DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 06-02-14

NA COLUNA DIÁRIO DO PODER
O criminalista Nabor Bulhões, advogado do Estado italiano no processo de extradição do terrorista Cesare Battisti, não acredita que a Itália mande de volta o mensaleiro Henrique Pizzolato. Para Bulhões, que conhece a legislação daquele país, o meliante condenado a 12 anos de cadeia pelo Supremo Tribunal Federal deve responder na Itália apenas pelo crime de falsidade ideológica, por usar passaporte do irmão morto.

A Constituição da Itália proíbe a extradição de nacionais, e Pizzolato tem cidadania italiana. Isso poderá garantir sua permanência por lá.
Itália deve aplicar o princípio da reciprocidade, diz Nabor Bulhões, após o governo Lula afrontar aquele país para proteger Cesare Battisti.
Pizzolato foi preso porque havia um mandado internacional de captura expedido pela Interpol Brasil, e não a pedido do governo brasileiro.
A ONG Cuba Archive, integrante do Free Society Project, em Washington, deseja manter contato e oferecer ajuda à médica Ramona Matos, que desertou após uma odisseia fugindo de agentes cubanos.
Em reação à eventual perda de espaço na Esplanada, o PMDB da Câmara ameaça adotar tática de guerrilha contra o governo: votar pautas bombas e liberar aliança estadual com adversários nacionais.
Se o governo brasileiro quisesse honestamente a extradição de Pizzolato, negociaria a troca do meliante pelo terrorista Cesare Battisti.

NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES
A cubana Ramona Matos Rodríguez (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
Em 23 de agosto de 2013, Luis Inácio Adams, chefe da Advocacia Geral da União, negou enfaticamente que a importação de jalecos cubanos poderia entrar em colisão frontal com a Lei Áurea. “Não há que se falar em trabalho escravo, como tentou se estabelecer”, discursou o advogado-geral do programa Mais Médicos. ”Quando o médico cubano sai de seu país, ele recebe uma suplementação a mais por essa saída”, prosseguiram os pontapés na verdade e na língua portuguesa. “Quando ele chega ao Brasil, ele recebe uma parte da contraprestação que o Brasil dá a Cuba. Parte é destinado ao médico e parte destinado ao estado cubano”.
Adams também garantiu que a ideia de escapar do regime liberticida nem passava pela cabeça de qualquer doutor nascido e criado sob o jugo dos Irmãos Castro. “Eles vêm como profissionais, são participantes de um programa”, recitou o chefe da AGU. E se algum deles resolvesse desertar e pedir asilo ao governo brasileiro?, insistiu um jornalista. A resposta veio embrulhada em dilmês de botequim: “Se essa hipótese, que acho que não deve acontecer, mas se vier a acontecer, será tratada pelo Brasil no âmbito do tratado internacional que ele tem com os demais países. São pessoas que vieram em cima de um acordo, de um programa. Me parece que eles são detentores dessa condição de permanência”.
Confusos com o falatório trôpego, outros repórteres foram direto ao ponto: se quisesse, um médico cubano poderia refugiar-se no Brasil? “Todos os tratados, quando se trata de asilo, consideram situações que configurem ameaça por razões ordem política, de crença religiosa ou outra razão”, escorregou o advogado do Planalto. “É nessas condições que você analisa as situações de refúgio. E, nesse caso, não me parece que configuraria essa situação”. Tradução: se alguém desertasse, seria deportado para Cuba. “Mas isso não vai acontecer”, reiterou Adams. “Eles vêm em cima de compromissos. Não são pessoas que entraram voluntariamente no país, fugindo”.
Passados cinco meses, a cubana Ramona Matos Rodríguez, 51 anos, aguarda num gabinete do Congresso a resposta ao pedido de asilo. É só o primeiro grito que vem das gargantas sufocadas. É apenas o começo. O contrato que Ramona exibiu já desmoralizou a conversa fiada de Adams ─ e comprovou que, com o programa Mais Médicos, o agora ex-ministro Alexandre Padilha se tornou uma Princesa Isabel na contramão. A decisão do governo sobre o destino de Ramona dirá se o Brasil ainda é uma nação democrática e soberana ou se o PT acredita que se apoderou da sucursal de uma ilha-presídio.
Em 2007, os pugilistas Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux foram devolvidos a Cuba pelo companheiro Tarso Genro, então ministro da Justiça. Os brasileiros decentes têm o dever de impedir a reprise da infâmia. O governo precisa saber que está proibido de deportar Ramona.

NO BLOG DO CORONEL

Desde ontem atrás das grades, depois de dois meses e meio foragido, Pizzolato, de 61 anos, apega-se a um dossiê que, segundo amigos, vai respingar em muitos políticos do PT. Ninguém revela quem. Ao fim de seu depoimento à CPI do Mensalão, em 2005, sua mulher, Andréa Haas, irritada, já ameaçava:
— O PT vai pagar o que fez com ele.
Andréa não engoliu a falta de apoio ao marido e tentou fazê-lo pedir a desfiliação. Os amigos demoveram Pizzolato da ideia. O sentimento de mágoa é potencializado ao ver que petistas mais conhecidos recebendo doações para pagar suas multas. A que foi imposta por Pizzolato foi a maior entre todos eles: R$ 1,3 milhão (ainda sem correção).
A prisão do mensaleiro assombra o PT. O que haverá no Dossiê Pizzolato? Corre o risco de ser um novo Celso Daniel?

NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO

NO BLOG ALERTA TOTAL
Em um cofre bancário no exterior, Henrique Pizzolato tem uma caixa com três HDs (Hard Disks) contendo um arquivo completo de todas as negociações feitas entre 2003 e 2007 com o esquema do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Pizzolato confia que tais documentos – que podem ser colocados à disposição das autoridades italianas – podem ser seu “seguro de vida”. 
Pizzolato teme ser “justiçado” pela máfia petralha. Ele fugiu do Brasil não apenas para fugir da condenação do Mensalão, mas por medo de ser assassinado – tal qual Celso Daniel, prefeito de santo André, torturado, seviciado e morto hediondamente, porque não cumpriu um acordo financeiro e ameaçou denunciar a corrupção no PT. Pizzolato, em troca da proteção italiana, pode liberar seu dossiê. A informação vazou agora de manhã de fontes no Supremo Tribunal Federal.
Por isso, os petralhas não têm o menor interesse que Henrique Pizzolato seja extraditado pela Itália - depois da prisão pela Polícia Federal, ontem, em Maranello. Publicamente magoado com o PT, que ajudou a fundar, Pizzolato seria o principal arquivo vivo das operações de transferência de grana do Mensalão. Pizzolato teria informações capazes de comprometer figurões que ficaram de fora ou escaparam de condenação na Ação Penal 470.

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