DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 24-11-2013

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

O ex-ministro Antônio Palocci, está por trás da inquietação do PT em relação à “falta de diálogo” da presidenta Dilma com empresários, e são atribuídas a ele ameaças de eventual retorno do ex-presidente Lula, em caso de risco de vitória da oposição, em 2014. Discretamente, Palocci quer reassumir o papel das campanhas de Lula e Dilma, de “interlocutor com empresários” e, claro, na arrecadação de doações.

Considerado hoje um rico e discretíssimo empresário, Antônio Palocci também tem dupla cidadania, a exemplo do fugitivo Henrique Pizzolato.

Ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma, Antônio Palocci foi demitido em ambos os governo sob fortes suspeitas de corrupção.

Em março de 2006, Palocci foi demitido do Ministério da Fazenda, após o escândalo da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa.

Em 2011, então ministro da Casa Civil, Palocci foi demitido acusado de enriquecimento ilícito; seu patrimônio cresceu 20 vezes em três anos.

O governador Jaques Wagner (PT) tenta retirar da pauta do Conselho Nacional de Justiça o processo contra sua mulher, Maria de Fátima Carneiro de Mendonça, que se tornou servidora efetiva do Tribunal de Justiça da Bahia sem fazer concurso público. Em inspeção em julho, o CNJ identificou que a primeira-dama nunca pisou no tribunal e acumula  cargo de assessora de supervisão com outro de analista, no Executivo.

Enfermeira de profissão, Fátima teve a petição para se tornar servidora estável aprovada pelo TJ-BA em apenas seis dias. Salário: R$ 13.619,00.

Às vésperas da prisão, o deputado mensaleiro João Paulo Cunha (SP) tem faltado as reuniões do Diretório Nacional do PT, do qual é titular.

A Polícia Federal suspeita que um funcionário terceirizado de aeroporto facilitou a fuga do mensaleiro Henrique Pizzolato do País, e até já o identificou. Deverá ser preso a qualquer momento.

O ex-presidente Lula foi processado em 1998, após dizer: a Telebrás foi leiloada às pressas para “fazer caixa 2” da campanha tucana. O aeroporto do Galeão foi privatizado por R$ 19 bilhões no ano que antecede as eleições e o silêncio da oposição é ensurdecedor.

Não é à toa que o PT comprou briga para adiar a cassação do mandato do presidiário José Genoino. O pedido de aposentadoria do mensaleiro só será analisado em janeiro, após análise de junta médica da Câmara.

Criada para gerir imóveis públicos, a Secretaria de Patrimônio da União não tem a relação das residências cedidas às Forças Armadas. A SPU tira o corpo, com certo temor de mexer nos imóveis dos milicos.

No Planalto, o clima é mais de alívio do que de revolta com a prisão de caciques do PT condenados no processo mensalão. A avaliação é que, quanto antes das eleições o julgamento terminasse, melhor.

…não são só “presos políticos” no presídio da Papuda, no DF. Há também “preso tesoureiro”, “preso ministro”, “preso empresário” etc.


NO BLOG DO CORONEL

“O Simão (Pedro, deputado do PT, autor das denúncias, secretário da Haddad) me procurou e entregou essa documentação com o relatório. Pediu-me que encaminhasse à PF. Ali tinha uma característica: era um relatório minucioso em alguns aspectos, acompanhado de cópias de documentos. Adotei o procedimento padrão. Mandei para a PF examinar a plausibilidade.''
Cardozo, da Justiça, com Carvalho, do Cade: companheiros, cúmplices, comparsas.
O Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, refutou em entrevista à Folha a acusação do PSDB de que agiu segundo critérios políticos, e não jurídicos, ao encaminhar uma denúncia contra políticos tucanos, do DEM e do PMDB para a Polícia Federal. "Qual é o papel do ministro da Justiça? É mandar apurar, com sigilo. Se não faço isso, prevarico."
Cardozo contou ter recebido o documento num fim de semana, em sua casa em São Paulo, de Simão Pedro (PT), deputado estadual licenciado e secretário de Serviços da Prefeitura de São Paulo. Ele diz não se lembrar exatamente a data da entrega. Posteriormente, o ministro diz ter enviado a denúncia ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello.
A versão do ministro contraria documentos assinados por dois delegados da Polícia Federal, que relatam ter recebido a denúncia por meio do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Para o ministro, a versão da PF "foi um equívoco, uma confusão que eles fizeram". A Folha apurou que o ministro assumiu ter recebido o documento para preservar o Cade de ataques de que age para beneficiar o PT na apuração sobre o cartel denunciado pela Siemens.
O documento, cuja autoria é atribuída ao ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, contém a mais grave acusação contra tucanos: diz que Edson Aparecido, principal secretário do governador Geraldo Alckmin (PSDB), recebeu propina do lobista Arthur Teixeira, indiciado pela PF sobre suspeita de ter intermediado o pagamento de comissões em contratos do Metrô e da CPTM. A denúncia relata que o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) também recebia suborno. Ambos negam a acusação.
O PSDB criticou o encaminhamento feito pelo ministro em duas frentes: em nota de deputados e pronunciamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência. "Estamos assistindo no Brasil o uso de instituições do Estado para fins políticos", disse Aécio. Em nota, o líder dos tucanos na Câmara, o deputado Carlos Sampaio, classificou a conduta do ministro de "inaceitável" e disse que ele visa "atingir o PSDB".
Segundo o ministro, não há uso político do Cade: "O Cade vive hoje uma situação semelhante à da PF. Quando você investiga aliados, se afirma que é um órgão que o ministro e o presidente não controlam. Quando você investiga adversários fala-se que é instrumentalização". O ministro diz ver um único problema no caso das denúncias: o vazamento no meio das investigações. A PF vai apurar o vazamento, segundo Cardozo. (Folha de São Paulo)

O ex-presidente Lula anda desgostoso com o que considera exemplos de falta de traquejo político de dois “postes” criados por ele: a presidente Dilma Rousseff e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Mesmo com a recente disposição de Dilma de agradar um pouco mais os políticos, Lula tem reclamado da preferência da presidente por quadros técnicos em seu Ministério. E atribui à falta de atenção com a política o “pessimismo” existente em relação à economia e à Copa do Mundo.
Pressionada por Lula, Dilma já recuou da ideia de fechar o mandato com secretários-executivos no comando de vários ministérios e, em viagem ao Peru na semana passada, declarou que, na reforma ministerial que fará na virada do ano, não promoverá técnicos, como planejava. Ela aproveitará a saída de dez ministros que vão disputar as eleições para tentar amarrar o apoio de partidos aliados à sua reeleição.
Quando o PSB deixou o governo, em setembro, a expectativa do PMDB era emplacar de imediato o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) no Ministério da Integração Nacional. Dilma frustrou o partido, e Lula, ao nomear interinamente para o comando da pasta o secretário de Infraestrutura Hídrica, Francisco Teixeira. O PMDB evidenciou a insatisfação e Lula entendeu o recado. Vital deve ser nomeado na virada do ano. — A expectativa é que o Ministério da Integração fique com o PMDB. Se não for, vai ser uma guerra. Ela (Dilma) vai empurrar 21 senadores contra (o governo) — disse um importante líder do partido semana passada.
Preocupado com os rumos do governo, Lula disse a interlocutores, nas últimas duas semanas, que os servidores de carreira e as nomeações de perfil técnico são para acompanhar as decisões do dia a dia, mas que o Ministério e o governo têm que ter viés político. Para Lula, o governo precisa fazer política:— Esse pessimismo é porque não tem política — comentou Lula, referindo-se à economia.
A aprovação pelo Congresso, na semana passada, de regra que desobriga a União de cobrir o esforço não realizado por estados e municípios para o superávit primário (economia para o pagamento de juros) foi vista por especialistas como mais um sinal negativo para o equilíbrio das contas públicas. Também há preocupação com a inflação.
Além da apreensão com a economia, Lula também tem se mostrado preocupado com a Copa do Mundo. E a culpa, de novo, acredita, é da falta de traquejo político do governo. — Estamos perdendo o debate da Copa porque falta política, falta alguém para debater — disse, referindo-se às críticas quanto aos gastos para o evento.
Outra preocupação de Lula tem sido a relação de Dilma com os empresários e o mercado financeiro. Eles reclamam de falta de diálogo e de medidas que consideram intervencionistas. O ex-presidente tem feito reuniões com o setor para tentar reverter esse mal-estar. Recentemente, um petista contou a Lula o que ouviu de um banqueiro: — A Dilma quer dizer o quanto eu devo ganhar.
Lula anda muito irritado, de acordo com pessoas que conversaram com ele nos últimos dias, com o prefeito de São Paulo. Em pelo menos uma dessas conversas, Lula fez um paralelo entre o estilo de Dilma e o de Haddad: — O Haddad quer fazer uma administração técnica e cria confusão, respinga no próprio partido, está criando dificuldade com o Kassab. O ex-presidente se referia ao escândalo dos fiscais da prefeitura de São Paulo, que começou atingindo a administração do ex-prefeito Gilberto Kassab, presidente do PSD, e, depois, acabou respingando em auxiliares do próprio Haddad.
Lula e o presidente do PT, Rui Falcão, entraram em campo para assegurar que a investigação feita pela administração Haddad não comprometesse o apoio do PSD à reeleição de Dilma. Esse apoio foi formalizado na última quarta-feira, apesar do bate-boca público entre Haddad e Kassab.
Além de tentar convencer Dilma a dar mais atenção à política, Lula tem entrado pessoalmente nas negociações para a formação dos palanques nos estados para as eleições do ano que vem. Ele tem conversado com o PT e partidos aliados. As conversas se intensificaram após a consolidação da pré-candidatura do presidente do PSB, governador Eduardo Campos (PE), ao Planalto. ( O Globo)

Insatisfeito com decisões consideradas benevolentes com os presos, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, quer tirar a execução das penas dos condenados por envolvimento no mensalão das mãos do juiz Ademar Silva de Vasconcelos, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.
De acordo com integrantes do Supremo, Barbosa estaria pressionando o presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Dácio Vieira, a retirar o processo das mãos do juiz titular da Vara de Execuções Penais, Ademar de Vasconcelos. Também de acordo com integrantes da suprema corte, o processo seria transferido para o juiz substituto Bruno André Silva Ribeiro.
Considerado mais rígido que o colega, Ribeiro negou pedidos de entrevista do contraventor Carlos Cachoeira quando este esteve preso por suas relações com o jogo ilegal. Quando Barbosa expediu os mandados de prisão dos condenados do mensalão, ele telefonou para Ribeiro para avisá-lo. Oficialmente, ele estava de férias, mas retornou ao trabalho após o chamado do ministro. O titular estranhou a participação do colega no processo e ouviu dele a explicação de que foi acionado por Barbosa.
Antecedentes Barbosa já havia responsabilizado o atual titular da Vara de Execuções Penais (VEP) pela demora na autorização para que o ex-presidente do PT José Genoino cumprisse pena domiciliar em razão de problemas de saúde. O presidente do STF afirmou que Vasconcelos havia informado que Genoino estava passando bem e que não haveria razão para que fosse hospitalizado. Depois, mandou outro ofício dizendo o contrário.
A entrevista de José Genoino, ex-presidente do PT, concedida à revista IstoÉ desta semana teria sido a gota d'água. O Estado apurou que, no Supremo, foi considerado um deboche o deputado ter concedido entrevista quando familiares e amigos diziam que ele estava muito fragilizado e pleiteavam a prisão domiciliar por meio de advogados. Na entrevista, Genoino fez críticas contundentes ao julgamento do STF.
Em circunstâncias normais, na avaliação de fontes ouvidas pelo Estado, a entrevista poderia ser um agravante para Genoino na decisão sobre sua saída da prisão, que está sob análise de Barbosa. Um integrante do Supremo, em tom irônico, comentou que só faltaria agora o juiz Ademar Silva permitir que os demais condenados dessem uma coletiva à imprensa dentro do presídio.
Na avaliação de ministros do tribunal, um dos motivos para que a maioria dos réus tenha mudado de opinião e decidido cumprir a pena em Brasília seria também a boa relação com Silva, além das condições de detenção. melhores que as de seus Estados de origem.
Silêncio
O juiz Ademar Vasconcelos afirmou nesta sexta-feira ao Estado que não comentaria os movimentos para sua substituição. "Não me comprometa. Não vou dar entrevista." Ele negou ter dado autorização para que Genoino fosse entrevistado no hospital. "Estou sabendo dessa entrevista (à revista IstoÉ) por você." Segundo o magistrado, cabe ao STF autorizar os presos que estão sob sua responsabilidade concederam entrevistas. O Supremo nega que o tenha feito.
Genoino se encontra internado desde a semana passada em um leito na unidade de dor torácica do Instituto de Cardiologia, em Brasília. O ex-presidente do PT ocupa um quarto individual, onde pode receber visitas diariamente entre 11h e meio dia e das 16h às 17h. Estes horários, no entanto, são bastante flexíveis e podem ser alterados pelos médicos, caso seja necessário.
Têm acesso livre ao deputado licenciado os familiares mais próximos, como filhos, cônjuge e irmãos, além do advogado. A decisão sobre receber terceiros em visita ao seu quarto, depende da vontade de Genoino e seus familiares. A presença de escolta policial é determinada pela Justiça. Essas regras, segundo fontes envolvidas no caso, são aplicadas a qualquer detento no hospital.(Estadão)

NO BLOG DO NOBLAT

Elio Gaspari, O Globo
Só pode ter sido coisa de São Judas Tadeu, o padroeiro dos desesperados. Exatamente uma semana antes do início do julgamento das vítimas dos planos Bresser (1987) e Verão (1989), marcado para quarta-feira, o banco JP Morgan fez um acordo com o governo americano aceitando pagar US$ 13 bilhões aos clientes que lesou vendendo-lhes papéis tóxicos antes da quebradeira de 2007.
No caso do Morgan, quem pôs dinheiro lá sabia que corria algum risco. No caso das vítimas dos planos brasileiros, os poupadores que depositaram suas economias nas cadernetas tinham remuneração garantida pelo governo (correção monetária mais juros mensais de 0,5%).
A tunga deu-se quando o governo mexeu na correção monetária, baixando seu índice. Naquele tempo a inflação rodava a 42% ao mês. Repetindo: ao mês.
No exemplo mais cristalino, quem tinha mil cruzados (a moeda da época) na poupança em janeiro de 1987 perdeu 204 cruzados na remuneração de quinze dias de fevereiro de 1987. Tomou uma tunga que hoje está em R$ 880.
Há mais de 20 anos, dezenas de milhares de poupadores querem de volta o que perderam. A disputa do JP Morgan com suas vítimas durou sete anos. A dos poupadores brasileiros já dura 27, pois a banca disputa cada palmo na Justiça.
Na absoluta maioria dos casos, ela perdeu em primeira e segunda instâncias. No Superior Tribunal de Justiça, perdeu todas. Com exceção de José Antonio Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso, todos os ministros do STF já julgaram casos relacionados com esse avanço sobre o bolso alheio, e todos votaram contra a banca.
Com ótimos advogados, os bancos mostraram seu poder de persuasão. Durante o governo Lula, o Banco Central saiu de uma posição de neutralidade e hoje é aliado dos banqueiros no litígio.

Gabriela Valente, O Globo
Depois das primeiras prisões de condenados do mensalão, começam as movimentações para tentar reaver o dinheiro público desviado no esquema. Enquanto a Advocacia Geral da União (AGU) estuda formas de cobrar R$ 536 mil desviados da Câmara, o Banco do Brasil dá os primeiros passos atrás dos recursos que abasteceram o chamado valerioduto. Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), R$ 73,8 milhões da cota do BB no fundo Visanet foram repassados ao operador do mensalão, Marcos Valério, e utilizados para pagar propina a deputados aliados do governo Lula, entre 2003 e 2005.
Na última quinta-feira, três dias após O GLOBO perguntar se o BB iria cobrar a devolução dos recursos, os advogados do Banco do Brasil foram ao STF e pediram vista de toda a ação penal 470. O acórdão da Corte diz que ficou comprovada a transferência de “vultosos” recursos da cota do BB no fundo Visanet para o núcleo publicitário do esquema. O fundo é utilizado por bancos que operam com a bandeira do cartão de crédito Visa. O STF entendeu que a parte que cabia ao BB foi desviada para Valério.

O Globo
Encabeçados pelo ex-candidato à presidência Henrique Capriles, os opositores ao governo de Nicolás Maduro saíram às ruas dos 335 municípios do país, neste sábado, para mostrar a sua força depois de várias investidas do governo e para protestar contra a crise econômica, a escassez de produtos e os poderes especiais concedidos a Maduro.
A jornada nacional de protestos acontece 15 dias antes das eleições de 8 de dezembro, que vão eleger 335 prefeitos. Nessa eleição, a oposição espera manter a sua presença em grandes cidades como Maracaibo, no oeste do país, e se expandir em Caracas, onde apenas um dos cinco municípios da capital está nas mãos do governo.



O Globo
O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi pediu neste sábado, por um perdão presidencial após ser condenado por fraude fiscal, e disse que sua expulsão do parlamento em uma votação na próxima semana seria um "golpe de Estado".
O Senado vai votar na quarta-feira se Berlusconi, de 77 anos, deve perder o seu mandato, depois de ter sido considerado culpado em agosto de planejar um complexo sistema ilegal para reduzir os custos com impostos de sua empresa de mídia Mediaset.
Foto: AP


NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO



NO BLOG DO JOSIAS

No tempo em que o mundo era bipolar, respirávamos o medo de que os mísseis dos EUA e da União Soviética cruzassem no ar a qualquer momento. Numa autofagia nuclear, a potência livre e o império do mal se aniquilariam mutuamente. E a humanidade seria eliminada de roldão, por contágio. Só começamos a dormir tranquilos depois que o fim da União Soviética dissolveu a atmosfera de tensão.
Mal comparando, a política brasileira atravessa uma quadra semelhante. Os dois principais partidos vivem uma versão muito peculiar de Guerra Fria. A caminho de sua sexta batalha presidencial, PT e PSDB ameaçam lançar um sobre o outro o definitivo barril de lama tóxica. O penúltimo botão foi apertado no Ministério da Justiça, chefiado pelo petista José Eduardo Cardozo.
Enviou-se à Polícia Federal denúncia atribuída a um ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, que negou a autoria. Na peça, acusa-se a nata do tucanato de São Paulo de receber propinas. Vão à fogueira secretários de Geraldo Alckmin. Entre eles o chefe da Casa Civil do governador do PSDB, Edson Aparecido. E os tucanos passam a dividir as manchetes com os mensaleiros petistas presos.
Sem muito interesse pelo conteúdo da denúncia, o PSDB dedica-se a atacar a forma. O ministro da Justiça deve explicações, afirmam o presidenciável e o líder na Câmara. Simultaneamente, o petismo esforça-se para converter em mártires os seus bandidos –já julgados, condenados e presos. De resto, o PT finge que não tem nada a ver com roubalheiras seminovas, como a dos fiscais da prefeitura de São Paulo.
O brasileiro olha ao redor e pergunta de si para si: se esses são os dois principais partidos, se reúnem o que de melhor a política brasileira foi capaz de produzir em três décadas de redemocratização, o que será do Estado brasileiro?
O país nem teve tempo de ter esperança com as últimas decisões do STF. Os ingênuos desejos de mudança são engolfados por uma viscosa matéria morta e terrosa. O Brasil parece mesmo condenado a conviver com o receio perpétuo de acabar numa explosão de lama.

O senador mineiro Aécio Neves (PSDB), provável candidato tucano à Presidência da República, afirmou neste sábado que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, precisa esclarecer sua participação no envio de um documento contendo denúncias contra tucanos à Polícia Federal. Cardozo admitiu nesta sexta-feira a VEJA, por meio de sua assessoria, que foi ele quem repassou à PF o depoimento atribuído a um ex-executivo da Siemens que acusa a cúpula do PSDB em São Paulo de envolvimento com o cartel que operava em licitações de trens e metrô no estado. A informação, publicada em primeira mão em VEJA.com, enterrou a versão da PF, subordinada ao Ministério da Justiça, que até então atribuía a origem do documento ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade.
Pela manhã, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio, disse que vai requerer uma audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle para esclarecer o envolvimento de Cardozo e do presidente do Cade, Vinícius Carvalho, no caso. No site do PSDB paulista, Sampaio critica a participação do ministro no episódio e a classifica como "inaceitável". "Ao admitir que encaminhou o documento à Polícia Federal, o ministro demonstra claramente que integrou essa trama vergonhosa e sórdida com o uso de órgãos do governo federal para perseguir e atacar adversários políticos", afirmou. "Há em curso uma ação ordenada que, para mim, tem dois objetivos claros: minimizar o impacto da prisão dos mensaleiros e jogar gasolina na fogueira contra o PSDB em São Paulo."
Já Aécio, em participação na convenção do PPS, partido aliado do PSDB, disse que sua legenda defende que "qualquer denúncia seja apurada com rigor", independente de qual partido pertença o denunciado. Mas ressalvou que não "pode haver precipitações, pré-julgamentos e muito menos a utilização da estrutura do Estado para um projeto político". Para Aécio, houve "um atentado contra a democracia". "Isso é extremamente grave, o que temos percebido no Brasil é a utilização das instituições de estado para um projeto político. É extremamente grave, jamais aconteceu antes", disse Aécio a jornalistas. "O ministro precisa esclarecer de forma clara qual foi sua participação neste processo já que ele é o comandante da própria Polícia Federal".
Aécio também disse que houve omissão de Carvalho. Antigo militante petista, Carvalho trabalhou como chefe de gabinete de Simão Pedro na Assembleia Legislativa paulista e omitiu essa relação em cinco currículos oficiais - inclusive em material entregue aos senadores que aprovaram sua indicação ao cargo. O Cade nega ter enviado as denúncias do ex-executivo da Siemens à Polícia Federal. "O PSDB está atento para cobrar explicações seja do ministro, seja do presidente do Cade, ou de qualquer pessoa que utilize a estrutura do Estado", disse Aécio. Leia MAIS

NO BLOG ALERTA TOTAL

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Deu a louca no PT? Alguns membros radicais do Partido dos Trabalhadores querem tirar o emprego vitalício do Joaquim Barbosa. Eles articulam, no Congresso Nacional, um movimento parlamentar para que se peça um inédito impeachment do atual presidente do Supremo Tribunal Federal, que foi o relator mão-pesada responsável por usar as teorias alemãs do domínio do fato para condenar os mensaleiros, mesmo sem todas as provas que nosso rigor judiciário exige.
Os petralhas querem convencer a maioria do Senado e da Câmara de que o Super Barbosa vem cometendo “abusos de poder” – ao ter obrigado os condenados na Ação Penal 470 a iniciarem o cumprimento de suas penas longe de suas casas. Alegam os injustiçados petralhas que seus “companheiros” foram submetidos ao vexame público de encarar a Penitenciária da Papuda. Claro, só não falaram de mordomias que os mensaleiros têm lá, como ar condicionado móvel... E o Barbosão estava quase mandando o Genoíno “ficar preso, em casa...”
Dificilmente vai prosperar qualquer ação política para derrubar o Super Barbosa, a esta altura do campeonato. A maioria não petista da base aliada não vai querer encarar uma briga com um “herói nacional” que, no desinformado imaginário popular tupiniquim, mandou para o xilindró os irmãos petralha. Além disso, o pedido de “justiçamento” do Barbosa tende a torna-lo ainda mais poderoso e popular – o que amplia o potencial dele para se aventurar (quem sabe?) a disputar a eleição do ano que vem.
Por ser magistrado, Barbosa tem até ao final de março de 2014 para se filiar a um partido político, depois de se licenciar e programar uma aposentadoria antecipada no STF. Barbosa já foi “formal e publicamente” convidado a disputar o governo do Estado do Rio de Janeiro. Quem lhe escalou para a missão foi o craque Romário, deputado federal, que preside o PSB fluminense.
Mas, se resolver encarar a política, Barbosa deve vir candidato à Presidência da República, por qualquer partido que lhe der legenda. Seria um nome diferente para mexer com a sucessão de 2014 – que ainda não oferece oposição consistente contra Dilma Rousseff, cujo governo navega como um Titanic...
Bem que a petalhada sonha em ver Barbosa fora da corte suprema o mais depressa possível. No meio de 2015, com Barbosa dentro ou fora, quem assume a presidência do Supremo é Ricardo Lewandowski (inimigo dele). E em 2014, os petistas terão a felicidade de ver seu ex-advogado José Dias Toffoli comandar as eleições (nas urnas eletrônicas do Al Capone, sem direito a conferência impressa do voto). Toffoli como presidente do Tribunal Superior Eleitoral não tem preço! O resto a petralhada compra com o mastercard corporativo para despesas secretas...
Enquanto os petralhas não armam a arapuca para o Super Barbosa, a direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra produz uma linda e emocionante cartinha de apoio aos “caros camaradas José Dirceu e José Genoíno”. O sempre radicalóide MST rotula o STF de “serviçal à classe dominante no País”. Claro, como de costume, também condena a mídia, “por cercear o direito à informação e à crítica, apresentando shows midiáticos”.
A cartinha merece entrar para os anais dos anais: “A Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem acompanhando com indignação o Julgamento de Exceção e a condenação injusta. Repudiamos com veemência a ação do judiciário brasileiro, em especial o Supremo Tribunal Federal, serviçal à classe dominante no país, que há anos vem atuando contra a classe trabalhadora, os movimentos sociais e a luta política”.
O MST prossegue na argumentação pseudojurídica dos oprimidos: “Para os Movimentos Sociais, a criminalização representa um recuo das conquistas democráticas obtidas através das lutas históricas dos trabalhadores e trabalhadoras, das quais vocês são sujeitos protagonistas. No último período, o MST também tem sido alvo da atuação parcial do judiciário, no que diz respeito ao bloqueio da Reforma Agrária, à continuidade da violência no campo, à perpetuação da impunidade aos crimes e massacres cometidos e perseguições políticas às nossas entidades jurídicas”.
Como de costume, o MST mete o pau na mídia que a cúpula petista sempre sonhou dominar e, na verdade, censura, parcialmente, com grana da publicidade estatal: “Essa atuação tem sido fortalecida pelos meios de comunicação de massa a partir de uma aliança de classe entre os setores dominantes, que arquitetam “shows midiáticos”, cerceando o direito à informação e à crítica”.
Os redatores sem terra, certamente na pressa, cometem até um errinho de “discordância” verbal (termo mais politicamente correto no caso deles, que nunca concordam com nada): “No caso desse julgamento, a aliança entre a Globo e o STF se tornam evidentes e revelam, mais uma vez, o poder de hegemonia da dominação. (Sic) Diante disso, reafirmamos o nosso compromisso em denunciar e combater as práticas promíscuas de parte do judiciário e da mídia burguesa brasileira”.
E os radicais do MST, hoje um movimento dividido, terminam a mensagem de forma épica: “Seguiremos na luta pela construção de um país soberano, com participação popular efetiva e na construção intransigente da justiça social. Expressando nossa indignação, nos solidarizamos e exigimos a liberdade imediata de vocês”.
O bonito é que, sem ler a cartinha do MST, um petista de carteirinha resolveu remar na contramão da maioria partidária. Um dos fundadores do PT e ex-ministro das Cidades no primeiro governo Lula, o gaúcho Olívio Dutra esculachou os mensaleiros: “O que não se pode admitir é o toma-lá-dá-cá nas práticas dos mensalões de todos os partidos, nas quais figuras do PT participaram”.
No discurso puritano, referente a um PT que, no passado, era o bastião da moralidade, da ética e da honestidade na política, Olívio Dutra pegou pesado contra Dirceu e Genoíno – que lhe fizeram dura oposição interna: “Um partido como o PT não pode ser jogado na vala comum com atitudes como esta. Com todo o respeito que essas figuras têm, não é o passado que está em jogo, é o presente, e eles se conduziram mal, envolveram o partido. O sujeito coletivo do PT não pode ser reduzido em virtude dessas condutas. O PT surgiu para transformar a política de baixo para cima. Eu não os considero presos políticos, foram julgados e agora estão cumprindo pena por condutas políticas”.
Olívio Dutra batendo nos mensaleiros não tem preço... O resto a gente compra com o cartão corporativo secreto ou manda pendurar a conta para ser paga com a verba corrupta de tantos outros mensalões e mensalinhos que não vêm à tona e só enriquecem o patrimônio dos integrantes do Governo do Crime Organizado...

Golpe do Infarto

Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.


NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES


SYLVIO DO AMARAL ROCHA

Todo cinéfilo tem um filme de Ettore Scola na lista dos preferidos. O Baile, de 1983, é um desses clássicos imperdíveis. Sem um único diálogo, o diretor convida os espectadores para um baile que começa em 1920 e durará 50 anos. Além de homenagear o cinema (com planos e movimentos de câmera que fazem referência a períodos importantes da sétima arte), o filme passeia por diferentes épocas valendo-se da trilha sonora, da maneira de dançar, do figurino e das relações entre personagens. Os sentimentos humanos são os mesmos, mas os acontecimentos históricos e o jogo do poder no decorrer das décadas explicitam momentos, frequentemente conturbados, vividos pelo mundo, sobretudo pela Europa. Uma síntese impecável.

NA COLUNA DO RODRIGO CONSTANTINO

Importante alerta de Gustavo Franco: o tamanho do problema

Em sua coluna de hoje no GLOBO, o economista Gustavo Franco faz um importante alerta ao expor alguns dados da nossa economia. Custos pesados foram ocultados, jogados para baixo do tapete, mas não desapareceram. Voltarão para assombrar a próxima geração, se tanto. Talvez a bomba vá explodir antes mesmo. Seguem os principais pontos:
A crença inabalável em um futuro de opulência, um traço básico de nossa identidade, sempre afastou do brasileiro o medo de se endividar. Diante dos tesouros que existem no subsolo ou no fundo do mar, quem se importa com os termos de troca entre o presente e o futuro, a taxa de juros?
Nessas condições, é gigantesca a preferência pelo consumo hoje, relativamente ao futuro, por que esperar? O crescimento do endividamento familiar nos últimos anos trouxe preocupações com essa psicologia do “aqui-agora”, que pode ser associada ao consumidor de baixa renda, carente em educação financeira, incentivado a comprar e que facilmente se enreda em endividamento excessivo.
A má notícia é que nossas autoridades operam exatamente com a mesma lógica: desde que possam parcelar, qualquer dívida é aceitável.
[...]
Em razão do descontrole dos últimos dois anos, que o governo tenta encobrir com truques baratos de contabilidade, muitos enxergam um sério e perigoso retrocesso. Será que não estamos vendo o problema da dívida pública no seu exato tamanho?
Tipicamente, a primeira pergunta de quem olha a dívida interna é o que exatamente entra na conta, sendo esse o caminho mais comum pelo qual a complacência se intromete na métrica e dela se serve para ocultar o tamanho do problema. A resposta certa deveria ser “tudo”, mas a oficial é que devemos olhar a “dívida líquida”, que está em 35% do PIB, um número típico para um país emergente, não fora o fato de um artifício contábil tirar dessa conta as operações do Tesouro com o BNDES, que elevariam esse número para uns quarenta e poucos por cento.
Outro problema é que o conceito internacionalmente aceito é o de “dívida bruta” que, na metodologia do governo, está em 59% do PIB (incluindo as operetas com o BNDES), um número já não muito consistente com a classificação de risco soberano do país. Os especialistas preferem olhar para a dívida bruta, entre outras razões, porque não há como usar os dólares das reservas para pagar a dívida interna.
Mais outro problema é que as normas internacionalmente aceitas de contabilidade indicam que a nossa dívida bruta é maior: 68% do PIB. O ministro da Fazenda insiste em discordar do FMI nesse assunto, o que é mais ou menos como uma empresa listada questionar uma diretriz internacional de contabilidade.
[...]
É inafastável a reflexão: são anos para consertar, bastam meses para estragar.
Mas ainda não acabou: a previdência do servidor, e algumas outras “despesas de caráter continuado”, como as da saúde, são obrigações que não reconhecemos como dívidas, contrariamente ao que fazem muitos países que capitalizam esses gastos e a eles associam reservas e ativos, às vezes dentro de fundos de pensão. Que tamanho teria a dívida pública se essas contas fossem capitalizadas? Há países à beira de um ataque de nervos com os efeitos do envelhecimento sobre os gastos de seguridade social. Não é o nosso caso, pois uma bomba a uma década de distância é como se não existisse.
A conclusão escapista habitual diante de uma “dívida impagável” é que o problema não é nosso, mas do credor. Porém, nesse caso, o assunto é mais complexo: credor e devedor são a mesma pessoa.
O Brasil é um país de cigarras, que ganhou na loteria chinesa, e gastou por conta. Tenho repetido essa metáfora de forma cansativa, eu sei, mas é porque a ficha ainda não caiu para todos. Principalmente para a equipe do governo. Se a trajetória não for alterada a tempo, teremos sérios problemas à frente. Talvez logo ali…

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