SELEÇÃO BRASILEIRA: A VERDADE DÓI


A verdade dói, em relação à seleção brasileira

Tostão (O Tempo)
Apesar de presunçoso, em alguns momentos, Paul Breitner, campeão do mundo pela Alemanha, em 1974, mostrou, em entrevista à ESPN Brasil, um grande conhecimento do futebol mundial e foi duro e correto nas críticas ao atual futebol brasileiro. Isso gera diferentes reações.
Uma, prepotente, geralmente dos técnicos brasileiros, é a de que não temos nada a aprender. Outra, nacionalista, é a dos que concordam com as críticas, desde que não venham de fora. Foi o que ocorreu durante a Copa de 2010, quando Cruyff, antes de a seleção ser eliminada, disse que não pagaria para ver o Brasil jogar. Muitos brasileiros sentiram-se ofendidos.
A terceira reação, a do complexo de vira-latas, é a de valorizar demais as críticas de fora. Há ainda os que entendem do assunto, que não têm rabo preso e que sabem separar as coisas, como escreveu o mestre Juca Kfouri, na quinta-feira.
Breitner enfatizou a falta de velocidade do futebol brasileiro e, ao mesmo tempo, elogiou bastante a maneira de jogar de Espanha e Barcelona, que trocam muitos passes curtos e que usam pouco a velocidade nos contra-ataques, característica do Real Madrid. Parece contraditório.
MOBILIDADE
Imagino que ele falou da mobilidade e da velocidade na troca de passes, como diz uma antiga máxima brasileira, que quem corre é a bola, e não o jogador. Hoje, o que mais existe no Brasil, do meio para frente, são jogadores velozes, que correm demais com a bola e que trocam poucos passes.
O Bayern de Munique, o Borussia e a Alemanha costumam unir os estilos do Barcelona e do Real Madrid. O Bayern contratou Guardiola porque gosta mais do estilo do Barcelona. O clube quer a sintonia fina entre segurar a bola e tentar uma jogada decisiva, entre pensar e correr. Querem ainda a marcação por pressão, o que o Barcelona fez muito bem contra o Milan e, com frequência, fazia com Guardiola, e que não fez contra o PSG. Quando o Barcelona avança na marcação e não toma a bola, abrem-se grandes espaços na defesa, para o contra-ataque. Se ocorrer o mesmo contra o Bayern, o time não chega à final. Guardiola vai torcer para o Bayern ou para o Barcelona?
Sobre Neymar, Breitner disse que ele precisa jogar na Europa, para evoluir e para o mundo saber se ele, ao lado e contra os melhores times e jogadores, é realmente um fora de série. Penso que, se Neymar for, em pouco tempo, será candidato habitual a melhor do mundo.
O futebol brasileiro está atrasado, como disse Breitner. A verdade dói. A solução não é retornar ao passado. O mundo e o futebol mudaram. Nem é copiar tudo o que os outros fazem.
Independentemente do que ocorrer na Copa, é necessário mudar nomes e conceitos, dentro e fora de campo, desde as categorias de base, e criar uma identidade. Chega de politiqueiros e de incompetentes.
ESPERANÇA
Contra o fraquíssimo CSA-AL, o Cruzeiro ganhou, com facilidade, jogando bem, mais uma partida. Está invicto no ano, apesar de enfrentar apenas times muito inferiores, com exceção do Atlético, na reinauguração do Mineirão. Marcelo já definiu uma maneira de jogar, com quatro defensores, dois volantes, três meias e um centroavante. É o esquema da moda. Ele tem também poucas dúvidas na escalação da equipe titular. Há bons reservas. Prefiro Tinga no lugar de Leandro Guerreiro. Melhor ainda ficará após a volta de Henrique, ao lado de Nilton.
Dizem que está quase certa a contratação de Dedé. Será um bom reforço. Ele, que encantou no início, não tem jogado bem já há algum tempo. Hoje, Réver merece mais do que ele estar na seleção.

Da Tribuna da Imprensa de 14-4-2013.

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