DA MÍDIA SEM MORDAÇA - 02-4-2013

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO


Dinheiro roubado de escriturário da
Caixa seria propina do "Minha Casa"

Foto
A Caixa Econômica Federal informou nesta segunda-feira (1º) haver enviado mensageiro da área jurídica à 23ª Delegacia de Polícia, na Ceilândia – cidade do Distrito Federal - para tentar ter acesso às investigações do roubo de R$ 164 mil em espécie de um escriturário. Morador da QNN 22, o funcionário do banco confessou que mantinha o dinheiro em casa porque era “proveniente de ‘extras’ que recebia no Setor de Habitação da Caixa para acelerar processos de compra de imóveis” e, portanto, não poderia depositar a quantia em sua conta. Desta forma, os quatro assaltantes da residência foram presos, mas a vítima foi quem acabou virando alvo de investigação. O dinheiro permanecerá sob a guarda da Polícia Civil, que pretende encaminhar o caso à Polícia Federal por conta da suspeita de fraude no programa Minha Casa, Minha Vida. “A Caixa Econômica Federal informa que, assim que tiver acesso às investigações, analisará o caso e adotará as medidas cabíveis”, se limitou a dizer o banco. A Coluna entrou em contato com o Ministério das Cidades, responsável pelo programa de habitação do governo, mas até o momento não obteve resposta. A Polícia Federal informou que ainda não recebeu a apuração da esfera comum para dar início às investigações



Caixa bancou Bolt no Rio: R$2 milhões

FotoBOLT DEU UM PIQUE DE 150 METROS E FATUROU CACHÊ ALTO
O contribuinte brasileiro bancou a apresentação do recordista olímpico Usaim Bolt no Rio Janeiro, na manhã deste domingo, promovido pela Rede Globo. Somente o patrocínio da Caixa totalizou R$ 2 milhões para que o atleta participasse de um "desafio" no qual, é claro, saiu-se vencedor. O dinheiro seria suficiente para financiar a construção de pelo menos 40 unidades residenciais populares para o programa Minha Casa, Minha Vida.


Campos ataca
economia, ponto
fraco do governo

O governador de Pernambuco e presidenciável Eduardo Campos (PSB) reagirá à tentativa do PT de caracterizá-lo como “traidor e ingrato” com discurso duro de que o governo Dilma não sustentará o padrão de emprego e as políticas sociais com crescimento tão fraco do País. Campos defenderá, em seminário na PUC-RJ, sábado (6), que a economia caminha de mãos dadas com as melhorias sociais.

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Santo do dia

Tuiteiros homenagearam ontem o ex-presidente com o “Lula Day”, no Twitter, citando frases célebres dele, como o famoso “não sei de nada”.

Itamaraty prepara
‘pizza’ para
livrar embaixador

Instaurado há quase dois meses, caminha para a gaveta sindicância no Itamaraty para apurar acusação de assédio moral do cônsul-geral em Sidney (Austrália), embaixador Américo Fontenelle, e seu adjunto Cezar Cidade, a funcionários. Psicanalista, o embaixador Roberto Abdalla já ouviu todos os envolvidos - até brasileiros que procuram o consulado. Fontenelle passa férias em Brasília, onde corre o processo.

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Cem anos de perdão

Ladrões acharam R$ 164 mil na casa de um escriturário da Caixa, em Ceilândia (DF). O monte de dinheiro atrapalhou a fuga e foram presos. O escriturário abriu o jogo: era propina por facilitar financiamentos  do “Minha Casa, Minha Vida”. E avisou que é o “bagrinho” do esquema.

Calçada da fama

Foi destaque internacional o estupro da turista estrangeira, agredida e roubada com o namorado no assalto a uma van, no Rio. O casal ficou traumatizado para sempre. Os bandidos logo estarão livres.

Refinada mentira

Lançada em 2009 por Lula e Dilma, a refinaria da Petrobras Premium I, em Bacabeira (MA), “a maior do Brasil”, já pode virar sinônimo de 1º de Abril: hoje é só terra batida e caminhões parados na poeira. Será objeto de audiência pública a pedido do deputado Weverton Rocha (PDT).

Bacabeira 2, a missão

Na reunião do conselho deliberativo da Sudene, em Fortaleza, hoje, Dilma destinará um terreno para a refinaria Premium II, da Petrobras, sem data para sair do papel, só para agradar o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que não reza na cartilha de Eduardo Campos.

Tudo pelo social

Católico carismático, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) passou a Páscoa na Tunísia, espera-se que por conta dele, no Fórum Social Mundial de 2013. Prometeu ajuda do Brasil contra a pobreza.

Pensando bem...

...a Coreia do Norte inventou a guerra do photoshop, com aquela multidão saudável marchando nas ruas.

NO BLOG DO NOBLAT

MP abre 6 investigações sobre depoimento de Marcos Valério

Alana Rizzo e Felipe Recondo, Estadão
A Procuradoria da República no Distrito Federal abriu seis procedimentos para investigar as acusações feitas pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza no depoimento prestado em 24 de setembro de 2012.
Condenado pelo Supremo como o operador do mensalão, ele acusou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ter se beneficiado pessoalmente do esquema. O petista classificou o depoimento, prestado sigilosamente à Procuradoria-Geral, como mentiroso.
Após análise do depoimento, que durou cerca de duas semanas, os procuradores da República em Brasília concluíram pela existência de oito fatos tipificados, em tese, como crimes que exigem mais apuração.



Em vídeo, Lula diz que Maduro é a Venezuela que Chávez sonhou

O Globo
Às vésperas do início oficial da campanha eleitoral na Venezuela, o presidente em exercício Nicolás Maduro ganhou um aliado de peso: o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Em um vídeo de dois minutos, divulgado na noite desta segunda-feira, Lula destacou o papel de Maduro como chanceler, durante os oito anos em que foi presidente, principalmente sua atuação na criação da Celac (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos) e da Unasul (União de Nações Sul-americanas). E resume na última frase, a mensagem principal das imagens: “Maduro presidente é a Venezuela que Chávez sonhou”.




Deputado diz que ministra é 'sapatona' e ataca Dilma

Brasil em Pauta
O líder do governo na Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse nesta segunda-feira que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ, foto abaixo) fez ataques "absolutamente desrespeitosos e covardes à presidente" Dilma Rousseff.
Na última quarta-feira, em sessão no plenário da Casa, Bolsonaro afirmou que os protestos que pedem a saída do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão dos Direitos Humanos (CDH) são uma pressão feita por Dilma, que “não tem compromisso nenhum com a família”.
Para embasar seu discurso, Bolsonaro argumentou que se a presidente tivesse esse compromisso não teria nomeado a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, para o cargo, uma "sapatona”, segundo ele. "Essa mulher (Eleonora) representa a sua mãe, Dilma Rousseff, a minha não. E nem as mulheres brasileiras”, criticou.



Supremo descumpre prazo para publicação do acórdão do mensalão

Carolina Brígido, O Globo
O Supremo Tribunal Federal (STF) descumpriu o prazo para publicação do acórdão do mensalão, um documento com o resumo das decisões tomadas ao longo dos quatro meses e meio de julgamento. A publicação era aguardada para hoje.
No entanto, um dos onze ministros que participaram das sessões ainda não entregou seu voto revisado: Celso de Mello (foto abaixo). Só depois de publicado o acórdão os réus e o Ministério Público poderão apresentar recursos ao tribunal. E só depois de julgados esses recursos os réus condenados começarão a cumprir pena.
O julgamento terminou em 17 de dezembro do ano passado. A partir do dia seguinte, começou a correr o prazo estipulado pelo Regimento Interno do STF. Os ministros têm 60 dias para revisar seus votos e apresentar à presidência para a publicação do acórdão. O prazo é interrompido durante o período de férias e feriados oficiais. A assessoria do ministro Celso de Mello informou que o voto dele deverá ser apresentado ainda essa semana, mas não há previsão do dia para isso acontecer. O ministro Dias Toffoli informou que concluiria seu trabalho ainda hoje.



STF cassa decisões em favor do pagamento de ajuda de custo a juízes

Marcelo Brandão, Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki (foto abaixo), cassou duas decisões judiciais que determinavam pagamento de ajuda de custo a juízes federais em processo de mudança. A cassação foi publicada na última quinta-feira (25). Dessa forma, as decisões não têm mais validade e caberá ao próprio STF julgar se os juízes devem ou não receber ajuda de custo para despesas de transporte e mudança.
Os deferimentos dos pedidos de pagamento de ajuda de custo, solicitados por uma juíza no Paraná e por um juiz no Ceará, ambos em virtude de remoção, foram dados pela 1ª Vara Federal do Juizado Especial Cível de Foz Iguaçu e pela Segunda Turma Recursal da Seção Judiciária do Ceará, respectivamente. Ambos foram contestados no Supremo pela União, por meio das reclamações 15.367 e 15.440.


Romário e filho de Herzog pedem saída de Marin da presidência da CBF

Tiago Rogero, Estadão
O filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura em 1975, Ivo Herzog, entregou nesta segunda-feira, 1, uma cópia do abaixo-assinado com quase 55 mil assinaturas que pede a saída do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin (foto abaixo).
Acompanhado pelos deputados federais Romário (PSB-RJ), presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), presidente da Comissão de Cultura, Ivo Herzog protocolou a cópia do abaixo-assinado e teve de deixá-la na recepção da sede da CBF, já que, segundo lhe foi dito, Marin não estava no prédio, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.



Acervo mostra artistas e presidentes fichados após ditadura

Roney Domingos e Paulo Toledo Piza, G1
Presidentes da República, artistas, atletas e religiosos continuaram sob monitoramento no Brasil mesmo após o fim oficial da ditadura militar (1964-1985). É o que revela consulta ao acervo digitalizado do Departamento de Comunicação Social (DCS), criado em 1983, após a extinção do Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops).
Os dados do DCS, fechado em 1999, e do Deops, podem ser consultados no site Memória Política e Resistência do acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo. Ao todo, foram digitalizados cerca de 1 milhão de páginas de documentação pela Associação dos Amigos do Arquivo Público de São Paulo em parceria com o projeto Marcas da Memória da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.


Marcha da Maconha distribuirá drogas em protesto no centro de SP

Leonardo Guandeline, O Globo
O coletivo Marcha da Maconha SP distribuirá drogas gratuitamente nesta terça-feira, no Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, em protesto contra o projeto de lei do deputado Osmar Terra (PMDB-RS), que cria o cadastro de usuários de drogas, prevê a internação involuntária e aumenta de 5 para 8 anos a pena mínima de prisão para traficantes - não há, na proposta, critérios para diferenciar usuário e traficante, segundo manifestantes.
Depois de debates e polêmica, o plenário da Câmara aprovou no último dia 12 regime de urgência para análise do projeto. As drogas a serem distribuídas só serão reveladas na ocasião. Segundo Renato Filev, membro do coletivo, o ato será “pacífico e não pretende sair da licitude”.



Lei contra crimes eletrônicos entra em vigor hoje

O Globo
A Lei 12.737/2012, conhecida como Lei Carolina Dieckmann, que estabelece o que pode ser considerado crime eletrônico na internet e as respectivas sanções, entrará em vigor nesta terça-feira. Sendo assim, passará a ser crime a invasão de dispositivos eletrônicos como celulares, notebooks, desktops, tablets ou caixas eletrônicos para obter ou adulterar dados e obter vantagens ilícitas.
A nova lei impõe penas que podem variar de três meses a dois anos de prisão e multa. A Lei também tipifica crimes com uso de dados de cartões de débito e crédito sem autorização do proprietário. Essa prática é equiparada à falsificação de documento particular e as penas variam de um a cinco anos e multa.









Rio tem salto de 24% em notificações de estupro em 2012

Caio Quero, BBC Brasil
O caso da turista estrangeira que no último sábado foi seqüestrada e estuprada por pelo menos três homens após tomar uma van no bairro de Copacabana, zona sul do Rio, não foi um episódio isolado. O número de estupros no Estado cresceu 23,8% em 2012 em relação ao ano anterior.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão responsável por pesquisas em segurança e análise criminal no Rio de Janeiro, em 2012 foram registrados no Estado 6.029 casos, contra 4917 em 2011. O número representa uma média de 16 estupros por dia em 2012.


Remédios mais caros antes da autorização do Ministério da Saúde

Cristiane Bonfanti, O Globo
Pela primeira vez, desde 2004, o governo federal não publicou a autorização do reajuste anual dos medicamentos com preços controlados até o fim de março. Mas, mesmo sem o aval do Ministério da Saúde, as distribuidoras começaram a praticar nesta segunda-feira mesmo aumentos de até 6, 31% nos preços dos remédios.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que a resolução com os percentuais de aumento será publicada ainda esta semana no Diário Oficial da União e os reajustes não serão acima da inflação.

Foto: Hudson Pontes / O Globo


Brasil tem pior superávit comercial em 12 anos para março

O Globo
Afetada pelas importações de gasolina e de bens de capital, a balança comercial brasileira fechou março com o pior resultado em mais de uma década para esses meses, sinalizando que os próximos meses também devem continuar mostrando fraqueza.
No mês passado, o saldo comercial do país ficou positivo em 164 milhões de dólares, segundo informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nesta segunda-feira. Trata-se do pior resultado para março desde 2001, apesar de também ser o primeiro resultado mensal positivo neste ano.


Aprovação a Dilma mostra que o Brasil "encherga" bem

Guilherme Fiúza, ÉPOCA
Há uma grita injustificada no caso das provas semianalfabetas do Enem. Não dá para entender tanta indignação. Há anos o governo popular vem preparando o Brasil para a grande revolução educacional, pela qual a norma culta se norteará pelo português falado nas assembleias do PT.
Como se sabe, depois de uma blitz progressista da presidente Dilma Rousseff e do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, livros didáticos passaram a ensinar que é certo escrever "nós pega o peixe", entre outras formulações revolucionárias. Alguns especialistas teriam argumentado que o certo seria "nós rouba o peixe", mas isso já é discussão interna deles.
Numa das redações que levaram nota máxima no Enem, o candidato escreveu "enchergar" - com "ch" em vez de "x". Não há reparo a fazer, está perfeito o critério. Depois de três anos deixando o Enem à mercê dos picaretas, pois estava muito ocupado com sua agenda eleitoreira, Haddad elegeu-se prefeito.

Foto: Rodrigo Clemente /O Tempo / AE

Um fenômeno desses jamais aconteceria num país que enxerga - só num país que "encherga". Está corretíssima, portanto, a observação por parte do estudante da nova norma culta.
Os que veem algum erro nisso não sabem acompanhar as velozes mudanças da língua, comandadas pela nova elite. O relato de Dilma Rousseff sobre seu encontro com o papa Francisco também mereceria nota máxima no Enem. Contou a presidente: "Ele estava me "dizeno" que espera uma presença grande dos jovens (na Jornada da Juventude), na medida em que ele é o primeiro papa, ele é várias coisas primeiro". Os corretores progressistas do Enem só dariam nota 1.000 a uma construção dessas porque não existe 1.001.
O novo recorde de aprovação que acaba de ser batido pelo governo e pela "presidenta" só comporta duas explicações possíveis: ou o Brasil está "enchergando" bem, ou o Brasil está "enchergano" bem. Qualquer das duas hipóteses, porém, garante imunidade total à "presidenta" (que também é várias coisas primeira). Ela pode passear de helicóptero sobre as enchentes de Petrópolis e depois pousar, como uma enviada do Vaticano, para rezar pelas vítimas.
Os desabrigados de dois anos atrás na mesma região continuam sem as casas prometidas pelo governo popular. Há famílias morando em estábulos. Alguns quilômetros serra abaixo, casas oferecidas pelo governo popular para removidos de áreas de risco foram inundadas pelas últimas chuvas. Moradias do programa Minha Casa Minha Vida oferecem como bônus minhas goteiras, minhas rachaduras na parede.
O povo deve estar "enchergano" tudo isso, porque acolhe o helicóptero de Dilma como um disco voador em missão turística e reza com ela na igreja local, pedindo proteção a não se sabe quem.



NO BLOG DO REINALDO AZEVEDO

Novo ministro dos Transportes expõe a pior face da política brasileira

A “devolução” do Ministério dos Transportes ao PR é um emblema da forma como se administra a coisa pública no Brasil. Sérgio Passos, que deixa a pasta — ex-secretário-executivo, ascendeu com a queda de Alfredo Nascimento, em 2011 —, é filiado ao partido, mas considerado excessivamente técnico para os apetites do PR. Tanto é assim que o partido o vê como homem da cota de Dilma, não da legenda.
A presidente, como é sabido, já está cuidando da disputa de 2014. Precisa pacificar o PR, antes que a legenda resolva ouvir o que Eduardo Campos (PSB) ou Aécio Neves têm a dizer. A lógica do tal “presidencialismo de coalizão” no Brasil é a cooptação. Simples assim. A rigor, Dilma não precisa do PR pra nada no dia a dia do Congresso. Quer é seu tempo de televisão. Vale, digamos, o dobro, certo? O que ela pega pra ela não vai para outro.
Tudo nessa história evidencia as nossas peculiaridades. O acerto de Dilma foi feita com o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), ex-ministro dos Transportes, que ela teve de demitir, tantos eram os descalabros na pasta. É pouco? Defenestrado, Nascimento andou fazendo, assim, uma espécie de ameaça, sugerindo que sua pasta foi usada para interesses eleitoreiros. “O governo está com medo dos senadores e de mim”, disse então.
Agora, todos voltaram a se entender. Vai ver o governo já não tem mais medo, e Nascimento esqueceu o que tinha a dizer. O Ministério dos Transportes, como evidenciou o escândalo, é uma formidável máquina eleitoreira.
BorgesBorges ser agora ministro também é a cara do Brasil — a sua pior cara, note-se. Nem me refiro às suas qualidades pessoais, ou falta delas (cada um a seu gosto). Não entro nesse mérito neste texto. Refiro-me à sua trajetória.
Borges era um dos homens de confiança de Antonio Carlos Magalhães na Bahia. Foi deputado estadual duas vezes pelo PFL, secretário de estado (gestão ACM), vice-governador e governador da Bahia (1999-2002). Com a morte de ACM, ocorrida em 2007, perde espaço na disputa pelo espólio político do líder baiano e migra para o PR. Tornou-se, assim, base de apoio do petismo.
Em poucas democracias do mundo essa migração seria possível — a rigor, não me ocorre nenhuma. Em Banânia, não se devem estranhar esses movimentos em nome da tal “governabilidade”.
O problema é que essa “governabilidade” tem os ombros larguíssimos e serve para justificar práticas muito mais nefastas. Reitero: Dilma não precisa do PR para governar. Está comprando é um tempo de televisão. Não se trata de tentar conquistar a reeleição com base na boa gestão, mas de fazer da gestão mero instrumento para o projeto de poder. Ainda voltarei a este assunto. É evidente que o PT não atua sozinho nesse jogo perverso. Apenas se tornou o seu mais talentoso jogador.


Wyllys e dois deputados petistas recorrem até a falso perfil no Facebook para calar adversários. E amplos setores da imprensa aplaudem! Um dia ainda vão propor o “controle social da piada”

O deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) tem a mania de tratar como inimigas as pessoas que discordam dele. Pior: parece achar que a homofobia é a única razão que leva a essa discordância. É um sestro que carrega lá do BBB. Quando foi indicado para o paredão, Pedro Bial quis saber por que, na sua opinião, fora o mais votado. Ele mandou bala: “Vai ver é porque eu sou gay”. Ali nascia o seu vitimismo agressivo e triunfante. Como os demais participantes não eram gays, não podiam usar essa condição a seu favor. O que diriam, afinal: “Fui indicado porque sou louro”, “fui indicada porque sou mulher”, “fui indicado porque sou morena”, “fui indicado porque sou hétero”? Wyllys acabou levando a bolada. Agora deputado, em companhia de dois outros colegas, os petistas Érika Kokay (DF) e Domingos Dutra (MA), Wyllys fez uma coisa feia: resolveu apelar à Procuradoria-Geral da República para criminalizar seus adversários políticos ou intelectuais. E ainda diz que o faz em nome da liberdade. Um dos alvos, claro!, é o deputado Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Outro é o pastor Silas Malafaia — nesse caso, então, a coisa vai além das franjas do absurdo. Já chego ao ponto. Antes, algumas considerações.
Democracia decadente e controle da mídiaEscrevi ontem à noite um texto sobre aquelas 70 pessoas que foram ao Palácio do Planalto protestar contra Feliciano portando velas acesas. Exigiram que a presidente Dilma Rousseff se manifeste contra o deputado do PSC. Cobraram que a chefe do Executivo atue contra uma comissão do Legislativo. Sob o pretexto de defender as minorias e os direitos humanos, propõem, sem pestanejar, a violação de um dos pilares do regime democrático. Conhecem o pensamento de Wyllys, é certo, mas devem achar que Montesquieu era um banana com aquele negócio de independência entre os Poderes.
A evidência de que a democracia brasileira se degrada não está na manifestação em si — ao contrário: coisas assim só são possíveis em sociedades livres. O sintoma da decadência está no fato de que amplos setores da imprensa aplaudem o que é um convite à violência institucional.
A turma, aliás, que quer o “controle social da mídia” — viu, Zé Dirceu?; viu, Rui Falcão? — já sabe o bom mau caminho: o negócio é fazer as Blitzen no Congresso e sair por aí acedendo velas. Depois virão o “controle social das piadas”, “o controle social da opinião”… O Brasil vai ficar lotado de aiatolás bondosos dizendo o que podemos pensar ou não, o que podemos dizer ou não, que religião podemos ter ou não. Os que acreditam em Deus devem deixar de lado essa ideia estúpida de absoluto e acreditar em Wyllys — que já venceu Montesquieu, como é sabido. Faço uma ironia, mas a coisa é séria.
A acusaçãoA representação criminal contra um grupo de pessoas, que inclui Feliciano e Malafaia, está na página do próprio deputado do PSOL. A íntegra está aqui. Há uma penca de acusações: difamação, calúnia, falsificação de documentos, formação de quadrilha, falsidade ideológica e improbidade administrativa. As acusações são muitas porque eles querem transformar uma penca de pessoas em rés. Deve ser uma das peças mais absurdas em que pus os olhos nos últimos tempos. Fica óbvio que Wyllys e os demais deputados se querem acima das críticas. O parlamentar do PSOL parece achar razoável sair por aí acusando os desafetos de racistas, homofóbicos, fundamentalistas etc., mas se zanga quando eles reagem.
Muito bem! Qual é a principal peça que apresentam contra Feliciano? Um vídeo (abaixo), divulgado pelo deputado em seu Twitter, com crítica à atuação de alguns deputados que o atacam. Se alguém quiser ver, segue abaixo. Retomo depois.
Retomo
É evidente que há aí um trabalho de edição que pode dar acento exagerado a determinadas falas, eventualmente distorcendo-lhes o sentido. Mas pergunto: é coisa muito diferente do que os militantes fizeram com várias falas do próprio deputado? Será mesmo uma agressão mais severa do que aquelas que ele passou a enfrentar cotidianamente, seja na comissão, seja à porta das suas igrejas, seja nas redes sociais? Então o pau que bate em Chico é diferente daquele que bate em Francisco? Ora… Mas isso fica para a Procuradoria-Geral.
No caso de Malafaia, o troço, como escrevi, vai além das franjas do absurdo. A representação usa esta mensagem de uma página de Facebook contra o pastor:
Página falsaOcorre que esse é um perfil falso. Não pertence ao líder religioso. O verdadeiro não é “Pastor Silas Malafaia”, como vai acima, mas “Silas Malafaia Oficial”. O curioso é que a própria representação fala sobre a existência de perfis falsos, mas parte do princípio de que os responsáveis por eles são justamente os que têm seus respectivos nomes usados à revelia.
Wyllys não disse aquelas sandices à CBN. Ocorre que Malafaia também não postou a tal mensagem. Há um tuíte que é, de fato, de autoria do líder religioso, mas se insere perfeitamente no direito que as pessoas têm à crítica — ou Wyllys e os dois outros deputados pairam acima das divergências?
A dita representação criminal é um saco de gatos. E me parece que a aberração técnica é mais método do que loucura. Por quê? Com base numa reportagem da Folha, por exemplo, acusam Feliciano de improbidade administrativa por causa de funcionários oficialmente lotados em seu gabinete, mas que serviriam à denominação religiosa à qual ele é ligado. Muito bem! O que isso tem a ver com Malafaia e com alguns outros que estão sendo acusados por delitos que, entendo, são de opinião? Resposta: NADA! O trio só está interessado em juntar adversários no mesmo saco de gatos.
Chega a ser uma piada que Wyllys processe Feliciano, dizendo-se perseguido. Ora, quem é que lidera a campanha nacional contra o presidente da comissão? Incluir Malafaia na peça acusatória é a evidência escancarada de má-fé. Ele não é político, não está na comissão — é, apenas, alguém com o direito a uma opinião. Mas com direito à SUA opinião, não a de um falso perfil.
Espero que a mesma imprensa que está endossando esse espetáculo de intolerância não venha a pagar caro por sua estupidez. Está confundindo o direito à divergência e ao protesto — e as praças estão aí para isso — com a “boa censura”, como se isso fosse possível.
Não queremos ser tutelados pelo estado, certo? E creio haver um razoável consenso nisso (os petistas discordam, desde que eles sejam o estado, claro!). Cumpre indagar se a tutela exercida por minorias — ou maiorias — organizadas é legítima. Para alguém que se orienta segundo os critérios da democracia política, a resposta é uma só: NÃO!
A imprensa brasileira, com as exceções costumeiras, vive um momento vergonhoso. Entende, de modo estúpido, que a única censura que se deve repudiar é a legal. Se um dia lhe ocorrer de escarafunchar a biblioteca, verá que há outra tão ou mais perversa: aquela que pretende censurar mais do que a liberdade de expressão; pretende impedir o próprio exercício do pensamento em nome de valores supostamente infensos a quaisquer questionamentos.
Resta-nos aguardar agora o “controle social da piada”. Os humoristas podem começar a treinar as piadas construtivas. Nessa toada, a liberdade, especialmente na Internet, está com os dias contados. Se acham que o cristianismo, que eles adoram esculhambar — e o fazem, felizmente, sem qualquer censura —, é uma religião problemática, é porque não conhecem o laicismo controlado por alguns fanáticos. 
Texto publicado originalmente às 5h49
Peço ponderação nos comentários. O país não precisa de mais linchadores, mas de mais pensadores. O exercício da opinião dispensa acusações, agressões, demonizações. Vale para este post e para todos os outros. 

Por Reinaldo Azevedo














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