. O Rio de Janeiro, por exemplo, vai parecer um teatro de operações de guerra, já que 2.450 combatentes já cuidam da pacificação da Maré e a eles se juntarão mais 2.480 homens e mulheres do Exército, Marinha e Aeronáutica. A União pode até mandar mais gente, caso seja necessário, principalmente para conter movimentos grevistas, criminosos e grupos que planejam manifestações – todos já sob incessante monitoramento da inteligência militar.
A indagaçãozinha idiota é: a Fifa está pagando por esse serviço de segurança, ou o Ministério da Defesa do Brasil está trabalhando de graça, gastando a grana do minguado orçamento, que mal dá para pagar salários aos militares? Soa como piada a comandanta em chefa Dilma Rousseff colocar seu indefensável ministro Celso Amorim para avisar que o governo federal já tem pronto um plano emergencial para substituir as policiais militares usando até 21 mil homens das Forças Armadas. Nada menos que 14 mil militares ficarão aquartelados, durante a Copa, de prontidão para agir, se for necessário. De novo: quem está pagando essa conta caríssima? Nós ou a Fifa?
Outro absurdo é denunciado pela turma que, desde 1978, se reúne na rua Alzira Brandão até a esquina com a rua Conde de Bonfim, na Tijuca, no Rio de Janeiro. O local, apelidado de “Alzirão”, onde o povo se junta para ver jogo de graça, tomar todas e se divertir, agora é alvo da ganância da empresa presidida por Josef Blatter. O excelentíssimo repórter Aydano André Motta, de O Globo, psicografou uma mensagem da Alzira Brandão metendo o pau no Zé da Fifa: Leia: Carta ao Dono da Bola
A título de Royalties, e respaldada na Lei Geral da Copa que Dilma e nossos congressistas aprovaram e sancionaram, a Fifa quer cobrar R$ 28 mil da Associação Recreativa e Cultural que cuida da festança realizada há nove copas do mundo. Se não pagar, não pode fazer a brincadeira no espaço público. Será que a Rede Globo, que sempre usou o espaço como referência de torcida pacífica e organizada, vai apoiar a batalha do Alzirão contra o Azarão da Fifa? O Globo já fez sua parte...
Negócio bom é ser dirigente da Fifa. Ano passado, só a título de bônus, a empresa distribuiu US$ 37 milhões aos seus executivos. Será que não vão sobrar nem um dolarzinho de gorjeta para nossos militares, que lutam silenciosamente por melhores salários, enquanto são golpeados pelo revanchismo do desgoverno petralha – e, agora, também, golpeados, no bolso da farda, pela turma do Marechal da Copa?
Por isso, está na hora da gente gritar: "Vai pra Copa que o pariu!" Ou: "Vem pra Copa que o pariu!" O Brasil, como mostra a escrota ilustração acima, se transformou no ânus do mundo. Por isso, temos a obrigação de dar um basta à governança do crime organizado e seus associados. Do contrário, será melhor mudar o nome do Brasil para “Prazil”, com P de...

Aonde a vaia vai... O boi vai atrás? 

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

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