UMAS E OUTRAS DO HELIO FERNANDES - 02-3-14
HELIO FERNANDES –
São muitos, vários, diversos, usando todos os tipos de comunicação, que pedem para o repórter explicar até quando os principais réus do mensalão, ficarão esperando a “progressão da pena”. Depois de cumprido um sexto da pena.
Hoje farei a conta de Jefferson, não espera mais nada, contra ou a favor. Condenado há 7 anos e 14 dias, 84 meses e esses 14 dias. Preso no dia 24 de fevereiro de 2014 (anteontem), depois de cumprir 14 meses e 2 dias no semiaberto, terá direito à “progressão da pena”, no dia 26 de abril de 2015.
Irá para casa, no regime aberto. Como já expliquei anteriormente, cheio de restrições. Mas pelo menos estará em casa.
Dirceu e Genoíno
No momento em que escrevo, não dependem mais de decisão do Supremo. Vão demorar menos alguns meses para a “progressão da pena”. Não é fundamental, embora esperem ansiosos.
Fundamental e irrevogável, a condenação dos outros crimes. Que acabou com a vida pública (e não apenas a pública) que embutia muitas esperanças.
Tudo isso, agora, arquivado, logo, logo, esquecido, sem repercussão ou holofotes. Só voltará a ser lembrado pela História, ninguém mais estará aqui.
E alguns desses “historiadores” (as aspas são indispensáveis) de hoje, não terão mais condições e a pretensão de escrever, reescrever ou interpretar os fatos acontecidos há tanto tempo, que viram nos jornais da época, leram e copiaram com enorme esforço.
Confusão na declaração do voto
Enquanto muitas televisões, ontem, insistiam no 6 a 4 pela absolvição dos oito condenados pela “formação de quadrilha”, este repórter já dava bem antes, o resultado certo: 6 a 5. Não favoreceu muito, já estava previsto e confirmou.
Joaquim Barbosa, GRAVÍSSIMO
Já serenada a confusão, e determinado a ABSOLVIÇÃO dos oito que tinham direito aos agora famosos EMBARGOS INFRINGENTES, parecia que faltava apenas o fim do carnaval, para que no dia 13 de março, o Supremo voltaria ao normal.
Joaquim diz que será o contrário
O presidente do Supremo, textual: “Essa MAIORIA DE CIRCUNSTÂNCIA”, vai continuar insistindo em mudar outras penas, para “chegar a um resultado mais favorável”. É a fala de Joaquim, não só pelo cargo, mas do endereço dado por ele: ”Chamo a atenção da opinião pública para o que tentarão fazer”. I-M-P-O-R-T-A-N-T-Í-S-S-I-M-O.
Neste sábado de carnaval, a Itália, novamente “berlusconizada”
A vida partidária não é um caminho de flores qualquer que seja o país ou sejam os personagens. Os exemplos são infindáveis, irrefutáveis, irrevogáveis, mas no momento pretendo apenas tratar da mudança (?) do governo da Itália. Por causa da altamente negativa projeção de um dos personagens, que parecia expulso da vida pública.
Parlamentarismo
Nos últimos 60 ou 70 anos, a Itália tem atravessado terríveis crises, pela fragilidade do regime e pela facilidade com que a corrupção se infiltra nos caminhos e descaminhos nos governos. No final do ano passado foi formado um governo, com extrema dificuldade, mas que aparentemente funcionava, nem quero dizer que governava.
A oposição não parecia em condições de pedir “um voto de confiança”, que quase sempre derruba governos. Por esse lado, o Primeiro Ministro não percebeu que o perigo surgia do seu próprio partido.
Matteo Renzi, Secretário Geral do Partido Democratas, (o mesmo do Primeiro Ministro) não esqueceu por um minuto, que nasceu em Florença e foi até prefeito da cidade.
Não sei se é conhecedor ou seguidor de Maquiavel, mas já é chamado de “maquiavélico”. Hoje, qualquer ato de traição ou deslealdade, é logo identificado como “maquiavélico”. Uma ofensa e interpretação totalmente errada das lições do mestre.
O novo governo
Enquanto Letta, Primeiro Ministro, conversava com Renzi, Secretário Geral, sua maioria indispensável era corroída. Em determinado momento, sem voto de confiança, o Primeiro Ministro foi alertado: “Nem adianta resistir, Renzi já tem maioria para governar”. Letta nem precisou verificar, só ele não sabia que Renzi já governava. Fez o que tinha que fazer, renunciou, Renzi já estava indicado.
Renzi “maquiavélico”
As aspas identificaram seus objetivos, mas ninguém (nem mesmo correligionários) acreditavam que fosse conversar com Berlusconi, tido, havido e reconhecido como o maior corrupto da Itália e do mundo. Tendo tomado o governo, conseguiu a maioria, mas apenas eventual ou circunstancial. Até a parte da comunidade não satisfeita com Letta, agora está horrorizada com Renzi.
PS – A Itália nunca mais se livrará da “BERLUSCONIZAÇÃO?”. Ele não “mandou” votar em Renzi, mas seu grupo votou. Ao contrário do que jornalões e televisões desinformaram, Renzi “não recebeu voto de confiança”.
PS2 – Na posse no governo, o Primeiro Ministro apenas apresenta o “ministério que formou”. Lógico, com maioria. Não existe precedente de Primeiro Ministro VETADO na entrada. A SAÍDA pode se dar com mais ou menos tempo, dependendo da atuação.
O governador de Brasília não é do PT, não tem partido, convicção, caráter ou respeito
Desperdício de editorial para identificar Agnelo Queiroz como petista. Ele não tem convicção, caráter, credibilidade. Entrou no PT para atender a Lula. Pertencia ao PC do B, nem melhor nem pior, igualmente carreirista.
Candidato a governador da capital, foi pedir apoio ao então presidente. Resposta dele, típica e nada surpreendente: “Você não é do PT, entra no partido que eu te apoio”. Entrou na hora.
Acusações antes e depois
Quando anunciou a candidatura, surgiram de todos os lados acusações de irregularidades. Uma delas: “Como podia ser proprietário daquela mansão, se jamais trabalhara?”. Igualzinho a Serginho Cabralzinho Filhinho.
Agora quer ser reeleito. Uma CPI tumultuada, foi arquivada por causa dele, Cabralzinho e o Governador de Goiás.
Agnelo será reeleito. Seus adversários? Os corruptos Arruda e Roriz, como podem se registrar? A “ficha-limpa”, perdão, “ficha-suja”, não vale mais?
PS - Belíssima a foto da primeira do globo, ontem. Desde já a melhor do dia, do mês, (que termina hoje) provavelmente a do ano. O cidadão Vinícius Romão, preso sem culpa durante 16 dias, aparece com o pai e dezenas de vizinhos, estes exibindo uma satisfação ainda maior do que a do próprio injustiçado.
PS2 – Visivelmente preso por ser negro, foi logo mandado para uma cadeia distante. Saiu, contou as condições em que ficou esse tempo todo. Praticamente esquecido, no chão, numa cela com dezenas de presos perigosos.
PS3 – Tenho visto alguns delegados novos, muito bons. Mas esse além de nota zero, tem que ser investigado e acusado de racismo, imprudência, inconsciência e incompetência. E não esqueçam de abuso de poder.
PS4- Sua truculência e a incapacidade de se comunicar, ficou visível quando apareceu na televisão. Não sabia nem explicar a pressa que utilizou para mandar o cidadão para a prisão, descumprindo tudo o que está no código e no manual da própria polícia.
PS5 – Assustadora sua arrogância. Apanhado em flagrante de usurpação de direitos, respondeu: “Estou sabendo que seu advogado entrou com pedido de Habeas-Corpus. Pode ser solto, mas o processo contra ele continua”. Dessa forma julgou a própria Justiça, se colocou acima e além de tudo. Tem que ser punido e enviado, no mínimo, no mínimo para serviços internos, longe do público. Essa delegacia ficará marcada e manchada enquanto ele estiver lá.
PS6 – Nota mil para o cidadão Vinícius, para os vizinhos corajosos e solidários. Por causa dessa solidariedade, ele ficará sem constrangimento e sem sequelas na convivência diária. Incluo também o pai, que desde o início do episódio lamentável, ficou incondicionalmente ao lado do filho. Não por ser filho, mas por saber que “ele não praticaria um ato como aquele”.
PS7 – E louvores para os jornalistas, que foram os verdadeiros libertadores do Vinícius. Isso é jornalismo de verdade, humano, cooperativo, e positivo.
PS8 – Foram os jornalistas que levaram a senhora roubada, a voltar atrás, e afirmar que estava errada.
PS9 – Mais digna, responsável e correta, do que o Ministro do Supremo, Luiz Roberto Barroso, que voltou atrás, com medo de votar contra ou a favor.
PS10 – Juiz tem que decidir e não se esconder entre palavras, usando essa inexplicável: P-R-E-S-C-R-I-Ç-Ã-O.
Da Tribuna da Imprensa de 02-3-14.
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