DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 05-4-2013

NO BLOG DO EGÍDIO SERPA


Dívida de R$ 400 milhões inquieta Roberto Cláudio


Nestes primeiros 100 dias de mandato, qual é o grande desafio do prefeito de Fortaleza?

O próprio Roberto Cláudio responde:
“Minha maior dificuldade tem sido conviver com uma dívida de mais de R$ 400 milhões que herdei”.
Essa dívida será resgatada?
Ele é curto e objetivo na resposta:
“Uma parte do tempo e do esforço de nossa gestão tem sido dedicada ao contato com os credores, buscando uma saída que atenda aos interesses das duas partes”.
Roberto Cláudio inclui, entre os seus desafios, “as obras inacabadas, que são muitas”.
Mas ele está indo em busca de recursos extraordinários, para o que baterá à porta do BID, do Banco Mundial e do BNDES.
O prefeito de Fortaleza não fala sobre a eleição estadual de 2014, mas repete uma frase padrão:
“Quero cumprir o meu mandato na íntegra”.
Roberto Cláudio poderá ser o Plano B do governador Cid Gomes para a sua sucessão.

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO

Dilma sacrifica seu primeiro mandato para conseguir ser reeleita em 2014

Conseguirá a presidenta Dilma botar ordem no galinheiro  em que se transformou a aliança de partidos que apóiam seu governo, mas mantém-se arredios quanto à reeleição, numa evidente manobra de chantagem? Indaga o jornalista Carlos Chagas, que comenta ainda que força,  ela vem fazendo, até para engolir sapos, como no caso da devolução dos ministérios dos Transportes e do Trabalho ao PR e ao PDT. "Em suma, a presidente vem se tornando prisioneira do segundo mandato, fazendo o que não deseja e comprometendo o primeiro. Conseguirá recuperar o tempo e as realizações perdidas que antes prometeu, no suposto novo período  por conquistar em 2014?  Pode ser. Afinal, uma vez reeleita, seus compromissos fisiológicos poderão ser mandatos passear. Ficará, de qualquer forma, a indagação inicial: terá valido à pena sacrificar o primeiro mandato para poder exercer o segundo como desejaria? Leia o artigo completo aqui.

Sponholz

Sponholz

Pergunta na fronteira

O que Lula está fazendo que ainda não se ofereceu para intermediar o conflito entre as duas Coreias?

PSB vê ‘manobra’
na votação da
reforma política

O PSB desconfia de manobra do Planalto contra o governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB-PE) na votação da reforma política, prevista para próxima terça (9) na Câmara. A cúpula do partido suspeita que PT e PMDB querem votar a matéria às pressas para acabar com a formação de coligações partidárias nas eleições de 2014, o que atingiria em cheio a candidatura do socialista à Presidência.

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Holofotes

Pastor Feliciano (PSC-SP) bateu o deputado rival Jean Wyllys (PSOL-RJ): gastou R$ 22, 8 mil durante o recesso. O ex-BBB, R$ 17,1 mil.

Te cuida, Luana

O corajoso desabafo de Luana Piovani contra Sérgio Cabral, protestando contra a bagunça, a sujeira e o banditismo no Rio de Janeiro, pode custar caro à atriz. Rancoroso, ele tem o hábito de perseguir e pedir a cabeça dos seus críticos, inclusive jornalistas.

Vexame

Depois da França, o site do Ministério das Relações Exteriores do Canadá recomenda “muita cautela” a turistas, após o crescimentos de estupros no Brasil: 150% a mais em quatro anos, superando a Índia.

Tudo bem

A maranhense Roseana Sarney (PMDB) nega insatisfação com Dilma ou a refinaria cearense. O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) ratifica: já foram gastos R$ 1 bilhão na refinaria de Bacabeira (MA).

Malandragem

Aliados do governo do cocaleiro Evo Morales, da Bolívia, armam golpe contra o senador de oposição Roger Pinto, asilado na embaixada do Brasil há quase um ano. Querem cassá-lo por “faltas”.

À mesa com Dilma

Dilma fez duas novas paixões à mesa, durante sua visita a Fortaleza para a reunião do conselho deliberativo da Sudene: gostou tanto que repetiu as sobremesas panqueca de caju e sorvete de tapioca.

Caju amigo

Para bajular Dilma, que descobrira a fruta, Aloizio Mercadante pediu indicação do governador Cid Gomes de um livro sobre caju. Ele não sabia: “O tema caju é mais com o Piauí. Ceará só exporta castanhas".

Lulices

Virou página no Facebook a frase do presidente do Uruguai, José Mujica, num evento oficial ontem, ignorando que era gravado: “Essa velha (Cristina) é pior que o caolho (Néstor Kirchner)”. Te cuida, Dilma.

Pensando bem...

...o governo está gostando do altíssimo preço do tomate. Nunca se sabe o que a população, já endividada, poderá fazer com ele.

NO BLOG DO NOBLAT

Marina: Receita dificulta criação da Rede

Sérgio Roxo, O Globo
Após anunciar a criação de um partido, a Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva (foto abaixo) descobriu que será bem mais difícil do que imaginava concretizar sua ideia: a Rede não tem CNPJ, o que, segundo exigência da Receita Federal, inviabiliza o recebimento de doações.
Segundo integrantes da Rede, a Receita informou que só concederia o CNPJ depois que o partido estivesse oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para isso, é necessária a apresentação de 491 mil assinaturas de eleitores, em pelo menos nove estados.



Para segurar a inflação, governo dará alívio a planos de saúde

Eliane Oliveira, Cristiane Bonfanti Martha Beck, O Globo
Depois de desonerar a cesta básica e prorrogar a vigência de alíquotas reduzidas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, o governo tem agora como alvo imediato na batalha contra a inflação os planos de saúde.
Esses serviços precisam ser reajustados a partir do mês que vem e a equipe econômica está preocupada com o seu impacto sobre a inflação. Por isso, os técnicos estão negociando com as empresas um aumento mais modesto em 2013, em troca de desonerações. Entre as opções está a desoneração de equipamentos hospitalares.
No ano passado, o reajuste dos planos autorizado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) foi de 7,93%, bem acima da inflação de 6,50% registrada em 2011. O novo percentual incidirá sobre os contratos de 8,4 milhões de brasileiros, que representam 17,6% do total de beneficiários no país.







EUA acusam Brasil de protecionismo em leilão de banda larga

Jamil Chade, Estadão
A Casa Branca questiona o governo brasileiro por estar considerando repetir práticas "discriminatórias" no leilão em 2014 para a faixa de 700 MHz e exigir que empresas cumpram critérios de produção nacional para poder ser consideradas pela Anatel no processo.
O questionamento faz parte de informe da Casa Branca sobre a situação do mercado de telecomunicações no mundo, no qual Washington aponta o Brasil como um país que está adotando medidas protecionistas.


Mujica sobre Cristina Kirchner: ‘Esta velha é pior do que o caolho!’

O Globo
Um microfone aberto deixou o presidente do Uruguai, José Mujica, em maus lençóis.
- Esta velha é pior do que o caolho - disse Mujica sobre Cristina Kirchner, durante uma entrevista coletiva na cidade de Sarandi Grande, em Florida.
Mujica não se deu conta de que a entrevista estava sendo transmitida ao vivo. Minutos depois, a comparação de Cristina com seu falecido marido, Néstor Kirchner, que era estrábico, já estava nas redes sociais. Após o alvoroço em torno da frase, o presidente esclareceu seus comentários, mas evitou reconhecer as frases polêmica e disse que não vai pedir desculpas.


Contas secretas de aliados abalam governo Hollande

Fernando Eichenberg, O Globo
Perto de completar um ano de mandato, o presidente da França, o socialista François Hollande, enfrenta a mais grave turbulência política de seu governo.
Além do desemprego em alta, das limitadas perspectivas de crescimento econômico do país e do mais baixo índice de popularidade alcançado por um presidente da República em 11 meses no poder desde 1981 - apenas 27% de opiniões favoráveis - o escândalo envolvendo seu ex-ministro do Orçamento Jérôme Cahuzac fez a crise econômica e social transbordar para o campo moral.



NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO

Imprensa – A mistura nefasta de patrulha e ignorância

Setores da imprensa brasileira decidiram inaugurar uma nova era de caça às bruxas. Ou as pessoas professam valores, crenças e ideologias consideradas corretas pelas esquerdas que estão no poder (inclusive nas redações) ou são tratadas como criminosas. Dedicarei parte da minha madrugada a pensar essa questão. Quando se disputarem as eleições de 2014, o golpe militar de 1964 (ou o “Regime Militar de 1964; ou o “Movimento Militar de 1964”; ou a “Revolução de 1964”) estará completando 50 anos. Um bando de vigaristas intelectuais e de oportunistas, interessados apenas nas verbas publicitárias de estatais e do governo federal, quer usar o passado para cuidar de seus interesses presentes. Incentivam e liberam a patrulha promovida por idiotas a serviço dos espertalhões.
Imaginem se, em 1987, em vez de cuidar da abertura política e da democratização, estivéssemos revirando os cadáveres do Estado Novo, instituído em 1937. Imaginem se, em 1995, ano da posse de FHC, o país estivesse ocupado em punir os remanescentes da ditadura getulista, encerrada em 1945.
Há uma mistura, nefasta para o nosso futuro, de militância, ignorância e autoritarismo de que não tenho memória nos meus 36 anos de leitor regular do que produz a imprensa brasileira.
Voltarei ao tema com absoluta certeza. Até para indagar onde estava, em 1964 ou em 1968, a imprensa patrulheira de agora. Parece que há gente querendo lavar a reputação passada — e as suas culpas — malhando alguns inocentes do presente.
Fica para mais tarde.
Por Reinaldo Azevedo

A imprensa brasileira, com medo da regulação e assediada por patrulhas internas e externas, está se tornando uma agente da ditadura do falso consenso: emburrece o debate, sataniza a divergência e lincha pessoas por delito de opinião. Ou: Beijo na boca não pode ser a outra forma do escarro

Ontem você encararam com galhardia um texto longo. Aí eu me animo, né? Mais um do mesmo porte. Quem me detesta já desiste; quem gosta faz a festa.
*
Um deputado que não pensa segundo os cânones de certa militância política assume uma comissão da Câmara. Tem início uma campanha para esmagá-lo, à qual adere quase toda a imprensa, ao arrepio de qualquer fundamento que orienta a boa prática jornalística. O secretário particular de um governador de estado emitiu, antes ainda de ocupar a atual função, opiniões políticas distintas daquelas consideradas “progressistas”. Um colunista de jornal se sente no direito de cobrar desculpas desse governador, e o veículo no qual ele trabalha dá início a uma campanha de desmoralização do funcionário. Um senador, possível candidato à Presidência da República, chama o, digamos, “evento” de 1964 de “revolução”, e tem início uma patrulha agressiva porque, sustenta-se, o certo seria chamar de “golpe”. Pessoas e forças políticas que se oponham às posições consideradas “corretas”, quando não ignoradas, são impiedosamente ridicularizadas, tratadas como idiotas, vistas como expressões do atraso. A democracia brasileira está doente, e o nome dessa doença é intolerância. A imprensa, que deveria denunciá-la, transformou-se em agente do linchamento da divergência. Com medo a regulação, assediada por patrulhas internas e externas, torna-se, a cada dia, mais refém dos grupos de pressão e das militâncias organizadas. Quando não é ativamente fascitoide, é de uma pusilanimidade espantosa. Fecho este parágrafo assim: não existe esta sociedade de um lado só em nenhum lugar do mundo — ou, para ser mais preciso, em nenhuma democracia do mundo. Sociedade de massa de um lado só é fascismo.
Se um dia o PT conseguir emplacar o “controle social da mídia” (algum controle virá, fiquem certos; lembro que o projeto defendido pelo partido numa resolução do Diretório Nacional prevê controle de conteúdo), não terá tanto trabalho assim. Restará uma cidadela ou outra a colonizar, a domesticar, a domar, a dominar, a esmagar. O que Hugo Chávez conseguiu na Venezuela por meio da violência está sendo paulatinamente conquistado pelos petistas no Brasil por meio da cooptação e da ocupação das redações por uma forma de militância política que já dispensa a carteirinha de filiação. A fantasmagoria imaginada por Gramsci (que ele achava ser a redenção da humanidade, o tarado!) começa a se materializar. O teórico comunista italiano afirmava que o “Príncipe” moderno não era mais, obviamente, aquele de Maquiavel. O “Moderno Príncipe” era o partido político. E ele sintetizou, então, como seria a sociedade sob o comando dessa força — eu não resisto à provocação — verdadeiramente satânica:
“O Moderno Príncipe, desenvolvendo-se, subverte todo o sistema de relações intelectuais e morais, uma vez que seu desenvolvimento significa, de fato, que todo ato é concebido como útil ou prejudicial, como virtuoso ou criminoso, somente na medida em que tem como ponto de referência o próprio Moderno Príncipe e serve ou para aumentar o seu poder ou para opor-se a ele. O Moderno Príncipe toma o lugar, nas consciências, da divindade ou do imperativo categórico, torna-se a base de um laicismo moderno e de uma completa laicização de toda a vida e de todas as relações de costume”.
Bingo! É a definição do totalitarismo perfeito. Na sociedade antevista por Gramsci, é impossível pensar fora dos limites do que estabelece, então, esse “Moderno Príncipe”. Desaparecem as noções de crime e de virtude. Esse ente de razão dirá quando cada ato é o quê, de sorte que, sob certas circunstâncias, pode-se tomar o crime por virtude e a virtude por crime. A verdade desse coletivo passa a ser o imperativo categórico.
Naquele longo texto de ontem, em que afirmei que a causa gay está sendo usada como ponta de lança de uma ação maior contra a democracia representativa, comentei um texto de Vladimir Safatle (aquele humanista que toma um nascituro por uma lombriga). Ele chama a ação fascitoide contra Feliciano (e não! Eu não concordo com o deputado) de “o primeiro embate”. Segundo Safatle, as ações contra o parlamentar representam uma “profunda discussão” sobre “a sociedade que queremos”. Por alguma estranha razão, o seu “nós” — ele se refere aos brasileiros — não inclui o “eles”. O seu “nós”, de uma sociedade que chama “radicalmente igualitária”, exclui os que pensam de forma diferente porque seriam apenas manifestações do atraso. Trata-se da reiteração do pior lixo produzido pelas esquerdas em sua história. Foi com essa visão de mundo que o comunismo se tornou a maior máquina de matar que a civilização conheceu. Subjacente a esse pensamento está a convicção de que a humanidade tem um sentido e uma direção — no artigo, ele sugere que até a história tem uma moral intrínseca — e caminha segundo alguma lei da evolução. E, é evidente, a esquerda estaria no comando desse processo; estaria aí para acelerar a história. Como bom esquerdista, Safatle nem aprendeu nada nem esqueceu nada.
Sou, no entanto, realista e reconheço que eles estão avançando. Safatle mesmo só se tornou colunista fixo de jornal depois de ter tido a ousadia de especular, num artigo, sobre as virtudes da ação terrorista como um campo pouco explorado de um humanismo alternativo. Ele resenhava o livro de um delinquente intelectual chamado Slavoj Zizek. E, o que não me surpreendeu, conseguiu piorar o original. Vejo o noticiário de TV, leio jornais, revistas, sites… Escolhas políticas, valores ideológicos de grupos, patrulhas as mais odientas, tudo aparece como se estivéssemos diante de verdades universais. Nos dias de hoje, também o “Moderno Príncipe” de Gramsci passou por um aggiornamento. As minorias formam as células, que se organizam na rede, que é o partido. Aquilo que Marina gostaria de fazer, o PT já fez. Faz sentido. Ela é de lá. É que tem mais ambições do que o permitido… 
Poder-se-ia, ao menos, constatar, ainda que isso não mudasse o caráter autoritário do que está em curso: “Pô, Reinaldo, vivemos nesse mundo sem contraditório, mas reconheça que o Brasil está uma maravilha; estamos no caminho certo!” Pois é. Não estamos! Um país que não debate, que vive da reiteração das mesmas verdades, que sataniza o conflito de ideias, que busca eliminar a divergência, vai dar em quê?
Voltando ao começoO governador Geraldo Alckmin indicou para seu secretário particular um jovem advogado chamado Ricardo Salles. Não sei a idade, mas deve estar na casa do 30, 30 e pouquinhos. Não participou, portanto, do golpe militar de 1964. Antes de ser indicado para a função, integrou um grupo chamado “Endireita Brasil” — que era público, não clandestino. Ainda que pareça exótico aos ignorantes convictos, existe uma direita democrática. Já houve um tempo em que jornalistas sabiam quem era Churchill e ignoravam a Beyoncé da época, seja lá quem for essa… Frases ditas por Salles num debate no Clube Militar foram escandalosamente retiradas do contexto e lhe atribuíram o que não disse: ele teria negado a existência de tortura durante o regime militar. Não negou. Também se noticia em tom de escândalo o fato de que criticou os rumos tomados pela Comissão da Verdade. Mais: em algum momento, ele teria chamado a presidente Dilma de terrorista — o que ele nega. Não se reproduziu texto nenhum seu com essa afirmação.
Marcelo Rubens Paiva, colunista do Estadão e filho do deputado Rubens Paiva — que desapareceu em janeiro de 1971, sequestrado pela ditadura — passou a pedir a cabeça de Salles, campanha endossada de maneira mais do que indiscreta pelo Estadão, por meio de reportagens. Marcelo foi além e exigiu, imaginem só!, uma “retratação” de Alckmin. De súbito, parecia que o governador e seu secretário eram, sei lá, dois agentes da ditadura.
Marcelo já andou me criticando por aí. Respondi com bom humor. Ele pode achar que não tenho o direito de pensar o que penso, mas defendo o direito que ele tem de pensar o que pensa. Na minha República, haveria pessoas como ele; na sua, desconfio que eu seria banido. Ele pode achar que assim seria porque é melhor do que eu. Prefiro achar que assim seria porque sou mais tolerante do que ele, ainda que eventualmente ele possa ser melhor do que eu.
Acho absolutamente compreensível que ele tenha uma percepção especialmente aguda, dura mesmo, daquele período. Certamente não foi fácil para ele e para sua família. Eu defendo a Lei da Anistia e acho um absurdo que a Comissão da Verdade esteja forçando a mão para ir além do que estabelece essa lei e a que criou a própria comissão. Mas me coloco na situação de Marcelo e me pergunto se eu também, vivendo o que ele viveu, não pensaria algo parecido. Tivessem sequestrado meu pai, seu corpo não tivesse aparecido até hoje, com a memória do sofrimento da família… Talvez eu quisesse revanche. Faço essa observação para deixar claro que não arbitro sobre questões e dores pessoais.
“Não é questão só pessoal; é também política!”, poderia objetar um indignado apressado. Sim, eu sei. Mas nem a dor de Marcelo o autoriza a cassar de alguém o direito à opinião. Tampouco o autoriza a cobrar do governador uma retratação. Por quê? Com base em quê? E, se é de política que estamos falando, indago: o filho de Rubens Paiva cobrou, alguma vez, retratação de Lula por sua proximidade com alguns próceres do regime militar, incluindo signatários do AI-5? Exigiu retratação de Fernando Haddad por ter se abraçado a Paulo Maluf na eleição para a Prefeitura de São Paulo — ou também Marcelo, a exemplo de Marilena Chaui, acha que, agora, “Dr. Paulo” deixou de ser um homem da ditadura para ser apenas um engenheiro? Salles não tem uma fatia do governo do Estado. Maluf tem um fatia da Prefeitura. Salles tem apenas uma opinião. Maluf é poder.
Sem jamais relativizar os fortes motivos que tem Marcelo, eu me pergunto em que medida o passado está sendo usado para cuidar de demandas que dizem respeito ao presente. Estou tratando de matéria de fato, não de opinião: em 2013 (e desde 2003), é o PT que está próximo de fiéis servidores da ditadura, não Alckmin ou o PSDB. O governador não participou do golpe, tampouco seu secretário, que talvez tenha nascido já na década de 80.
Comissão da VerdadeTenta-se fazer um escarcéu porque Salles seria “crítico” da Comissão da Verdade. Eu também sou. E daí? E fui perseguido pela ditadura, o que não é o caso de boa parte dos patrulheiros. Alguns tontos nem sabem do que estão falando. O grupo começou os trabalhos anunciando que ignoraria o próprio texto que o instituiu. Existe para apurar também os crimes de grupos terroristas. Já deixou claro que não vai fazê-lo. O respeito à Lei da Anistia é pressuposto de sua existência. Paulo Sérgio Pinheiro, o coordenador da comissão — e outros membros se manifestaram nesse sentido —, já evidenciou o seu inconformismo com esse limite. A questão não é só de gosto, mas também jurídica. A Lei da Anistia é parte do arcabouço legal que instituiu a Constituinte no país. Ademais, anistia — e já houve outas — quer dizer esquecimento (no quer tange às questões criminais e políticas), não absolvição.
Ora, então não se pode ser um crítico da Comissão da Verdade — ou mesmo se opor à sua existência na esfera da opinião (já que nada se pode fazer a respeito) — sem que isso transforme o indivíduo num agente da ditadura? Tenham paciência!
TerrorismoSalles nega que tenha chamado a presidente Dilma de “terrorista”. Acredito nele. Também já me atribuíram tal coisa, e nunca ninguém encontrou o texto. O que escrevi, sim, e escrevo de novo agora, é que ela pertenceu a dois grupos terroristas. A presidente não é, obviamente, terrorista. A militante Dilma Rousseff foi. Não é matéria de gosto, mas de fato. Claro, claro, sempre se pode argumentar que o Colina e a VAR-Palmares, que lutavam por uma ditadura comunista e mataram inocentes em sua trajetória, só queriam democracia. Essa é certamente a conclusão a que a Comissão da Verdade já chegou — daí que não vá investigar os crimes de organizações do gênero. Mas essa é só uma das mentiras que vai contar essa comissão.
Qual é o problema do nosso jornalismo em encarar os fatos? Dilma tem orgulho de sua biografia. Já deixou isso claro mais de uma vez. É ilegítimo que pessoas possam ter uma abordagem crítica, negativa se for o caso, sobre o seu passado? Por quê? Porque Salles pensa o que pensa, isso faz dele um agente da ditadura, um homem conivente com a tortura, alguém impossibilidade de exercer a função que exerce?
Um jornalismo que se entrega a essas especulações há muito abandonou o sua missão. Está fazendo campanha eleitoral antecipada.
Golpe ou revolução?Nesta quinta, foi a vez de o senador Aécio Neves (PSDB-MG) entrar na dança. Num evento do seu partido, num dado momento, referiu-se a 1964 como “revolução”. A patrulha imediatamente apareceu: “Ah, ele chamou golpe de revolução”; “revolução é como os militares chamaram o seu golpe”. Ora, até outro dia, os mesmos jornais que davam curso a essa questão ridícula referiam-se, em editoriais, àquele período como “Regime Militar”, e ao golpe como “Movimento Militar de 64”. E não era por imposição da censura nenhuma!
Era evidente que o senador não estava fazendo uma escolha política. Referiu-se àquele tempo por uma das expressões pelas quais ficou conhecido. Nada além disso. A conversa mole que se seguiu é só mais uma manifestação desses tempos estúpidos, de embotamento da inteligência. Sem contar que foi Tancredo Neves um dos protagonistas do fim do regime militar.
E não que essas coisas não devessem ser debatidas. Desafio qualquer historiador a provar, com dados objetivos e exposição de critérios do que seja uma coisa e outra, que 1930 tenha sido uma “revolução” e 1964 “um golpe”. Aí o tontinho patrulheiro se assanha: “Lá vai o Reinaldo tentar provar que os militares fizeram revolução”. Não, Zé Mané! Eu afirmo que 1930 também foi GOLPE, escancarado sete anos depois. Não existe revolução sem povo! De resto, povo por povo, havia muito mais em 1964 do que em 1930. A República brasileira, como sabe qualquer estudioso, foi inaugurada com uma quartelada.
Então por que 1930 é “revolução”, o ditador Getúlio Vargas é um herói, e 1964 é “golpe”, e os militares passam por esse processo de banditização? Por ideologia rasteira. Os nossos historiadores se debruçaram sobre 1930 e enxergaram ali o confronto entre progressistas e reacionários, entre o Brasil arcaico e o Brasil moderno. Como se chegou à conclusão — e nem contesto o mérito — de que houve um avanço, então é “revolução”. Já 1964 foi apenas “golpe” porque se entendeu que a nova ordem veio obstar a ascensão das camadas populares revolucionárias… As camadas populares revolucionárias não passavam de meia-dúzia de radicais, que não resistiram ao primeiro tiro. Aliás, não se disparou em 1964 tiro nenhum. Também a ambicionada “revolução socialista” não tinha… povo!
Um amante da objetividade é obrigado a indagar se os pobres brasileiros melhoraram ou pioraram de vida com o “golpe”. A pergunta pode ser feita ao metalúrgico Lula, depois sindicalista, que viveu a era do milagre e tinha, como já confessou em entrevista, o seu “carrinho”. Ia namorar de táxi, ele contou — um luxo a que o trabalhador brasileiro não se entrega ainda hoje.
O mesmo critério que chamou de “revolução” a ditadura inaugurada em 1930 — “é o moderno vencendo o arcaico” — poderia transformar em “revolução” também o movimento de 1964. Também nesse caso o “moderno vencia o arcaico”. Ah, mas, no regime militar, houve tortura e morte. E durante o Estado Novo? Ora…
Caminhando para a conclusãoO Brasil precisa é de mais debate, não de menos; o Brasil precisa é de mais divergência, não de menos; o Brasil precisa é de mais dissenso, não de menos. E precisa de mais respeito às regras do estado democrático e de direito, não de menos.
E olhem que isso tudo pode ser feito com muito beijo na boca.
Que as bocas se beijem como expressão da tolerância, não para ofender aquele de quem se discorda. Beijo na boca que ofende, modificando um pouco o que disse o poeta, é só a outra forma do escarro.
Por Reinaldo Azevedo

NO BLOG DO CORONEL

Vejam como a Folha tratava o "golpe" de 64.



















 

Nas reproduções acima, pela ordem, um editorial da Folha em 5 de abril de 1964. Em seguida, a capa do jornal em 31 de março de 1974. Finalmente, o editorial da Folha de São Paulo em 31 de março de 1984. Cliquem nas imagens para ampliar e ler.  É este jornal que fica escandalizado quando Aécio Neves chama a Revolução de 1964 de Revolução de 1964?










NA COLUNA DO AUGUSTO NUNES

O vídeo que os artistas e intelectuais querem esquecer: Cabral pede votos para Feliciano

Nove em 10 “artistas e intelectuais” ancorados em Ipanema e no Leblon acham que o maior governador da história do Rio de Janeiro é Sérgio Cabral Filho, a quem chamam de “Serginho”. Além de evitar confusões com o pai do menino prodígio, o diminutivo transpira carinho, sugere intimidade de mesa de botequim, autoriza peraltices com guardanapos ou bolas de basquete na cabeça.
Nove em 10 integrantes do bloco dos eufóricos com o Rio recriado por Serginho em parceria com Dudu (Eduardo Paes, para os outros) acham que o maior problema do Brasil, no momento, atende pelo nome de Marco Feliciano, age disfarçado de pastor evangélico e, com a fantasia de deputado, está homiziado, neste momento, na  presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara.
No vídeo publicado na seção História em Imagens, o governador do PMDB pede aos eleitores paulistas que, em outubro de 2010, votem em Feliciano, candidato a deputado pelo PSC. O que têm a dizer os inteleques? Continuam amando Serginho, mesmo sabendo das ligações afetivas com o pastor que detestam? Continuam detestando Feliciano, mesmo sabendo que se trata de uma das flores do orquidário de Serginho?
Um dia vão descobrir que nasceram uns para os outros.


NO BLOG UCHO.INFO

Lorezoni quer explicações sobre laticínio que tomou R$ 700 milhões do BNDES e fechou as portas

Leite derramado – O deputadoOnyx Lorenzoni (Democratas-RS) protocolou, na quarta-feira (3), na Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento da Câmara dos Deputados, requerimento solicitando a realização de audiência pública para discutir o fechamento de unidades da Lácteos Brasil (LBR), uma das principais empresas de laticínios do Brasil.

A LBR resultou da fusão entre as marcas Bom Gosto e LeitBom, em 2010, quando tomou R$ 700 milhões emprestados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para se reestruturar, o que torna o banco público um dos principais credores da empresa. A empresa, que se encontra em processo de recuperação judicial, teria dívidas que ultrapassam R$ 1,15 bilhão, sendo que desse total, aproximadamente R$ 12,5 milhões são em direitos trabalhistas, além de valores não apurados junto a 56 mil produtores de leite, fornecedores da empresa.
A empresa anunciou na última segunda-feira (1º) o fechamento de unidades de produção e beneficiamento e a demissão de trabalhadores nos municípios de Gaurama, Tapejara e Fazenda Vilanova, – no Rio Grande do Sul -, São José do Cedro, – em Santa Catarina – e de Muriaé, do Rio de Janeiro. Só no Rio Grande do Sul foram demitidos 300 funcionários, e o número poderá passar de mil, de acordo com informações da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação do estado (FTIA/RS).
“Quando anunciou em fevereiro deste ano que se encontrava em recuperação judicial, a empresa se comprometeu que pagaria em dia funcionários e fornecedores, mas não é que o que se vê. Além das demissões, existem milhares de pequenos produtores de leite, fornecedores da empresa, que até agora não receberam pelo seu produto. A LBR recebeu mais de R$ 700 milhões do BNDES, deve mais de R$ 1 bilhão e parece agora querer socializar o prejuízo. Isso não pode ficar assim”, afirma Lorenzoni.
No requerimento, o deputado democrata justifica o pedido de audiência pública em razão da gravidade da situação e seus reflexos num setor que já enfrenta inúmeras dificuldades. Deverão ser convidados a comparecer perante a Comissão de Agricultura representantes da empresa, lideranças sindicais e dos produtores, bem como do BNDES.

Arapongas em Suape: PPS pede convocação de Gleisi Hoffmann e do ministro do GSI

Velhos tempos – O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), e o deputado federal Almeida Lima (PPS-SE) protocolaram, nesta quinta-feira (4), na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, requerimento (REQ-229/2013) pedindo a convocação da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general José Elito Carvalho Siqueira, e do diretor-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Wilson Roberto Trezza, para que expliquem os motivos que levaram o governo do PT a montar um esquema de monitoramento, com a infiltração de agentes da Abin no Porto de Suape, em Pernambuco, para vigiar movimentações sindicais e políticas.

De acordo com reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, o setor de inteligência do Palácio do Planalto tinha como alvo, além de sindicalistas, as ações do governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) em defesa do porto. Campos é possível candidato à Presidência da República. “Depois de a presidente Dilma declarar que em eleição pode se fazer o diabo, temos que tomar todo o cuidado com o uso do aparato de inteligência do Estado. É óbvio que o governo precisa saber o que está acontecendo no país, mas é necessário debater quais os limites para isso. Temos que estar seguros de que essa movimentação em Pernambuco não tem como pano de fundo interesses ligados às eleições de 2014. Por isso é necessário que os ministros e o chefe da Abin venham à Câmara o mais rápido possível para explicar toda essa situação”, ponderou o líder do PPS.
Na reportagem desta quinta-feira, o Estado de S. Paulo afirma que o setor de inteligência do governo apurou que trabalhadores que se uniram a Eduardo Campos contra a Medida Provisória dos Portos podem decretar greve geral. O governador pernambucano lidera o movimento opositor à MP, que retira a autonomia dos estados de licitar novos terminais de carga.
A operação classificada como “Gerenciamento de Risco” foi desencadeada no Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e tem como foco justamente essa possível greve geral. Segundo o Estado de S. Paulo, “a ação envolve uma equipe de infiltrados no Porto de Suape e a produção de relatórios de inteligência repassados ao general José Elito Carvalho Siqueira, que tem a atribuição de compartilhar informações “sensíveis” com a Presidência da República. A prioridade dada ao caso repercutiu na rotina do trabalho da Abin e os agentes envolvidos passaram a ocupar uma sala separada na agência de inteligência”.
Por meio de nota divulgada no começo da tarde desta quinta-feira, a Presidência da República divulgou nota (confira ao final da matéria) desmentindo e repudiando o conteúdo da reportagem do Estadão.
É importante destacar que o serviço de inteligência do governo não apenas monitora essas eventuais movimentações sindicais e políticas, como também os passos dos adversários, em especial jornalistas, que constantemente estão com os telefones e as contas de e-mail grampeadas.
Não custa lembrar que por ocasião da disputa pela prefeitura de São Paulo, em 2004, o editor do ucho.info foi monitorado e grampeado, sendo que uma de suas conversas telefônicas acabou nas mãos de integrantes do politburo do governo, cujo um dos chefões determinou que o interlocutor nos repassasse uma ameaça de morte.
Nota à imprensa
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República repudia veementemente matéria publicada hoje no Estado de S.Paulo insinuando que o governo faça vigilância sobre movimentos sindicais dos portuários no estado de Pernambuco.
É mentirosa a afirmação de que o GSI/Abin tenha montado qualquer operação para monitorar o movimento sindical no Porto de Suape ou em qualquer outra instituição do país. O GSI lamenta ainda a utilização política do tema, questionando a quem interessa tal tipo de interpretação neste momento.
Todo o trabalho do GSI e da Abin está amparado pelas Leis 9.883, de 1999, que criou o Sistema Brasileiro de Inteligência e a Abin como seu órgão central, e 10.683, de 2003, que estabelece ser do GSI a coordenação da inteligência federal. Sua atuação vem se pautando por uma ação institucional e padronizada, como ocorre em todos os sistemas democráticos.
Em nenhum momento o governo determinou ao GSI/Abin qualquer ação relativa ao tema referido na irresponsável reportagem do jornal.
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República”.



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